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quarta-feira, 9 de julho de 2025

Estudo da Parashá Balak - Bênção não é garantia de obediência.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 40 – Balak (Balak)

Bamidbar/Números 22:2-25:9

Haftará (separação) Mq 5:6-6:8 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) 2Pe 2:1-22, Jd 11


Bênção não é garantia de obediência.


Neste estudo, refletiremos sobre a profunda verdade revelada na parashá Balak, isto é, a bênção pode estar presente mesmo quando o coração se afasta do Eterno. Yisrael foi protegido de maldição por ordem direta do Eterno, que transformou palavras de destruição em palavras de elevação. No entanto, essa honra e proteção não impediram que o povo, logo em seguida, caísse em transgressão diante do Eterno, cedendo à idolatria e à imoralidade. Com isso, veremos que a bênção não é uma prova de retidão, e que servir ao Eterno corretamente exige zelo contínuo, vigilância e obediência aos mandamentos. Para isso veremos o que realmente é bênção e entenderemos pontos importantes desprezados por muitos.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A Parashá Balak nos apresenta um dos episódios mais singulares e reveladores sobre a relação do Eterno com Yisrael e com as nações ao redor. Nesta porção, aprendemos que mesmo quando os inimigos do povo tentam usar meios espirituais para causar dano, o Eterno transforma maldição em bênção, demonstrando Seu domínio absoluto.

Balak, rei de Moav, ao ver o que Yisrael havia feito aos Emorim, fica amedrontado. Ele envia mensageiros a Bilam Ben Beor, um adivinho, para que venha amaldiçoar o povo de Yisrael, esperando enfraquecê-los antes de uma possível guerra. Bilam consulta o Eterno, que claramente lhe diz: “Não irás com eles; não amaldiçoarás este povo, porque é bendito”. Entretanto, após insistência de Balak com mais presentes e honra, o Eterno permite que Bilam vá, mas com a condição firme: “Somente a palavra que Eu te disser, essa falarás”.

Durante a jornada, o Eterno envia um malach (mensageiro) com uma espada para obstruir o caminho. Apenas a jumenta vê o malach e tenta desviar, sendo espancada por Bilam três vezes. O Eterno então abre a boca da jumenta, que repreende Bilam. Seus olhos são abertos e ele finalmente vê o malach, que reafirma: “Falarás apenas o que Eu te disser”.

Quando Bilam chega, Balak o leva a diversos locais, esperando que dali ele amaldiçoe Yisrael. Mas ao invés disso, o Eterno coloca Suas palavras na boca de Bilam, e ele abençoa o povo por três vezes. Entre essas bênçãos está a famosa expressão: “Mah tovu ohalecha Yaakov, mishkenotecha Yisrael” — "Quão boas são tuas tendas, Yaakov, tuas moradas, Yisrael".

Bilam também profetiza a queda de Moav e outros povos, dizendo: “Um cetro se levantará de Yaakov e um governante surgirá de Yisrael”, prenunciando o domínio futuro do povo de Yisrael sobre as nações que o oprimiram.

Contudo, no final da parashá, Yisrael cai em transgressão. Os homens se envolvem com as filhas de Moav, sendo atraídos à idolatria de Baal Peor. A ira do Eterno se acende, e uma praga é enviada. Em meio à praga, Zimri, príncipe da casa de Shimon, traz uma mulher midianita e se une a ela diante de todo o povo. Pinchas, neto de Aharon, levanta-se com zelo pelo Eterno, entra na tenda e os fere com uma lança. A praga é cessada após esse ato, que demonstra zelo pelos mandamentos do Eterno.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Estamos acostumados a ver, atualmente, muitas pessoas que buscam bênçãos em todo lugar e a qualquer custo. São pessoas que usam qualquer passagem bíblica como um referencial de bênçãos e qualquer ritual neste sentido pode atrair muitas pessoas.

A noção errônea de que bênçãos materiais, proteção ou prosperidade indicam automaticamente aprovação divina é amplamente difundida, principalmente nos sistemas religiosos. No entanto, a Torá nos ensina o oposto: o Eterno é soberano, e pode abençoar por misericórdia, por causa de Sua promessa, ou por planos mais elevados, e isso não anula a necessidade da obediência constante. A parashá Balak mostra que mesmo abençoados, os filhos de Yisrael transgrediram, o que causou a ira do Eterno e a consequente punição. No meu canal no YouTube, há um estudo da parashá Toledot de 2022, que falamos sobre “O conceito original de bênção.”, que você poderá buscar para mais informações sobre o assunto.

Será que estar abençoado é certeza de que se está no caminho certo? O que é bênção?

A palavra בְּרָכָה - B’rakhah, uma forma substantiva que geralmente é traduzida como “bênção”, vem da raiz verbal da palavra hebraica בָּרַך - Barakh, cujo sentido mais literal é “ajoelhar-se” ou “curvar-se com reverência”. A ideia central é que “b’rakhah” é aquilo que flui do Eterno para capacitar, sustentar e fortalecer aquele que se curva diante dele em reverência e obediência.

No ato de ajoelhar-se, há:

- Reconhecimento de autoridade.

- Submissão à vontade superior.

- Pedido por graça ou favor.

Da mesma forma, receber uma bênção não é ter domínio ou poder, mas reconhecer nossa dependência total do Eterno, ajoelhando-nos diante dele para que Ele nos capacite.

Quando observamos nessa porção tudo que acontece, ou seja, Bilam por ordem de Balak, tentando amaldiçoar o povo mas no lugar abençoa, pois as palavras inspiradas pelo Eterno são para abençoar Yisrael. São palavras proféticas que ecoam até hoje. E mesmo tendo sido protegidos, abençoados pelo Eterno, alguns dentre o povo ainda assim, transgrediram caindo em idolatria e promiscuidade com mulheres moabitas, resultado de uma orientação de Bilam a Balak. O que desencadeou uma ordem de HaShem para que os transgressores fossem punidos, conforme lemos em Bamidbar 25.

Aqui encontramos de forma indubitável que não é como alguns pensam, se você está sendo abençoado é porque está tudo bem, o Eterno está se agradando de você. Isso é um alerta para que possamos estar atentos para nossa vida, se estamos obedecendo ao Eterno e vivendo no centro de sua vontade.


1. A benção e a fidelidade à Palavra

Na parashá Balak, Bilam é forçado a abençoar Yisrael, pois o Eterno o impede de amaldiçoar. Isso não acontece por causa do mérito moral do povo, mas porque o Eterno já havia determinado que Yisrael era um povo bendito. A bênção vem por fidelidade do Eterno à promessa feita aos patriarcas conforme lemos em Bereshit 17:7.

No livro de Devarim 9:4-6, Moshê adverte:


Não digas no teu coração: Por causa da minha justiça é que o Eterno me trouxe para possuir esta terra... Pois tu és um povo de dura cerviz.


Aqui, aprendemos que a herança e bênçãos recebidas não eram prova de justiça, mas resultado da promessa do Eterno e de Seu plano contra as nações perversas.

O Midrash Tanchuma sobre parashá Balak observa que o Eterno usou Bilam para abençoar Yisrael de forma que mesmo o ímpio reconhecesse a santidade do povo, mas isso não anulava a responsabilidade do povo em andar segundo os mandamentos.

Infelizmente muitos tendem a acreditar que por estarem de alguma forma vivendo em abundância e tudo correndo bem, que a boa mão do Eterno está com eles. Contudo, isso é um engano muito grande. Vejamos agora, como a presença da bênção não impede que alguém cometa um pecado.


2. A presença da bênção não impede a transgressão

A sequência imediata à bênção de Bilam é trágica. Em Bamidbar 25:1-3, os filhos de Yisrael se prostituem com as moabitas e adoram Baal Peor. Ou seja, mesmo protegidos, mesmo honrados caíram, porque se afastaram da obediência.

O profeta Hoshea escreve:


Quando tinham pasto, se fartavam, e o seu coração se exaltava; por isso, se esqueceram de mim. Hoshea 13:6.


Este padrão se repete ao longo da história: a fartura muitas vezes conduz ao esquecimento do Eterno. O orgulho e a ilusão de autossuficiência tomam o lugar do temor reverente. Nos Escritos Nazarenos, Yeshua também confronta este engano. Em Mattityahu 7:21-23, ele diz:


Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome?...’ E eu lhes direi: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a transgressão.

Ou seja, vida tranquila, grandes realizações, milagres e bênçãos não substituem a obediência. É importante manter o foco na Torá do Eterno, pois ela é a instrução para uma vida realmente abençoada. A bênção, conforme já disse antes, é a expressão da submissão ao Eterno. Essa reflexão toca no cerne da fidelidade ao Eterno. A Torá realmente afirma que bênção e maldição estão ligadas diretamente à obediência e à desobediência conforme lemos em Devarim 28, mas o entendimento sobre o que é bênção precisa ser corrigido e purificado à luz das Escrituras.

A maioria, de acordo com o que estamos apresentando, associa bênção a riquezas, honra, saúde ou estabilidade, coisas que, embora boas, não são necessariamente prova de aprovação do Eterno. O verdadeiro sentido da bênção, conforme a Torá, é a capacidade dada pelo Eterno para permanecer no caminho da obediência, mesmo em meio às dificuldades. Veja Devarim 28:1–2:


E será que, se ouvires atentamente a voz do Eterno teu Elohim, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos... virão sobre ti todas estas bênçãos e te alcançarão...


O que muitos ignoram é que essas “bênçãos” descritas nesse texto de Devarim não são o fim em si mesmas, mas meios para um propósito maior, a santidade, a vigilância, e constância na aliança. Todas as vezes que se obedece a um mandamento recebemos força para cumprir ainda mais, e a isso as Escrituras chama de bênção.

Quando Yisrael recebia colheitas abundantes, descanso da guerra, fertilidade e paz, isso criava condições para que o povo servisse ao Eterno com alegria. Mas se o coração se desviasse, como ocorreu após as bênçãos declaradas por Bilam, a bênção se tornava inútil, pois faltava firmeza no coração. Assim, o verdadeiro sinal de bênção não é o que se possui, mas a força para manter-se fiel ao Eterno mesmo quando tudo convida à infidelidade.

Em Tehilim 1:1 é dito como é abençoado o homem que tem prazer na Torá de HaShem. Os sábios interpretam isso dizendo que o bem-aventurado, em algumas versões, o abençoado, é aquele que encontra força na Torá para resistir ao mal. A bênção, portanto, é fortalecimento da alma, ou seja, da vida do homem contra o pecado. É preciso se manter firme em obedecer ao Eterno.

Concluindo nosso estudo, vimos que diferente do que muitos pregam e pensam por aí, a bênção não é sinônimo de fidelidade, e o sucesso externo não é prova de obediência interior. O Eterno pode abençoar por misericórdia, por aliança ou para manifestar Seu Nome, mas espera de nós obediência, reverência e zelo contínuos. A parashá Balak nos adverte, que mesmo quando o povo é exaltado diante das nações, pode cair no mesmo momento se não guardar os mandamentos. O maior perigo não são os inimigos externos, mas a inclinação interna ao mal, conhecida como yetzer harah, o impulso natural do homem ao egoísmo e à desobediência, conforme visto em Bereshit 4:7. Por isso o salmista diz:


Bem-aventurado é o homem que teme ao Eterno e anda nos seus caminhos. Tehilim 128:1.


A bênção, como ensinada pela Torá, é força interior dada pelo Eterno para continuar obedecendo com alegria, confiança e reverência, mesmo quando há tentações, perseguições ou dificuldades. Assim, prosperidade, honra ou segurança podem acompanhar a bênção, mas não a definem e não são garantia de que a vida esteja em obediência.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


sexta-feira, 4 de julho de 2025

Estudo da Parashá Chukat - Yeshua e a serpente de bronze: Cuidado com a idolatria.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 39 – Chukat (Regulamento)

Bamidbar/Números 19:1-22:1

Haftará (separação) Jz 11:1-33 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Jo 3:9-21; 4:3-30


Yeshua e a serpente de bronze: Cuidado com a idolatria.


Neste estudo da parashá Chukat, vamos mergulhar na narrativa da serpente de bronze, um episódio que tem sido amplamente distorcido por interpretações humanas que colocam a ênfase no objeto ou na figura do intermediário, ao invés da verdadeira fonte de cura e salvação: o Eterno. Infelizmente, a teologia cristã tem tomado esse episódio e, com base em ideias fora das Escrituras, atribuído a Yeshua, ou melhor, a JC, um papel e uma natureza que ele mesmo nunca reivindicou. Por isso, este estudo visa restaurar a compreensão verdadeira segundo o Tanakh e os próprios ensinamentos do Mashiach, revelando que é a obediência e confiança no Eterno que salva, não o objeto, nem o homem ou o símbolo.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A porção Chukat (חֻקַּת), a parashá desta semana, está repleta de lições profundas sobre obediência, purificação, disciplina e fidelidade ao Eterno, mesmo diante de provações e perdas. É uma porção cheia de dor e revelações, mas também de esperança para os que se mantêm firmes.

Logo no início da porção, o Eterno dá uma chukat, ou seja, uma instrução que não se explica por lógica humana. É sobre a novilha vermelha (pará adumá), cuja cinza misturada à água servia para purificação daqueles que tocaram em cadáveres. Isso nos ensina algo poderoso, pois a impureza pode ser removida pela obediência, mesmo sem entendermos tudo. A pureza diante do Eterno não vem da lógica humana, mas da submissão à Sua Palavra.

O próximo relato da parashá mostra quando o povo clamou por água, e o Eterno diz a Moshê para falar à rocha, diferentemente da primeira vez, vista em Shemot 17:4-7, quando HaShem determina que ele ferisse a rocha. Mas em vez de falar, Moshê bate na rocha com seu cajado, e por isso, tanto ele quanto Aharon são impedidos de entrar na terra prometida. Uma lição dura, que mesmo os maiores líderes não estão acima da obediência às instruções do Eterno.

Por determinação do Eterno, Moshê acompanha Aharon e sobe ao monte Hor, onde tira suas vestes, e ali é recolhido. O povo chora por trinta dias. Isto representa o fim de uma era. Uma geração está morrendo no deserto, para que outra possa nascer livre da escravidão do Mitsrayim e apta a confiar no Eterno.

O povo murmura novamente e como punição o Eterno envia serpentes ardentes que os atacava. Por conta disso muitos morrem. Então Moshê é instruído a fazer uma serpente de bronze e colocá-la sobre uma haste. O Eterno instrui que quem olhasse para ela, seria curado e viveria. Não era o metal, mas o olhar de arrependimento e confiança no Eterno que curava.

Finalizando a porção, vemos a geração nova começar a conquistar territórios. Eles vencem Sihon, rei dos amorreus, e Og, rei de Bashan. A fidelidade do Eterno se cumpre, mesmo que o povo ainda tropece.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

No deserto, o povo de Yisrael murmurou contra o Eterno e contra Moshê. Em resposta, o Eterno enviou serpentes ardentes que mordiam, e muitos morreram. Quando o povo se arrependeu, o Eterno ordenou a Moshê que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse sobre uma haste. Aqueles que haviam sido mordidos e olhassem para ela realmente arrependidos, seriam curados. A tradição cristã vê nesta serpente uma representação de Yeshua, e nesse aspecto há um ponto válido: ela realmente aponta para o Mashiach. Contudo, o erro está na forma como interpretam essa representação, colocando Yeshua como objeto de adoração, o que contraria o espírito das Escrituras, que sempre ensinam que só o Eterno é Salvador, e que todo profeta, inclusive o Mashiach, age em nome e na autoridade do Eterno, nunca por mérito ou divindade própria. Veremos que não é Yeshua que salva, assim como não era a serpente de bronze que curava.


1. Não era a Serpente que Curava, mas o Eterno

A serpente de bronze era um símbolo, um sinal da vontade do Eterno em curar os que estavam verdadeiramente arrependidos. Lembremos que o Eterno olha a kavanáh (intenção) e sabia quem realmente estava arrependido. A própria narrativa bíblica é clara, pois a cura não vinha da serpente de bronze, mas do arrependimento sincero, da teshuvah e da obediência à palavra do Eterno. Se um culpado olhasse para a serpente apenas com dor, mas sem arrependimento, apenas querendo cura, isso não o salvava. O olhar para a serpente era um ato de demonstração de arrependimento, reconhecimento do erro, e submissão à instrução dada por Moshê, servo do Eterno. Como disse o profeta Yeshayahu (Isaías):


Olhai para Mim e sereis salvos, todos os limites da terra, porque Eu sou El e não há outro. Yeshayahu 45:22


Este versículo mostra que o olhar que salva é para o Eterno, não para qualquer objeto ou homem. Um sinal foi dado para que o arrependido pudesse receber a cura divina. Infelizmente, muitos entenderam errado, e tempos depois começaram a adorar aquela serpente. O mesmo ocorre com o messias, que sendo um sinal do Eterno para as pessoas encontrarem o caminho da cura de seus erros, acabou sendo transformado em objeto de adoração. Sendo assim, colocado no lugar do Eterno que é a própria salvação e quem dá a cura.

Encontramos no Tanakh o relato da serpente de bronze sendo destruída séculos depois por ordem do rei Hizkiyahu (Ezequias) porque o povo havia começado a adorá-la, demonstrando como o objeto havia se tornado ídolo:


Ele tirou os altos, quebrou as colunas e cortou o poste-ídolo; fez em pedaços a serpente de bronze que Moshê fizera, porque até àquele dia os filhos de Yisrael lhe queimavam incenso... Melachim Bet/2Rs 18:4


Segundo o comentário de rodapé do Chumash Plaut, há estudiosos que consideram o relato da serpente de bonze etiológica, ou seja, a origem para comprovar a adoração posterior à serpente. Porém, o fato é que neste contexto encontramos apontamentos proféticos para o mashiach, sua missão e propósito, como instrumento da salvação do Eterno, não de ser em si o salvador. Yeshua, o messias, deve ser reconhecido como profeta e servo fiel e justo do Eterno. Por isso, tendo compreendido que a cura não vinha da serpente, mas da obediência e arrependimento diante do Eterno, é necessário refletirmos sobre como esse princípio se aplica à missão do Mashiach.


2. O Papel do Mashiach é Conduzir ao Eterno, Não Substituí-lo

Yeshua nunca disse que era o Eterno, nem exigiu para si adoração. Yeshua reconhecia que era um mensageiro do Eterno, escolhido para fazer a vontade de HaShem. Ele mesmo afirmou:


Não busco a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou. Yochanan 5:30


Como todo profeta, o papel de Yeshua era conduzir o povo ao arrependimento, à obediência às instruções do Eterno, e à purificação pela justiça. Ele cumpriu o papel do mestre fiel, não do Salvador em si mesmo, mas como instrumento do Eterno. Da mesma forma que os instrumentos na mão do cirurgião não salvam em si mesmos, mas o médico que as usa. Assim como a serpente de bronze foi apenas o canal pelo qual o povo deveria demonstrar submissão à Palavra do Eterno, Yeshua também foi levantado como sinal de arrependimento, e não como fonte de salvação por si.

Yeshua ensinava a guardar os mandamentos, instruía as pessoas a se voltarem para o Eterno, não a confiar nele como divindade:


Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos. Mattityahu 19:17


Essa semana, publiquei um estudo no canal do YouTube comentando este texto de Mateus, para mais informações, depois assista ao vídeo. Vejamos agora sobre o sério problema da idolatria ao transformar o servo do Eterno em salvador.


3. O Perigo da Idolatria: Transformar o Servo em Salvador

O próprio Tanakh nos alerta contra a idolatria disfarçada. Quando qualquer homem, por mais justo que seja, é colocado no lugar do Eterno de forma a substituir ou igualar Sua autoridade, estamos diante de idolatria.

O profeta Yechezkel deixa claro que nenhum justo pode salvar outro:


Ainda que estivessem ali Noach, Daniyel e Iyov, por sua justiça livrariam apenas a sua própria alma, diz o Soberano HaShem. Yechezkel 14:14


Isso mostra que nem mesmo os mais justos entre os homens podem salvar os outros. A salvação pertence ao Eterno. Por isso, atribuir a Yeshua, ou a qualquer outro, a função de “salvador” no lugar do Eterno é distorcer os fundamentos da confiança firme que devemos ter somente n’Ele. É preciso deixar claro que há uma diferença entre expiar e salvar. Expiar é cobrir ou apagar pecados, que é a desobediência à Torá, e isso pessoas justas podem fazer ao praticar atos de justiça, clamando e levando outros a mudarem de atitudes. Já salvação no contexto original, é um ato distinto do que o pensamento cotidiano religioso do cristianismo tem desta palavra. A palavra em Hebraico que corresponde ao termo salvação é (ישועה – yeshuáh) que vem da raiz (ישע - yasha) que significa salvar, mas esse salvar não é um ato espiritual a fim de levar alguém a algum lugar como o céu, por exemplo. No contexto original do TaNaKh salvar tem contexto de livramento de um perigo real e físico, não da alma no contexto cristão. Se analisarmos alguns textos na Torá e nos profetas perceberemos que ela está ligada à causa, ou seja, não está tratando de alma, mas sim de algo terreno, como o livramento do cativeiro egípcio, por exemplo. E existem muitas referências sobre realizações terrenas. Portanto, a salvação é o ato do Eterno enviar ajuda para que o homem possa encontrar um meio de viver. Isso somente ele pode fazer, por isso os ungidos no decorrer da história do povo do Eterno foram sendo enviados como instrumentos de salvação, não como salvadores, temos exemplos conhecidos como Moshê, Yehoshua Ben Nun e Nechemyah, que conduziram o povo à salvação do Eterno em suas épocas. Isso reforça que o padrão já está estabelecido na história de Yisrael. Eles podiam efetivar a salvação do Eterno para possibilitar as pessoas a serem expiadas e por isso, viverem uma vida nova em teshuvah. Dessa forma, fica claro que só o Eterno salva, e para isso, usa seus instrumentos, e Yeshua Hamashiach foi o instrumento mais perfeito que HaShem usou.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef