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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Estudo da Parashá Shoftim - Enviarei um profeta, não Deus.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 48 – Shoftim (Juízes)

Devarim/Deuteronômio 16:18-21:9

Haftará (separação) Is 51:12-53:12 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Mt 5:38-42, 1Co 5:9-13


Enviarei um profeta, não Deus.


A história de Yisrael é marcada por encontros com o Eterno que moldaram a identidade de um povo chamado a ser luz entre as nações. No entanto, o contato direto com a voz do Eterno no Sinai trouxe temor e tremor tão intensos que os filhos de Yisrael pediram a Moshê que fosse ele, e não mais o Eterno, a lhes transmitir as instruções. Esse pedido foi acolhido pelo próprio Eterno, que prometeu levantar, no futuro, um profeta do meio dos irmãos de Yisrael, semelhante a Moshê, para que o povo pudesse continuar recebendo Sua vontade sem perecer diante de Sua manifestação grandiosa.

Essa promessa é o coração de Devarim 18:18–19, onde está escrito: “Um profeta lhes suscitarei do meio de seus irmãos, como tu; e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras que ele falar em meu Nome, Eu o requererei dele.”

O tema que exploraremos aqui é simples e profundo: o Eterno não prometeu enviar a si mesmo, ou um deus, mas um profeta humano, do meio dos irmãos de Yisrael. Um homem que falaria em nome do Eterno, não por si mesmo, mas transmitindo fielmente Suas palavras. Nosso objetivo é compreender a promessa desse profeta, sua ampliação através dos demais profetas, e como Yeshua e seus talmidim a confirmaram.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Shoftim traz instruções fundamentais para o ordenamento do povo de Yisrael na terra que o Eterno lhes deu. O centro dessa porção é a justiça, que deve ser exercida com retidão, sem parcialidade e sem corrupção. Está escrito: “Juízes e oficiais designarás em todas as tuas portas… e julgarão o povo com juízo justo. Não torcerás o juízo, não tomarás suborno, porque o suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos. Justiça, somente justiça perseguirás, para que vivas e herdes a terra que o Eterno teu Elohim te dá.” (Devarim 16:18–20).

O Eterno ordena que a justiça seja o fundamento da vida em comunidade, porque sem ela não há paz, nem permanência na herança da terra. Nessa porção também se estabelecem limites claros contra práticas de idolatria e instruções sobre como lidar com falsos profetas, que falam em nome do Eterno sem que Ele os tenha enviado. O critério é simples: se a palavra não se cumpre, não veio do Eterno.

Shoftim também apresenta a instrução sobre o rei: o povo poderia pedir um rei, mas este deveria ser diferente dos reis das nações. Ele não deveria multiplicar cavalos, mulheres ou riquezas, nem voltar o povo ao Egito. Acima de tudo, deveria escrever para si uma cópia da Torá e nela meditar todos os dias da sua vida, para que o seu coração não se elevasse sobre seus irmãos e para que guardasse os mandamentos do Eterno. Assim, o rei não é exaltado, mas servo da instrução do Eterno.

Outro ponto importante são os leviyim e os sacerdotes, que deveriam ensinar a Torá e serem sustentados com as ofertas, pois não tinham herança na terra. O Eterno é a sua herança. Há também instruções sobre guerras: antes de lutar, os oficiais ofereciam a paz; quem tivesse medo, construído uma casa nova ou plantado uma vinha ainda não desfrutada, poderia voltar para casa. Isso demonstra que a guerra de Yisrael não era apenas força humana, mas dependia da confiança no Eterno, que luta por seu povo.

