Páginas

Boas Vindas

Seja Bem Vindo e Aproveite ao Máximo!
Curta, Divulgue, Compartilhe e se desejar comente.
Que o Eterno o abençoe!!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Estudo da Parashá Bo (Vai)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 15 – Bo (Vai)

Shemôt/Êxodo Ex. 10:1 – 13:16

Haftará (Separação) Jr 46:13-28 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 25:1-46


1 - INTRODUÇÃO

Vamos iniciar com um ótimo resumo que encontrei no site da Sinagoga Ahavat Shalom, que tirou do chabad.org.

D’us fala para Moshê e Aharon irem até o faraó para que este liberte o povo judeu da escravidão, e se assim não o fizer, D’us castigará o Egito enviando a 8a. praga, gafanhotos, que cobrirá toda a terra e acabará com todo alimento e plantações que restaram, após a praga de granizo.

Ao saber que Moshê pretendia levar todo o povo judeu, homens, mulheres, crianças e todo o seu gado, o faraó não permitiu que todos partissem, mas apenas os homens. O faraó volta as costas para Moshê e Aharon e então D’us manda os gafanhotos, dando início a destruição. A praga só é interrompida quando o faraó novamente implora a Moshê que reze a D’us para que interrompa a praga. Mas logo em seguida, assim que desapareceram os gafanhotos, endureceu novamente seu coração não deixando os judeus partirem. D’us então envia a 9a. praga: a escuridão completa. As trevas só afetavam os egipcios que permaneciam no mesmo lugar, sentados ou em pé, sem poder se mover por três dias, e somente para os hebreus havia luz. O faraó apela novamente para Moshê, mas permite que partam desde que deixem seu gado para trás. Moshê não concorda, pois o gado servirá de oferta de sacrifícios para D’us. O faraó então não os deixa partir.

D’us envia a última praga ao Egito: morte aos primogênitos. D’us instruiu Moshê e Aharon sobre o mês de Nissan que será para o povo judeu o primeiro dos meses do ano e todos os detalhes envolvendo o Cordeiro Pascal, que seriam preparados para a refeição que precede o Êxodo. O sangue dos cordeiros foi colocado como sinal nas casas dos judeus para que D’us “saltasse” sobre suas casas, ferindo somente os egípcios.

D’us estabelece a comemoração de Pêssach e a proibição de ingerirmos alimentos fermentados. Também nos instrui, através de Moshê e Aharon, sobre a obrigação de todos os anos, nesta data, relatarmos o Êxodo do Egito e os milagres com que Ele nos libertou da escravidão a nossos filhos, em todas as gerações. A parashá termina estabelecendo a mitsvá de Pidyon Haben (Resgate do Primogênito) e da colocação de tefilin.


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

Conforme já foi mencionado no estudo da parashá da semana passada, o termo em português para “endureceu o coração”, se referindo ao faraó do Egito, não pode ser entendido claramente como se o Eterno estivesse suprimindo o “livre arbítrio” daquele rei do Egito. Dentro da tradição dos judeus existem pelo menos sete explicações dos sábios para esse termo, dois deles afirmam que o Eterno teria suprimido seu arbítrio por causa da multidão de pecados do monarca, e outras cinco falam de formas variadas da inclinação do homem para o mal. E dentre essas últimas explicações há uma afirmando que o faraó endureceu o seu coração por ter rejeitado ouvir ao Eterno, inclusive isso está no comentário de rodapé da Torá, dizendo que devido ao faraó ter dito “quem é o Eterno para que escute Sua voz e envie Israel?”(Ex 5.2), esse seria o motivo de seu endurecimento. E quando lemos em Ex 7.4, podemos perceber que Adonai sabia de antemão que faraó não obedeceria, e por isso faria os sinais em toda a terra do Egito.

Veja o que o site chabad.org comenta sobre isso. Está explicado no Tanya, a obra primordial da filosofia Chabad, que mesmo uma pessoa tão mergulhada no mal que “não dispõe dos meios para se arrepender” – mesmo esta pessoa pode superar e encontrar seu caminho de volta à integridade. Até o mais corrupto e abominável pecador pode voltar a D’us.

Se o faraó, totalmente egoísta, perverso e privado de seu livre arbítrio, pudesse ter impedido as pragas finais de cair sobre seu país, fazendo um supremo esforço para superar o endurecimento de seu coração, muito mais ainda é possível para cada israelita dominar os traços negativos de seu caráter. E isso serve para cada um de nós, que seguimos o exemplo de nosso messias Yeshua.

Nessa parashá podemos aprender e praticar as instruções que a Torá nos dá.

Essa semana a porção da Torá que vamos estudar é chamada de “Bo”, que significa “vai”, de acordo com o que encontramos nos versos 1 e 2 do capítulo 10:


E disse o Eterno a Moisés: Vai ao Faraó, pois Eu fiz endurecer o seu coração, e o coração de seus servos, para pôr Meus milagres entre eles. E para que contes aos ouvidos de teus filhos, e dos filhos de teus filhos, as coisas que fiz no Egito, e os meus sinais, que tenho feito entre eles; para que saibais que eu sou o Eterno


Nessa porção semanal temos a oportunidade de estudar sobre as últimas três pragas incapacitantes que devastaram o Egito e todo o seu povo, e vemos ainda como o Eterno usa de meios naturais para fazer com que seus propósitos sejam atingidos. Ele se utiliza de coisas e situações que estão ao nosso redor para levar a cabo os seus intentos. E também podemos contemplar o povo de Israel presenciando pela primeira vez, uma libertação extraordinária e que lhes foi dada de forma surpreendente. O povo é liberto e sai do Egito levando riquezas, que segundo o Midrash, os próprios egípcios lhes deram.

Nos versos mencionados acima, encontramos algumas palavras interessantes que nos maior compreensão quando analisadas pelo foco do hebraico. Veja por exemplo a palavra hebraica que foi traduzida como “vai” é a mesma que dá o nome a esta porção semanal “Bo” que significa “vem”. Isto ensina-nos que o Eterno estava no Egito com os filhos de Israel, e também que Ele foi primeiro a Faraó e convidou Moisés a juntar-se a Ele. Aprendemos aqui que um servo do Eterno não faz as coisas por si mesmo, mas sim em colaboração com o Eterno. Ele Não toma iniciativas próprias, mas sempre em conformidade com a vontade do Eterno, com o que Ele diz e com o que Ele faz. Se tomamos decisões sem consultar o Eterno, podemos sofrer graves consequências, como lemos em Josué 9:14:


Então, os israelitas tomaram da provisão e não pediram conselho a HaShem”.


Outra palavra que encontramos no texto é a que foi traduzida para “endurecer”, que em hebraico é kabed trazendo os seguintes significados: “ser (estar) pesado, pesaroso, duro”. Este termo é usado com uma conotação negativa e quando é usada para se referir a qualquer parte do corpo expressará lerdeza, desajeito ou implacabilidade. Segundo o site ShemaYsrael.com, o motivo do “endurecimento” era porque o Eterno estaria fazendo “sinais” no Egito. A palavra sinal em hebraico é “ot” e significa “sinal, marca, indício, milagre, prova, advertência. Isso demonstra-nos que a cada praga – que é considerada como um sinal – o Eterno diz para os egípcios que Ele os está advertindo, trazendo milagres e provas de sua existência a fim de que lhe obedeçam! O objetivo disso era que eles soubessem que o Eterno era HaShem!

Ainda nos dois primeiros versos dessa parashá, observando o verso 2:


E para que contes aos ouvidos de teus filhos, e dos filhos de teus filhos, as coisas que fiz no Egito, e os meus sinais, que tenho feito entre eles; para que saibais que eu sou o Eterno


Devemos compreender que, aos pais é incutido o dever de ensinar aos filhos sobre aquilo que o Eterno fez nas suas vidas e, especialmente aquilo que se passou na saída do Egito. Isso é um mandamento, que deve ser cumprido não somente em pessach, mas também em todo o shabat, ou seja, contar aos filhos como HaShem libertou o povo das garras do Faraó.

Esta saída simboliza a libertação da escravidão infligida por satanás, o pecado e o mundo, através do Messias Yeshua. Há que contar aos nossos filhos a experiência de salvação através do Messias. No tempo histórico Moshê, o libertador, é um apontamento profético para o Messias que seria o instrumento de libertação que HaShem usaria.

Os pais têm que transmitir estas verdades aos seus filhos, e neste texto, também nos é ensinado que os avós têm a obrigação de contar aos seus netos sobre a redenção levada a cabo pelo Eterno.

A tarefa de transmitir a fé hebraica não recai somente sobre os pais, mas também sobre os avós, como lemos em Joel 1:3:


Narrai isto a vossos filhos, e vossos filhos o façam a seus filhos, e os filhos destes, à outra geração”.


Também podemos encontrar paralelo em Salmo 78:2-8:


Abrirei os lábios em parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos. O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores de YHWH e o seu poder, e as maravilhas que fez. Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Elohim a sua confiança e não se esquecessem dos feitos de Elohim, mas lhe observassem os mandamentos; e que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Elohim.”


O autor do estudo dessa parashá no site Emunah a fé dos santos diz que, a tradição de passar a revelação de pais e filhos, é o que mantém vivo o povo de Israel ao longo das gerações, e é parte da mesma declaração de fé hebraica, como lemos em Deuteronômio 6:6-7:


Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; e tu as ensinarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te”.


Se os pais permitem que sejam os outros a encarregar-se da educação espiritual dos seus filhos, não cumpriram com esta responsabilidade. Tanto os pais como os filhos têm a necessidade dessa transmissão.

Os pais precisam de lembrar e louvar ao Eterno pelos milagres que experienciaram, e passar isso aos seus filhos bem como aos seus netos. Estes, por sua vez, receberão e serão conscientes de uma herança espiritual que é capaz de produzir neles uma confiança profunda no Eterno. Um pai deve ler as Escrituras todos os dias aos seus filhos, desde que estes vivam sob o seu teto, e assim levantar-se-á uma geração santa.

Sobre como o Eterno age em nossas vidas, algumas pessoas entendem que, para conseguirem resolver os seus problemas variados, seja na área espiritual ou material de suas vidas, basta-lhes fazer boas ações, meramente obedecer a quantos mandamentos conseguirem e daí por diante. Entretanto, ao agir assim, essas pessoas se perdem do passo fundamental, invalidando o processo. Isso porque não se pode extirpar o mal apenas fazendo o bem, ou seja, o mal precisa necessariamente ser removido. Assim como as ervas daninhas que se alastram em um campo, sendo necessário arrancá-las pelas raízes, caso contrário, crescerão novamente, da mesma forma é o mal. E o que a Torá nos ensina é que D’us estava mostrando para Moisés como agir, e isso, dentro de sua vontade e de acordo com a onisciência divina, pois estava sendo dito a todo o tempo que Faraó não obedeceria. Portanto, ao ordenar a Moisés “vai ao faraó”, o Eterno fez com que Moisés observasse a fonte do mal na sua raiz, ou seja, o coração de Far, para que depois o mal fosse eliminado e a saída do povo poderia ocorrer.

De acordo alguns historiadores, Moisés e aquele Faraó cresceram juntos, por isso deveria haver alguma amizade entre eles, daí o motivo pelo qual Moisés teria que ver a inclinação para o mal por parte de faraó mais de perto.

Além de tudo isso, não eram apenas os egípcios que deveriam aprender com cada praga, o comentário de rodapé da Torá da Editora Sefer diz que, os israelitas, que antes duvidaram de Moshê e Aharon, passaram a testemunhar fatos tão miraculosos que, mesmo os mais incrédulos, deveriam atentar e acreditar no poder Divino. Estas passagens, na verdade, demonstraram para toda a humanidade que D’us não é apenas o Criador do Universo, mas sim o Senhor do Mundo, dia a dia e a cada instante, revelando Seu poder em cada mero detalhe da vida de seus filhos, os seres humanos.

Em nosso cotidiano, quando sentimos que temos espaço para melhorias e mudanças, busquemos observar e arrancar pela raiz o mal, ou seja, a Yetser hará (inclinação para o mal/desejos da carne) pois é ele quem nos atrapalha na caminhada em direção à vontade de Adonai em nossas vidas. Porém, uma vez a raiz ter sido arrancada, as flores da justiça podem crescer e prosperar.

