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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Estudo da Parashá Yitro - Precisamos de um mediador?


 Estudos da Torá

Parashá nº 17 – Yitro (Jetro)

Shemot/Êxodo 18:1 – 120:26

Haftará (separação) Is 6:1 – 7:6; 9:5-7 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 5:21-30; 15:1-11; 19:16-30.


Tema: Precisamos de um mediador?


Desde os tempos antigos, a relação entre o Eterno e a humanidade tem sido marcada por momentos de proximidade e temor. No Monte Sinai, ao testemunhar a grandiosidade da revelação divina, Bnei Yisrael se viu incapaz de suportar tamanha santidade e clamou por um mediador, pedindo que Moshê falasse em seu lugar. Esse episódio levanta um questionamento fundamental: a mediação entre o Eterno e os homens é realmente necessária ou é uma demonstração da fragilidade humana?

Ao longo da história, diferentes figuras exerceram papéis de intercessores – desde Moshê, que transmitiu a Toráh ao povo, passando por Kohen Gadol, que realizou expiações no Beit HaMikdash, até a figura do Mashiach, esperado como aquele que guiará Yisrael no retorno à Toráh. Mas essas funções indicarão uma separação essencial entre o Eterno e os homens? Ou foram apenas instrumentos para ensinar e fortalecer a conexão individual com o Criador?

Neste estudo, exploraremos as perspectivas das Escrituras, do Midrash e do Talmud sobre a função do mediador, analisando o papel de Moshê, dos sacerdotes e do Mashiach à luz do propósito original do Eterno: um relacionamento direto e íntimo com Seu povo.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Na Parashá Yitro encontramos a entrega das Aseret HaDibrot (Dez Declarações), conhecidas como “os dez mandamentos”, que representam o coração dos princípios do Eterno para o seu povo. Mas antes disso, há um encontro significativo entre Moshê e seu sogro, Yitro.

Yitro, sacerdote de Midiã e sogro de Moshê, ouve sobre as maravilhas que o Eterno fez ao libertar Bnei Yisrael do Egito e decidiu ir ao encontro deles no deserto, levando com ele Tziporah (esposa de Moshê) e seus filhos. Ao chegar, ele observa como Moshê o dia inteiro julgando o povo e aconselha que ele delegue essa tarefa, nomeando líderes para ajudá-lo a resolver os casos mais simples, deixando apenas os mais difíceis para ele. Isso mostra a importância de compartilhar responsabilidades e de uma boa organização dentro de uma comunidade.

Bnei Yisrael chega ao deserto do Sinai e acampa diante da montanha. O Eterno chama Moshê ao topo do monte e dá uma mensagem para o povo:

Agora, se ouvirdes atentamente a Minha voz e guardardes a Minha aliança, sereis para Mim um tesouro especial dentre todos os povos, pois toda a terra é Minha. Shemot 19:5


Moshê transmite as palavras do Eterno, e o povo responde unânime:


Tudo o que o Eterno falou, faremos! Shemot 19:8


O Eterno então ordena que o povo se santifique por três dias, pois Ele Se revelaria sobre a montanha. O Monte Sinai fica envolto em nuvens, trovões e fogo, e o som do shofar ressoa fortemente. O povo treme diante da grandiosidade dessa manifestação.

O momento culminante ocorre quando o Eterno se pronuncia como Aseret HaDibrot. Estas palavras divinas estabelecem os princípios essenciais da relação do homem com o Eterno e com seu próximo:

    1. Reconhecer o Eterno como único Elohim.

    2. Não fazer imagens para servirem como se fossem D’us.

    3. Não tome o Nome do Eterno em vão.

    4. Guardar o Shabat como um dia santo.

    5. Honrar pai e mãe.

    6. Não matar.

    7. Não cometer adultério.

    8. Não roube.

    9. Não dar falso testemunho.

    10. Não cobiçar o que pertence ao próximo.

A experiência no Sinai é tão intensa que o povo, temendo, pede para que Moshê fale em vez do próprio Eterno. Moshê os tranquiliza, dizendo que essa manifestação veio para que o temor do Eterno estivesse sempre diante deles, para que não pecassem.