Finalmente, Shoftim ensina que mesmo em meio ao campo de batalha a santidade deveria ser preservada, e que quando um crime de sangue não tinha autor conhecido, o povo deveria assumir responsabilidade, realizando o ritual da bezerra cujo pescoço era quebrado, declarando a inocência da cidade mais próxima. Assim, toda a parashá Shoftim mostra que a vida em Yisrael deve ser guiada pela justiça, pela obediência ao Eterno e pela santidade em todas as áreas: no julgamento, no governo, na guerra e na vida cotidiana. O centro de tudo é a palavra do Eterno, que deve estar diante de nós continuamente.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Esta parashá gira em torno de um princípio central: a justiça e a obediência ao Eterno devem reger toda a vida de Yisrael. Entre instruções sobre juízes, reis, guerras e responsabilidade coletiva, encontramos uma promessa singular, melhor dizendo uma profecia: Levantarei para eles um profeta semelhante a você dentre os parentes deles. Porei minhas palavras em sua boca, e ele dirá tudo o que lhe ordenar. Quem não ouvir minhas palavras, que ele falará em meu nome, prestará contas de si mesmo a mim. (Devarim 18:18-19)

Esse anúncio não foi feito de maneira vaga ou meramente simbólica, mas em resposta direta ao pedido do povo: “Não ouvirei mais a voz do Eterno meu Elohim, nem mais verei este grande fogo, para que não morra”, que pode ser lido em Devarim 18:16 sobre o ocorrido em Shemot 20:19. O povo reconheceu sua fragilidade diante da voz do Eterno. A solução não foi abolir o contato com o divino, mas estabelecê-lo por meio de um homem escolhido, alguém que carregasse a palavra de Elohim em sua boca. Historicamente, Moshê foi esse homem. Entretanto, profeticamente a Palavra do Eterno se referiu ao messias. É sobre isso que nos aprofundaremos.

Logo, o coração dessa profecia, de acordo com o texto da Torá, está firmada em duas verdades fundamentais:

- O profeta seria humano, do meio dos irmãos, não uma manifestação divina.

- Sua autoridade viria do fato de falar somente o que o Eterno colocasse em sua boca.

Portanto, pelo que estamos vendo, esse profeta deveria transmitir a vontade do Eterno, expressa através da Torá, e a obediência a ele seria equivalente à obediência ao próprio Eterno. É importante destacar um fato claríssimo na profecia, o Eterno enviaria um homem, não ele próprio, nem um ser divino ou híbrido, nem mesmo um suposto filho legítimo do Criador do Universo. É preciso aqui entender o conceito de filho do Eterno conforme já mencionamos em outros estudos. Se você acompanha nosso estudos já deve ter lido ou ouvido a respeito, no meu canal no YouTube, Sou Peregrino da Terra, você encontrará estudos sobre o assunto. Não mencionarei aqui para não alongar muito. Vejamos agora o que os demais profetas tem à dizer, ampliando o entendimento sobre essa vinda do profeta, o messias de Yisrael.


1. O Profeta Prometido nos Escritos dos Neviyim

Os profetas posteriores retomam e ampliam essa promessa mostrando que tal profeta viria em um tempo futuro, apesar de alguns tentarem dizer que era Yehoshua ben Num, sucessor de Moshê e outros. Entretanto, todos os profetas cumpriram de certa forma partes da missão messiânica, mas a plenitude só pelo messias mesmo, e ainda assim, em sua primeira manifestação o messias cumpriu apenas parte das profecias. Lembrando que não existe um cheklist do Eterno para o messias cumprir e confirmar que veio de uma vez. O fato é que não se trata apenas de um homem falando em nome do Eterno, mas de uma nova dimensão em que a palavra de Elohim alcançaria a todos os desejosos de servirem à HaShem. O messias ensinaria as pessoas a viverem em obediência e ao praticarem isso, não seria mais necessário que lhes ensinasse ou mediasse entre o Eterno e o povo.

