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sábado, 20 de agosto de 2022

Estudo da Parashá Êkev (Pois que)

 


Estudos da Torá


Parashá nº 46 – Êkev (Pois que)

Devarim/Deuteronômio Dt 7:12-11:25

Haftará (Separação) Is 54:11-55:5; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 7:1-8:59.


1 - INTRODUÇÃO

Encontramos no site Chabad um interessante resumo dessa porção, ao qual menciono abaixo.

A parashá Êkev começa com Moshê encorajando os filhos de Israel a confiar em D’us e nas maravilhosas recompensas que Ele lhes dará se guardarem a Torá. Moshê assegura-lhes que derrotarão com êxito as nações de Canaã, quando deverão remover todo e qualquer vestígio de idolatria remanescente na Terra Santa.

Moshê os lembra sobre o milagroso maná e as outras maravilhas com que D’us os cumulou pelos quarenta anos passados, e ele adverte o povo de Yisrael, mais uma vez, para estar consciente das armadilhas de sua futura prosperidade e também do orgulho das façanhas militares, o que pode fazê-los esquecer a D’us. Ele continua os relembrando de suas transgressões no deserto, recontando toda a história do bezerro de ouro, e descrevendo a abundante misericórdia de D’us.

Moshê enfatiza que a geração do deserto tinha uma responsabilidade especial de permanecer leal às mitsvot, preceitos da Torá, por causa dos muitos milagres que vivenciaram pessoalmente. Após detalhar as numerosas virtudes da Terra Prometida, Moshê ensina ao povo o segundo parágrafo do Shemá, que enfatiza a doutrina fundamental de recompensa e punição, baseada em nosso cumprimento das mitsvot.

Esta Porção da Torá conclui com a promessa de D’us, uma vez mais, de que Ele protegerá o povo se eles cumprirem as Leis da Torá.


2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Em primeiro lugar vejamos o que significa a palavra Êkev, que dá nome a esta porção. Segundo o comentarista da Torá a palavra Êkev, em hebraico, que significa nesse versículo “por causa, pois que”, tem uma grande semelhança com a palavra Akêv, cuja tradução literal é “calcanhar do pé”. De acordo com o Midrash (Ialcut 846), se guardamos os preceitos que nos parecem insignificantes, e aos quais pisamos, por assim dizer, com os calcanhares, o Eterno, nosso Deus, também guardará a aliança e a bondade prometida sob juramento a nossos pais. Ainda de acordo como o comentário da Torá, toda essa parashá é uma vibrante e veemente elocução de Moshê ao povo de Israel.

Segundo o site Chabad, à primeira vista, a pessoa poderia dizer instintivamente que o Midrash significa que se você for tão cuidadoso em cumprir até mesmo as minúcias da Torá, então as recompensas ilimitadas de D’us serão suas. No entanto, observando mais atentamente poderemos ver o que realmente isso quer dizer: A recompensa vem por cumprir as "menores" mitsvot e por não fazer distinção entre elas e aquelas consideradas mais "sérias". Isso levanta vários questionamentos. Por que não deveríamos distinguir entre elas? É justo determinar que a recompensa vem por realizar as "menores" mitsvot da mesma forma que ocorre com o cumprimento das mais 'sérias"? Além disso, qual é a definição de uma mitsvá que alguém "esmagaria sob o calcanhar"? Finalmente, por que nossos sábios selecionam o calcanhar como oposto a nomear todo o pé como o culpado que tão impiedosamente pisoteia a palavra de D'us?

Os rabinos explicam que as mitsvot que tendem a ser pisoteadas são aquelas que entendemos como não merecedoras de grande recompensa. Se nossa atitude para com a Torá é meramente utilitária, que temos o direito de escolher o que é melhor para nós e portanto escolhemos a Torá, pode-se prontamente entender como aquelas mitsvot que não proporcionam os maiores benefícios possam ser “varridas para debaixo do tapete” em favor das “grandes mitsvot”. Porque eu deveria escolher o que é melhor par mim?

Entretanto, segundo o mencionado site, podemos entender que, não temos qualquer direito de escolher de quais mitsvot gostamos ou não, e reconhecemos que o Eterno nos abençoou com a oportunidade de servi-lo quando guardamos Sua Torá e que Sua vontade é correta não importando aquilo que pensamos, assim devemos nos agarrar a oportunidade de cumprir qualquer mitsvá, independente de seu “valor” percebido.

Por isso, o que fica evidente é que as mitsvot tidas como as "menores" tornam-se o teste crucial, através do qual demonstramos nossa verdadeira atitude em relação à Torá.

