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sexta-feira, 4 de julho de 2025

Estudo da Parashá Chukat - Yeshua e a serpente de bronze: Cuidado com a idolatria.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 39 – Chukat (Regulamento)

Bamidbar/Números 19:1-22:1

Haftará (separação) Jz 11:1-33 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Jo 3:9-21; 4:3-30


Yeshua e a serpente de bronze: Cuidado com a idolatria.


Neste estudo da parashá Chukat, vamos mergulhar na narrativa da serpente de bronze, um episódio que tem sido amplamente distorcido por interpretações humanas que colocam a ênfase no objeto ou na figura do intermediário, ao invés da verdadeira fonte de cura e salvação: o Eterno. Infelizmente, a teologia cristã tem tomado esse episódio e, com base em ideias fora das Escrituras, atribuído a Yeshua, ou melhor, a JC, um papel e uma natureza que ele mesmo nunca reivindicou. Por isso, este estudo visa restaurar a compreensão verdadeira segundo o Tanakh e os próprios ensinamentos do Mashiach, revelando que é a obediência e confiança no Eterno que salva, não o objeto, nem o homem ou o símbolo.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A porção Chukat (חֻקַּת), a parashá desta semana, está repleta de lições profundas sobre obediência, purificação, disciplina e fidelidade ao Eterno, mesmo diante de provações e perdas. É uma porção cheia de dor e revelações, mas também de esperança para os que se mantêm firmes.

Logo no início da porção, o Eterno dá uma chukat, ou seja, uma instrução que não se explica por lógica humana. É sobre a novilha vermelha (pará adumá), cuja cinza misturada à água servia para purificação daqueles que tocaram em cadáveres. Isso nos ensina algo poderoso, pois a impureza pode ser removida pela obediência, mesmo sem entendermos tudo. A pureza diante do Eterno não vem da lógica humana, mas da submissão à Sua Palavra.

O próximo relato da parashá mostra quando o povo clamou por água, e o Eterno diz a Moshê para falar à rocha, diferentemente da primeira vez, vista em Shemot 17:4-7, quando HaShem determina que ele ferisse a rocha. Mas em vez de falar, Moshê bate na rocha com seu cajado, e por isso, tanto ele quanto Aharon são impedidos de entrar na terra prometida. Uma lição dura, que mesmo os maiores líderes não estão acima da obediência às instruções do Eterno.

Por determinação do Eterno, Moshê acompanha Aharon e sobe ao monte Hor, onde tira suas vestes, e ali é recolhido. O povo chora por trinta dias. Isto representa o fim de uma era. Uma geração está morrendo no deserto, para que outra possa nascer livre da escravidão do Mitsrayim e apta a confiar no Eterno.

O povo murmura novamente e como punição o Eterno envia serpentes ardentes que os atacava. Por conta disso muitos morrem. Então Moshê é instruído a fazer uma serpente de bronze e colocá-la sobre uma haste. O Eterno instrui que quem olhasse para ela, seria curado e viveria. Não era o metal, mas o olhar de arrependimento e confiança no Eterno que curava.

Finalizando a porção, vemos a geração nova começar a conquistar territórios. Eles vencem Sihon, rei dos amorreus, e Og, rei de Bashan. A fidelidade do Eterno se cumpre, mesmo que o povo ainda tropece.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

No deserto, o povo de Yisrael murmurou contra o Eterno e contra Moshê. Em resposta, o Eterno enviou serpentes ardentes que mordiam, e muitos morreram. Quando o povo se arrependeu, o Eterno ordenou a Moshê que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse sobre uma haste. Aqueles que haviam sido mordidos e olhassem para ela realmente arrependidos, seriam curados. A tradição cristã vê nesta serpente uma representação de Yeshua, e nesse aspecto há um ponto válido: ela realmente aponta para o Mashiach. Contudo, o erro está na forma como interpretam essa representação, colocando Yeshua como objeto de adoração, o que contraria o espírito das Escrituras, que sempre ensinam que só o Eterno é Salvador, e que todo profeta, inclusive o Mashiach, age em nome e na autoridade do Eterno, nunca por mérito ou divindade própria. Veremos que não é Yeshua que salva, assim como não era a serpente de bronze que curava.