A Parashá Yitro nos ensina sobre liderança, humildade e compromisso com o Eterno. Yitro nos mostra que um líder de valor sabe ouvir conselhos e compartilhar responsabilidades. O povo, ao receber os princípios, demonstra a sua disposição em obedecer ao Eterno, um compromisso que continua até hoje.

Que estejamos sempre prontos a dizer: "Naasê VeNishmá""Faremos e ouviremos", confiando que os caminhos do Eterno são justos e perfeitos.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

A Parashá Yitro apresenta um momento sublime e impressionante da história de Bnei Yisrael: a revelação do Eterno no Monte Sinai. A intensidade da manifestação divina foi tão avassaladora que o povo, tomado por uma mistura apavoro e de temor, pediu a Moshê que falasse com o Eterno em seu lugar e lhes trouxesse a mensagem de HaShem, se tornando o mediador. Esse episódio levanta uma questão fundamental: a necessidade de um mediador entre o Eterno e os homens. Mas será que essa mediação é uma exigência do Eterno ou uma fraqueza humana? E como essa função se manifesta ao longo da história de Yisrael? E pode o homem deixar de necessitar de um mediador?

Os rabinos e os midrashim abordam a ideia de um mediador entre o Eterno e os homens de diferentes formas, mas a visão predominante na tradição judaica é que o Eterno deseja um relacionamento direto com Seu povo. Qualquer mediação que tenha existido foi mais por uma necessidade humana do que por um decreto divino absoluto.


1. Moshê: O primeiro Grande Mediador

Ao ouvirem a voz do Eterno, acompanhada por trovões, relâmpagos e o som ensurdecedor do shofar, Bnei Yisrael se apavorou, temendo não sobreviver à santidade divina:


E disseram a Moshê: Fala tu conosco, e ouviremos; mas que o Eterno não fale conosco, para que não morramos. Shemot 20:16


O próprio Moshê responde, encorajando-os:


Moshê disse ao povo: Não temais, pois o Eterno veio para vos provar, e para que o Seu temor esteja diante de vós, para que não pequeis. Shemot 20:17


Aqui, vemos que o povo vê suas limitações diante da presença do Eterno. Moshê como líder e libertador, agora assume a posição de mediador, conduzindo as palavras do povo ao Eterno e transmitindo Suas instruções ao povo, preparando-os para obedecerem a aliança e entrar na terra. Esse papel se intensifica ao longo do deserto, quando Moshê intercede pelo povo em momentos críticos, como no episódio do bezerro de ouro, que podemos ler em Shemot 32.

A mediação de Moshê não se dá por um decreto divino, mas pela incapacidade humana do povo de lidar diretamente com a santidade absoluta do Eterno. Ele se tornou um instrumento para facilitar essa conexão, como canal de comunicação entre o Eterno e Yisrael.

É o mesmo que acontece conosco! Ao nascermos precisamos de cuidadores pois não podemos ter acesso ao mundo sozinhos, devido sermos muito pequenos. Depois precisamos de professores para nos ensinar a lidar com as questões desse mundo. E aí ficamos mais velhos e temos mediadores que nos ajudam depois de tudo que aprendemos a entrar no mundo e começar nossa vida sozinhos. São nossos pais, professores das escolas, das faculdades, etc, até termos maturidade para começar a caminhar só tomando nossas próprias decisões.

A revelação do Eterno no Monte Sinai deixou o povo de Yisrael apavorado. O Midrash comenta que a intensidade da experiência foi tão forte que, segundo alguns rabinos, cada palavra dita pelo Eterno faz com que suas almas deixem seus corpos. Por isso, o povo implora para que Moshê fale em seu lugar.

O Midrash Tanchuma (Parashá Yitro 11) explica que, antes do evento do Sinai, o Eterno conversou diretamente com os patriarcas. No entanto, devido ao temor do povo, Moshê passou a intermediar essa comunicação. O Midrash sugere que esse pedido declarou uma fraqueza espiritual do povo, pois o ideal sempre foi que Yisrael tivesse uma conexão direta com o Eterno.