Segundo o site da singoga Shaarei Shalom, esta parashá contém alguns paradoxos. Veja, que a palavra “Êkev” tem um significado muito elevado, pois fala das “Recompensas” que recebemos quando seguimos a Torá. Ao mesmo tempo, conforme vimos “Êkev” também significa “Calcanhar”, que é o nível mais baixo do corpo de uma pessoa. Assim, para que possamos receber as mais altas recompensas prometidas por D’us, devemos ser humildes como um calcanhar, percebendo que tudo o que temos é realmente um presente.

Leiamos os seguintes versos:


Será, pois, que, se ouvindo estes juízos, os guardardes e cumprirdes, o Eterno teu Elohim te guardará a aliança e a misericórdia que jurou a teus pais; e amar-te-á, e abençoar-te-á, e te fará multiplicar; abençoará o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, o teu grão, e o teu mosto, e o teu azeite, e a criação das tuas vacas, e o rebanho do teu gado miúdo, na terra que jurou a teus pais dar-te. Bendito serás mais do que todos os povos; não haverá estéril entre ti, seja homem, seja mulher, nem entre os teus animais. E o Eterno de ti desviará toda a enfermidade; sobre ti não porá nenhuma das más doenças dos egípcios, que bem sabes, antes as porá sobre todos os que te odeiam. Pois consumirás a todos os povos que te der o Eterno teu Elohim; os teus olhos não os poupará; e não servirás a seus deuses, pois isto te seria por laço. Se disseres no teu coração: Estas nações são mais numerosas do que eu; como as poderei lançar fora? Delas não tenhas temor; não deixes de te lembrar do que o Eterno teu Elohim fez a Faraó e a todos os egípcios” Dt 7:12-18.


O texto dessa parashá, além de mandamentos traz ainda promessas que alimentam as esperanças do povo de Yisrael naquele período de conquistas. Ele se inicia falando sobre o ouvir e obedecer aos juízos do Eterno. Note que a palavra “juízos”, segundo o site Shema Ysrael, vem do termo hebraico mishpat que guarda o significado de “justiça, ordenança, costume, maneira” e nos fala ainda, sobre determinações práticas que o Eterno deu ao seu povo para que tivessem conhecimento e as cumprissem. Vemos assim, que Moshê está mostrando ao povo que o Eterno é aquele que está envolvido diretamente na concessão destes juízos ao seu povo.

É importante destacar ainda, que o texto dos versos iniciais dessa porção, nos diz que quando o povo de D’us obedece guardando a aliança, o Eterno também guarda a aliança e a misericórdia que jurou aos patriarcas. Quando Moshê menciona a “aliança” a palavra é berith”, que significa “pacto com derramamento de sangue”, e a palavra misericórdia vem o hebraico “hesed”, que significa “bondade amorosa, misericórdia”.

A aliança que foi feita pelo Eterno com Avraham é um reflexo do grande amor que ele mesmo manifesta ao seu povo, pois nós sabemos que numa aliança ou pacto estão envolvidas duas partes, e que o rompimento desta aliança se dá quando uma das partes “fere” os termos contratados, e isso nunca foi feito pelo Eterno! Perceba ainda que, historicamente, quando Yisrael “rompia” o contrato, o Eterno sempre aguardou que houvesse arrependimento para conceder-lhes o perdão e consequentemente o reatamento da aliança! É isso que costumamos chamar de “misericórdia”, que é a bondade amorosa do Eterno, que entra em ação.

Em todo esse fervoroso discurso, ele acentua a relação existente entre a Torá, como doutrina de vida, e o estilo de viver toraísta; entre a felicidade humana e as boas ações; entre a obediência aos ensinamentos da Torá como filosofia de vida e a recusa à inércia, e tudo isso serve para cada um de nós.

Os versos de Devarim/Deutronômio 7:12-18, que lemos acima, ensinam que há condições para que o Eterno mantenha a aliança que jurou aos patriarcas e aos filhos de Yisrael. Eles também falam sobre as consequências da fidelidade à aliança, ou seja, as bençãos relacionadas à obediência.

Então devemos entender que existem condições e consequências. Vejamos então as condições:

- ouvir e obedecer aos mishpatim (juízos, regras -leis sociais);

- guardar os mishpatim; e

- cumprir os mishpatim.


Vejamos também as consequências:

- O Eterno guardará a sua aliança com Yisrael;

- O Eterno guardará a sua misericórdia com Yisrael;

- O Eterno amará Yisrael;

- O Eterno abençoará Yisrael;

- O Eterno multiplicará Yisrael;

- O Eterno abençoará os filhos de Yisrael;

- O Eterno abençoará os produtos agrícolas;

- O Eterno abençoará a produção de animais dos israelitas;

- Os israelitas usufruirão mais do bem estar que os outros povos;

- Não haverá esterilidade em israelitas ou nos seus animais;

- Não haverá enfermidades entre o povo;

- Doenças vão atingir os inimigos de Israel; e

- Os israelitas serão capazes de exterminar as sete nações.