1. Não era a Serpente que Curava, mas o Eterno

A serpente de bronze era um símbolo, um sinal da vontade do Eterno em curar os que estavam verdadeiramente arrependidos. Lembremos que o Eterno olha a kavanáh (intenção) e sabia quem realmente estava arrependido. A própria narrativa bíblica é clara, pois a cura não vinha da serpente de bronze, mas do arrependimento sincero, da teshuvah e da obediência à palavra do Eterno. Se um culpado olhasse para a serpente apenas com dor, mas sem arrependimento, apenas querendo cura, isso não o salvava. O olhar para a serpente era um ato de demonstração de arrependimento, reconhecimento do erro, e submissão à instrução dada por Moshê, servo do Eterno. Como disse o profeta Yeshayahu (Isaías):


Olhai para Mim e sereis salvos, todos os limites da terra, porque Eu sou El e não há outro. Yeshayahu 45:22


Este versículo mostra que o olhar que salva é para o Eterno, não para qualquer objeto ou homem. Um sinal foi dado para que o arrependido pudesse receber a cura divina. Infelizmente, muitos entenderam errado, e tempos depois começaram a adorar aquela serpente. O mesmo ocorre com o messias, que sendo um sinal do Eterno para as pessoas encontrarem o caminho da cura de seus erros, acabou sendo transformado em objeto de adoração. Sendo assim, colocado no lugar do Eterno que é a própria salvação e quem dá a cura.

Encontramos no Tanakh o relato da serpente de bronze sendo destruída séculos depois por ordem do rei Hizkiyahu (Ezequias) porque o povo havia começado a adorá-la, demonstrando como o objeto havia se tornado ídolo:


Ele tirou os altos, quebrou as colunas e cortou o poste-ídolo; fez em pedaços a serpente de bronze que Moshê fizera, porque até àquele dia os filhos de Yisrael lhe queimavam incenso... Melachim Bet/2Rs 18:4


Segundo o comentário de rodapé do Chumash Plaut, há estudiosos que consideram o relato da serpente de bonze etiológica, ou seja, a origem para comprovar a adoração posterior à serpente. Porém, o fato é que neste contexto encontramos apontamentos proféticos para o mashiach, sua missão e propósito, como instrumento da salvação do Eterno, não de ser em si o salvador. Yeshua, o messias, deve ser reconhecido como profeta e servo fiel e justo do Eterno. Por isso, tendo compreendido que a cura não vinha da serpente, mas da obediência e arrependimento diante do Eterno, é necessário refletirmos sobre como esse princípio se aplica à missão do Mashiach.


2. O Papel do Mashiach é Conduzir ao Eterno, Não Substituí-lo

Yeshua nunca disse que era o Eterno, nem exigiu para si adoração. Yeshua reconhecia que era um mensageiro do Eterno, escolhido para fazer a vontade de HaShem. Ele mesmo afirmou:


Não busco a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou. Yochanan 5:30


Como todo profeta, o papel de Yeshua era conduzir o povo ao arrependimento, à obediência às instruções do Eterno, e à purificação pela justiça. Ele cumpriu o papel do mestre fiel, não do Salvador em si mesmo, mas como instrumento do Eterno. Da mesma forma que os instrumentos na mão do cirurgião não salvam em si mesmos, mas o médico que as usa. Assim como a serpente de bronze foi apenas o canal pelo qual o povo deveria demonstrar submissão à Palavra do Eterno, Yeshua também foi levantado como sinal de arrependimento, e não como fonte de salvação por si.

Yeshua ensinava a guardar os mandamentos, instruía as pessoas a se voltarem para o Eterno, não a confiar nele como divindade:


Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos. Mattityahu 19:17


Essa semana, publiquei um estudo no canal do YouTube comentando este texto de Mateus, para mais informações, depois assista ao vídeo. Vejamos agora sobre o sério problema da idolatria ao transformar o servo do Eterno em salvador.


3. O Perigo da Idolatria: Transformar o Servo em Salvador

O próprio Tanakh nos alerta contra a idolatria disfarçada. Quando qualquer homem, por mais justo que seja, é colocado no lugar do Eterno de forma a substituir ou igualar Sua autoridade, estamos diante de idolatria.

O profeta Yechezkel deixa claro que nenhum justo pode salvar outro:


Ainda que estivessem ali Noach, Daniyel e Iyov, por sua justiça livrariam apenas a sua própria alma, diz o Soberano HaShem. Yechezkel 14:14


Isso mostra que nem mesmo os mais justos entre os homens podem salvar os outros. A salvação pertence ao Eterno. Por isso, atribuir a Yeshua, ou a qualquer outro, a função de “salvador” no lugar do Eterno é distorcer os fundamentos da confiança firme que devemos ter somente n’Ele. É preciso deixar claro que há uma diferença entre expiar e salvar. Expiar é cobrir ou apagar pecados, que é a desobediência à Torá, e isso pessoas justas podem fazer ao praticar atos de justiça, clamando e levando outros a mudarem de atitudes. Já salvação no contexto original, é um ato distinto do que o pensamento cotidiano religioso do cristianismo tem desta palavra. A palavra em Hebraico que corresponde ao termo salvação é (ישועה – yeshuáh) que vem da raiz (ישע - yasha) que significa salvar, mas esse salvar não é um ato espiritual a fim de levar alguém a algum lugar como o céu, por exemplo. No contexto original do TaNaKh salvar tem contexto de livramento de um perigo real e físico, não da alma no contexto cristão. Se analisarmos alguns textos na Torá e nos profetas perceberemos que ela está ligada à causa, ou seja, não está tratando de alma, mas sim de algo terreno, como o livramento do cativeiro egípcio, por exemplo. E existem muitas referências sobre realizações terrenas. Portanto, a salvação é o ato do Eterno enviar ajuda para que o homem possa encontrar um meio de viver. Isso somente ele pode fazer, por isso os ungidos no decorrer da história do povo do Eterno foram sendo enviados como instrumentos de salvação, não como salvadores, temos exemplos conhecidos como Moshê, Yehoshua Ben Nun e Nechemyah, que conduziram o povo à salvação do Eterno em suas épocas. Isso reforça que o padrão já está estabelecido na história de Yisrael. Eles podiam efetivar a salvação do Eterno para possibilitar as pessoas a serem expiadas e por isso, viverem uma vida nova em teshuvah. Dessa forma, fica claro que só o Eterno salva, e para isso, usa seus instrumentos, e Yeshua Hamashiach foi o instrumento mais perfeito que HaShem usou.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


quinta-feira, 26 de junho de 2025

Estudo da Parashá Korach - Como servir ao Eterno sem o Templo físico?

 


Estudos da Torá

Parashá nº 38 – Korach (Corá)

Bamidbar/Números 16:1-18:32

Haftará (separação) 1Sm 11:14-12:22 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) 2Tm 2:8-21; Jd 1-25


Como servir ao Eterno sem o Templo físico?


Como servir ao Eterno sem um Templo físico? Esse tema tirado da Parashá Korach nos mostra que o serviço ao Eterno nunca dependeu de estruturas, mas sim de ordem, santidade e obediência. Quando a terra se abriu para engolir os rebeldes, não foi apenas um juízo, foi uma lição eterna: HaShem zela por Sua ordem e escolhe quem O serve. Hoje, sem Mikdash, ainda somos chamados a servi-lo com temor e responsabilidade. Mas... como? Esse estudo profundo revela como o serviço sagrado continua em nossos dias, com o coração como altar, nosso corpo e nosso lar como Mishkan, e a vida como oferta. Leia e descubra o peso e a honra de pertencer ao Eterno.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Korach, um levita da linhagem de Kehat, se rebela contra a autoridade de Moshe e Aharon, junto com Datan, Aviram (da tribo de Reuven) e 250 homens de renome entre Yisrael. Eles alegam que “toda a congregação é santa” e questionam por que Aharon e Moshe se destacam entre o povo.