Todo esse processo que a Torá descreve – a insistência de Moisés. O faraó prometendo deixar o povo ir como consequência de cada uma das pragas e voltando atrás nas suas promessas – esse processo, como tudo o que Adonai realiza, na maioria das vezes sem que nós mortais entendamos ou aceitamos, tem uma finalidade.

Vejamos com um pouco mais de cuidado.

No capítulo 11 versículo 8 o texto nos diz que “Moisés saiu da presença do Faraó ardendo em ira!” Ou seja, com raiva, e por isso mais motivado, mais decidido a seguir em frente com o projeto de libertar o povo de Israel, em detrimento dos obstáculos e da teimosia do Faraó. Os atos desse monarca, a sua teimosia, fizeram crescer em Moisés a certeza de seguir em frente. E isso forjou nele uma força e uma atitude de guerreiro, cada vez maiores. Na nossa vida não é diferente, muitos obstáculos e tribulações são colocados em nossos caminhos, que na verdade são desafios para nos obrigar a nos superar e continuar lutando, para forjar novas armas espirituais e profissionais, nos levando mais próximos da vontade do Eterno, e nos ajudando a enfrentar cada um destes mesmos desafios.

Nessa parashá também vemos o povo de Israel receber as instruções de como celebrar a Páscoa (Pessach), que significa evitar, passar por cima, deixar de lado, uma vez que a casa dos israelitas seriam deixadas de lado e poupadas na morte dos primogênitos. Se fizermos uma conexão veremos a lembrança perpétua entre essa festa e a libertação do povo, a saída da escravidão e do reino das trevas da idolatria do Egito, assim como a redenção trazida por Yeshua, nos tirando das trevas do mundo para nos aproximar ao seu povo.

A conexão ainda pode ser vista no evangelho de Mateus no capítulo 25, com a continuação do sermão profético de Yeshua, ao contar a parábola das dez virgens que fala da celebração de uma aliança entre o noivo e a noiva, mas que o cerne são as virgens que deveriam estar atentas, assim como nós devemos estar atentos para o dia da vinda do noivo. O texto de Mateus também fala da parábola dos talentos cujo sentido é o mesmo da anterior, terminando com o mestre falando sobre a sua volta e a separação dos justos e dos injustos. Da mesma forma como o anjo da morte separou os hebreus dos egípcios, preservando a vida daqueles.

No capítulo 12 verso 38 diz que “também subiu (saiu) com eles uma grande mistura de gente”. Outros também se beneficiaram com a saída dos hebreus do Egito, assim como, hoje outros se beneficiam com o messias Yeshua.

Finalizando, podemos ainda analisar um outro texto da Nova Aliança que é paralelo a essa parashá, o texto de Romanos 9.16-26, onde o Rab. Shaul (apóstolo Paulo) esclarece a respeito da misericórdia de D’us e do endurecimento de Faraó, bem como da aproximação dos gentios ao povo de D’us, isto é, Israel. Que venhamos nos esforçar a cada dia para retirar de nós toda raiz do mal, a fim de que o Eterno possa nos dar condições de através de sua Torá (instrução), estejamos aptos para toda boa obra e sejamos encontrados irrepreensíveis, como os hebreus prontos para sair, como as cinco virgens prudentes e como aquele que servo que trabalhou com os talentos que lhe foram entregues e conseguiu mais. Que cada um de nós venhamos estar atentos a cada dia.


3 - Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://shaareishalom.net.br/bo-o-nome-diz-tudo/

- https://www.cafetorah.com/parashat-hashavua-bo/

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771022/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- http://sinagogaahavatshalom.com/parashadasemana/2019/01/11/parashat-bo/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/15-_bo_vem.pdf

Estudo da Parashá Vaerá (Apareci)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 14 – Vaerá (Apareci)

Shemôt/Êxodo Ex. 6:2 – 9:35

Haftará (Separação) Ez 28:25-29:21 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 24:1-51


1 - INTRODUÇÃO

Na última semana foi estudado em todo o mundo a 13ª parashá da Torá, que é a primeira do Sefer Shemôt (livro de Êxodo), nesta semana estudamos a segunda porção desse livro. Vamos então ao resumo da parashá como de costume.

A parashá começa com D’us afirmando a Moshê que redimirá o povo judeu da escravidão e o conduzirá a liberdade, a Terra que prometeu a Avraham, Yistchac e Yaacov por herança. D’us incumbiu Moshê e Aharon de irem ao encontro do faraó e pedir que liberte o povo de Israel.

Instruiu-os a realizar um milagre, caso o faraó quisesse colocá-los à prova, de tomar a vara e jogá-la para que se transformasse em serpente. E procederam conforme Suas instruções. O faraó chamou seus sábios e feiticeiros e pediu que fizessem o mesmo através de suas magias. Mas a vara de Aharon tragou todas as outras varas enfurecendo o faraó e endurecendo seu coração, não permitindo o povo hebreu partir. Iniciam-se então as dez pragas do Egito.

A primeira transformou as águas do Nilo em sangue, causando mal cheiro, morte dos peixes e impossibilitando os egípcios de beber de seus mananciais. Cada vez que o faraó recusava-se em libertar o povo judeu do Egito, D’us enviava uma nova praga. Desta forma sucederam-se as pragas enviadas "com mão forte e braço estendido" de D’us, sobre o Egito: após o sangue, as rãs, os piolhos, animais selvagens, cobras, escorpiões e serpentes, a peste, a sarna, chuva de granizo (gelo e fogo), a cada praga o faraó declarava que se a mesma se extinguisse, deixaria o povo partir. Mas novamente, assim que Moshê rezava para D’us para que parasse de ferir os egipcios, novamente o faraó mudava de idéia não permitindo ao povo partir.

Vejamos então, o que o Eterno nos preparou nesta porção de estudo de sua santa Torá.


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

Essa 14ª porção da Torá tem um nome parecido com a 4ª porção que nós já estudamos, aquela tinha o nome “Vaierá – e mostrou-se” e esta “Vaerá – Apareci”. Mostrar e aparecer leva-nos a um mesmo entendimento, a revelação especial que o Eterno estava trazendo de si mesmo e de sua vontade a alguém. Na primeira vez revelou-se a Avraham e nessa agora se revela a Moshê trazendo sua vontade e desejo de libertar o povo, promessa que havia feito ao mencionado patriarca, que traria de volta para a terra, em Gn 15.13 e 14.