Ainda nos versos que mencionamos anteriormente, o verso 13 diz:


e amar-te-á, e abençoar-te-á, e te fará multiplicar; abençoará o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, o teu grão, e o teu mosto, e o teu azeite, e a criação das tuas vacas, e o rebanho do teu gado miúdo, na terra que jurou a teus pais dar-te.”


Podemos notar que neste verso há mais consequências da misericórdia ou bondade amorosa do Eterno, que resultando da obediência trazem bênçãos. A palavra traduzida para abençoar vem do termo hebraico “barak” e significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem-sucedido e fecundo”, conforme vimos no estudo da parashá “Lech Lechá - Sai por ti mesmo”. A palavra “multiplicar” foi traduzida do termo hebraico “rabâb” que significa “ser numeroso, tornar-se numeroso”. Com isso, podemos comprovar algo que sempre dizemos, que a obediência traz consigo uma espécie de “unção” que nos dá condições de sermos prósperos e fecundos em várias áreas de nossas vidas, nos tornando capazes de gerar outros como nós.

Acho importante pontuar também que o Eterno afirma que desviaria do povo de Yisrael as enfermidades. E a palavra que foi traduzida para “enfermidades” vem do hebraico “holî” e significa “doença, enfermidade”. E ela aponta para doenças com origem física, por exemplo, gerada por uma queda, ou de origem patológicas, que são geradas mentalmente, mas que podem ser percebidas no físico.

O afastamento das enfermidades é uma consequência da obediência às leis sociais, os mishpatim. A promessa mencionada manteve-se vigente por causa da vida justa de Yeshua, mas só será plenamente efetivada quando ele retornar. Assim, a consequência final e certa para os obedientes é a ressurreição para viver com Yeshua na terra, pois hoje esta terra está muito contaminada.

O Eterno promete a cura divina, entre outras coisas, mas Yisrael foi infiel à aliança. É por isso que mesmo os verdadeiros servos do Eterno adoecem hoje, pois sempre há algo que ainda transgredimos mesmo sem perceber, além de que tudo isso também tem a ver com o bom trato que devemos ter com nosso corpo, ao obedecer os mandamentos de purificação e alimentação que o Eterno ordenou para o bem de seu povo.

Entendamos que ao ler os textos dessa porção vemos que as condições de obtenção dos benefícios da aliança, primeiramente, tem a ver com a fidelidade às leis que envolvem o amor ao próximo, ou seja, as leis sociais. A obediência aos mishpatim que são leis sociais, é uma condição para receber o amor de HaShem. E assim, temos a oportunidade de aprender que o amor que o Eterno nos demonstra está relacionado com o amor que demonstramos ao próximo.

Esse mesmo princípio pode ser encontrado em textos apostólicos na B’rit Hadashá, conhecido como Novo Testamento, onde vemos que o amor que mostramos ao próximo é um reflexo do amor que temos para com o Pai, conforme lemos nos versos abaixo:


Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte.” 1Jo 3:14


Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte.” 1Jo 3:23


Quem não ama não conhece a D’us, porque D’us é amor...

...Ninguém jamais viu a D’us; se nos amarmos uns aos outros, D’us permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós...

...Se alguém afirmar: "Eu amo a D’us", mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a D’us, a quem não vê.” 1Jo 4:8,12, 20.


A relação entre cada um de nós e nosso próximo determina como é o nosso relacionamento com o Pai. Não é possível servir ao Eterno, sem amar os irmãos, os nossos semelhantes. É impossível obter os benefícios da aliança sem estar bem uns com os outros.

Estamos falando de obediência, de agradar ao Eterno com nossas vidas e de escolher obedecer. Mas como podemos agradar ao Eterno? Vale à pena escolher obedecer?

Ainda no verso 12 de Devarim/Dt 7 lemos o seguinte:


Será, pois, que, se ouvindo estes juízos, os guardardes e cumprirdes, o Eterno teu D’us te guardará a aliança e a misericórdia (Graça/(Chesed) que jurou a teus pais;”


E também em Hb 11:6, lemos:


Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de D’us creia que ele existe, e que é galardoador (recompensador) dos que o buscam.”


É importante salientar a importância de crer em D’us. E talvez você diga: Eu acredito que Ele existe! No entanto, eu sou obrigado a lhe dizer que isto não é crer. Essa forma que a maioria das pessoas pensam, ou seja, que crer é acreditar na sua existência, é um conceito greco-romano, onde a crença se faz pela percepção do intelecto. Isto não é suficiente por não ser o conceito bíblico de crer. Veja o que Yakov/Tiago diz sobre isso em sua epístola:


Você crê que existe um só Deus? Muito bem! Até mesmo os demônios creem — e tremem!” Tg 2:19


A crença, ou crer em D’us, está relacionado com confiança, obediência, firmeza de propósitos e podemos confirmar isso com o que Yeshua diz em Yochanan/Jo 7:38:


Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”


Crer no sentido das Escrituras é ter experiência com o Eterno, e isso só é possível mediante a obediência às suas Palavras, a Torá. Não existe crença em experiência. É preciso ser fiel ao Eterno, e para isso é necessário a fidelidade à sua vontade, expressa na Torá. Já estudamos que o conceito original de fé é “emunáh”, palavra hebraica, que denota fidelidade, firmeza confiança.

A emunáh começa quando o Eterno se revela a pessoa e depois desta experiência ninguém conseguirá convencer a pessoa do contrário, e o próximo passo será o reconhecimento de que é necessário obedecer ao Eterno. É isso que Moshê está orientando aos Israelitas nessa porção, a serem firmes ouvindo, guardando e cumprindo as mitsvot.

O ensino dessa parashá está nos mostrando que não podemos ficar só estudando, é importante buscar a prática. O estudo pode nos levar a crer com o intelecto, já a prática nos leva a comprovar e testemunhar o que estudamos. Esta é a fé que o autor aos Hebreus está dizendo que agrada a D’us.

Vamos falar um pouco sobre o “amor”. A palavra hebraica que foi traduzida para amar é “ahav”, que trás os seguintes significados “amar, desejar, querer, apaixonar-se, sentir carinho, afeto e afeição, sentir paixão, gostar, entre outras.” De acordo com o site Emunah a fé dos santos, existem dois tipos gerais de amor:

1 – Amor condicional – é quele que ama dependendo das atitudes, do modo de ser ou do comportamento de outro. Um exemplo disso são as palavras de Yeshua em Yochanan/Jo 14:23, que trás:


Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará...”


2 – Amor incondicional – é aquele que ama independente das atitudes, do modo de ser ou do comportamento do outro. Podemos ver um exemplo desse amor em Dt 7:7 e 8, que diz:


O Eterno não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos, mas porque o Eterno vos amava; e, para guardar o juramento que jurara a vossos pais, o Eterno vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito.”


Ainda outro exemplo encontramos na epístola ao Romanos 5:6-10:


Porque Yeshua estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas o Eterno prova o seu amor para conosco em que Yeshua morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue (vida justa), seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com o Eterno pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”.


No texto de Devarim/Deuteronômio, que lemos acima, é da porção passada da Torá, e vemos nele que o pacto é condicional, de maneira que o Povo tem de cumprir os mandamentos para se manter dentro da aliança. E o mesmo se repete nessa parashá que estamos estudando. A idolatria quebra a aliança entre o Eterno e Yisrael tal como o adultério rompe a aliança matrimonial entre os conjuges. Aquele que comete o adultério quebra a aliança do matrimônio, assim como, aquele que comete idolatria quebra a aliança com o Eterno. Por isso, aquele que não cumpre o mandamento da circuncisão está fora da aliança da circuncisão e não pode tirar proveito dos seus benefícios. Uma aliança tem condições para ambas as partes.

A aliança que o Eterno fez com Avraham conforme vemos em Gn 15 é incondicional. Poderíamos até dizer que através desta aliança o Eterno colocou a própria existência em jogo. Se ele não cumprir as suas promessas feitas no pacto deixará de Ser. Embora saibamos que isso não é possível, mas é uma forma de ver a situação da aliança. Por isso, que o próprio Eterno toma a iniciativa de mudar o coração do povo de Yisrael para que guardem os Seus mandamentos, para que as promessas feitas na aliança possam ser aplicadas, como lemos em Ezequiel 36:22-27:


Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o Eterno: Não é por vosso respeito que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanaste entre as nações para onde vós fostes. E eu santificarei o meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; e as nações saberão que eu sou o Eterno, diz o Eterno, quando eu for santificado aos seus olhos. E vos tomarei dentre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra. Então, espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos [chukim], e guardeis os meus juízos [mishpatim], e os observeis”.


Em Deuteronômio 7:9, também da porção passada, está escrito:


Saberás, pois, que o Eterno, teu Elohim, é Elohim, o Elohim fiel, que guarda o concerto e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos;”


Podemos ver com isso que os textos nos ensinam que a aliança do Sinai é condicional. Por outro lado, há uma profecia que diz que Israel continuará a ser um povo enquanto existam as leis naturais, como está escrito em Jeremias 31:35-36, conforme lemos:


Assim diz o Eterno, que dá o sol para luz do dia e as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que fende o mar e faz bramir as suas ondas; o Eterno dos Exércitos é o seu nome. Se se desviarem estas ordenanças de diante de mim, diz o Eterno, deixará também a semente de Israel de ser uma nação diante de mim, para sempre.”


Será que Yisrael não deixou de ser fiel à aliança? Se a existência de Yisrael depende da sua fidelidade ao pacto, como pode o Eterno prometer que Yisrael nunca deixará de existir? A resposta é: por causa do remanescente. O que fez com que estas promessas pudessem ser estabelecidas é a existência de um remanescente fiel, um pequeno grupo dentro de Yisrael. Sabemos que sempre houve, e sempre haverá, um remanescente fiel ao pacto, à aliança. Este remanescente tem sido, e continua a ser, a salvação para o resto do povo. Sem esse remanescente, Yisrael teria sido destruído como Sodoma, de acordo com Isaías 1:9, onde está escrito:


Se o Eterno dos Exércitos nos não deixara algum remanescente, já como Sodoma seríamos e semelhantes a Gomorra”


Também lemos na epístola aos Romanos 11:1-6:


Digo, pois: porventura, rejeitou o Eterno o seu povo? De modo nenhum! Porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. D’us não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala o Eterno contra Israel, dizendo: o Eterno, mataram os teus profetas e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil varões, que não dobraram os joelhos diante de Baal. Assim, pois, também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça. Mas, se é por graça, já não é pelas obras legalista; de outra maneira, a graça já não é graça”


Devemos entender que o amor ao Eterno, e principalmente, do Eterno, é que geraram o remanescente que existiu e que continua a existir em Yisrael, e isso é o que faz com que as alianças possam continuar em vigor e que o Eterno cumpra as suas promessas, a restauração para Yisrael nos últimos tempos.

Concluindo nosso estudo quero te fazer uma pergunta: Você faz parte desse remanescente? E o que tem feito para cumprir sua parte na aliança? E tem resgatado outros remanescentes que ainda estão precisando fazer teshuváh?

Que possamos ser parte desse remanescente hoje e principalmente, no futuro, quando o messias vier e implantar o Reino do Eterno.

Que o Eterno os abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)


Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://www.chabad.org.br

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parasha_46-_ekev_consequncia.pdf

- http://sinagogashaarei.org/recompensa-parashat-ekev/

- https://caminhosdatorah.org.br/parasha-ekev-em-razao-de/


quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Estudo da Parashá Va'etchanan (E eu Supliquei)

 


Estudos da Torá


Parashá nº 45 – Vaetchanan (E eu supliquei)

Devarim/DeuteronômioDt 3:23-7:11,

Haftará (Separação) Is 40:1-26; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 6:1-71.


1 - INTRODUÇÃO

Resumo desta porção da Torá, a parashá “Vaetchanan”, que continua o relato de Moshê no discurso a respeito de tudo o que o povo de Israel viveu até aquele momento, e acerca das palavras que o Eterno havia dito como mandamentos. Entre outras coisas, Moshê fala ao povo que suplicou a D’us para permitir sua entrada na terra de Israel (erets Israel), mas o Eterno recusou seu pedido.

Moshê então, continua a exortar e advertir o povo a obedecer à Torá e seus mandamentos, não aumentando nem subtraindo de suas mitsvot. Diz-lhes para lembrarem-se sempre da incrível Revelação que viveram no Monte Sinai, passando aquela memória de geração em geração.

Moshê adverte o povo de Israel sobre o prolongado exílio que viverão se abandonarem a Torá, e como D'us ao final os levará de volta à terra de Israel. Após designar as três cidades de refúgio na margem oriental do Rio Jordão, ele repete as Dez Palavras, conhecidas como os Dez Mandamentos, e ainda descreve a revelação do Criador no Monte Sinai, enquanto ao mesmo tempo continua a admoestar o povo a manter sua observância da Torá.

Moshê ensina-lhes então, o primeiro parágrafo do Shemá, a passagem fundamental que recitamos pelo menos duas vezes ao dia, expressando nossa crença de que D'us é um, e declarando nosso compromisso de amá-Lo e servi-Lo.

Mais uma vez, Moshê exorta o povo a confiar em D'us, permanecer fiel à Torá, e ficar sempre consciente das ciladas da prosperidade e do sucesso. Após ordenar ao povo de Israel que ensine seus filhos sobre o milagroso Êxodo do Egito, a porção conclui com alguns mandamentos adicionais e avisos a respeito da conquista próxima da terra de Israel.

