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domingo, 24 de julho de 2022

Estudo de Mateus 5 - Parte 2

 


Estudo de Mateus 5 – Parte 2


Mt 5:11-16


O propósito desse estudo é continuar a trazer mais entendimento a respeito do que o messias Yeshua ensinou e mostrar que todos os seus ensinos tinham como base as Escrituras Sagradas, ou seja, em sua época o TaNaK (Torá, Neviím-profetas e os Ketuvim-escritos), que nada era meramente inventado para um suposto Novo Testamento que anularia os mandamentos do Eterno trazendo novos. Esses pensamentos advém de ensinos errados criados para dar base a dogmas inventados que nada tem com as Escrituras. Por isso mostraremos aqui os princípios claros e escriturísticos das palavras do mestre da Galil (Galiléia), Yeshua Natseret, HaMashiach.


Se você ainda não viu os estudos anteriores recomendo buscar e acessá-los para maior absorção do conteúdo, principalmente em relação ao capítulo 5, que estamos estudando, a parte 1 trouxe muitos entendimentos importantes.


Depois de termos visto na primeira parte do estudo de Mateus 5, que Yeshua não ensinava meramente as coisas que lhe vinha à cabeça e nada era aleatório, que seus ensinos vinham do TaNaK (Torá, Neviín e Ketuvim), conhecido como Antigo Testamento, bem como dos midrashim de seu povo. Vimos que cada uma das chamadas “bem-aventuranças” tinham raízes nas Escrituras Sagradas e continuaremos nesse estudo, entendendo seus ensinos, para que possamos melhor praticar os mandamentos de HaShem, a fim de sermos súditos do reino do Eterno.


Vamos então, a mais alguns versos do texto do Evangelho segundo escreveu Mateus.


"Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês". "Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. "Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.Mateus 5:11-16


O início desse trecho é uma continuação das “bem-aventuranças”, no entanto, aqui Yeshua acrescenta o fato das pessoas serem perseguidas por causa dele, fazendo um resumo do que tinha dito antes para mostrar que os que passarem pelas situações mencionadas anteriormente por causa dele devem ficar alegres, por causa da recompensa que o Eterno dará aos fiéis.


“… grande é a recompensa de vocês nos céus...” o que isso quer dizer?

Para muitas pessoas esse trecho está mesmo falando em céus, ou seja, em receber a recompensa do Eterno lá no céu. No entanto, essa parte do verso 12, está enquadrada no tipo de informação que aparece em textos proféticos, conforme explicamos no último estudo, sobre o termo “Reino do Céu” ou reino de D’us. O termo que Yeshua usa é fundamentado em dois textos do livro de Daniel, veja:


"Na época desses reis, o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído e que nunca será dominado por nenhum outro povo. Destruirá todos esses reinos e os exterminará, mas esse reino durará para sempre.” Dn 2:44


A ele foram dados autoridade, glória e reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído.” Dn 7:14


Note que os versos falam do Reino que o D’us dos céus implantará, um reino na terra que não terá fim, por isso é chamado de Reino de D’us ou Reino dos céus, pois o reino vem de D’us ou dos céus onde é entendido que seja a habitação do Eterno. Não é um reino que será no céu, mas que vem do céu. Ou seja, quando o texto profético estiver se referindo a céu, estará na verdade fazendo menção ao reino. Assim, a compreensão correta desse verso é que “...grande é a recompensa de vocês no reino...”.


O Sal da Terra

Na continuação, Yeshua vai complementar o entendimento a respeito do reino e de pertencer ao reino usando outro termo muito conhecido pelos judeus da época. Ele fala sobre um elemento utilizado em algumas ofertas que eram oferecidas no templo, cujas ordenanças estavam prescritas na Torá, ele fala do sal. Veja o verso:


"Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens.” Mateus 5:13


Qual o entendimento verdadeiro de “sal” nesse contexto, ao qual Yeshua está discursando? O que ele quis dizer com ser sal da terra?

Vamos procurar nas Escrituras Sagradas esse entendimento.

Há um termo que aparece três vezes no TaNaK, “o pacto de sal” ou “aliança de sal”.

A Primeira ocorrência desse termo é no livro de Vayicrá/Levítico:


“Tempere com sal todas as suas ofertas de cereal. Não exclua de suas ofertas de cereal o sal da aliança do seu D’us; acrescente sal a todas as suas ofertas.” Levítico 2:13


Observe que as ofertas deviam ser temperadas com sal, que é identificado como o sal da aliança. E aliança é o pacto do Eterno com os que pertencem ao seu reino.


A Segunda ocorrência é em Bamidbar/Números:


Todas as ofertas alçadas das coisas santas, que os filhos de Israel oferecerem ao Eterno, tenho dado a ti, e a teus filhos e a tuas filhas contigo, por estatuto perpétuo; aliança perpétua de sal perante o Senhor é, para ti e para a tua descendência contigo.” Números 18:19


Podemos perceber que este verso é uma referência ao estabelecimento do Sacerdócio Aarônico, e é um apontamento profético para o sacerdócio do messias e de seus seguidores.


E ainda a terceira ocorrência está no Segundo Livro das Crônicas dos Reis de Israel:


“Porventura não vos convém saber que o Eterno D’us de Israel deu para sempre a Davi a soberania sobre Israel, a ele e a seus filhos, por um pacto de sal?” 2 Crônicas 13:5


Note que este verso é uma referência ao estabelecimento da dinastia davídica, ou seja, está apontando para reino, e também um apontamento profético para o reinado do Eterno através de seu Messias, descendente da raiz de David.


Agora, antes de continuarmos a investigar o contexto profético de sal no contexto desse ensino de Yeshua devemos fazer uma pergunta: Qual o significado da aliança ou pacto de sal?


A origem desses termos remonta ao período da tabernáculo, e muitos estudiosos judeus entendem que a relevância reside além das funções do sal nas refeições. O que nos faz entender que Yeshua considerou muito mais que o mero sentido de dar sabor e conservar, mas o que essas características têm em si como apontamento para o reino do Eterno. Vejamos:


Aliança de Sal

De acordo com estudiosos, esta é uma frase que indica um acordo de mão dupla, cuja inviolabilidade era simbolizada pelo sal. Um ditado do Oriente Médio, “Há pão e sal entre nós”, que significa um relacionamento confirmado ao compartilhar uma refeição. O sal simboliza a vida e a natureza duradoura da aliança. Por isso, na Torá o sal aparece na relação entre o Eterno e o povo de Israel por meio dos corbanot (ofertas), conforme Lv 2:13 mencionado anteriormente. Segundo a Enciclopédia Baker da Bíblia, o sal também é um agente purificador e conservante na oferta de cereais, o sal simboliza a natureza indissolúvel da aliança entre o Eterno e Israel.


Como o sal era considerado um ingrediente necessário na refeição diária, e em todos os sacrifícios oferecidos a D’us, de acordo com o que vimos em Levítico 2:13, tornou-se clara a conexão entre o sal e a aliança. Quando os homens comem juntos, eles se tornam amigos. Note que as expressões “Há sal entre nós” ou “Ele comeu do meu sal” significam compartilhar a hospitalidade que foi confirmada por uma amizade, como vemos em Gn 14:18 quando Melktsedek comeu pão e vinho com Avraham, e é costume se colocar um pouco de sal no pão, esse é o significado do ditado.


Alianças ou pactos eram geralmente confirmados por refeições sacrificiais e o sal estava presente, como vimos. E como o sal é um excelente conservante, se tornou facilmente o apontamento para um pacto ou aliança duradoura.


Tendo em vista as concepções obtidas nos textos anteriormente mencionados, podemos ainda observar o que Yeshua fala em Mc 9:49 e 50 que diz:


Cada um será salgado com fogo. E cada sacrifício será salgado com sal. O sal é bom, mas se deixar de salgar, como restaurar o seu sabor? Tenham sal em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros.”


Veja como esse trecho está ligado com o que estamos estudando, fazendo conexão com os versos antes mencionados e ainda ligando com Ez 43:24, que diz:


E traze-o diante do Eterno; e os sacerdotes lancem sal sobre ele, e os ofereçam em holocausto ao Eterno.”


Assim, como vimos até aqui, quando observamos o termo sal, o entendimento que deve ser extraído é que as coisas que o Eterno aborda são eternas, duradouras, nunca mudando e permanecendo para sempre, como a Aliança e seu Reino. Todos os pactos de sal são eternos e obrigatórios para os filhos de Israel, independente de onde eles estejam e se há templo físico ou não.


Por isso, quando Yeshua diz: "Vocês são o sal da terra...” O que ele está querendo dizer é que os discípulos e os que o seguem são aliançados com o Eterno e seu Reino, e notamos claramente o apontamento profético da ação do sal dos alimentos em relação aos servos do Eterno com o Reino, ou seja, purificar vidas e conservá-las no caminho da santificação, sendo um agente transformador no mundo.


A luz do mundo

No mesmo entendimento do verso anterior Yeshua agora fala sobre a luz, afirmando que os candidatos a súditos do reino devem ser luz do mundo.


"Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte.” Mateus 5:14


Essa afirmação de Yeshua está ligada com a anterior, pois assim como os talmidim deveriam ser sal, e isso representa ser aqueles que fazendo parte do reino de D’us deveriam temperar as ofertas, ou seja, as pessoas para o Eterno, ser luz significaria o mesmo que ser alguém que leva a Torá, que é luz, para as pessoas.


Em todo o TaNaK a luz faz referência à palavra do Eterno que ilumina a vida das pessoas, a luz é que ilumina o caminho, ou seja revela a Torá para pessoas. O caminho são as práticas de justiça dos servos do Eterno. Veja alguns textos;


Disse o Eterno: Haja luz, e houve luz. D’us viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas.” Gn 1:2 e 4


Profeticamente este texto aponta para a Torá do Eterno, sendo criada.


Por que se dá luz aos infelizes, e vida aos de alma amargurada,” Jó 3:20


O que você decidir se fará, e a luz brilhará em seus caminhos.” Jó 22:28


Muitos perguntam: quem nos fará desfrutar o bem? Faze, ó Eterno, resplandecer sobre nós a luz do teu rosto! Sl 4:6


O Eterno é a minha luz e a minha salvação; de quem terei temor? O Eterno é o meu forte refúgio; de quem terei medo?” Sl 27:1


Pois em ti está a fonte da vida; graças à tua luz, vemos a luz.” Sl 36:9


A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho.” Sl 119:105


A luz dos justos resplandece esplendidamente, mas a lâmpada dos ímpios apaga-se.” Pv 13:9


Todos esses textos mostram de onde Yeshua tira o entendimento, isso sem falar dos profetas, como Isaías:


Venha, ó descendência de Jacó, andemos na luz do Eterno!” Is 2:5


Respondam: À lei e aos mandamentos! Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz” Is 8:20


Mas a frase de Yeshua dizia que a luz não poderia ser escondida sobre um monte. Porque ele falou isso?

Monte é um apontamento profético para o povo do Eterno, pois é onde ele se manifesta, é onde a cidade santa está estabelecida, em resumo é onde o povo de D’us estará. A luz não pode ser escondida sobre um monte porque ao longe se pode ver uma luz que está no alto de um monte. Isso significa que o povo do Eterno não deve deixar de mostrar sua luz. Ela é vista a cada momento por pessoas que estão até longe, e não devemos tentar impedir. O povo do Eterno como monte precisa fazer a luz ser visível.


Assim, vimos neste estudo a continuação dos ensinamentos de Yeshua no Monte, sobre como os servos do Eterno, que desejam fazer parte do Reino devem viver, bem como também as consequências de ser desse reino e as suas obrigações para com as pessoas deste mundo. Diferentemente do que muitas vezes somos ensinados o mestre sempre tirava seus ensinos das Escrituras Sagradas.


Estude as Escrituras corretamente, afaste-se dos dogmas e entenderá corretamente os princípios bíblicos.


Que o Eterno lhes abençoe! Até o próximo.


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Estudo da Parashá Pinchás (Finéias)

 Estudo


Estudos da Torá


Parashá nº 41 – Pinchás (Finéias)

Bamidbar/Números Nm 25:10-29:40,

Haftará (Separação) 1Rs 18:46-19:21; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 23:1-24:53


1 - INTRODUÇÃO

A Parashá Pinchas começa com D'us concedendo sua bênção de paz e sacerdócio a Pinchas, o neto de Aharon, por assassinar um príncipe da tribo de Shimeon e uma princesa midianita enquanto estavam envolvidos em um ato licencioso em público (ao final da Porção da Torá da semana passada).

A reação zelosa de Pinchas salva o povo judeu de uma peste que havia irrompido no campo. D'us ordena a Moshê e Eleazar (filho e sucessor de Aharon como Sumo sacerdote) a conduzir um novo recenseamento de toda a nação, o primeiro feito em quase trinta e nove anos.

A Torá então relata a reivindicação feita pelas cinco filhas de Tslofchad por uma parte da herança na terra de Israel, pois não tinham irmãos e o pai morrera no deserto. D'us concorda, e pelo mérito destas mulheres justas muitas das leis sobre herança são ensinadas. Depois que D'us mostra a terra de Israel do topo de uma montanha, Moshê recebe ordens de transmitir seu manto de liderança a Yeoshua, colocando a mão sobre sua cabeça, pois Moshê não entraria no país.

A porção da Torá conclui com uma completa descrição dos corbanot, sacrifícios, especiais a serem ofertados nos vários dias festivos durante o ano, acima e além do sacrifício (corban tamid) que é trazido toda manhã e tarde. Estas seções são também lidas na Torá por todo o ano, nos dias festivos apropriados.

A porção passada nos mostrou que Bilam, um profeta, foi solicitado a amaldiçoar o povo de Israel, porém o Eterno não permitiu, e todas as vezes que ele ia proferir uma maldição, de sua boca saíam bençãos para o povo de Adonai. E no final, com o propósito de ficar com os presentes que havia recebido, ensinou a Balák a maneira de fazer o povo se afastar das Leis e consequentemente do Eterno, levando-os a uma praga que matara vinte e quatro mil pessoas, conforme lemos em Nm 25:1-9, o que ficou conhecido como a “Doutrina de Balaão”.

Nessa porção que fala sobre muitos assuntos, iremos focar em um deles, trataremos a respeito de Pinchás (Finéias), o homem cujo nome da título a essa Parashá (porção). Veremos qual sua atitude em relação à transgressão (pecado) do povo e como o Eterno viu tudo isso.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Quase quarenta anos havia se passado desde que o povo murmurara e havia sido punido pelo Eterno a viverem no deserto até que todos os murmuradores tivessem caído. Próximo estavam agora de entrar na terra, quando se aproximam de Moabe e acontece o que estudamos na porção passada, no caso de Balák e Bilam, que tentaram amaldiçoar o povo. Mas como foi visto, essa estratégia não deu certo, e Bilam ensinou uma forma de fazer o povo cair.

A tradição oral dos judeus, na “Mishná”, diz que Bilam não desiste por ter perdido a guerra ao tentar amaldiçoar Israel, e diz: “já que Israel não pode ser amaldiçoado de fora, vamos amaldiçoá-lo de dentro.” (Sanhedrim 81b-82b).

Isso combina com o que está registrado em Nm 31:16-17. Ele fez com que as mulheres de Moab/Midian seduzissem os Israelitas sexualmente, levando-os posteriormente a adorarem à Baal-Peor. De acordo com fontes rabínicas, essa divindade adorada no Monte Peor era cultuada expondo-se as partes do corpo que geralmente ficam tampadas, ou seja, ficavam nus. Era um culto à base de sexo, luxúria, sensualidade, lascívia, mas também à base de muita comida consagrada.

Naquela época muitas divindades eram adoradas em montes, por isso o salmista se pergunta:


Elevo os meus olhos para os montes, de onde me virá o socorro?” Sl 121:1


E também o profeta Isaías nos diz que:

nos últimos dias o Monte Sião, o monte da Casa de D’us será o principal” Is 2:2


Vemos a confirmação pelas Escrituras que em muitos montes naquela época, se adoravam a esses baalins.

A estratégia de Bilam, uma vez que o povo era guardado por Elohim, foi fazer o povo se contaminar com a idolatria (Nm 25:2), pois ele bem sabia que o Eterno odeia idolatria, a tal ponto de considerar isso um adultério, uma vez que considera Israel como uma noiva e esposa, conforme podemos ver nos seguintes textos:


Assim como um jovem se casa com sua noiva, os seus filhos se casarão com você; assim como o noivo se regozija por sua noiva, assim o seu Deus se regozija por você.” Is 62:5


"Vá proclamar aos ouvidos de Jerusalém: "Eu me lembro de sua fidelidade quando você era jovem: como noiva, você me amava e me seguia pelo deserto, por uma terra não semeada.” Jr 2:2


"Repreendam sua mãe, repreendam-na, pois ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido. Retire ela do rosto a aparência adúltera e do meio dos seios a infidelidade.” Os 2:2


Como podemos perceber Israel é como uma noiva e a Torá é sua Ketubá (contrato de casamento) que será totalmente formalizado com a vinda do esposo, o messias que é o representante do Eterno, conforme a parábola que Yeshua contou em Mt 25. E por considerar Israel, o povo escolhido, como sua noiva, ele diz que tem ciúmes. Falaremos sobre isso mais adiante nesse estudo.

A idolatria não é apenas se dobrar diante de um ídolo ou imagem, mas também comer coisas sacrificadas, conforme lemos nos seguintes textos:


Não permitas que o meu coração se volte para o mal, nem que eu me envolva em práticas perversas com os malfeitores. Que eu nunca participe dos seus banquetes!” Sl 141:4

Portanto, que estou querendo dizer? Será que o sacrifício oferecido a um ídolo é alguma coisa? Ou o ídolo é alguma coisa? Não! Quero dizer que o que os pagãos sacrificam é oferecido aos demônios e não a Deus, e não quero que vocês tenham comunhão com os demônios. Vocês não podem beber do cálice do Senhor e do cálice dos demônios; não podem participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios.” 1Co 10:19-21.


Também é idolatria dar ouvidos à vozes que se contrariam às Escrituras, como hoje muitos estão se contaminando com o que alguns dizem em detrimento do que a Palavra de Adonai nos instrui.

Essa parashá inicia com o Eterno concedendo a benção de Shalom (paz) e sacerdócio a Pinchás, neto de Aharon.


Quem era Pinchás e o que ele fez?

Finéias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Arão, desviou a minha ira de sobre os israelitas, pois foi zeloso, com o mesmo zelo que tenho por eles, para que em meu zelo eu não os consumisse.”Nm 25:11


Quem era Pinchás?

Esse é o texto mais comum encontrado em quase todas as Bíblias. E ele diz que Pinchás (Finéias) era filho de Eleazar, neto de Aharon, o sacerdote. E olhando assim parece simples considerar que ele já fosse um dos sacerdotes, pois vemos que o Eterno havia concedido o sacerdócio a Aharon e seus filhos Eleazar e Itamar (Nm 3:3-4). No entanto, a mãe de Pinchás era midianita filha de Yitro (Jetro), conforme lemos em Ex 6:25.

Eleazar, filho de Arão, tomou para si por mulher uma das filhas de Putiel, e ela lhe deu a Pinchás. São estes os chefes de suas famílias, segundo os seus clãs.”

Putiel era mais uma forma como Jetro era conhecido, assim como Reuel e Hobabe (Ex 2:18; 3:1; 4:18; 18:1,12 e Nm 10:29). O comentário de rodapé da Torá diz o seguinte sobre este homem:

O sogro de Moisés tinha sete nomes: Reuel, Iéter, Yitró, Chobab, Chéber, Keni e Putiel, mas o seu nome original era Iéter. Depois de se converter ao judaísmo chamou-se Yitró (Jetró). Os outros nomes são qualificativos atribuídos pelas sua qualidades, como por exemplo: Reuel, porque se tornou amigo de Deus; Chobab, porque amou a Torá, etc. … a Torá o chamou de Chobab, filho de Reuel, pois o pai de Jetró chamava-se também Reuel.” (Torá, Editora Sefer; pág. 417)


O sogro de Moisés fora um sacerdote de Midian quando o conheceu e ele se casou com sua filha mais velha. Agora Eleazar toma outra de suas filhas. Lembre também que, conforme mencionamos na semana passada, de acordo com uma outro grupo de rabinos, pela Torá oral, Yitró seria Israelita que teria fugido do Egito pouco antes da escravidão intensificar, e provavelmente teria se casado com uma midianita.

Então, Pinchás era neto de Arão, um sacerdote, mas também era neto de Jetro, um ex-sacerdote pagão. Então com certeza, ele não deveria ser bem aceito no meio do povo, pois não era totalmente israelita. As pessoas poderiam dizer: “Jetro costumava ser um sacerdote de ídolos antes de tornar-se parte do nosso povo.” Pinchás pode ter sido desprezado por causa de sua origem.

Pinchás também pode ser lido como Pinechás devido sua forma hebraica פִּינְחָס .


O que Pinchás fez?

Um israelita trouxe para casa uma mulher midianita, na presença de Moisés e de toda a comunidade de Israel, que choravam à entrada da Tenda do Encontro. Quando Finéias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Arão, viu isso, apanhou uma lança, seguiu o israelita até o interior da tenda e atravessou os dois com a lança; atravessou o corpo do israelita e o da mulher. Então cessou a praga contra os israelitas. Mas os que morreram por causa da praga foram vinte e quatro mil.” Nm 25:6-9


Finéias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Arão, desviou a minha ira de sobre os israelitas, pois foi zeloso, com o mesmo zelo que tenho por eles, para que em meu zelo eu não os consumisse.”Nm 25:11


Pinchás tinha pegado uma lança e com ela matou um israelita da tribo de Rúbem chamado Zinri, e uma princesa midianita de nome Cozbi, que segundo alguns comentaristas judeus, andaram no meio de todo o povo de mãos dadas e foram para a tenda da congregação para praticarem relação sexual. Ele agiu como um agente de HaShem, com autoridade delegada, obedecendo ao mandamento de Nm 25:4.


E o Senhor disse a Moisés: "Prenda todos os chefes desse povo, enforque-os diante do Senhor, à luz do sol, para que o fogo da ira do Senhor se afaste de Israel". Nm 25:4


O Zelo de Pinchás recebeu elogio por parte do Eterno, e lhe rendeu uma recompensa com uma aliança especial entre ele e seus descendentes, que falaremos um pouco mais à frente.

Se Pinchás não tivesse feito o que fez, a ira de Adonai teria destruído todos os filhos de Israel. O Ato de Pinchás gerou remissão para o povo.


O zelo de Adonai

Finéias, filho de Eleazar, neto do sacerdote Arão, desviou a minha ira de sobre os israelitas, pois foi zeloso, com o mesmo zelo que tenho por eles, para que em meu zelo eu não os consumisse.”Nm 25:11


Pinchás agiu com zelo, o mesmo zelo que o Eterno tem pelos filhos de Israel. O termo que foi traduzido para zelo em nossas Bíblias, originalmente em hebraico vem da raiz “qaná” significa “ciumento”. A palavra no texto em estudo é “beqaneo” uma variação de “qaná”. Talvez você se pergunte: Mas ciúmes é um sentimento humano, como D’us pode ter ciúmes? Leia os seguintes textos:


E D’us falou todas estas palavras: "Eu sou o Eterno, o teu D’us, que te tirou do Egito, da terra da escravidão. "Não terás outros deuses além de mim. "Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Eterno teu D’us, sou D’us zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e guardam os meus mandamentos.” Ex 20:1-5


Jesurum engordou e deu pontapés; você engordou, tornou-se pesado e farto de alimentos. Abandonou o D’us que o fez e rejeitou a Rocha, que é o seu Salvador. Eles o deixaram com ciúmes por causa dos deuses estrangeiros, e o provocaram com os seus ídolos abomináveis.” Dt 32:15-16,


Provocaram-me os ciúmes com aquilo que nem deus é e irritaram-me com seus ídolos inúteis. Farei que tenham ciúmes de quem não é meu povo; eu os provocarei à ira por meio de uma nação insensata.” Dt 32:21


Assim diz o Senhor dos Exércitos: "Tenho muito ciúme de Sião; estou me consumindo de ciúmes por ela".” Zc 8:2


Além dos textos acima ainda há mais alguns, como Sl 78:58; Jo 2:17; 2Co 11:2; Rm 10:2; Gl 1:14 e Tg 4:5 entre outros.

O Eterno se utiliza desse termo para que possamos compreender, caso contrário, não entenderíamos como Ele quer que sejamos fiéis. E Pinchás agiu com o ciúmes de D’us, não foi com o dele próprio. Se ele agisse com o zelo/ciúmes dele não teria expiado o pecado, pois somos falhos.

Pense no que você faria no lugar de Pinchás? Se afastaria daquela congregação perversa e pecadora? Formaria um novo povo só com pessoas santas? Qual seria a sua reação?

Devemos ser contaminados com o zelo/ciúmes de D’us e não com o nosso. Precisamos gerar uma geração de Finéias, que se preocupa com o zelo de D’us (Rm 12)


D’us Recompensa Pinchás

Sobre a mencionada recompensa que o Eterno deu a Pinchás temos um midrash interessante, de acordo com o site do Chabad.

Será que os judeus apreciaram a coragem de Pinechas quando matou Zimri, por este haver trazido uma mulher midianita ao acampamento? Será que ficaram admirados com seu heroísmo? Ao contrário, maldosos rumores sobre Pinechas começaram a se espalhar por todo o acampamento.

Os mais contrariados eram os membros da tribo de Zimri, a tribo de Shimon. Afinal, Pinechas havia assassinado seu líder!

"Quem deu a Pinechas o direito de matar um líder do povo judeu? Quem ele pensa que é para cometer tal ato?" Os companheiros da tribo de Zimri reclamaram ao restante dos judeus.

"A mãe de Pinechas descende de Yitrô. Yitrô costumava ser um sacerdote de ídolos antes de tornar-se judeu! Onde Pinechas arrumou a coragem para matar um chefe de uma tribo?" Pinechas foi desprezado por causa de sua origem humilde, e D'us defendeu sua honra:

D'us ordenou a Moshê que anunciasse em Seu nome: "Se Pinechas não tivesse matado Zimri, Eu teria destruído todos judeus! Foi Pinechas que salvou o povo da destruição."

"É verdade que ele é descendente de Yitrô pelo lado materno. Porém, ao mesmo tempo, seu pai é Elazar filho de Aharon. Pinechas é um neto digno de Aharon! Assim como certa vez Aharon impediu a peste de se espalhar quando ofereceu incenso, assim Pinechas impediu a peste de aniquilar os Israelitas."

"Pinechas é um tsadic, filho de tsadic. Ele é um valoroso descendente de seu avô Aharon, e do fundador de sua tribo, Levi. Seu antepassado Levi arrasou a cidade de Shechem porque era um zelote da imoralidade. Pinechas agiu da mesma maneira. Seu ato inspirou-se pelos mesmos motivos nobres que inspiraram as ações de seu pai Elazar, e as de seu avô Aharon."

Aharon destacou-se na realização de atos de bondade e em estabelecer a paz. Aharon jamais proferiu uma palavra áspera. Mesmo sua censura era gentil. Superficialmente, pareceria que Pinechas agira de maneira diametralmente oposta à filosofia de seu avô, pois certamente assassinato é algo indiscutivelmente cruel de se fazer. Portanto, D'us explicou que Pinechas na verdade realizou um ato de bondade, parecido com os atos misericordiosos de seu avô Aharon. Ao matar Zimri, resgatou o povo inteiro da morte através das mãos celestiais, pois eram todos culpados por tolerarem o mal em seu meio. Daqui, que o ato de Pinechas beneficiou o povo inteiro.

D'us continuou: "Pinechas merece uma grande recompensa. Não pensou em sua própria segurança ao matar Zimri, o líder, e Cozbi, a princesa midianita, porque seu único objetivo era em pôr um fim a profanação do nome de D'us.

"Recompensá-lo-ei neste mundo e no Mundo Vindouro. Até agora, Pinechas foi apenas um levi. Tornar-se-á um cohen a partir de hoje."

Antes de matar Zimri, Pinechas não era cohen, apesar de ser neto de Aharon. D'us nomeou como cohen apenas Aharon, seus filhos e futuros descendentes. Os netos de Aharon nascidos antes da unção dos cohanim não estavam incluídos. Agora, Pinechas tornava-se cohen por seu próprio mérito.

D'us completou: "Muitos Sumo-sacerdotes originar-se-ão de Pinechas."

A promessa de D'us tornou-se realidade. Na época do Primeiro Templo, dezoito Sumo-sacerdotes descendiam de Pinechas, e na época do Segundo, oitenta.

D'us também prometeu: "Pinechas terá uma vida muito longa." De fato, sabemos que Pinechas ainda vivia na época dos Juízes, quase quatrocentos anos após os judeus entrarem em Israel!

Sua recompensa foi moeda por moeda. A ira Celestial acendeu-se contra os judeus ao ponto de aniquilá-los. Ao atenuar a ira do Todo Poderoso, Pinechas assegurou a sobrevivência do povo de Israel.


O Segredo do Vav cortado


                              Parte da Página da Torá na Parashá Pinchás


Cada letra na Torá é uma lição, por menor que seja, ou uma palavra escrita de forma diferente, uma frase. Nada deve ser ignorado no estudo da Torá, pois mensagens incríveis foram deixadas “codificadas” em seus textos. Percebemos isso no tamanho da inscrita das letras nos rolos da Torá. Na parashá Pinchás temos um exemplo disso. Nela encontramos uma letra “yud” reduzida no nome desse personagem e um “vav” quebrado na palavra shalom.

No texto hebraico, nestes versos, a palavra para “paz”, “shalom”, tem um aparente “defeito”. A letra vav, está partida. Se assim foi escrito no original, por que razão HaShem escreveu a palavra “shalom” com uma letra cortada? A tradição diz que Pinchásdeve ter tido justiça na sua mente quando executou os pecadores, sem ter uma atitude de misericórdia. Por isso o pacto com ele não terá sido perfeito. As Escrituras ensinam que não há paz na sociedade se não há justiça, mas está escrito que o fruto da justiça é paz, Isaías 32:17; e também Tg 3:18, onde primeiramente fala de justiça semeada em paz, e ainda Salmos 72:1-4; 85:10, Isaías 48:22; 57:21; 60:17.

Contudo, a paz não é perfeita se somente emprega justiça sem ter misericórdia. É provável que Finéias não tivesse tido qualquer sentimento de misericórdia na hora de executar a justiça. Dessa forma, só refletia uma parte do carácter do Eterno, que por sua vez, é justo, e misericordioso. Finéias tinha zelo pela justiça, mas faltava-lhe a misericórdia, e por isso o pacto de paz não foi completo, ou seja, com a letra completa.

Isso tem um importante apontamento para a vida de Yeshua, que é a representação de Elohim, ele está cheio de chesed (graça/misericórdia), de emet (verdade) e de tsedek (justiça) em perfeita harmonia.

Tzadoque foi descendente de Finéias. Ele foi sacerdote na época do Rei David, cf. 2 Samuel 8:17.

O grande escriba Esdras, era descendente de Finéias, cf. Esdras 7:1-5.

Durante o reinado messiânico restaurar-se-á a família de Finéias pela linhagem de Tsadoque, segundo Ezequiel 40:46; 43:19; 44:15; 48:11-12.

O Eterno não quebra as suas promessas. Até que os céus e a terra passem, os descendentes de Tsadoque serão sacerdotes diante dEle. Um Midrash ensina que durante o primeiro templo houve 18 descendentes de Finéias que serviram como sumos-sacerdotes. No segundo templo, houve 80 sumos-sacerdotes descendentes de Finéias


Que o Eterno lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


Bibliografia:


- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://shemaysrael.com/parasha-pinehas/

- http://www.yeshuachai.org/forums/topic/%D7%A4%D7%A0%D7%97%D7%A1-pinchas-numero2510-301-29-40/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/41-_pinchas.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/921292/jewish/Dus-Recompensa-Pinechas.htm

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771048/jewish/Resumo-da-Parash.htm

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