Na porção dessa semana somos introduzidos á primeira e maior era de milagres de que relata as Escrituras, segundo o site Shemaysrael.com. Vemos como Moshê e Aharon usam, sob o comando do Eterno, a autoridade que lhes fora conferida e como Faraó e o Egito são gradativamente destruídos em sua resistência para libertarem o povo escolhido do Senhor! Note como os sinais ou milagres estão intimamente ligados a quem vive uma vida de obediência ao Eterno, como Moshê, Aharon e principalmente Yeshua.

A Torá inicia esta porção, de acordo com o mencionado site, nos mostrando como o Eterno (Criador) se apresenta a Moshê:


E falou D’us a Moshê, e disse-lhe: Eu sou o Eterno (Em hebraico aparece o Tetragrama).Ex 6:2


O diálogo entre Moshê e HaShem inicia de uma forma esplêndida, pois o Criador se apresenta a Moshê, demonstrando para ele que se transforma de acordo com a necessidade deles naquele momento. Por isso lá no Sinai, HaShem lhe disse “ehieh asher ehieh - Eu serei o que serei”, ou seja, estava dizendo que “se torna aquilo que se torna”. Agora ele relembra o seu mensageiro, Moshê, quem ele é. Não é como na maioria das traduções que vem “eu sou o que sou”. O Eterno já inicia sua conversa com Moshê mostrando-lhe que, aconteça o que acontecer, Ele poderá se manifestar como Aquele que supre qualquer necessidade de seu povo, pelo menos daqueles que o obedecem.

Segundo o site emunah a fé dos santos, Elohim recorda a Moshê que seu nome é HaShem (tetragrama) e diz que os patriarcas não conheceram plenamente esse nome, ou pelo menos a essência dele.


E apareci a Avraham, a Ysaac e a Yacov como “El-Shaday/D’us Onipotente ou Todo Poderoso”, mas por meu nome, HaShem, não me fiz conhecer a eles.” Ex 6:3


Perceba uma coisa importante aqui. O fato de os patriarcas não terem conhecido o nome do Eterno, como Moshê estava agora conhecendo, não quer dizer que eles não sabiam qual era o Nome Santo de Elohim. Desde Gn 2:4 tem sido revelado o Nome sobre todo nome, HaShem. Além disso encontramos em Gn 4:26 os homens a começarem a invocar o Nome de HaShem.

Em Gn 15:2 Avraham menciona o nome de HaShem na sua oração. Logo está escrito que o patriarca creu em HaShem e isso lhe foi imputado por justiça, Gn 15:6.

Essas e outras referências nos ensina que os patriarcas conheciam o Nome de HaShem. Então, como poderemos entender o texto acima?

Segundo o site Emunah a fé dos santos, Rashi diz: “Aqui não está escrito “não lhes dei a conhecer”, mas sim “não ME dei a conhecer”. Eu não era conhecido por eles pelas minhas qualidades de verdadeiro, pelos quais meu Nome é chamado HaShem (tetragrama), Fiel para fazer que a minha palavra se verifique. Assim pois, lhes fiz uma promessa, mas eles não viram o seu cumprimento.

Devemos entender que a revelação de um dos nomes do Eterno implica, não somente o conhecimento da pronunciação ou escrita do nome, mas sim a revelação de uma parte do seu caráter e a ação que vem como expressão desse caráter.

O Eterno revela-se mediante os seus diferentes nomes. Cada nome revela uma ação que está de acordo com o significado do nome. Assim, há uma ação implicada na revelação do nome de HaShem, e essa ação todavia não tinha sido revelada na sua totalidade aos patriarcas. Porém a eles foi revelada a ação que está implícita no nome “El-Shaday” ou Todo Poderoso.

El-Shaday pode ser entendido de duas maneiras principais, como o Todo Poderoso e como o Todo Suficiente. Ele é aquele que supre. O Eterno é o Único que é auto-suficiente, pois todas as formas de vida, visíveis e invisíveis dependem do Eterno. Os patriarcas tinham conhecido o Eterno com esse nome, com esse caráter e com essa maneira de atuar. Tinham conhecido a mão protetora de El-Shaday quando se deparavam com perigos, conheceram seus milagres sobrenaturais na criação, experimentaram tudo o que o Todo Poderoso lhes tinha dado, tudo o que o que necessitavam para estarem satisfeitos. Vemos que está escrito que Avraham morreu satisfeito em Gn 25:8.

Porém, o Eterno não se tinha dado a conhecer a ele como HaShem. Que caráter e ação estão implícitos nesse nome?

Conforme mencionamos antes, o site emunah a fé dos santos, citou Rashí, que destacou nesse Nome a fidelidade para cumprir as suas promessas. Até certo ponto, segundo o site, Avraham tinha conhecido essa ação do Eterno, ao receber a Isaque como filho de uma forma milagrosa, por meio de uma promessa, como lemos em Gn 21:1:


E HaShem visitou a Sara, como tinha dito;e fez o Eterno a Sara como tinha prometido.”


No entanto, há várias promessas que os patriarcas não viram cumpridas durante suas vidas, como por exemplo terem descendência como as estrelas do céu e a promessa de receber Canaã em possessão perpétua. E ainda nesse estudo falaremos sobre a promessa maior que eles aguardavam, que é a cidade celestial vindo à terra de Canaã, como lemos em Hb 11:9-10, 13-16, 39-40:


Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Elohim é o arquitecto e edificador (…) Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Elohim não se envergonha deles, de ser chamado o seu Elohim, porquanto lhes preparou uma cidade” (…) Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Elohim provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”.


Compreendemos assim, que o Eterno não se deu a conhecer como HaShem, no que diz respeito a toda a essência que esse nome implica: Amor, Benevolência e Justiça (que foram conhecidos pelos patriarcas), mas também o de levar a cabo o cumprimento das promessas dadas por Ele.

Além disso, segundo o já mencionado site, pode-se destacar mais dois significados desse nome. Os dois nomes do Eterno mais usados nas Escrituras são Elohim (traduzido genericamente como D’us) e HaShem (o tetragrama, substituído nas versões bíblicas por Adonai ou Senhor, e que nós usamos HaShem).

O termo Elohim, segundo o site, aparece cerca de 2500 vezes no Tanach (conhecido como Antigo Testamento), e o Tetragrama aparece quase 7000 vezes. Mesmo que HaShem seja o Nome do Eterno e Elohim seja um termo genérico, os rabinos identificam nestes dois nomes uma tendência de diferentes manifestações do caráter do Eterno que ao mesmo tempo são opostos e complementares. O Nome HaShem está relacionado com a misericórdia do Eterno e o termo Elohim está relacionado com a justiça do Eterno. Dessa forma, normalmente, quando aparece escrito o termo Elohim como referência ao Eterno, é em alusão a um ato de justiça e quando aparece o Nome HaShem, é a respeito de um ato demisericórdia.

Daí, podemos concluir que os patriarcas não tinham conhecido o caráter e a manifestação da misericórdia como agora os filhos de Israel estariam a constatar.

O site ainda diz que, podemos reparar no fato de Moshê constatar primeiro a revelação da sarça-ardente, que é a revelação da compaixão e misericórdia do Eterno, como lemos em Ex 3:7-9, na porção da semana passada. E sobre essa questão do nome ainda poderíamos falar mais, porém devemos seguir em frente por agora.

Então, vemos que o Eterno estabeleceu o seu pacto com os patriarcas para lhes dar a terra de Canaã, por onde peregrinaram. Como podemos ler no verso 4. Além disso, mostra a Moshê mais uma vez que ouviu o lamento dos filhos de Israel devido à escravidão e lembrou-se de sua aliança com os mencionados patriarcas.

Essa, como todas as porções da Torá, é uma porção muito profética, pois aponta para a futura libertação de todos os que professam o nome de Yeshua como o Messias de Israel enviado por D’us, pois está ligada ao que Yeshua disse em seu sermão profético em Mt 24:1-51.

Ao lermos os versos iniciais dessa parashá podemos descobrir muitas instruções importantes para alimentar nossa fé no Eterno. Vamos tentar compreender mais alguns desses importantes ensinos encontrados nesse texto.

Nos versos anteriores, no fim da parashá shemôt, vemos Moshê questionando ao Eterno: “Por que me enviaste aos hebreus se desde que fui até eles piorei as coisas? Antes de ir falar com o Faraó, os egípcios davam-lhes a palha para fazer os tijolos, contudo agora eles tem que ajuntar a própria palha.” Note que Adonai responde a Moshê dizendo-lhe o que aconteceria, quase como se dissesse: “Não me critiques! Tenho boas razões para fazer o que estou fazendo e da forma que estou fazendo.” Ele estava dizendo a Moshê que era o Todo Poderoso e estava se revelando de forma diferente do que havia se revelado antes.

O Eterno complementa esse início com a promessa de libertar os filhos de Israel das cargas do Egito, e de fazê-los povo de D’us, versos 6 a 8. Essa promessa é mantida através dos séculos por Adonai, e esclarecida por Yeshua em Mt 24.

Que ligação pode haver entre essa porção semanal da Torá, com o ensino profético de Yeshua? Tudo!

Os sábios de Israel através do Midrash dizem que antes de criar o universo, HaShem concebeu sete conceitos fundamentais para o funcionamento do mundo, são eles:

  1. A Torá

  2. A Teshuvá (arrependimento/retorno)

  3. O Gan Eden (paraíso)

  4. Guehinan (inferno/sepultura)

  5. Kise hakavod (o trono celestial da Glória)

  6. A Beit Hamikdash (templo sagrado em Jerusalém)

  7. O nome do Mashiach

Note bem que essas coisas foram concebidas pelo Eterno antes de o universo ser criado fisicamente, o que podemos dizer que elas são atemporais. Por isso podemos entender bem o que o Rav. Shaul (apóstolo Paulo) diz quando fala ...e chama à existência as coisas que não são como se já fossem.”, em Rm 4.17. Ou seja, note que em Mt 24 o assunto do Olam Hazeh (o fim deste mundo, desse sistema) está circulando ao redor do templo, e Yeshua inicia seu sermão profético à partir daí. Como o assunto é profético, o mestre parte de algo que estava além do tempo, aproveitando o assunto que os talmidim (discípulos) iniciaram, o Beit Hamikdash, para então, prosseguir e acrescentar com instruções de acontecimentos vindouros que ocorreriam antes do fim. Assim como Adonai revelou a Moshê o que faria, e revelou aos profetas algumas coisas, agora Yeshua, como o Mashiach enviado do Eterno estaria acrescentando ou clareando as informações passadas pelos profetas. O que Adonai falou a Moshê sobre a libertação do povo de Israel das garras do Egito ecoa até hoje. Dentro de um contexto imediato ele salvou o povo, e dentro de um contexto profético tem libertado o povo de Israel de muitas aflições e tribulações, e continuará libertando. E não somente eles, mas a qualquer um que o professar como seu único Deus, e a Yeshua como seu messias, e viver segundo as instruções da Torá do Eterno.

Perceba que nos versos 21 e 22 de Mt 24, vemos Yeshua falando sobre grandes dificuldades ou tribulações como nunca houve e nem haverá jamais. E quando D’us mandou Moshê falar ao faraó sobre a última praga ele fala algo parecido, veja:


Haverá grande pranto em todo o Egito, como nunca houve antes e nem haverá jamais. Ex 11.6


Finalmente, podemos entender que o texto de Mt 24 está correlacionado com o texto da parashá, pois ambos tratam de redenção do povo ao qual Adonai escolheu como seu. E eu e você devemos nos enquadrar como povo do Eterno, junto ao povo de Israel, a fim de termos nossa redenção garantida através do Messias enviado por ele. E assim como os Israelitas do passado saíram do Egito e foram para Canaã, que mais tarde virou terras de Israel, quando o Rei retornar iremos também para onde o povo dele vai, ou seja, para as terras de Israel. E ele será o Rei de Israel e Judá, e será também o nosso Rei. O D’us do messias e de Israel e Judá será também o nosso D’us e estaremos com ele no monte Sião. Veja o que foi prometido por D’us em Isaías 56. 6 e 7.


E os estrangeiros que se unirem ao Senhor para servi-lo, para amarem o nome do Senhor e para prestar-lhe culto, todos os que guardarem o sábado sem profaná-lo, e que se apegarem à minha aliança, esses eu trarei ao meu santo monte e lhes darei alegria em minha casa de oração. Seus holocaustos e seus sacrifícios serão aceitos em meu altar; pois a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos".