Ensinamentos há para cada um de nós nesta porção, que possamos aproveitar a oportunidade, e avançar no conhecimento de D’us e de suas palavras, pois podemos perceber que no decorrer dos capítulos desta parashá Moshê continua a exortar e a advertir o povo de Israel a obedecer à Torá e aos mandamentos de D’us.


2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Começando este estudo, devemos entender o significado do nome da porção. Ela é chamada de “Vaetchanan”, que significa “e eu supliquei, roguei, implorei”. Isso, novamente dizendo, porque é uma das palavras que estão logo no início da porção, e na verdade, esta é a primeira palavra da parashá, veja:


וָאֶתְּחַנַּן אֶל יַהְּוֶה בָעֵת הַהִוא לֵאמר

Vaetchanan el Adonai baet hahiv lemor

E eu supliquei a Adonai naquele tempo dizendo:


Devemos entender que Moshê queria muito entrar na terra de Canaã. Ele sabia que seria muito bom viver no lugar que o Eterno prometera a seus antepassados, esse era o motivo que o levou a suplicar a D’us. Era a esperança de uma vida inteira que o levava a rogar ou implorar para que o Eterno revogasse seu decreto conta ele. Moshê tentou muitas vezes, conforme falaremos mais abaixo, influenciar o Eterno a mudar a decisão de impedi-lo de entrar na terra. Entretanto, apesar de todos os seus esforços, seu pedido foi negado, e ele foi forçado a aceitar a decisão do Eterno para ver a Terra Prometida apenas de longe.


Suplicar ou Determinar

Com vistas na reação de Moshê e para a realidade dele podemos tentar trazer essa perspectiva para o nosso tempo. Atualmente as pessoas estão mais focadas em ter, do que em ser. Moshê demonstra ter contato com o Eterno de forma íntima, reconhecendo sua grandeza e poderio, e ainda assim, age de forma humilde, como um bom servo pode fazer.

Entretanto, não é assim que se tem agido na atualidade, pois as pessoas estão mais preocupadas em ter o que D’us pode dar, do que em ser o que ele deseja de nós. Elas não tem intimidade com o Senhor, mas anseiam pelo que ele pode dar. E com isso, os teólogos acabaram por colocar D’us em uma caixa, onde ele só faz o que dizem que ele pode fazer. Por esse motivo, acham-se em condições de mandar no que o Eterno deve fazer por elas mesmas. Determinando que o Eterno faça isso ou aquilo, e na hora em que eles querem, e tudo isso em nome de “Jes--”. Como se o Pai fosse subordinado ao filho, ou se o nome do Messias fosse uma palavra mágica para se conseguir de D’us tudo o que se quer.

Como servos de HaShem, pertencemos a um reino, que tem um Rei instituído, que é o Eterno o regente de todo o universo, cuja representação será feita pelo Messias Yeshua, e esse reino tem suas leis, que foram estabelecidas pelo seu Criador, o Eterno de Israel. Não temos e não podemos como meros seres humanos e servos, pretender mandar no que Ele como D’us possa fazer. Nosso papel é bater, buscar, clamar a D’us a todo o momento, a fim de que Ele faça a vontade dele em nossas vidas, e se nossos sonhos estão alinhados com a vontade dele poderão ser realizados, ou não, afinal, Ele é o Senhor do Universo. Encontramos textos bíblicos de pessoas que suplicaram ao Eterno no lugar de determinar. Veja 2Sm 12:15-23:


Depois que Natã foi para casa, o Eterno fez adoecer o filho que a mulher de Urias dera a Davi. E Davi implorou a D’us em favor da criança. Ele jejuou e, entrando em casa, passou a noite deitado no chão. Os oficiais do palácio tentaram fazê-lo levantar-se do chão, mas ele não quis, e recusou comer. Sete dias depois a criança morreu. Os conselheiros de Davi estavam com medo de dizer-lhe que a criança estava morta, e comentavam: "Enquanto a criança ainda estava viva, falamos com ele, e ele não quis escutar-nos. Como vamos dizer-lhe que a criança morreu? Ele poderá cometer alguma loucura!" Davi, percebendo que seus conselheiros cochichavam entre si, compreendeu que a criança estava morta e perguntou: "A criança morreu?""Sim, morreu", responderam eles. Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois entrou no santuário do Senhor e adorou. E voltando ao palácio, pediu que lhe preparassem uma refeição e comeu. Seus conselheiros lhe perguntaram: "Por que ages assim? Enquanto a criança estava viva, jejuaste e choraste; mas, agora que a criança está morta, te levantas e comes! " Ele respondeu: "Enquanto a criança ainda estava viva, jejuei e chorei. Eu pensava: ‘Quem sabe? Talvez o Eterno tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver’. Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim".”