2. O Sumo Sacerdote: A Mediação Através do Serviço no Mishkan

Mais tarde com a construção do Mishkan (Tabernáculo), e a separação dos levitas como sacerdotes e Aharon como Sumo Sacerdote, o Eterno estabelece um sistema mais estruturado para a mediação entre Ele e o povo. O Sumo Sacerdote (Kohen Gadol) passa a exercer um papel essencial, sendo o único que poderia entrar no Kodesh HaKodashim (Santo dos Santos) uma vez por ano, em Yom Kipur, para expiação dos pecados da nação, conforme Vayicrá 16. No entanto, os rabinos deixam claro que essa função não significa que o povo estava distante do Eterno. Na verdade a condição do homem era que às vezes atrapalhava o relacionamento, devido às desobediências.

Diferentemente de Moshê, cujo papel era de liderança e intercessão, o sumo sacerdote atuava principalmente no serviço do Mishkan, oferecendo sacrifícios e realização de rituais de purificação. Ele simbolizava a ponte entre o Eterno e o povo, garantindo que a conexão não fosse rompida pelo pecado e pela impureza.

Esse sistema reforçava a ideia de que a relação com o Eterno podia se dar por um representante, pois a santidade divina era inacessível ao homem comum. No entanto, os próprios profetas ensinaram que o Eterno deseja uma relação direta com Seu povo, baseada na obediência e pureza de coração, e não apenas em rituais, conforme podemos ler em Yirmiyahu 31:33 e Hoshea 6:6.

O Midrash Rabá (Vayicrá 1:7) comenta que o serviço do Kohen Gadol em Yom Kipur simbolizava a expiação coletiva, mas um teshuváh (arrependimento) individual continuava sendo responsabilidade de cada um. Ou seja, ele representava o povo, mas não substituía sua conexão direta com o Eterno. No Talmud Bavli, há uma discussão sobre se Yom Kipur expia os pecados por si só. A conclusão é que o arrependimento sincero é essencial, e que mesmo o sacrifício de Kohen Gadol não teria efeito se o coração do povo não estivesse voltado para o Eterno.

Isso reforça a ideia de que o papel do sacerdote não era de intermediário absoluto, mas sim de alguém que conduzia rituais para facilitar a purificação espiritual da nação, ou seja, o retorno ao estado de contato com o Eterno.


3. Yeshua como Mashiach: O Mediador da Aliança Renovada

Contudo, havia uma profecia sobre o messias, que faria esse papel de mediador, a fim de facilitar o acesso das pessoas ao Eterno. Isso seria feito através do ensino da Torah limpa. Yeshua surgiu em um momento em que o Beit HaMikdash ainda estava de pé, e o sistema sacerdotal continuava em funcionamento. No entanto, ele assume um papel único, declarando a teshuváh (retorno ao Eterno) e chamando o povo à obediência sincera aos preceitos de HaShem.

Ele não se coloca no lugar de Moshê ou do sumo sacerdote, mas cumpre a função de mediador de uma nova etapa no relacionamento do Eterno com Yisrael. Sua missão não era substituir a conexão direta com o Eterno, mas reafirmá-la, como ele mesmo ensinou:

Ninguém vem ao Pai senão por mim. Yochanan/Jo 14:6


Isso não significa que Yeshua bloqueie o acesso ao Eterno, mas sim que ele é o instrumento pelo qual a aliança é renovada e os homens são direcionados ao arrependimento e à aprovação. Yeshua é a porta de acesso ao Eterno.


Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem. Yochanan/Jo 10:9


Assim como Moshê ensinou os mandamentos e o sumo sacerdote intercedeu no Templo, Yeshua atua chamando os homens à reconciliação com o Eterno, sem negar a responsabilidade individual de cada um diante do Criador. Ele não anula o modelo estabelecido no TaNaK, mas o aprofunda, ensinando que a verdadeira mediação não é apenas ritualística, mas sim transformadora, exigindo mudança de vida e compromisso real com o Eterno.

A tradição rabínica ensina que o Mashiach será um grande líder e professor que ajudará a restaurar Yisrael e trazer conhecimento do Eterno ao mundo. No entanto, ele não será um mediador entre o Eterno e os homens no sentido absoluto, como algumas tradições não-hebraicas ensinam, ou seja, o sistema cristão, que ensina que JC é o mediador absoluto. Diante do ensino de toda a Escritura, isso é uma enorme falácia.

O Rambam (Maimônides), em Hilchot Melachim 11:4, afirma que o Mashiach será um rei e trará benefícios semelhantes a Moshê, que trará Yisrael de volta à Toráh e estabelecerá a justiça, mas ele não substituirá a conexão do povo com o Eterno.

No Midrash, é dito que "o Mashiach orará pelo povo, assim como David fazia", mas isso não significa que ele será um intermediário, e sim um líder que incentivará cada indivíduo a se voltar ao Eterno pessoalmente.

O Talmud Bavli (Sanhedrin 98a) descreve o Mashiach como alguém que guiará Yisrael no caminho da Toráh e estabelecerá a paz, mas nunca como alguém que substituirá ou se colocará entre o povo e o Eterno permanentemente.

Com isso, fica muito claro que não devemos achar que precisamos de um mediador para chegar ao Eterno e manter um relacionamento com ele. O mediador age por nós durante um tempo, até que estejamos prontos para viver com o Eterno, da mesma forma que os patriarcas e o próprio messias viveram, em justiça.

Concluindo nosso estudo, podemos entender que a necessidade de um mediador surge da fragilidade humana diante da santidade do Eterno. Moshê exerceu esse papel porque o povo temia ouvir a voz divina diretamente. O sumo sacerdote foi criado com essa função no serviço do Mishkan, garantindo que a conexão com o Eterno fosse mantida para a nação. Yeshua, por sua vez, reforça o chamado ao relacionamento íntimo e individual com o Criador, ensinando que a verdadeira mediação se dá através da obediência, arrependimento e transformação de vida.

No entanto, desde o princípio, o desejo do Eterno sempre foi que Seu povo O buscasse diretamente, como está escrito:


E ser-me-eis um reino de sacerdotes e uma nação santa. Shemot 19:6


O conceito de um mediador absoluto entre o Eterno e os homens não é aceito na tradição judaica. A mediação que existe – seja por Moshê, pelos sacerdotes ou pelo Mashiach – sempre foi funcional e pedagógica, não um requisito essencial para se conectar ao Eterno. O objetivo da mediação nunca foi salvar o povo para o Eterno, mas sim conduzi-lo de volta a Ele, até que não haja mais barreiras entre nós e nosso Criador. E essa é a nossa missão: nos aproximarmos do Eterno através da obediência e do temor reverente, sem jamais terceirizar nossa responsabilidade de segui-lo.

O ideal sempre foi um relacionamento direto entre o Eterno e Yisrael, como está escrito:


Pois esta mitsvá que hoje te ordena não está oculto de ti, nem está distante. Não está nos céus, para que digas: Quem subirá por nós aos céus e no-la apresente? Nem está do outro lado do mar… Pois a palavra está muito perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires." Devarim 30:11-14


O próprio TaNaK ensina que cada pessoa pode buscar e falar diretamente com o Eterno, sem a necessidade de um intermediário permanente. Os rabinos reforçam essa ideia, ensinando que a teshuváh, a obediência e a oração são as formas mais poderosas de se conectar com o Criador.

Assim, Moshê, os sacerdotes e o Mashiach não servem como barreiras entre nós e o Eterno, mas sim como guias que nos ajudam a fortalecer nossa própria conexão com Ele.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Estudo da Parashá Beshalach - A Toráh, o mar e a purificação

 


Estudos da Torá

Parashá nº 16 – Beshalach (Depois de ter deixado)

Shemot/Êxodo 13:17 – 17:16

Haftará (separação) Jz 4:4 – 5:31 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Lc 2:22-24; Jo 6:25-35; 19:31-37 e Ap 15:1-4.


Tema: A Toráh, o mar e a purificação


E se você estivesse encurralado, sem saída. Com o perigo se aproximando rapidamente. À sua frente, um mar imenso, atrás um exército poderoso. O coração acelera, o medo toma conta, e a única opção parece se a derrota. Mas então, diante dos seus olhos incrédulos e assustados, as águas se abrem, formando um caminho seco no meio do impossível. Esse é o cenário épico da travessia do Yam Suf, um dos muitos eventos marcantes da história do povo de Yisrael.

Veremos que mais do que um simples milagre de livramento, essa passagem carrega ensinamentos profundos e proféticos sobre purificação, confiança, julgamento e redenção. Ela nos mostra que o Eterno não apenas liberta Seu povo da escravidão, mas também o conduz por um caminho seguro em meio ao caos.