Que cada um de nós venhamos nos apegar ao povo escolhido por D’us para herdar esse mundo, e principalmente ao próprio Eterno para adorá-lo e servir verdadeiramente dia a dia.


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- https://shemaysrael.com/parasha-vaera/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/14-_vaer_apareci.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771020/jewish/Resumo-da-Parash.htm

Estudo da Parashá Shemot (Nomes)

 

Estudos da Torá

Parashá nº 13 – Shemot (Nomes)

Shemot/Êxodo Ex 1:1 – 6:1

Haftará (separação) Is 27:6-28:13 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 22:23-33, 41-46


1 - INTRODUÇÃO

Iniciamos o estudo de mais um shabat, e essa semana estudamos o início do sefer (livro) de Shemot, que é o início do segundo livro da Torá, começa citando os nomes dos filhos de Yaacov enfatizando suas gerações por muitos terem se conservado fiéis aos ensinamentos dos Patriarcas, apesar de habitarem no Egito, que era uma nação idólatra.

O faraó que naquele momento governava o Egito, não conhecia os benefícios que trouxe Yossef para o país, que o tornou rico e próspero. Por temer o tamanho do povo hebreu criou Leis cruéis que visavam o enfraquecimento do Povo de Israel através da aflição e sofrimento foram decretadas pelo seu impiedoso poder.

Duas parteiras hebréias, Shifrá e Puá negam-se a cumprir o plano do faraó de matar todo menino hebreu recém-nascido, dispostas a sacrificar a própria vida. Foram recompensadas em sua descendência formada por cohanim, leviim e reis.

Nasce Moshê que é lançado por sua mãe nas águas do Rio Nilo para que sua vida fosse poupada. A filha do faraó, Batia, estende seu braço que alonga-se milagrosamente e salva o menino. Moshê sofre com o trabalho escravo do povo judeu e acaba matando um egípcio em um episódio onde este golpeava covardemente um judeu. Moshê foge para Midian e acaba conhecendo Yitrô e casa-se com sua filha, Tsipora.

D’us se revela para Moshê através do fogo na sarça ardente e lhe incumbe a missão de libertar o povo judeu do Egito. D’us promete a Moshê que estenderá Sua mão e ferirá o Egito e por haver ainda temor por parte de Moshê, D’us lhe mostra Seu poder através de milagres; transforma um bastão em cobra e novamente em bastão; a mão de Moshê fica com a doença de tsahará e torna a ficar sã, novamente.

Moshê, acompanhado de sua família, segue para o Egito a fim de salvar seu povo. Mas ao ver que tornou-se ainda maior a ira do faraó impondo mais intensamente sua crueldade sobre os judeus, Moshê clama a D’us que lhe responde que com mão forte ferirá todo o Egito.


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

Na porção dessa semana aprendemos como o povo de Israel se desenvolveu, cresceu e multiplicou-se mesmo estando no Egito, tornando-se um povo muito numeroso e também vemos as estratégias usadas por Faraó, rei do Egito, para subjugar o povo hebreu e forçá-los a não obedecerem ao Senhor!

Os Filhos de Israel que foram para o Egito eram doze, cada um foi com a sua família. Tendo saído no total 70 almas dos lombos de Jacob. José morre, assim como toda a geração do seu tempo. Os filhos de Israel aumentam grandemente e a terra do Egito se enche deles. Levanta-se um novo rei no Egito que não conhece José. O povo de Israel é mais numeroso e mais forte que o povo egípcio e por isso o Faraó diz que têm que proceder astutamente com eles para que não se multipliquem e sejam uma ameaça para o Egito. Designam capatazes que os oprimem com duros trabalhos. Edificam as cidades Pitom e Ramsés, mas quanto mais os oprimem, mais se multiplicam.

Os egípcios começam a temer aos filhos de Israel e amargam a sua vida obrigando-os a trabalhar duramente. O rei do Egito, o Faraó, diz às parteiras hebreias que matem os filhos varões recém-nascidos e deixem viver as meninas. Mas as parteiras temem a Elohim e não fazem o que lhes é ordenado pelo Faraó.

O Eterno põe à prova o povo de Israel no Egito. Devemos nos lembrar que na parashá passada Yaakov desceu ao Egito junto com toda a sua família, onde Yossef governava abaixo do Faraó da época. Porém, mesmo após a morte de Yossef, seus irmão e os filhos e netos deles permaneceram no Egito. Se adaptaram a vida naquela terra, muitos já tinham se apegado a coisas egípcias.

Vejamos o que os rabinos falam sobre essa permanência dos hebreus no Egito e a consequente prova do Eterno ao seu povo. No site Chabad.org.br encontramos um comentário dizendo que, ali no Egito, eles ficaram por muitos anos mais. Esperavam pelo mensageiro especial de D’us, porque Yossef lhes havia ordenado que não saíssem do Egito até que D’us enviasse seu mensageiro para tirá-los de lá. O plano de D’us era fazer com que os judeus permanecessem no Egito por muito tempo. Desse modo, D’us cumpriu as palavras ditas a Avraham: "Teus filhos serão estranhos numa terra que não é a deles. Serão convertidos em escravos e ali sofrerão por muitos anos."

O Eterno tinha muitas razões para fazer com que os judeus permanecessem no Egito por um longo tempo, continua o comentário. Uma delas era colocar os judeus à prova, das seguintes formas:

- Continuariam sendo tsadikim (homens justos) e continuariam servindo a D’us, embora seus vizinhos egípcios venerassem ídolos?

- Os homens judeus tomariam egípcias por esposas, e as mulheres judias aceitariam homens egípcios por esposos, ou negar-se-iam a contrair matrimônio com não-judeus?

- Os hebreus falariam hebraico entre eles, dando aos filhos nomes hebraicos, ou começariam a falar egípcio e dariam nomes egípcios aos filhos?

- E quando D’us enviasse Moshê para libertá-los, os judeus aceitariam segui-lo a Terra de Israel ou prefeririam ficar no Egito por se sentirem bem ali? D’us pôs o povo de Israel à prova de todas essas formas.

Os hebreus que não passaram por aquelas provas morreram no Egito. Somente aqueles que mereciam receber a Torá foram libertados do Egito.

Esse sefer (livro) e esta parashá (porção) iniciam com as palavras “Estes pois são os nomes…”, assim Moshê inicia o relato mostrando aqueles que entraram no Egito, da família de Yaakov, e nos informa o número, foram setenta pessoas como vimos no início dessa parashá. O verso nos explica ainda, que estas pessoas são “Todas almas, pois que procederam dos lombos de Yaakov, foram setenta almas…” Ex 1:5. Vemos que a palavra “lombos” em hebraico é “yarek” significa coxa, lombo, partes íntimas. Ela aponta para a parte firme do homem e a fonte da vida, aponta para a capacidade de reprodução.


E os filhos de Israel frutificaram, aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de maneira que a terra se encheu deles.” Ex 1:7


Através desse verso vemos como o Eterno cumpre a promessa de multiplicar os filhos de Israel, como podemos ler na promessa feita a Avraham:


esteja certo de que o abençoarei e farei seus descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Sua descendência conquistará as cidades dos que lhe forem inimigos.” Gn 22:17


O site ShemaYsrael.com diz que devemos observar alguns aspectos a respeito desse assunto. A palavra “frutificar” no hebraico é “parã”, que tem o significado de “crescer em quantidade e em influência”. Segundo o site, isso nos mostra que a promessa do Eterno estava em pleno andamento, e isso de duas formas diferentes: em quantidade e em influência. Parece que o Eterno estava além de multiplicando seu povo, colocando-os em posições de destaque a fim de cumprir seus propósitos através dessas pessoas. Mas o site continua dizendo que isso não é tudo, pois há no texto ainda a palavra “multiplicação”, que em hebraico é “rabã”, que trás o significado de “ser grande, torna-se grande, ser numeroso, tornar-se numeroso”. E isso refere-se também ao sentido quantitativo. Podemos ainda entender que o povo fora “fortalecido grandemente”. A palavra “fortalecido” em hebraico é “atsan” e significa “ser forte, ser poderoso, ser grande, ser numeroso.”


E isso deixa uma evidência, que devemos ter como muito clara para nós, que somos servos do Eterno e seguidores de Yeshua. No verso 9 de Shemot/Exodo lemos:


O qual [faraó] disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito, e mais poderoso do que nós.”


Segundo o comentarista da Torá no site Emuná a fé dos santos, isso leva a crer que no final, o povo de Israel será maior que o resto do mundo. O verso é um apontamento profético para os que serão do pequeno rebanho de Yeshua. Referimo-nos a todos aqueles que por meio de Yeshua são enxertados no povo santo, sejam remanescentes judeus ou vindos das nações. Há textos nas Escrituras que dão a entender que finalmente a muitas pessoas, que são parte da população do mundo, atentará para a Palavra do Eterno, e assim entrará no povo de Israel por intermédio do Messias.

Essa época certamente será durante o reinado Messiânico, quando todos conhecerão a Torá do Eterno. Em Isaías 54:1 está escrito:


Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; rompe em cântico, e exclama com alegria, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária, do que os filhos da casada, diz YHWH.”


Em Gálatas 4:26-28 lemos:


Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós. Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque.”


Serão mais os filhos da Jerusalém celestial, que os filhos deste sistema mundial. Apesar de Yeshua ter um pequeno rebanho, ainda assim, contando servos de todos os tempos vindos dos seis milênios eles serão muitos.

Voltando para o contexto histórico, podemos nos perguntar como o Eterno multiplicou tanto os filhos de Israel?

Um midrash diz que D’us fez um milagre e as mães hebréias deram à luz não a um filho só, mas seis ao mesmo tempo! Logo existiam muitas famílias que tinham cinquenta ou sessenta filhos. E outras famílias tinham sessenta filhos homens e igual número de filhas. Imaginem o barulho, a emoção, e a diversão para as crianças, com tantos irmãos e irmãs! Os egípcios comentavam furiosos, cada vez mais indignados. Esperavam uma oportunidade para ferir e destruir essas crianças.

Podemos aprender aqui, que HaShem ainda faz esses milagres, quando alguém entra para a teshuvá, mesmo que as pessoas ao redor o repudiem, sempre frutificará trazendo mais pessoas para perto do Eterno. O fruto da vida justa e obediente fala muito forte e traz a benção do Eterno.

Já sabemos que o Faraó, o rei egípcio que vivia nessa época, era um homem malvado e de coração duro. Os rabinos ensinam que ele decidiu ser cruel com o povo hebreu. Resolvendo “esquecer” que um judeu, Yossef, havia certa vez salvado todo o Egito da morte por inanição, quando juntou o cereal necessário para alimentar todo o povo egípcio, e havia governado o país por oitenta anos. O faraó disse aos conselheiros: “Devemos criar um plano para evitar que as judias tenham tantos filhos! Se as famílias continuarem crescendo da forma que estão fazendo agora, logo haverá mais judeus que egípcios, e os judeus poderão aliar-se a nossos inimigos e assumir o controle do país!”

O ensino rabínico continua e diz que o faraó e os ministros traçaram um terrível plano: eles transformariam os hebreus em escravos que trabalhariam para eles noite e dia. Separariam os pais das famílias e os deixariam tão fracos que poucas crianças nasceriam. Mas como o faraó faria para converter os judeus em escravos? Ele e os conselheiros tiveram uma ideia maligna. Proclamaram o seguinte anúncio: “O faraó precisa construir novos edifícios para armazenamento de cereal. Necessita de grande número de trabalhadores para as obras. Espera que todos os cidadãos responsáveis se unam para ajudar! Todos os trabalhadores serão pagos.”

E o midrash continua e afirma que os egípcios disseram ao povo de Israel: “O que vocês, judeus, estão fazendo para ajudar nosso país? Também devem ajudar!”

Assim, os judeus começaram a trabalhar na construção de novos armazéns para o faraó. Para estimular as pessoas a trabalharem, o próprio faraó se apresentou na obra no primeiro dia, pá na mão. Logo correu a notícia de que até o rei havia pessoalmente ajudado nas tarefas da construção. Animadas, mais e mais pessoas se apresentaram, entre essas todos os homens judeus, com exceção daqueles da tribo de Levi.

Os homens do faraó foram aos homens da tribo de Levi e perguntaram: “Não nos ajudarão na construção?” Mas eles se negaram. Responderam: “Somos os rabinos do povo judeu. Devemos estudar e ensiná-los. Não temos tempo para nenhum outro trabalho.”

Quando os homens do faraó escutaram isso, não mais incomodaram os homens da tribo de Levi.

A princípio, o faraó pagava aos trabalhadores judeus. Ao cabo de certo tempo, porém, deixou de fazê-lo. Quando os judeus protestaram, os supervisores disseram: “O rei ordena que todos os judeus continuem construindo, mesmo sem salário!” Alguns judeus não se apresentaram mais para trabalhar, mas os supervisores conheciam o nome e endereço de cada um deles. Os policiais egípcios eram informados sobre todo judeu que faltava ao trabalho, e este era levado à força. Os supervisores egípcios eram exploradores cruéis e desalmados. Obrigaram todos os judeus a trabalhar rapidamente e sem descanso. Se um judeu demorava porque estava cansado, era açoitado com um chicote e obrigado a trabalhar ainda mais rápido.

O faraó também designou policiais entre os judeus, cujo trabalho era conseguir que os judeus trabalhassem ao máximo de sua capacidade. Os policiais judeus tinham ordens de açoitar todo judeu que fosse lento no trabalho, mas se negaram a castigar seus irmãos judeus. Quando os supervisores egípcios viram que a polícia judaica se apiedava dos demais judeus e permitia-lhes fazer o trabalho mais lentamente, começaram então a açoitar os policiais judeus. Porém, estes judeus preferiam o chicote a golpear seus irmãos judeus. Mais tarde, D’us premiou estes heróicos policiais judeus. Chamou-os zekenim, anciãos do povo judaico.

Mas este fato pareceu ter sido um incômodo aos egípcios, pois a partir desse momento na história, o Faraó começa a preocupar-se e tem início um plano para “subjugar” o povo de Israel. Faraó notou que o povo de Israel era “…demais e mais poderoso do que nós” (Ex 1.9). Novamente neste verso somos informados que os hebreus eram mais “poderosos” que os egípcios. A palavra “poderoso” em hebraico é ´atsûm, e significa “poderoso, numeroso”. Esta palavra tem em sua raiz a origem de outras palavras que estão relacionadas com aquilo que vemos aqui. A palavra ´otsen, significando “poder”, a palavra ´otsamâ, significando “força” e a palavra ´etsem significando “osso”. A estratégia de domínio consistia no seguinte: “Eia, usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique, e aconteça que, vindo guerra, ele também se ajunte como os nossos inimigos e peleje contra nós, e suba da terra” (Ex 1.10). Faraó encarrega homens para serem os exatores sobre o povo e os oprimia (afligia) para que continuassem a ser seus servos! A palavra “aflição” em hebraico é ‘anah e significa “gemido, suspiro, grito sufocado” Refere-se ao sofrimento de ordem física e mental. Isso nos dá a entender que a aflição do povo não era somente o fato de estarem sendo forçados à trabalhar! Mas havia ainda o peso de serem escravos, o que lhes impunha um fardo mental e isso os pressionava a fim de sentirem-se cada vez piores!

Toda essa opressão não adiantou e o povo continuava crescendo e se multiplicando. Vemos isso também nos dias atuais, em que o sistema religioso aprisiona muitos, mas tantos outros se libertam e saem, mesmo massacrados eles continuam sua caminhada em direção ao caminho de obediência.


Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam, e tanto mais cresciam; de maneira que temiam por causa dos filhos de Israel.” Ex 1:12


Segundo o comentário dessa parashá no site Emunah a fé dos santos, a opressão originou multiplicação. E Este princípio, é visto em toda a vida espiritual saudável, ou seja, em todo aquele que obedece às palavras do Eterno em sua Torá. Se não há algum tipo de opressão e perseguição na nossa vida não andamos bem, como está escrito em 2 Timóteo 3:12:


E também todos os que piamente querem viver no Mashiach Yeshua, padecerão perseguições.”


Também em Lucas 6:26:


Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas.”


Não devemos nunca termos medo das perseguições porque sabemos que são um meio para a nossa multiplicação, pois quando não há resistência temos a tendência para afrouxar a nossa entrega e consagração. Assim, os conflitos e perseguições mantém-nos em constante alerta e dependência do nosso Pai Celestial.

Vejamos ainda Atos 4:24-31:


E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Elohim, e disseram: Eterno, tu és o Elohim que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca de David, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Eterno e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Yeshua, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer. Agora, pois, ó Eterno, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Yeshua. E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Elohim.”


Aqui vemos que a opressão sobre a comunidade em Jerusalém trouxe algo positivo - Originou uma oração fervorosa e espalhou os mensageiros do Eterno pelo mundo.

O comentário ainda diz que, no lugar de pedir que a opressão se fosse, eles pediram que tivessem mais força para lhe resistir e multiplicar-se no meio dela. A nossa resposta à opressão não é escondermo-nos, mas sim multiplicarmo-nos e intensificarmos ainda mais a divulgação da Torá e a mensagem do Messias Yeshua com o poder do Espírito de Santidade que nos é concedido.

A vida de um crente em Yeshua deve ser uma vida de oração e estudo da Torá. Um crente normal deve dedicar, uma porção diária à oração e uma porção do tempo deve ser dedicada à leitura de um trecho das Escrituras, principalmente a Torá.

O resultado da perseguição no Egito foi que o povo clamou ao Eterno e esse clamor produziu essa grande manifestação do poder na saída. As manifestações sobrenaturais são os resultados dos nossos sacrifícios ao Eterno.

Em Actos 8:1 e depois o vs. 4 está escrito:


E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e de Samaria, excepto os apóstolos (…) Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra.”

A perseguição que houve em Jerusalém trouxe um bom resultado. A palavra espalhou-se e mais pessoas juntaram-se à comunidade messiânica. Devemos nos preparar pois isso pode ocorrer em nossos dias também. E a pergunta é: Estamos prontos?


Que venhamos a cada dia nos apegar ao Eterno e a sua palavra. Seguir os méritos da vida justa de Yeshua, nosso irmão mais velho e rei. Praticar a Torá e espalhar através de nossos atos e palavras essa verdade.


Que o Eterno os abençoe!


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771019/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- https://shemaysrael.com/parasha-shemot/

- http://www.pt.chabad.org/parshah/otherparshas_cdo/aid/9175/jewish/All-Parshas.htm

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/13-_shemt_nomes.pdf