Outro exemplo de súplica ao Eterno é do próprio Rav. Sh’aul (Apóstolo Paulo) em 2 Co 12:8-9.


Três vezes roguei ao Eterno que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder do Messias repouse em mim.”


Sendo assim, devemos compreender que somos servos e precisamos ter intimidade e temor ao nosso D’us, além de saber que Ele é quem decide a partir de sua própria vontade e não da nossa, apenas suplicamos e rogamos.


Entendimentos judaicos


No estudo da parashá Vaetchanan do site “Emunah a fé dos Santos” encontramos o seguinte:


Também supliquei ao Eterno, no mesmo tempo, dizendo:” Dt 3:23


Segundo o Midrash, Moisés terá suplicado ao Eterno 515 vezes para que o deixasse entrar na terra, isto porque a palavra traduzida como “supliquei” - Vaetchanan , segundo a guematria, tem o valor numérico de 515.

Para algumas pessoas, a oração de Moshê não foi ouvida antes da sua morte, contudo, durante o ministério de Yeshua, é contado um episódio de que Moisés esteve com ele num dos montes de Israel (possivelmente o Monte Tabor), juntamente com Elias, conforme Mateus 17. No entanto, quando analisamos a Palavra, concluímos que essa não terá sido uma experiência física, visto que o corpo de Moisés não tinha ainda ressuscitado, pois todos os que morreram desde Adão, aguardam ainda pela sua ressurreição.

Terá sido então, uma aparição numa dimensão celestial profética, uma visão, ou seja, onde o tempo é relativo e profético no sentido de que pode englobar o passado, presente e o futuro. Por isso teremos que nos perguntar se verdadeiramente era Moisés que estava ali presente, ou se a aparição naquela visão carregava o sentido profético de apontar para coisas futuras, semelhante à revelação que o apóstolo João experienciou na ilha de Patmos.”

Sobre este mesmo Midrash o site “Chabad” esclarece o seguinte:

“Moshê continuou: "Insisti: ‘Por favor, D’us, podes anular Teu decreto Quando um rei muda de idéia, deve pedir aos ministros que concordem. Mas Tu não precisas da permissão de ninguém para mudares de idéia. Por Tua grande misericórdia, perdoa-me por favor!’

"D’us respondeu: ‘Meu decreto não pode ser anulado porque Eu jurei!"

"Rezei: D’us, podes cancelar um juramento! Não prometeste destruir Benê Yisrael após o pecado do bezerro de ouro? Anulaste tua promessa então! Por que deveria eu sofrer o mesmo destino dos espiões que falaram mal de Êrets Yisrael? Tenho louvado a Terra Santa por toda minha vida!’

"’Moshê,’ respondeu D’us – todos os homens de sua geração morreram no deserto. Você será enterrado com eles; seu mérito os protegerá. Eles precisam de você! Após a vinda de Mashiach, eles serão revividos, e você os levará a Êrets Yisrael!’

(D’us também fez com que outros grandes tsadikim fossem sepultados fora de Êrets Yisrael para que seus méritos protegessem os judeus enterrados na Diáspora. Como por exemplo, o túmulo de Mordechai encontra-se na Pérsia).

Moshê disse a Benê Yisrael, segue o midrash:

"Mesmo assim, não desisti. Implorei a D’us de 515 maneiras diferentes para que me deixasse entrar em Êrets Yisrael". (Isto está aludido na palavra vaet’chanan, o nome desta Parashá, cujo valor numérico equivale a 515).

"Rezei: ‘Por favor, D’us, deixe-me então ver a cidade de Jerusalém e o Bêt Hamicdash!’

"’Rav, basta!’ exclamou D’us: ‘Não reze mais! As pessoas dirão que sou inflexível por recusar suas orações e que você é obstinado por continuar a argumentar’. (A palavra rav significa chega, basta; mas também pode ser traduzida como "muito").

‘Rav lach’, muito mais do que isto está reservado para você. A recompensa que preparei para você no Mundo Vindouro é bem maior que entrar em Êrets Yisrael. Diga a Yehoshua que ele marchará à frente de Benê Yisrael e os liderará durante a guerra.’

"Mesmo assim, minhas orações conseguiram algo. D’us me disse: ‘Acederei ao seu desejo de ver a Terra Santa. Deixarei escalar a colina, e mostrarei a você todo Êrets Yisrael, até os locais mais distantes!’”