Neste estudo, vamos explorar o significado desse evento à luz da Toráh, dos ensinamentos de Yeshua e das palavras dos seus talmidim, entendendo como ele se aplica à nossa jornada de vida. O que essa travessia representa espiritualmente? Como ela aponta para a redenção final? Como podemos aprender a confiar no Eterno mesmo quando tudo parece perdido?

Prepare-se para mergulhar nas águas da sabedoria divina, a Toráh, e descobrir as lições eternas da Parashá Beshalach. Vamos juntos nessa jornada!


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Beshalach nos leva a mais um momento marcante da história do povo de Yisrael: a travessia do Yam Suf, mar de juncos, conhecido como Mar Vermelho, e os primeiros desafios no deserto após a saída do Egito.

O Eterno não poderia guiar Yisrael pelo caminho mais curto até a terra prometida, pois isso os levaria diretamente aos filisteus, e o povo temeria a guerra e iria querer voltar ao Egito. Em vez disso, foram guiados pelo deserto, com a presença constante do Eterno na coluna de nuvem de dia e coluna de fogo à noite.

Quando Faraó se arrependeu pela libertação de Yisrael, reuniu seu exército e os perseguiu. O povo, vendo-se encurralado entre o exército egípcio e o mar, temeu e reclamou. Mas o Eterno instruiu Moshê a erguer seu cajado, e as águas do Yam Suf se abriram, permitindo que Yisrael passasse a seco. Quando os egípcios tentaram seguí-los as águas se fecharam sobre eles, destruindo-os completamente.

Após esse grande livramento, Moshê e os filhos de Yisrael entoaram um cântico ao Eterno, exaltando Seu poder e fidelidade. Miryam e as mulheres também louvaram com tamborins e danças.

Logo depois, o povo começou a sentir as dificuldades da jornada. Primeiramente, chegou a Maráh, onde as águas eram amargas, mas o Eterno instruiu Moshê a lançar um pedaço de madeira nelas, tornando-as potáveis.

Em seguida, em Elim, encontraram doze fontes de água e setenta tamareiras, mas logo começaram a murmurar por causa da fome. O Eterno então enviou o maná, um alimento que caía todas as manhãs, exceto no Shabat, pois no sexto dia deveriam coletar o dobro. Esse foi um grande teste para o povo confiar no Eterno.

Depois, em Refidim, enfrentei a falta de água novamente. O Eterno mandou que Moshê ferisse uma rocha com seu cajado, e dela jorrou água suficiente para todo o povo.

Por fim, Amalek atacou Yisrael. Yehoshua liderou os guerreiros, enquanto Moshé ficou no topo do monte com seu cajado erguido. Sempre que seus braços estavam levantados, Yisrael prevaleceu; quando abaixavam, Amalek avançava. Então, Aharon e Hur sustentaram seus braços até o pôr do sol, garantindo a vitória.

A parashá Beshalach nos ensina que a liberdade não significa ausência de desafios, mas sim aprender a confiar no Eterno em cada passo da jornada. O povo passou de escravos a guerreiros, aprendendo que o sustento, a proteção e a salvação vêm do Eterno. Ele abriu o mar, enviou o maná, fez brotar água da rocha e garantiu a vitória contra os inimigos. Devemos lembrar que, assim como Yisrael foi testado, também aconteceu por provas, mas o Eterno sempre provê e guia aqueles que confiam nEle!


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Nesta semana vamos olhar com mais atenção para alguns aspectos proféticos em relação à travessia do Yam Suf, o Mar de Juncos, conhecido como Mar Vermelho. A travessia do Yam Suf não foi apenas um evento histórico de libertação de um povo, não é um romance contando a história dos hebreus, é na verdade, um ato carregado de significados profundos e proféticos. Se analisarmos pela perspectiva profética, poderemos enxergar diversos paralelos com o propósito do Eterno para seu povo, e com os mandamentos que receberiam de forma escrita no Sinai, dali há alguns meses.


A Travessia pelo Mar – Um Caminho de Purificação

A água sempre foi um símbolo de purificação e transformação nas Escrituras, e portanto, um apontamento profético para a Toráh. O Eterno além de eliminar o último foco de idolatria em Mitsrayim que estava em Ba’al-Tz’fon, escolheu dirigir Yisrael através do Yam Suf, como se estivesse levando-os a um grande mikveh (banho de purificação), preparando-os para um novo tempo. A purificação é a indicação de um novo tempo. É feita antes do shabat, antes das moedim (encontros festivos), depois da relação sexual, depois de ter tido contato com morto ou depois de tocar em algo impuro, etc. Isso é a demonstração de que se está buscando de coração a possibilidade de estar em condição de estar na presença de HaShem. Observe o que o Eterno fala através do profeta a respeito da água pura para purificação.


Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Yechezkel 36:25


Observamos na parashá que Yisrael passou pelo mar saindo da escravidão e emergindo como um povo livre e separado para o Eterno. Da mesma forma, as águas da Toráh purificam e renovam aqueles que se submetem a elas. Vemos algo parecido quando Yeshua se coloca à disposição de seu primo Yochanan para fazer a imersão, a purificação, antes de iniciar seu ministério messiânico e ser recebido pelo Eterno como Ungido ou Messias, conforme vemos em Mt 3:13-17. Ele estava iniciando uma nova etapa em sua vida.

Yeshua também reforçou essa ideia de purificação em seus ensinos, não apenas externa, mas do coração. Ele ensinou que é necessário um novo nascimento, não da carne, mas de confiança e obediência ao Eterno.


Em verdade vos digo que, se alguém não nascer da água e do vento, não pode entrar no Reino do Eterno. Yochanan 3:5


A passagem pelo mar simboliza deixar para trás as influências do Egito e caminhar em nova vida, purificado pela obediência à Toráh.

Também no livro de Atos vemos relatos de várias pessoas que ao se tornarem seguidores do testemunho do messias, retornando à obediência à Toráh, passaram pela imersão ou purificação. Lembrando que a purificação não é como o sistema religioso ensina, faz uma vez e depois nunca mais, nos purificamos sempre que se faz necessário, além da preparação para os dias festivos, conforme já foi mencionado.


O Caminho Aberto no Mar – Uma Revelação da Toráh

O fato de o mar ter sido aberto aponta para a revelação do Eterno ao Seu povo. Assim como o Yam Suf se abriu, trazendo livramento e um novo caminho, a Torá foi revelada, iluminando o caminho da vida para Yisrael. E isso é válido para todos os que anseiam por servir ao Eterno e seguir em teshuvah.


Pois contigo é a fonte da vida; na tua luz vemos a luz. Tehilim 36:9


A Toráh é como um caminho seco no meio das águas caóticas do mundo, um trilho seguro para aqueles que confiam no Eterno e em Seus mandamentos.


A voz do Senhor ressoa sobre as águas; o Elohim da glória troveja, o Eterno troveja sobre as muitas águas. Sl 29:3


Ó Elohim, tu és o meu Elohim, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água. Sl 63:1


A tua vereda passou pelo mar, o teu caminho pelas águas poderosas, e ninguém viu as tuas pegadas. Sl 77:19


Lâmpada para os meus pés é a Tua Toráh, e luz para o meu caminho. Sl 119:105


Yeshua reforçou essa verdade ao afirmar que ele era a luz do mundo, isso por quê? Ele ensinava a Toráh, que é a luz criada desde o início.


Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida. Yochanan 8:12


Seguir a Toráh e os ensinamentos de Yeshua é caminhar por um caminho firme em meio às dificuldades e transgressões do mundo.


O Juízo sobre os Egípcios – A Separação Entre Justiça e Maldade

O mesmo mar que salvou Yisrael foi o que destruiu os egípcios. Esse fato nos ensina que a Palavra do Eterno tem um efeito duplo:

- Para aqueles que a seguem, ela é vida e libertação.

- Para aqueles que a rejeitam, ela pode se tornar um julgamento e separação.


O caminho dos perversos é como escuridão; nem sabem eles em que tropeçam. Mishlei 4:19


Os egípcios representam aqueles que resistem ao Eterno e tentam impedir Seu plano. Da mesma forma, Yeshua ensinou que aqueles que se apegam ao mundo e rejeitam a instrução do Eterno acabarão presos em sua própria destruição.


Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e a prática será comparado a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha... E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não às pratica é comparado a um homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia. Matityahu 7:24 e 26


O mar foi indicação da separação entre aqueles que obedecem ao Eterno e aqueles que seguem sua própria arrogância. É claro que nem todos que atravessaram o mar estavam realmente vivendo em justiça, muitos ali ainda carregavam as mazelas do Egito. Assim como hoje, muitos iniciam sua caminhada de teshuvah ainda com as mazelas do sistema religioso, e precisam mudar seus posicionamentos, caso contrário acabam ficando pelo caminho.


A Nuvem e o Fogo – A Presença do Eterno

Durante toda a jornada, Yisrael foi guiado pela coluna de nuvem do dia e pela coluna de fogo à noite, conforme lemos em Shemot/Ex 13:21. Esse sinal representa a presença constante do Eterno e Seu cuidado contínuo.

- O fogo representa o zelo, a justiça e a revelação do Eterno.

- A nuvem simboliza Sua proteção e mistério, pois ninguém pode vê-lo diretamente, mas também aponta revelação da sabedoria da Torah.

Yeshua ensinou que o Eterno nunca abandona aqueles que O seguem, mas providencia o guia em cada passo:


Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos tempos. Matitiahu/Mt 28:20.


Assim como Yisrael precisou seguir a nuvem e o fogo, nós devemos seguir a direção do Eterno, confiando que Ele nos leva pelo caminho certo, por meio de seu instrumento, o messias. Moshê foi um messias em sua época e foi usado pelo Eterno para guiar o povo do Egito para o deserto, Yehoshua foi um messias e foi usado para guiar o povo até tomarem posse da terra prometida, e Yeshua é o messias de fato, pois carrega em si as características de cada um dos que vieram antes dele, vivendo em justiça e guiando o povo para a vida de obediência ao Eterno e ao Olam Habáh.


O Cântico de Moshê – A Celebração da Redenção Final

Depois da vitória sobre os egípcios, Yisrael entoou um cântico ao Eterno, conforme lemos em Shemot/Ex 15, um momento de gratidão e reconhecimento pelo livramento. Esse cântico não foi apenas uma celebração do passado, mas uma profecia da redenção futura, quando todas as nações reconhecerão o Eterno como único grande Rei ou Elohim, e seu messias como Rei dos servos do Eterno.


Então todos os confins da terra temerão e se voltarão para o Eterno, e todas as famílias das nações se prostrarão diante dele. Tehilim/Sl 22:27


No livro de Hitgalut (Revelação/Apocalipse), vemos que na redenção final, os justos cantando o mesmo cântico de Moshê em louvor ao Eterno:


E cantava o cântico de Moshê, servo do Eterno, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis ​​são as tuas obras, Eterno Todo-Poderoso; justos e verdadeiros são os teus caminhos. Hitgalut/Ap 15:3


A libertação de Yisrael do Egito aponta para a libertação plena e futura de todos os que seguem o Eterno e guardam Seus mandamentos.

Concluindo nosso estudo, vimos que a travessia pelo Yam Suf foi muito mais que uma passagem histórica, foi uma lição sobre confiar no Eterno, seguir seus caminhos e celebrar Sua salvação, mas acima de tudo, foi um apontamento profético para a redenção plena no futuro e entrada dos justos no Reino do Eterno e no Olam Habáh. Vamos recapitular o que entendemos com essa reflexão profética.

- O mar aponta para a purificação pela Toráh e a necessidade de se separar do Egito, ou seja, dos sistemas desse mundo.

- O caminho seco representa a segurança em seguir a Palavra do Eterno.

- O juízo sobre os egípcios nos ensina que a rebeldia contra o Eterno leva à destruição.

- A nuvem e o fogo mostram que o Eterno sempre guia e protege aqueles que inserem nele.

- O cântico de Moshê aponta para a redenção final, quando todos considerarem o Eterno o único Elohim.

Assim como Yisrael foi libertado da escravidão egípcia, nós também somos chamados a nos libertar das influências do mundo e seguir o caminho do Eterno, confiando que Ele sempre abrirá o mar diante de nós. O mar, ou seja a Toráh, nos purifica das mazelas deste mundo e nos torna prontos para continuar o caminho até a justiça plena no Reino do Eterno.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)