Observemos por exemplo Yirmeyahu 31:31-34, pois anuncia uma renovação da aliança, onde a Torá não estaria apenas em tábuas de pedra, mas gravada no coração. Isto é, internalizado nos servos e demonstrado em suas práticas. Isso ocorre por causa do Ensino de Torá que o profeta traria. Nesse quadro, vemos que após o profeta cumprir seu papel renovando a aliança, o conhecimento do Eterno não dependeria mais de um mediador distante, mas estaria acessível a todo o povo, uma vez que a Torá estaria sendo sua prática diária. E é por entender dessa forma, que Rav Shaul ensinou em 1Co 15:24-28 a respeito do final dos tempos, quando Yeshua, o messias, entregará ou devolverá a soberania e domínio confiados à ele pelo Eterno, após ter concluído todas as profecias, observe o texto:


...então, na consumação, quando ele entregar o Reino ao Eterno, o Pai, depois de ter dado fim a todo governo, sim, a toda autoridade e poder. Porque ele deve governar até colocar todos os seus inimigos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser vencido será a morte, pois ele porá todas as coisas em sujeição debaixo de seus pés. Mas ao dizer que todas as coisas lhe foram sujeitas, é óbvio que a palavra não inclui o Eterno, pois é ele quem sujeita todas as coisas ao Messias. Quando todas as coisas tiverem sido sujeitas ao Filho, ele mesmo se sujeitará ao Eterno, que tudo lhe sujeitou, para que o Eterno seja tudo em todos.


Outro exemplo claro é encontrado em Yechezkel 36:26-27 que fala de um coração novo e um espírito de obediência, este faria com que o povo andasse nas instruções do Eterno. O espírito de obediência, pelo contexto original não é um ser, mas um mover do Eterno, ou seja, uma capacitação dada ao que busca, anseia, deseja viver segundo à vontade de HaShem a fim de terem cada vez mais condições de obedecerem.

Também vemos uma ligação nos escritos de Yoel 3:1–2 (2:28–29 dependendo da versão de bíblia que tenha) ampliando ainda mais, pois mostra a profecia sendo derramada sobre filhos e filhas, jovens e velhos, mostrando que o Eterno estenderia a voz profética para além de uma única figura, ou seja, o messias ensinaria e todos poderiam seguir.

Assim, fica claro nos textos vistos acima que os anúncios não anulam a singularidade da promessa de Devarim 18, pelo contrário, confirmam a missão do profeta. Este, assim como Moshê seria aquele que inauguraria esse tempo, conduzindo o povo a uma nova percepção da voz de Elohim. Diferentemente da crença em que o messias seja o Eterno ou o filho igual ao Eterno e outros dogmas ensinados pelo sistema religioso. No tópico seguinte vamos ampliar o entendimento de que Yeshua é esse profeta prometido pelo Eterno.


2. Yeshua como Profeta Semelhante a Moshe

Em seu ministério, entendendo seu papel, Yeshua se apresenta como esse profeta prometido. Ele não veio com discursos de sua própria autoridade, mas como alguém que transmitia apenas o que recebeu do Eterno. Sua vida justa e ensino revelaram paralelos claros com Moshê e a profecia mencionada nesta parashá. Veja alguns exemplos:

- Origem e missão: Assim como Moshê foi levantado do meio de seus irmãos para conduzir Yisrael, Yeshua também veio como filho de Yisrael, da tribo de Yehudá, chamado a guiar seu povo de volta à obediência ao Eterno.

- Mediador da palavra: Moshê transmitiu a Torá escrita; Yeshua enfatizou que a Torá deveria ser vivida no coração, por meio de prática. Ele disse: “Eu não vim abolir, mas tornar plena (Mattityahu 5:17), ou seja, revelar o pleno sentido da obediência.

- Dependência do Eterno: Moshê falava ao povo as palavras que o Eterno mandava que ele transmitisse, não falava dele mesmo. E na única vez que o fez foi proibido de entrar na terra de Kena’am, No episódio de bater na rocha. Yeshua afirmou: “As palavras que eu vos digo não são minhas, mas do Pai que me enviou” (Yochanan 14:24). Sua afirmação ecoa diretamente o que foi profetizado em Devarim 18:18.