O que podemos entender do Midrash é que quando nos arrependemos de nossos pecados somos perdoados pelo Eterno, no entanto, as consequências permanecem. Mas, isso não quer dizer que o Eterno não vá preparar algo importante para sua vida. Devido aos erros de Moshê, ele foi impedido de entrar na terra de Canaã, podendo apenas olhá-la, mas segundo a tradição judaica o Eterno teria ainda uma missão para ele. E nós podemos aprender com essa tradição, pois o Eterno tem uma missão para cada um de nós agora nessa vida, assim como Moshê teve, mas não sabemos qual a missão que teremos no mundo vindouro, podemos vislumbrar de longe pelo que os apóstolos nos dizem:


Vocês não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância? Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas desta vida!” 1Co 6:2,3


Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as nações. "Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará a um vaso de barro" Ap 2:26,27


Devemos nos lembrar a outorga da Torá


"Nunca se esqueçam o dia em que ficaram em pé ao redor Monte Sinai e ouviram a voz de D’us!"

De acordo com o site Chabad, Moshê falava à uma nova geração, não estava se dirigindo aos homens e mulheres que haviam ouvido os Dez Mandamentos de D’us, mas a seus filhos. Mesmo assim, disse: "Vocês ficaram no Monte Sinai," e "Vocês ouviram a voz de D’us." Uma razão para isso foi porque alguns deles haviam vivenciado a Outorga da Torá quando crianças. E aqueles que ainda não eram nascidos na época da Outorga da Torá sentiram-se como se estivessem estado lá pessoalmente, pois tinham escutado este relato de seus pais. Podemos inferir que seus pais lhes contaram o que viram e ouviram no Sinai, durante só anos no deserto, afinal não foi nada comum o que eles vivenciaram ali.

Moshê advertiu: "Devem contar a seus filhos tudo sobre a Outorga da Torá, e estes devem repeti-lo a seus filhos. Desta maneira, todas as gerações acreditarão para sempre que D’us nos deu a Torá, como se estivessem estado pessoalmente no Monte Sinai." (Os versículos acima, que relatam a advertência de Moshê, fazem parte do final das orações diárias, no trecho chamado "Shesh Zechirot", Seis Lembranças.)

Assim, a respeito de ensinar as crianças sobre a outorga da Torá, o Midrash nos conta que Rabi Chiyá bar Aba encontrou Rabi Yehoshua ben Levi na rua. Ficou chocado ao ver que, ao invés de vestir seu belo turbante de costume, Rabi Yehoshua havia jogado um pedaço de tecido sobre a cabeça de maneira desarranjada. Corria rua abaixo, carregando uma criança pequena em direção à escola.

"Por que está com tanta pressa?" perguntou Rabi Chiyá.

Rabi Yehoshua respondeu: "A Torá nos diz: ‘Ensine estas leis a seus filhos,’ e logo em seguida, ‘o dia em que ficaram perante D’us no Monte Sinai.’ O versículo ensina que aquele que ensina Torá aos filhos é tão grande como se tivesse no Monte Sinai pronto para receber a Torá. Por isto estou correndo para levar meu filho à escola."

Quando Rabi bar Huna, um dos eruditos, ouviu estas palavras, nunca mais fez seu desjejum antes de levar seu filhinho ao Bêt Hamidrash (casa de estudos). E Rabi Chiyá (aquele que havia encontrado Rabi Yehoshua na rua) decidiu que a primeira coisa que faria pela manhã seria ensinar seus filhos e revisar com eles o que haviam aprendido no dia anterior. Apenas então faria sua refeição matinal.

Os sábios do povo de Israel ensinam que, este é também um mérito especial para um avô, ensinar a Torá a seus netos. Diz-se de um avô que assim faz, que é considerado como se ele próprio tivesse estado fisicamente no Monte Sinai para receber a Torá.

E vemos assim, mais uma vez, através de ensinos antigos, que é muito importante ensinar a Torá às crianças, e não foi à toa que Moshê fala várias vezes nesse livro, por determinação do Eterno a respeito de ensinar aos filhos.

Concluindo o estudo dessa semana, aprendemos com essa parashá a importância de preparar as próximas gerações. Cada um de nós temos a mesma responsabilidade que Moshê teve, de preparar a geração que entraria na terra de Canaã, e nós de preparar os que nos sucederão na pregação e ensino da verdade, do caminho do Eterno, até aqueles que serão a geração que verão a volta do messias.

Que possamos manter viva a chama da vida de justiça e da esperança de adentrar a terra, para onde um dia o povo adentrou e para onde nós adentraremos ao sermos ressuscitados e chamados para viver com o Messias.

Que o Eterno lhes abençoe!!!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)


Bibliografia:


- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parash_45_-_vaetchann_supliquei.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/921367/jewish/Mosh-Implora-para-Entrar-Na-Terra-de-Israel.htm

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822834/jewish/Resumo-da-Parash.htm