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quinta-feira, 31 de julho de 2025

Estudo da Parashá Devarim - A Teshuváh não é religião, mas arrependimento.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 44 – Devarim (Palavras)

Devarim/Deuteronômio 1:1-3:22

Haftará (separação) Is 1:1-27 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Jo 15:1-11, Hb 3:7-4:11


A Teshuváh não é religião, mas arrependimento.


Em tempos onde a “restauração” leva muitos a seguirem tradições religiosas, há um chamado antigo ecoando com força renovada: "Volta, ó Yisrael, ao Eterno teu Elohim!" (Hoshea 14:1). Este chamado não exige dogmas, estruturas humanas nem títulos religiosos. Ele clama por teshuváh, palavra hebraica que significa retorno, arrependimento, conversão, mudança de direção. Porém, na confusão de sistemas religiosos e ritos, a teshuváh tem sido reduzida a um conceito ritual, institucionalizado, como se fizesse parte de uma religião. A realidade, no entanto, é mais profunda e mais exigente: teshuváh não é religião. É transformação de vida, um retorno ao Eterno, aos Seus mandamentos, e ao caminho reto criado desde o princípio. É uma resposta ao chamado eterno: Retorna a mim, e Eu retornarei a ti… (Malachi 3:7)


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Nesta semana iniciamos o quinto e último livro da Torá: Devarim. Este livro contém as palavras que Moshe, servo do Eterno, falou a todo Yisrael, nas planícies de Moav, diante do Yarden, antes de o povo atravessar para a terra prometida. Essas palavras foram ditas nas últimas semanas de vida de Moshe.

Moshe relembra ao povo os eventos marcantes da jornada no deserto e repete muitas das instruções que o Eterno já havia dado. Ele não traz novas doutrinas, mas reforça o que já havia sido ordenado, com o objetivo de preparar a nova geração que agora entraria na terra que o Eterno jurou dar a Avraham, Yitzchak e Yaakov. Ele inicia com uma repreensão velada, mencionando locais como Paran, Tofel, Lavan, Chatzerot e Di Zahav, para lembrar os pecados cometidos no deserto — como a murmuração, a incredulidade, e especialmente a rejeição da terra prometida após o relato dos espiões. O homem do Eterno recorda o episódio em que dez dos doze homens enviados para espiar a terra voltaram com um relatório desanimador. O povo, em vez de confiar no Eterno, murmurou e rebelou-se. Por causa disso, o Eterno jurou que aquela geração não entraria na terra.

Moshe também narra a vitória sobre os reis Sichon e Og, e como o Eterno entregou essas terras a Reuven, Gad e metade da tribo de Menashé, como herança na margem leste do Yarden. Por fim, Moshe encoraja Yehoshua bin Nun, seu servo fiel, para continuar a missão e conduzir o povo na conquista da terra.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

A parashá Devarim marca o início do último discurso de Moshe a todo Yisrael. Suas palavras não são apenas memória ou despedida, são um apelo. Ele exorta uma nova geração a lembrar os erros dos pais no deserto e a não repetir sua rebeldia. Ao relembrar eventos como a recusa diante da terra prometida e a tragédia dos espias, Moshe evidencia o coração do problema: a dureza, a incredulidade e o afastamento da voz de HaShem. É o mesmo clamor que ecoa em Yeshayahu 1:1–27, que é a haftará dessa porção, onde o profeta denuncia a hipocrisia dos rituais sem justiça, sem arrependimento real. "De que me serve a multidão de vossos sacrifícios?", pergunta HaShem (Yeshayahu 1:11). E conclama: "Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de diante dos meus olhos... então, vinde, e arrazoemos" (Yeshayahu 1:16‑18).

Nos Escritos dos Emissários, Yochanan 15:1‑11 e Hebreus 3:7–4:11 reforçam este chamado. A videira verdadeira e o descanso prometido são acessíveis apenas aos que permanecem, confiam, e obedecem. Arrependimento, então, não é um rito de passagem religioso, mas um retorno completo ao Eterno com a mente, coração e ação ou prática. Esse é o verdadeiro espírito da teshuváh.


1. A geração que não entrou: o peso da incredulidade e da desobediência

Moshe, em Devarim, fala a filhos que cresceram caminhando no deserto, mas agora precisavam escolher entre repetir os pecados dos pais ou retornar com integridade ao Eterno. Ele relembra que a geração anterior foi impedida de entrar na terra por não confiar na promessa, mesmo após tantos sinais. O texto de Hebreus 3:18-19 ecoa este lamento: “E a quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão aos que foram desobedientes? Fazendo um midrash de Tehilim/Salmos 95:7 e 8. Vemos que a geração de pessoas que morreram no deserto não puderam entrar na terra prometida por causa da incredulidade.

Este é o coração da teshuváh: reconhecer onde erramos, lamentar sinceramente, e mudar o curso. Não há religião que substitua isso. Não há ritual que anule o peso de um coração endurecido. A geração que caiu no deserto era religiosa, isto é, celebrava festas e ofereciam sacrifícios mas não se arrependiam. Eles ouviram a voz do Eterno no Sinai, viram Suas maravilhas no Egito e ainda assim não confiaram em HaShem. Isso nos mostra que nem presença visível, nem milagres substituem um coração obediente.


2. O Eterno exige justiça, não apenas rituais

A haftará em Yeshayahu 1 denuncia com veemência os que praticam rituais e orações enquanto oprimem o pobre e desprezam o juízo. O Eterno rejeita as festas e sacrifícios feitos sem justiça. Como disse um dos antigos sábios:

Onde há justiça e misericórdia, ali está a Presença do Eterno; onde há sacrifícios sem arrependimento, há apenas vaidade. Midrash Tanchuma, Shoftim 9


Moshe, da mesma forma, destaca que não há substituto para o temor ao Eterno e à obediência:


Guardai, pois, e cumpri, porque esta é a vossa sabedoria. Devarim 4:6.


Yeshua reafirma este princípio em Yochanan 15:10: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor...” não bastava crer naquilo que Ele ensinava, era necessário obedecer o que ele ensinava.


3. Teshuváh é permanecer na videira: fruto, permanência e verdade

Yeshua, em Yochanan 15, ensina que o ramo que não permanece na videira é cortado. Permanecer é obedecer. Produzir fruto é andar segundo a vontade do Pai, que é a Torá. Teshuváh, então, é voltar à raiz, não a um sistema religioso, mas ao mandamento do Eterno.

Yeshua nunca criou uma religião. Ele andou nos caminhos da Torá, exortou como Yirmeyahu, lamentou como Moshe, julgou com justiça como Shmuel. Ele ensinou teshuváh, não formas religiosas, mas um retorno vivo à vontade do Pai. Ele chamou Yisrael ao retorno sincero à Torá, como todos os profetas. Ele mesmo disse: “Não penseis que vim abolir a Torá” (Matityahu 5:17). O arrependimento que ele exige é o mesmo de Yeshayahu, de Moshe, de todos os homens fiéis ao Eterno.

Concluindo nosso estudo, a parashá Devarim, unida à voz cortante de Yeshayahu e ao ensino reto de Yeshua, clama em uma só direção: retorna, ó Yisrael! Volta à obediência, ao temor, à justiça. Não há caminho de volta ao Eterno por meio de formas religiosas mortas. Teshuváh é mais do que sentimento: é decisão, é prática, é permanência.

A geração do deserto viu milagres, mas não obedeceu, e por isso caiu. Os habitantes de Yerushalayim encheram os átrios do Templo, mas foram rejeitados, porque não havia justiça neles. Yeshua advertiu: o ramo infrutífero é lançado fora. A carta aos Hebreus diz: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração.

A teshuváh não é religião. É o som do Eterno chamando: “Volta!” E quem ouve, volta. E quem volta, obedece. E quem obedece, vive. Hoje, como naquela geração, o Eterno ainda chama: Retorna. Se ouvirmos, vivamos como quem foi restaurado. Que não sejamos apenas ouvintes, mas praticantes da verdade. Pois quem volta, obedece. E quem obedece, viverá.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!

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Moshê Ben Yosef


quinta-feira, 1 de maio de 2025

Estudo da Parashá Tazria e Metsorá - O Sinal para Arrependimento e Concerto

 


Estudos da Torá

Parashá nº 27Tazria (Conceber)

Vayikra/Levítico 12:1-13:59

Haftará (separação) 2Rs 4:42-5:19 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 8:1-4; 11:2-6.

Parashá nº 28Metsora (Afligida)

Vayikra/Levítico 14:1-15:33

Haftará (separação) 2Rs 7:3-20 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 9:20-26.


Tema: O Sinal para Arrependimento e Concerto


Na parashá dessa semana, convido você a refletirmos juntos sobre algo que vai muito além da aparência. Vamos entrar em um tema que, à primeira vista, pode parecer distante ou estranho — manchas em roupas, paredes manchadas, pessoas isoladas com aflições visíveis no corpo... Mas se olharmos com olhos atentos à voz do Eterno, perceberemos que estas imagens falam, e falam alto!

Estamos prestes a estudar duas porções da Torá — Tazria e Metsorá — que tratam da tzaraat, uma aflição física que alcançava a pele, os tecidos e até as casas. Mas será que isso era apenas uma doença? Ou o Eterno estava nos ensinando algo muito mais profundo? Qual apontamento profético encontramos com este assunto?

Estas porções revelam que o Eterno nos dá sinais visíveis quando há algo invisível que precisa ser tratado. Algo que está nos afligindo de dentro para fora, um pecado escondido, seja intencional ou não. HaShem não nos abandona em nossos erros — Ele nos alerta. Ele nos chama ao arrependimento antes do juízo. E isso continua valendo hoje.

Vivemos tempos em que é fácil esconder impurezas atrás de aparências, palavras bonitas ou rotinas religiosas. Mas o Eterno vê o interior da casa. Ele examina nossas vestes. Ele toca aquilo que precisa ser purificado. Por isso, considerei o título desse estudo muito apropriado: “O Sinal para Arrependimento e Concerto”. Vamos observar alguns apontamentos proféticos para as roupas e casas contaminadas e aprender com eles.

Que você abra o coração para ouvir. Que suas paredes falem. Que suas vestes sejam examinadas. Que haja arrependimento onde for necessário — e que, acima de tudo, você descubra o caminho de retorno ao Eterno. Vamos juntos buscar entendimento na Torá do Eterno, e que este estudo seja um instrumento para nos tornarmos um povo verdadeiramente puro, limpo e separado para Ele.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Ao estudamos as parashiot Tazria e Metsorá juntas, somos levados a refletir profundamente sobre a kedushá (separação/santidade) que o Eterno exige de Seu povo. Em Tazria o tema central é a pureza relacionada ao nascimento e à tzaraat (aflição da pele). E em Metsorá vemos a purificação da pessoa afligida por tsaraat, e também vemos as impurezas físicas de homens e mulheres.

A mulher que dá à luz passa por um tempo de separação. Se for filho homem, sete dias; se for filha, quatorze dias (Vayikrá 12:2-5). Após o tempo, oferece-se um sacrifício de purificação. Apresenta-se o diagnóstico de uma aflição física (erroneamente chamada de "lepra"), que simboliza impurezas causadas por comportamentos internos, como o lashon hará (maledicência). E a pessoa com tzaraat precisa ser examinada por um cohen (sacerdote), e se for declarada impura, deve isolar-se fora do acampamento. A impureza atinge também roupas.

Um ritual detalhado de purificação, com aves, madeira de cedro, escarlate e hissopo é descrito. Isso mostra que o retorno à comunidade exige não apenas cura física, mas mudança interior. Quando manchas aparecem em roupas ou nas paredes da casa, é necessário que o cohen examine. A casa pode ser purificada ou, em casos extremos, destruída. Homens e mulheres que têm fluxos corporais precisam passar por um período de separação e purificação, revelando o valor da santidade até nas ações mais naturais da vida. Toda separação e reintegração demonstram que o povo de Yisrael deve ser kadosh (separado), como o Eterno é Kadosh. O Eterno deseja habitar no meio de um povo puro, tanto no corpo quanto no coração.

ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Antes de iniciar o estudo e comentários vamos ler os textos bíblicos referentes ao tema deste estudo.

- Tzaraat nas roupas - Vayikrá 13:47-59

- Tzaraat nas casas - Vayikrá 14:33-57

Em meio às santas instruções do Eterno, reveladas ao povo de Yisrael no deserto, duas porções da Torá — Tazria e Metsorá — nos conduzem por um caminho de reflexão profunda sobre pureza, arrependimento e restauração. O tema da tzaraat (aflição visível na pele, roupas e casas) não é apenas um ensinamento sobre doenças ou impurezas cerimoniais, mas um sinal divino que aponta para a necessidade de arrependimento e concerto com o Eterno, devido a alguma transgressão partindo do interior do indivíduo.

A tzaraat não surge ao acaso. Quando ela aparece na casa, nas roupas ou na pele, é como se o Eterno estivesse acendendo um alerta visível ao indivíduo ou à comunidade, chamando-os ao retorno, à teshuvá. Ela revela que a impureza não se esconde por muito tempo, e que o Eterno, em Sua misericórdia, primeiro nos alerta antes de nos julgar e aplicar a punição. Vamos aprofundar um pouco mais. Siga comigo até o final.


1. A tzaraat nas roupas e nas casas: o que representa?

A Tzaraat em casa e nas roupas é uma revelação muito profunda da Torá sobre a forma como o Eterno nos comunica que há impurezas escondidas em nosso viver. O Eterno não vê apenas por fora, ele sonda tudo, até mesmo os ambientes que criamos e onde habitamos.

Em anos anteriores já estudamos sobre esse sinal no ser humano e seus apontamentos, mas nesse ano, vamos nos ater ao sentido profético que há quando isso ocorre antes de atingir a pele do homem. Sim, pelo que podemos entender, era um estágio, níveis de contaminação que o Eterno ia permitindo que ocorresse até que o homem se arrependesse e fizesse teshuváh. Primeiro aparecia o sinal na casa, depois nas roupas e se não houvesse correção, o último estágio, apareciam as manchas na pele. Era o Eterno dando oportunidade de mudança de vida, de arrependimento e concerto.

Em Vayikrá 13:47-59 e 14:33-53, textos que lemos antes, vimos que tzaraat podia atingir não apenas pessoas, mas também roupas e casas. E isso não é um mero relato, é um apontamento profético com representações claras nos textos. Como já mencionei, são níveis de sinal que o Eterno mostra. O primeiro é a casa, que representa o ambiente onde habitamos, os relacionamentos e estruturas que construímos, seja em nosso lar, no trabalho ou congregação. Quando o Eterno permite que uma mancha surja nas paredes da casa, está revelando que há algo impuro em nosso interior que está transbordando para o lugar onde vivemos, tendo a possibilidade de contaminar outras coisas dentro de casa. Essas contaminações podem ser contendas, maledicência (lashon hará), injustiças ou ganância.

A casa deve refletir a kedushá ou santidade, conforme entendemos do que Moshê disse:


Pois HaShem, teu Elohim, anda no meio do teu acampamento, para te livrar e te entregar os teus inimigos; portanto, o teu acampamento será santo, para que Ele não veja em ti coisa indecente e se afaste de ti. Devarim 23:14


O texto é profundo, não trata apenas de limpeza e higiene, mas de coisas mais profundas, trata de coisas que estão no íntimo de quem as habita. Aqui vemos que o espaço físico onde habitamos deve ser limpo e separado, pois o Eterno caminha entre nós. Assim como o acampamento de Yisrael precisava ser puro, as casas hoje também devem ser lugares onde o Nome do Eterno é honrado.

Da mesma forma, o segundo nível, ultrapassou as paredes da casa e atinge as roupas. E elas simbolizam nossas ações externas, ou seja, nossos atos de justiça, nossas práticas. Isto é, aquilo que mostramos ao mundo, e se as roupas estão manchadas, é porque nossas obras estão contaminadas por impureza moral, como orgulho, mentira ou desonestidade, e isso é fruto de transgressão a vários mandamentos da Torá.

A vestimenta representa ações justas, vemos em Yeshayahu 64:6 que diz:


Todos nós somos como impuro, e todas as nossas justiças como trapo de imundícia...


Perceba que a roupa impura é usada como símbolo de ações humanas contaminadas. A tzaraat na veste mostra que até nossas obras externas devem ser limpas diante do Eterno, caso contrário, serão rejeitadas.


2. O caso de Gechazi: um exemplo vivo

Podemos encontrar no TaNaK exemplo sobre o que estamos falando. Um exemplo marcante nas Escrituras é o de Gechazi (Geazi), servo do profeta Elishá (Eliseu), que lemos em Melachim Bet/2Rs 5. Este moço, movido pela ganância, mentiu para receber presentes de Naamã, contrariando a instrução do profeta e a vontade do Eterno. Como resultado, a tzaraat que havia deixado o sírio recaiu sobre ele e sua descendência.

Este episódio mostra e comprova que a tzaraat é uma consequência visível de uma corrupção interna. O coração de Gechazi, mesmo servindo ao Eterno como moço do profeta, estava impuro, e isso se manifestou externamente. O Eterno sonda e revela o que está oculto, lemos também sobre isso em Yov/Jó 34:21-22:


Porque os olhos d’Ele estão sobre os caminhos do homem, e vê todos os seus passos. Não há trevas nem sombra de morte onde possam esconder-se os que praticam o mal.

A tzaraat que surge em roupas e casas revela que o Eterno torna visível o que está oculto, chamando o homem ao arrependimento antes que seja tarde. Isso nos ensina que o Eterno trata com seriedade as inclinações do coração, e que toda desobediência, se não for confessada e corrigida, contamina também as futuras gerações. E essa confissão é ao Eterno, a correção é a mudança de vida que volta ao caminho da obediência aos mandamentos do Eterno. Isso leva à purificação.

A tzaraat nos lares e vestes tem um reflexo profético. O profeta Chagai, em Chagai/Ageu 2:10-14) diz que:


No dia vinte e quatro do nono mês, no segundo ano do reinado de Dario, a palavra do Senhor veio ao profeta Ageu: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Pergunte aos sacerdotes sobre a seguinte questão da Lei: Se alguém levar carne consagrada na borda de suas vestes, e com ela tocar num pão, ou em algo cozido, ou em vinho, ou em azeite ou em qualquer comida, isso ficará consagrado? ’” Os sacerdotes responderam: "Não". Em seguida perguntou Ageu: “Se alguém ficar impuro por tocar num cadáver e depois tocar em alguma dessas coisas, ela ficará impura?” ”Sim”, responderam os sacerdotes, "ficará impura". Assim é este povo e assim é esta nação diante de mim, diz HaShem; assim é toda obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem é impuro.


Ou seja, até os atos religiosos tornam-se impuros se os corações e os lares não forem purificados.


3. Yeshua e os shaliachim: o chamado ao concerto interior

Apesar de muitos não compreenderem, Yeshua, o emissário fiel do Eterno, não ignorou as instruções da Torá que estão em Vayikrá. Quando em um determinado dia curou um homem com tzaraat, lemos em Marcos 1:40-44, ele ordenou que este cumprisse tudo o que Moshê ensinou, oferecendo sacrifícios e apresentando-se ao kohen. Isso por sí, prova que Yeshua não veio anular a Torá, mas confirma seus princípios eternos.

Para ele, a pureza era algo que começava dentro do coração. Em dos ensinos de Yeshua registrados por Matityahu e Lukas vemos o mestre dizer que:


o bom homem, do bom tesouro do coração, tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do coração, tira o mal, porque a boca fala do que está cheio o coração. Mt 12:35 e Lc 6:45


Em outra ocasião Yeshua ensinou que não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai do coração, conforme lemos em Matityahu 15:18-20, ou seja, palavras e ações originadas de uma mente não submetida ao Eterno tornam o homem impuro. Mas é preciso compreender que este texto não é uma aprovação para comer animais imundos, pois isso é transgressão, desobediência, e não impureza. São situações diferentes e o assunto no contexto é sobre leis humanas e pureza de coração. Em suma, Yeshua estava combatendo interpretações humanas que criavam mandamentos próprios, e não anulando os mandamentos do Eterno sobre alimentos.

O shaliach Shaul, conhecido como apóstolo Paulo, por sua vez, escreveu que a comunidade deve ser purificada pela Palavra, sendo lavada e santificada como uma noiva pura (Efesiyim/Ef 5:26-27). Isso nos conecta de volta às instruções de Vayikrá: a purificação não era apenas física, mas também moral, ética e espiritual, através da obediência fiel.


4. Comentário dos sábios

Os sábios do povo de Yisrael observaram que o Eterno usava a tzaraat como forma de advertência gradual:

  1. Primeiro na casa – para que a pessoa percebesse a necessidade de mudança.

  2. Depois nas roupas – indicando que a impureza se aproximava do corpo.

  3. Por fim, na pele – já era um juízo visível, resultado da negligência.

Mas tudo isso está em perfeita harmonia com o que já está revelado na Torá, e não depende de tradições humanas. Como está escrito:


Pois Eu sou HaShem, que vos faço subir da terra de Mitsraym para ser vosso Elohim; portanto, sede santos, porque Eu sou santo. Vayicrá 11:45


O Talmud relaciona a tzaraat ao lashon hará (maledicência) e outras transgressões morais. Maimônides também explica que a tzaraat era uma manifestação espiritual que se revelava na pele da pessoa, causando a morte das células, e onde há morte há impureza. Possuir a tzaraat é um castigo que isola o indivíduo da congregação de Israel. Ele está impuro, não pode se chegar ao Templo, não pode comparecer ao Lugar Santo para adorar ao Eterno. Para quem ama a D'us, ficar longe destas atividades templárias é algo que colocava a pessoa a refletir e lamentar, levando-o à fazer teshuváh.

Os comentários rabínicos destacam que a tzaraat não era apenas uma condição física, mas um sinal espiritual que chamava o indivíduo ao arrependimento e à correção de condutas morais. A manifestação da tzaraat nas roupas e casas servia como um alerta divino para que a pessoa examinasse suas ações e retornasse ao caminho da retidão.


5. Arrependimento e reconstrução

Após a destruição causada pela impureza e transgressão, há sempre um caminho de arrependimento e restauração. Como em Nechemyah/Ne 1:9:

Se vos converterdes a Mim e guardardes os Meus mandamentos e os praticardes... ainda que os vossos dispersos estejam nos confins dos céus, de lá os ajuntarei.


Isso mostra que mesmo uma casa destruída pode ser restaurada, e uma roupa destruída outra pode ser adquirida, se houver arrependimento e obediência verdadeira. O arrependimento e a teshuváh podem transformar uma situação calamitosa como a que estamos estudando, pois o Eterno guarda os que verdadeiramente se convertem.

Concluindo nosso estudo, pudemos entender que a tzaraat era, e continua sendo, um sinal do Eterno para despertar o coração do povo. Hoje, embora não vejamos manchas em paredes ou roupas da mesma forma, vemos os efeitos da impureza em lares destruídos, relacionamentos manchados e atitudes corruptas. O Eterno ainda fala. Ele ainda chama ao arrependimento. Ele ainda oferece restauração àqueles que, como os antigos, se separam para refletir, confessar e corrigir seus caminhos.


Se vos converterdes a Mim e guardardes os Meus mandamentos e os praticardes... então vos reunirei novamente. Devarim 30:2-3


Quem realmente ama o Eterno, purifica sua casa, suas ações e seus pensamentos. Que sejamos como o homem com tzaraat que, ao ouvir o chamado, se aproximou para ser purificado. Que o Eterno encontre em nós vestes limpas, casas santas e corações dispostos a obedecer.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!

Lembremos: A santidade começa dentro de casa, se manifesta em nossas ações, e transforma todo nosso ser. Que possamos ouvir o sinal e responder com humildade, obediência e temor ao Eterno.


Moshê Ben Yosef