A humanidade de Yeshua é o centro dessa identidade, pois ele não era um deus feito homem, nem o Eterno feito homem, mas um homem cheio da palavra do Eterno, levantado para cumprir uma missão profética. No tópico seguinte observaremos como os talmidim compreenderam essa profecia.

Observe os paralelos da vida de Moshê e Yeshua no tocante ao cumprimento da profecia sobre ser o profeta demonstrado no quadro abaixo:


Moshê

Yeshua

Referência

Foi levantado do meio de seus irmãos, descendente de Levi, de Yisrael.

Veio do meio de seus irmãos, descendente de Yehudá, de Yisrael.

Devarim 18:18 / Mattityahu 1:1-2

Foi mediador entre o Eterno e o povo no Sinai, transmitindo a Torá.

É mediador da palavra do Eterno, chamando à obediência plena à Torá.

Shemot 19 /

Yochanan 17:8

Realizou sinais e maravilhas para confirmar sua missão.

Também realizou sinais e maravilhas pelo poder do Eterno.

Shemot 14 / Ma’asei 2:22

Libertou Yisrael da escravidão do Egito.

Chamou o povo a ser liberto da yetzer harah (má inclinação).

Shemot 12-14 /

Yochanan 8:34-36

Subiu ao monte para receber a Torá.

Subiu ao monte para ensinar a Torá em seu sentido mais profundo.

Shemot 24 /

Mattityahu 5–7

Intercedeu pelo povo diante do Eterno após o pecado do bezerro de ouro.

Intercedeu por seus talmidim para que fossem guardados na verdade.

Shemot 32 /

Yochanan 17:15-17

Não falou por si mesmo, mas apenas o que o Eterno lhe ordenou.

Declarou que suas palavras não eram dele, mas do Pai que o enviou.

Devarim 18:18 / Yochanan 14:24

Anunciou que viria um profeta semelhante a ele.

Foi reconhecido como esse profeta pelos talmidim.

Devarim 18:18 /

Ma’asei 3:22-23


3. O Testemunho dos Talmidim

Quando lemos os textos nazarenos com os olhos treinados no contexto original das Escrituras, ou seja, Torá e profetas, notamos com clareza a forma de pensar dos seguidores de Yeshua do primeiro século. Com isso, fica muito nítido que os dogmas seguidos pelas pessoas das religiões foram criados posteriormente. Os discípulos de Yeshua reconheceram nele o cumprimento dessa promessa. Podemos ver por exemplo, em Ma’asei HaShlichim (Atos dos Apóstolos) 3:22-23, Kefa (Pedro) cita diretamente Devarim 18:18-19, afirmando que Yeshua era esse profeta prometido. Também o Shaliach Shaul (apóstolo Paulo), em suas viagens, ensinava que Yeshua era o anunciado pelos profetas, aquele que viria guiar o povo a um arrependimento verdadeiro, conforme vemos ainda em Ma’asei HaShlichim 13:27-31.

Os talmidim não apresentavam Yeshua como uma entidade divina, mas como homem escolhido e aprovado pelo Eterno, como está escrito: “Homens de Yisrael, ouvi estas palavras: Yeshua, homem aprovado por Elohim entre vós, com milagres, maravilhas e sinais que Elohim fez por ele em vosso meio” (Ma’asei 2:22).

A mensagem era clara, já que o profeta prometido veio em forma humana, falando em nome do Eterno, e sua autoridade residia justamente nessa obediência plena. Mas espere que não basta o messias ensinar as pessoas a obedecerem aos mandamentos, é necessário que cada um receba o ensino e viva-o plenamente em sua vida correndo o risco de serem cobrados por HaShem se não o fizerem. Observem isso no último tópico a seguir.


4. A Responsabilidade de Ouvir o Profeta

O Eterno não apenas prometeu enviar um profeta semelhante a Moshê. Ele estabeleceu uma condição, deixou claro o peso de terem de ouvir suas palavras: “Quem não ouvir minhas palavras, que ele falará em meu nome, prestará contas de si mesmo a mim.Devarim 18:19.