No entanto, a motivação real deles era a inveja, o desejo pelo sacerdócio e por isso promovem uma rebelião contra a ordem estabelecida pelo Eterno.

Moshe cai sobre seu rosto em terra, e propõe uma prova: cada um dos rebeldes oferecerá incenso ao Eterno. Aharon também. O Eterno então faz a terra abrir-se e engolir Korach, Datan, Aviram e suas famílias vivas. Depois, fogo consome os 250 homens que ofereceram incenso indevidamente.

Mesmo após esse juízo, o povo murmura contra Moshe e Aharon, acusando-os de matar o povo do Eterno. Uma praga começa a se espalhar, e Aharon, com incensário, corre entre os vivos e os mortos, intercedendo e cessando a praga.

Para confirmar a escolha divina, HaShem ordena que as tribos tragam varas. A vara de Aharon floresce, brota flores e dá amêndoas, mostrando quem foi escolhido para o serviço sagrado.

A parashá termina com instruções sobre o papel exclusivo dos filhos de Aharon no altar e dentro do Mishkan, o serviço dos levitas como auxiliares, o sustento dos levitas através dos dízimos e a oferta que os levitas devem dar dos dízimos recebidos (o dízimo dos dízimos).


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

O Eterno é justo em todos os seus caminhos, e fiel em todas as suas obras. Podemos observar que após a rebelião de Korach, o Eterno reforçou com mais clareza ainda os mandamentos referentes ao serviço sagrado, especialmente dos levitas e dos sacerdotes, os filhos de Aharon. Isso não foi feito por causa de favoritismo, mas para preservar a vida do povo e manter a santidade do serviço. Vejamos isso de forma um pouco mais aprofundado.

Após a terra engolir os rebeldes e o fogo consumir os 250, ainda houve murmuração entre os filhos de Yisrael. Eles diziam:


Vós tendes matado o povo do Eterno! Bamidbar 17:6


O Eterno então, devido a essas palavras, ordena que cada líder tribal traga uma vara, e a de Aharon floresce:


E eis que a vara de Aharon, pela casa de Levi, floresceu; e brotou flores, e produziu amêndoas maduras. Bamidbar 17:8


Fazendo a vara de Aharon florescer e dar fruto, o Eterno mostra a todos que a vida e o fruto só vêm de quem Ele escolheu. O serviço no Mishkan não é por mérito humano, mas por ordem divina. Quem tenta servir sem ser designado, produz morte. Quem serve conforme o Eterno ordena, produz fruto e vida. A função dos levitas e dos kohanim não é privilégio, é peso de responsabilidade. Eles levam a iniquidade do povo sobre si, se houver transgressão. Isso não é para qualquer um. Note que eu estou falando sobre o serviço no Mishkam sempre no presente, apesar de não haver mais templo físico, e isso é proposital, pois está dentro do nosso tema de estudo. Siga em frente e entenda mais.

Observe o texto abaixo:


... e o estranho que se aproximar será morto. Bamidbar 18:7


A palavra “e o estranho”, em hebraico וְהַזָּרvehazar - aqui se refere a qualquer pessoa que não seja da linhagem de Aharon. Mesmo os levitas não podiam tocar no altar ou entrar no Kodesh HaKodashim, pois era uma tarefa sacerdotal. Isso nos mostra que:

  • O serviço sagrado é santo.

  • Cada um deve conhecer o seu lugar designado.

  • O zelo do Eterno pela ordem e pela santidade é absoluto.

Observemos mais um texto:


A ti dei, como porção, todos os sagrados dons... para que nunca mais os filhos de Yisrael se aproximem da tenda da reunião, para não levarem pecado e morrerem. Bamidbar 18:19-22


Pelo texto, confirmamos que o Eterno estabeleceu os dízimos e as ofertas consagradas para sustentar os que ministram no Mishkan. Isso é justo, pois eles dedicam a vida ao serviço. Lembrando que atualmente ninguém pode receber dízimos como se fossem levitas e sacerdotes. Se há alguma congregação que se reúne em algum local, que gera despesas, essas podem ser divididas entre os membros, mas nunca cobrar dízimos alegando que precisa pagar as contas, etc.

Mas os levitas, por sua vez, também devem separar o dízimo dos dízimos:


E aos levitas falarás quando tomardes dos filhos de Yisrael os dízimos da produção deles que dei a vocês como herança, então dareis deles a oferta do Eterno, o dízimo dos dízimos. Bamidbar 18:26


Assim, podemos aprender algumas lições com esses mandamentos que HaShem reforçou após a punição de Korach e seus seguidores, observe abaixo:

- Serviço sagrado é chamado, não escolha pessoal. Quem tenta se intrometer, principalmente por interesses escusos, como Korach, acaba morrendo.

- Cada tribo tem seu papel dentro do povo. Levi não herdou terra, mas herdou o serviço do Eterno.

- Ordem é proteção. O povo devia temer o Eterno e não ultrapassar limites.

- Santidade não é apenas posição, é responsabilidade. Quanto mais próximo do altar, maior o peso.

Devemos refletir no que diz o Salmo:

Quem pode subir ao monte do Eterno? Quem poderá entrar em seu santo lugar? O que tem mãos limpas e coração puro, que não tornam vãos os propósitos de sua vida nem juram votos apenas para engano. Tehilim 24:3-4


Agora que tivemos uma visão acerca dos mandamentos sobre o serviço ao Eterno e quem pode executá-lo, podemos nos debruçar mais detidamente sobre nosso tema e entender como tudo isso se aplica ao remanescente fiel hoje, os que seguem o caminho do Eterno em obediência, mesmo sem haver Mikdash (templo) físico. Observemos então com temor e discernimento como os ensinos dessa parashá e os mandamentos constantes em Bamidbar 17 e 18 se a´licam a nós hoje, filhos de Yisrael dispersos entre as nações, mas que buscamos andar conforme os caminhos do Eterno.


1. O serviço ao Eterno continua, mesmo sem Mikdash

Embora o Templo não esteja erguido, o Eterno não mudou. Seus mandamentos são eternos, e os princípios de santidade, separação e ordem ainda regem o povo. Ao contrário do que pensam muitos teólogos e líderes religiosos, o Eterno não mudou, sua palavra nunca deixa de valer e a visão distorcida de que tudo mudou com a vinda do messias está totalmente enganada e demonstra falta de conhecimento dos princípios bíblicos. Principalmente porque o próprio messias Yeshua disse que veio para tornar os mandamentos de HaShem plenos, conforme lemos em Mt 5:17, ele ensinou que não veio para invalidar a Torá, como dizem os teólogos, mas para mostrar seu verdadeiro significado e propósito. Veio cumprir o que a Torá apontava, revelando o amor do Eterno em sua plenitude. A palavra do Eterno não muda e Yeshua sabia disso, ele entendia o que disse o profeta:


A Palavra do Eterno permanece para sempre. Yeshayahu 40:8


A santidade continua a ser exigida por HaShem, de todo aquele que se aproxima para servi-lo, seja em oração e práticas, ensino, ou liderança. Quando Yeshua mencionou que veio “dar pleno cumprimento” aos mandamentos de HaShem, indica que ele não apenas obedeceu aos mandamentos, mas também os ensinou e deu exemplo de como cumprir, de forma perfeita. Ele revelou a dimensão espiritual, ou seja, de obediência, e amorosa da Torá, que muitos traduzem tão singelamente como Lei, esse ensino de Yeshua mostra que a verdadeira obediência vai além da mera observância externa. 

Muito do que havia no Mishkan (tabernáculo) e no Mikdash (templo) eram apontamentos proféticos, ou como alguns dizem, sombras de coisas maiores. E quando estudamos a Torá temos a oportunidade de entender essas coisas com mais profundidade. Continuemos então mexendo no fundo desse rio de conhecimento da Palavra de HaShem e vendo o que nos é apresentado, como por exemplo: o que é o altar?


2. O altar hoje é nosso coração e nossas ações

Como não há templo, não há altar e dessa forma também não temos sacrifícios de animais, e sabemos que a Torá nos ensina que o Eterno deseja corações obedientes, e portanto, nossos atos de justiça se tornam como ofertas.


Ofereçam ao Eterno sacrifícios de justiça, e confiem Nele. Tehilim 4:5


A oração dos retos é como incenso diante Dele. Tehilim 141:2


O nosso corpo é o tabernáculo/templo onde o Eterno habita, aprendemos isso na Torá ao estudar a parashá Terumáh, em Shemot 25:1-27:19, e o nosso coração é o altar, pois nele reside a kavanáh, a intenção. Se ela for boa e buscar a obediência ofereceremos sacrifício vivo. Rav Sha’ul entendia esse princípio da Torá, pois disse certa vez em uma de suas cartas:


Ou vocês não sabem que seu corpo é um templo do Ruach HaKodesh (Espírito, Mover, Poder, Sopro do Santo), que habita em vocês, e que vocês receberam da parte de Elohim? A verdade é que vocês não pertencem a si mesmos, mas foram comprados por um preço. Então, usem o corpo para glorificar ao Eterno. 1Co 6:19 e 20


O shaliach (apóstolo, enviado) ensinou sobre a responsabilidade daquele que serve ao Eterno, de cuidar do corpo, pois é o templo, honrando ao Eterno com ele de todas as formas possíveis. Isso não era uma mera metáfora dita pelo apóstolo, mas a expressão de uma verdade do TaNaK. Essa verdade nos chama à responsabilidade de cuidar de nossa vida, nosso corpo como presente do Eterno, principalmente, pois é o lugar que ele escolheu habitar.

Quem se apresenta diante do Eterno em hipocrisia, como Korach, Ananias e Shapira (At 5) ou Shimón (At 8), está se arriscando a ser rejeitado. Mas quem serve com temor, verdade e obediência, é aceito.


3. A ordem ainda deve ser respeitada

Estamos compreendendo de forma clara, que mesmo sem o Templo e os sacerdotes atuantes, a estrutura estabelecida pelo Eterno não foi revogada. A liderança verdadeira e todos que servem a HaShem no meio do povo hoje deve seguir o modelo de Moshe e Aharon: humildade, santidade e serviço sacrificial.


Moshe ouviu e caiu sobre o seu rosto. Bamidbar 16:4


Qualquer pessoa que busca glória própria, influência ou poder, está andando no espírito de Korach. Já os que guiam o povo com temor, lembrando-se que o povo pertence ao Eterno, esses fazem conforme a instrução do Santo.


4. O zelo pelo Eterno deve começar em casa

Tu e teus filhos contigo guardareis o sacerdócio. Bamidbar 18:7


O princípio de sermos o templo deve ser estendido ao nosso lar, pois hoje, cada homem em deve ver seu lar como um pequeno Mishkan. Ele é responsável por:

  • Ensinar os mandamentos aos filhos (Devarim 6:7)

  • Separar o que é santo do comum em sua casa

  • Santificar os tempos designados

  • Zelar pela pureza do que entra e sai de sua casa

Não há sacerdócio ativo, mas, mesmo assim, cada um de nós é desde agora, um sacerdote, e portanto, temos a responsabilidade pessoal diante do Eterno. Esse é o motivo para vivermos e servirmos ao Eterno, mesmo se ter o templo físico, já que o templo somos nós mesmos e não podemos e nem devemos agir como Korach.

Concluindo então, a Parashá Korach nos ensina que o serviço ao Eterno nunca foi uma questão de estrutura física, mas de santidade e ordem. A rebelião de Korach foi julgada porque tentou romper os limites santos estabelecidos por HaShem. Hoje, o Templo físico não está de pé, mas a responsabilidade espiritual aumentou: nós nos tornamos o Mishkan, nossos corações são o altar, e nossas ações são os sacrifícios. O chamado do Eterno permanece o mesmo: “Sejam santos, porque Eu sou santo”. Servir ao Eterno, portanto, é viver em obediência, temor, e separação, começando dentro de nós e se estendendo ao nosso lar, à nossa comunidade e a toda obra das nossas mãos. Que não sejamos como Korach, mas como Aharon: chamados, obedientes e prontos para interceder com zelo.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef