O Conhecimento na Idade Média: Patrística e Escolástica
Durante a passagem da
concepção pagã de mundo para a concepção cristã era preciso prevenir os desvios
da fé. Muitas heresias estavam penetrando as concepções religiosas do
cristianismo, então crescente. De acordo com Bonato[1],
“Estudiosos começaram a adaptar o pensamento grego à concepção cristã”. Isso
ocorria na luta para responder as heresias dos pagãos e no trabalho de
conversão, fazendo-se necessário a demonstração de que a fé não contrariava a
razão. Neste aspecto, o principal era sempre a afirmação de que a verdade era
revelada por Deus, por isso o texto sagrada tinha uma autoridade indiscutível.
Sabe-se que a fé era considerada mais importante, e a razão seu mero
instrumento, foi imposto uma sistematização que ficou conhecida como “filosofia
cristã”, vindo a se estender por dois grandes períodos: o período patrístico e
o período escolástico.
O
período Patrístico
Esse período foi assim
chamado por se referir à filosofia dos Padres da Igreja, ou Pais da Igreja,
durante o século II ao V, na antiguidade. Essa filosofia tinha o objetivo de
expandir o cristianismo, iniciando-se no período de decadência do Império Romano,
ainda no século II. Importante mencionar que, embora tenha sido iniciada na
antiguidade, é significativa por influenciar a educação na Idade Média.
A
patrística caracterizava-se pela defesa da fé absoluta em Deus e a conversão
dos não-cristãos e o combate a heresia, de modo que textos em defesa da Igreja
Católica e do cristianismo eram permanentemente elaborados. Como mencionado
anteriormente, a união entre a fé e a razão era discutida, sendo a razão
subordinada à fé. Os teólogos retomam a filosofia platônica, dando destaque a
alguns temas, adaptando-os à ótica cristã de valorização do supra-sensível, com
o intuito de fundamentar uma moralidade rigorosa, deendendo a abdicação do
mundo e o controle racional das paixões.
Podem
ser citados como representantes da patrística Clemente de Alexandria, Orígenes
e Tertuliano, mas seu principal representante é Agostinho de Hipona, conhecido
como Santo Agostinho. De acordo com Mancini (apud Bonato), Santo Agostinho
entendia que o ser humano deveria ser submetido a uma intensa educação
religiosa. Defendia ainda, a superioridade da alma humana, a supremacia da alma
sobre o corpo e reconheceu a diferença entre a fé e a razão, pois a primeira
nos faz acreditar em coisas que nem sempre podemos entender pela razão.
O Período Escolástico
Assim
denominado por se referir à filosofia das escolas cristãs ou dos doutores da
Igreja, compreendendo o período entre o século IX ao XIV. Nesse período os
mosteiros tinham o monopólio da ciência, sendo o centro da cultura medieval, pois
guardavam em suas bibliotecas obras da cultura greco-latina, traduziam,
reinterpretavam e adaptavam obras gregas para o latim à luz do cristianismo. Assim,
encontravam-se nesse momento da História, escolas monacais, episcopais ou
catedrais e as escolas paroquiais. Dessa forma, surgem as universidades, que
eram associações juridicamente organizadas e reconhecidas por todos, visando
controlar e regular a produção de diversas profissões surgidas na Idade Média.
Elas congregavam pessoas de um mesmo ofício submetidas a estatutos próprios,
não sendo propriamente um estabelecimento de ensino, mas uma corporação de
ofícios. Mais tarde, surgem as corporações de estudo, denominada de universitas
studii.
O
ensino fornecido nas universidades caracterizava-se, em primeiro lugar, pelo
enciclopedismo em consonância com seu tempo. Sua interação era religiosa,
subordinada à Teologia, desenvolvido pelo método escolástico. Da mesma forma
que a patrística, a escolástica visava a fé e a razão, os dogmas cristãos e as
formas de viver piedosamente dentro do que o cristianismo ensina.
O
principal expoente da escolástica é um frade dominicano, teólogo, filósofo
italiano, chamado Santo Tomás de Aquino.
[1] BONATO,
Nailda Marinho da Costa. Aula 4 - Educação no Ocidente Cristão Medieval: o
Papel da Igreja. Texto da Disciplina de História da Educação do Curso de
Licenciatura em Pedagogia na Modalidade à Distância da UNIRIO/UAB/CEDERJ. Disponível
em http://graduação.cederj.edu.br/ava/mod/folder/view.php?id=14588> Acessado
em Ago2012.
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