Isso significa que cada pessoa será responsabilizada diante do Eterno pela forma como reage às palavras desse profeta. Não se trata de uma sugestão, mas de uma ordem direta. Ignorar a mensagem é, na prática, ignorar o próprio Eterno. Imagina então, colocar esse profeta no lugar do Eterno, como HaShem reagirá? Dá para ter uma ideia pelo próprio contexto. Se o Eterno estabeleceu esse profeta, o messias, como um instrutor, um guia para conduzir o povo ao caminho correto, e as pessoas o transformam em um ídolo, o que nesta mesma parashá é ensinado a não dar ouvidos a falsos profetas. Sabemos bem que esse não é o caminho! Por isso, devemos preferir observar o que o contexto original nos diz. O profeta enviado tem a autoridade, fala em nome do Eterno, foi escolhido justamente por praticar a justiça e por isso foi posto acima de todos.

Yeshua reforçou essa verdade ao ensinar que rejeitar suas palavras era rejeitar Aquele que o enviou, conforme lemos em Yochanan 12:48-50, veja: Quem me rejeita e não aceita o que digo tem um juiz: a própria palavra que falei o julgará no último dia. Porque não falei por iniciativa própria, mas o Pai me enviou e me deu uma ordem, isto é, o que dizer e o que falar. Da mesma forma, Kefa (Pedro) advertiu em Ma’asei HaShlichim 3:23: “E acontecerá que toda alma que não ouvir a esse profeta será exterminada do meio do povo.”

Portanto, ouvir o profeta não é mera devoção. É uma questão de vida ou morte, de bênção ou maldição. A obediência às palavras de Yeshua é o que mantém o homem em aliança com o Eterno, enquanto a recusa em ouvi-lo traz condenação sobre si mesmo.

Concluindo nosso estudo, percebemos que a promessa feita em Devarim 18:18-19 é um divisor de águas na história de Yisrael e de todos que desejam servir à HaShem. O Eterno não anunciou que viria pessoalmente em forma de homem, mas que levantaria um profeta do meio dos irmãos, semelhante a Moshê, para guiar e instruir o povo e transmitir Sua palavra.

Os profetas posteriores expandiram essa promessa, mostrando que a voz de Elohim alcançaria todo o povo. Yeshua assumiu essa missão, vivendo como homem íntegro diante do Eterno, proclamando a Torá não como letra morta ou com pesos de halachot que atrapalham seu cumprimento, mas como caminho de vida pura e simples. Seus talmidim testemunharam que ele era o profeta prometido, chamando Yisrael a ouvir e obedecer.

O chamado para nós hoje é urgente. Devemos ouvir as palavras do profeta, pois é como ouvir o próprio Eterno, já que é seu representante. Se o rejeitamos, rejeitamos a Palavra viva de Elohim. Dessa forma, não basta admirar Yeshua como mestre, é preciso seguir seus ensinos, que nos chamam a uma vida de arrependimento, obediência e justiça. O Eterno não enviou um deus distante, mas um homem semelhante a nós, para que não tivéssemos desculpa. Ele nos mostrou que é possível viver em plena submissão ao Eterno.

Portanto, ouvir esse profeta não é apenas uma escolha individual, mas um chamado coletivo. É a condição para que, como comunidade, possamos ser luz entre as nações. O Eterno enviou um homem semelhante a nós para que fôssemos indesculpáveis diante Dele. Agora, a decisão está em nossas mãos

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!

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Moshê Ben Yosef


quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Estudo da Parashá Re'eh - De onde vem o socorro? Você confia em quem?

 


Estudos da Torá

Parashá nº 47 – Re’eh (Vejam)

Devarim/Deuteronômio 11:26 – 16:17

Haftará (separação) Is 54:11-55:5 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) 1Co 5:9-13; 1Jo 4:1-6.


De onde vem o socorro? Você confia em quem?


Em algum momento da vida todos nós já fizemos a pergunta: “De onde virá o meu socorro?”. Seja diante de uma doença inesperada, de uma crise financeira, de uma perda dolorosa ou mesmo de uma decisão difícil que parecia maior que nossas forças. Nessas horas, o coração humano busca desesperadamente um ponto de apoio, uma fonte de segurança, um lugar onde descansar a confiança.

Mas há ainda outra grande e importante questão: onde colocamos essa confiança? Muitos buscam apoio em pessoas influentes, outros em bens materiais, alguns nas tradições familiares ou até mesmo em práticas religiosas desconectadas do verdadeiro Elohim de Yisrael. Devido à religião muitos buscam apoio em quem verdadeiramente não deveria. A verdade é que todos nós confiamos em algo, e essa escolha define o rumo da nossa vida.

Neste estudo, vamos percorrer a jornada proposta pela Parashá Re’eh, que nos convoca a destruir todo vestígio de idolatria de nossas vidas e centralizar nossa adoração apenas em HaShem e mais ninguém. A partir dela, traçaremos um paralelo com o clamor do salmista em Tehilim 121, a denúncia dos profetas contra os “lugares altos” e, por fim, o ensino de Yeshua e seus talmidim, que aprofundam o chamado à confiança verdadeira. Vem comigo, abra sua bíblia e seu coração, acompanhe até o final desse estudo.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Re'eh (ראֵה) é a 47ª porção semanal da Torá e a 4ª do livro de Devarim (Deuteronômio). O nome "Re'eh" significa "Veja" e vem da primeira palavra do primeiro verso: "Vejam, Eu coloco diante de ti hoje a bênção e a maldição..." (Dt 11:26). Moshê começa a parashá com uma exortação fundamental: o povo de Yisrael deve escolher entre seguir os mandamentos de D’us, o que resultará em bênçãos, ou desobedecê-los, o que trará maldições. Ele detalha as bênçãos que virão se eles forem fiéis e as consequências negativas da desobediência.

Um dos temas centrais é a instrução para destruir todos os lugares de adoração idólatra e centralizar o culto ao Eterno em um único local que Ele escolheria no tempo adequado. Este "lugar que Ele escolherá", no contexto literal. é um eufemismo para o Templo Sagrado em Jerusalém, e profeticamente é a própria vida do servo de HaShem. Todas as ofertas, dízimos e sacrifícios deveriam ser levados para lá, e não para altares particulares.

A porção também estabelece as leis de cashrut (alimentação ritualmente pura), detalhando mais uma vez quais animais, aves e peixes são permitidos e quais são proibidos para consumo. Além disso, discute o sistema de dízimos (ma'aser), incluindo o dízimo da colheita e o dízimo do gado, que era usado para sustentar os levitas, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas.

Moshê adverte severamente contra a idolatria e os falsos profetas que tentam desviar o povo do Eterno. Ele instrui o povo a não ter piedade de quem tentar seduzi-los a adorar outros deuses, mesmo que seja um parente próximo. A punição para tais atos era morte.

A parashá conclui com a revisão de uma série de leis sociais, como as leis sobre a anulação de dívidas a cada sete anos (shemitá), a liberação de escravos hebreus e a obrigação de ajudar os pobres. Por fim, são detalhadas as três festas de peregrinação: Pessach, Shavuot e Sucot, nas quais todo o povo deveria se reunir no Templo Sagrado. Em essência, a parashá Re'e é um chamado para a escolha consciente e a responsabilidade. Ela enfatiza que o relacionamento do povo com HaShem não é passivo, mas sim uma parceria ativa baseada na obediência aos Seus mandamentos.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Nesta porção, Moshê apresenta ao povo uma escolha clara: bênção ou maldição. Essa escolha está diretamente ligada a quem o povo decide servir e como decide adorá-lo.

Um dos pontos centrais dessa porção está em Devarim 12:2:

Destruam todos os lugares onde as nações desalojadas por vocês serviram seus deuses, quer no alto das montanhas, quer nas colinas, quer sob alguma árvore frondosa.


O texto é literal e direto, pois o povo de Yisrael não poderia manter contato com os altares idólatras. Era preciso destruir cada vestígio do culto pagão, fosse ele nos montes, nas colinas ou sob árvores frondosas, símbolos ligados à fertilidade e à adoração de deuses estrangeiros. Mas destruir ali é muito mais que apenas acabar com os altares e lugares de culto.

O objetivo era claro, uma vez que o culto a HaShem não poderia ser misturado, adaptado ou dividido com outras práticas religiosas. Só havia um D’us, e Ele mesmo escolheria o lugar do Seu culto. Essa ordem não era apenas sobre geografia, mas sobre exclusividade. Somente o Eterno é a fonte verdadeira do socorro, é o Eterno quem salva, quem cura, quem chama, quem resgata. A seguir vamos compreender que nossa esperança deve estar somente no Eterno.


1. O socorro vem do Eterno

Entendemos que o mandamento é observado e replicado no cotidiano dos justos no povo de Yisrael. O salmista nos convida a refletir sobre algo aparentemente comum em sua época:


Elevo os meus olhos para os montes; de onde virá o meu socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Tehilim 121:1-2


Os montes, na época, eram locais tradicionais de culto pagão. Neles se erguiam altares, se queimavam incensos e se invocavam divindades. Quando o salmista olha para os montes, ele vê ali o reflexo da idolatria das pessoas afastadas do Eterno, bem como das nações. Mas, em vez de confiar no que os homens construíram nesses lugares, ele declara que o verdadeiro socorro não está nos montes, mas em quem está acima deles, o Criador dos montes.

Esse contraste é poderoso, pois aquilo que parecia fonte de segurança para muitos, isto é, os montes, altos e firmes era, na verdade, vazio de poder. O socorro genuíno só poderia vir de HaShem, o único que fez os céus e a terra. E aqui é importante destacar que montes são apontamentos para pessoas elevadas, isso dentro do povo da aliança, infelizmente há pessoas que buscam socorro em pessoas elevadas, um exemplo disso são pessoas que depositam sua esperança em líderes humanos, pastores, rabinos etc. Até mesmo os que se dizem em teshuvah e que depositam sua esperança no messias, como se ele fizesse algo fora do Eterno. O Messias é o instrumento de salvação usado pelo Eterno, ele não faz nada dele mesmo, a não ser cumprir e ensinar a cumprir a Torá.

Assim como no Salmo 121, nossa vida hoje também apresenta “montes”, lugares onde podemos depositar confiança, mas que não podem nos sustentar. Podem ser pessoas, instituições, tradições, filosofias ou mesmo nosso próprio intelecto. Mas, assim como o salmista, somos chamados a olhar além dos montes e reconhecer que o socorro verdadeiro vem somente do Criador. Olhando para o TaNaK podemos observar os profetas denunciando esses lugares altos.


2. Denúncia contra os lugares altos

Os profetas ecoam o mandamento da Torá denunciando a prática de adoração nos “lugares altos” (בָּמוֹת bamot) e debaixo das árvores frondosas.

  • Yeshayahu 57:5-7:


Vocês ardem de desejo entre os carvalhos e debaixo de toda árvore frondosa; vocês sacrificam seus filhos nos vales e debaixo de penhascos salientes. Os ídolos entre as pedras lisas dos vales são a sua porção; são a sua parte. Isso mesmo! Para eles você derramou ofertas de bebidas e apresentou ofertas de cereal. Poderei eu contentar-me com isso? Você fez o leito numa colina alta e soberba; ali você subiu para oferecer sacrifícios.


Este texto denuncia os sacrifícios oferecidos sob as árvores como os carvalhos e nos montes elevados.

  • Yirmeyahu 3:6:


Durante o reinado do rei Josias, o Eterno me disse: "Você viu o que fez Yisrael, a infiel? Subiu todo monte elevado e foi para debaixo de toda árvore verdejante para prostituir-se.

Aqui o profeta acusa Yisrael de “subir a todo monte elevado e debaixo de toda árvore frondosa para se prostituir”.

  • Hoshea 4:13:

Sacrificam no alto dos montes e queimam incenso nas colinas, debaixo de um carvalho, de um estoraque ou de um terebinto, onde a sombra é agradável. Por isso as suas filhas se prostituem e as suas noras adulteram.


O profeta afirma que o povo sacrificava em colinas e sob árvores, “porque sua sombra era agradável”.

O diagnóstico dos profetas é direto, uma vez que a idolatria não é apenas um erro de culto, mas uma prostituição espiritual, uma traição contra o Dus da aliança. A busca por segurança em deuses falsos corrompia o coração do povo e os afastava do Eterno. E se trouxermos isso para nosso tempo, percebemos que se não tivermos atenção ainda construiremos “lugares altos” modernos, por exemplo: corridas atrás do sucesso a qualquer custo, dependência cega de líderes humanos, fé em sistemas religiosos, políticos ou econômicos que prometem salvação. Os profetas nos lembram que toda confiança que não está em HaShem é uma sombra agradável, mas enganosa.


3. O socorro em espírito e verdade

Ao contrário do que muitos pensam, Yeshua ensinava a Torá e dava continuidade às palavras dos profetas. Em sua vida ele demonstrou isso claramente, um bom exemplo é a conversa de Yeshua retomando esse tema de maneira profunda ao falar com a mulher samaritana em Yochanan 4:20-24. A mulher argumenta sobre qual monte era o verdadeiro lugar de adoração: o monte dos samaritanos, Gerizin, ou o monte Sião em Yerushalaim. Yeshua responde que o tempo viria em que a adoração não estaria ligada a este ou aquele monte, mas seria feita em espírito e em verdade. Ele não anula a importância de Jerusalém como o lugar escolhido, mas revela que, com a vinda do Messias, a adoração não mais se limitaria a um templo de pedra, mas se tornaria uma questão de espírito e verdade.

Então está claro que Yeshua não anula a centralidade da Torá, mas leva o princípio à sua plenitude: a adoração não é geográfica, é relacional. O verdadeiro socorro não vem de montes ou locais físicos, mas de uma vida alinhada em obediência com o D’us vivo.

Os talmidim de Yeshua também reforçam essa visão:

Shaul em 1 Coríntios 10:20-21 afirma que não se pode participar da mesa do Senhor e, ao mesmo tempo, da mesa dos ídolos.

2 Coríntios 6:16-17 lembra que nós somos o templo do Deus vivo, e por isso não pode haver comunhão entre o templo de Deus e os ídolos.

A mensagem é clara, pois a presença de HaShem agora habita no Seu povo, que se torna o lugar escolhido para Sua presença. O socorro não vem de práticas externas, mas da comunhão viva com Ele.

Concluindo nosso pequeno estudo, a pergunta inicial ecoa novamente: “De onde vem o socorro? Você confia em quem?”

A Parashá Re’eh nos ensina a destruir os lugares de idolatria, lembrando que não podemos servir a dois senhores. Tehilim 121 nos convida a olhar além dos montes, reconhecendo que o socorro vem apenas do Criador. Os profetas nos alertam sobre os enganos das sombras agradáveis que parecem dar segurança, mas afastam o coração de D’us. E Yeshua e seus talmidim confirmam o ensino nos chamando a uma adoração em espírito e em verdade, sem mistura, vivendo como templos vivos do Senhor.

Hoje, o desafio não é apenas destruir altares físicos, mas sim derrubar os “altares internos” como o orgulho, dependência de homens, confiança em riquezas, tradições vazias ou qualquer coisa que ocupe o lugar de HaShem em nosso coração. A mudança de atitude começa quando escolhemos, como o salmista, declarar: O meu socorro vem do Senhor, Criador dos céus e da terra. E você? Vai continuar olhando para os montes, ou vai confiar naquele que fez os montes?


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Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef