Sempre gostei muito da
temática da trilogia cinematográfica “Matrix”. E na semana passada escrevi um
pequeno artigo intitulado “Bem vindo ao mundo real” (se você não leu recomendo
lê-lo primeiro), tomando essa frase do filme Matrix, e contextualizando para
nossa realidade cristã atual. Bem, a verdade é que gostei do texto e da
temática, e coincidentemente ou não, no fim de semana, um dos canais da TV
apresentou o mencionado filme. Assistindo-o novamente, ouvi outra frase, que me
chamou atenção a respeito da nossa vida cristã mais uma vez. É interessante,
como podemos extrair desse filme algumas lições, que pautadas nas escrituras podem
nos trazer ensinamentos práticos. Então, cá estou eu, novamente trazendo uma
reflexão para analisarmos nossas vidas e verificarmos como temos vivido o
cristianismo que professamos. Venha comigo e observe como é interessante
compararmos a ficção com a realidade e assim, aprendermos algo para o nosso
cotidiano. Temos nos evangelhos exemplos dessa forma de pensamento, onde Jesus
utiliza as parábolas para ensinar verdades por meio de histórias que ilustravam
algo prático da vida dos ouvintes. Sendo assim, vamos então começar nossa
reflexão.
No filme, o personagem
conhecido como Neo, depara-se com uma crença de que ele deve ser uma espécie de
salvador da humanidade, livrando-os do cativeiro mental em que vivem por causa
das máquinas. No entanto, ele não se convence de que é essa pessoa, pois se
acha muito comum para ter tal responsabilidade e poder para tal. É importante
pontuar que não quero comparar o mencionado personagem com Jesus, mas com
alguém que deve seguir um caminho. O outro personagem conhecido por Morpheu, que
acreditava ser Neo, o escolhido, o leva para falar com um Oráculo, uma senhora
que na verdade é um programa da “Matrix”, ela detinha o conhecimento de tudo
que acontecia dentro do sistema. Vendo que Neo não acreditava ser o escolhido,
ela disse o que ele queria ouvir, mas lhe dá algumas orientações sobre o que iria
acontecer. Então, Neo acaba tendo que escolher agir, de acordo com a crença de
Morpheu, a fim de resgatá-lo das mãos das máquinas que o tinham feito
prisioneiro. Depois de libertar o amigo o personagem afirma não entender o que
aconteceu, devido ao fato de a oráculo lhe ter dito que não era o escolhido.
Então Morpheu diz que ela tinha lhe dito o que ele precisava ouvir na hora. E
disse ainda outra coisa, que é o tema deste texto, ele disse: “Cedo ou tarde, você vai aprender, assim como
eu aprendi, que existe uma diferença entre CONHECER o caminho e TRILHAR o
caminho.”.
Achei a frase muito
interessante, mais ainda se olharmos para o fato de que as escrituras nos falam
a respeito do caminho. Vejamos o que está escrito no evangelho de João:
“Mesmo vós sabeis para onde vou,
e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais;
e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade
e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” Jo 14.4-6.
Podemos entender claramente
no texto acima que “caminho” refere-se ao próprio Cristo, o único meio de nos
achegarmos a Deus, o Pai. Em se tratando do personagem da ficção, ele sabia a
respeito das coisas que precisava, porém ainda não estava trilhando. Somente
quando passou a acreditar quem ele era e o que poderia fazer, isto é, começou a
trilhar o caminho, é que as coisas mudaram. Na vida real é a mesma coisa.
Muitos cristãos estão bem a par a respeito do caminho, conhecem a respeito de
Cristo, e de seus mandamentos, no entanto, não trilham o caminho. Encontramos
também no livro de Atos dos Apóstolos o termo “caminho”, referindo-se à fé dos
seguidores de Jesus. Vejamos o que os textos dizem:
“Mas,
como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho
diante da multidão, apartou-se deles e separou os discípulos, discutindo
diariamente na escola de Tirano.” Atos 19.9.
“Por
esse tempo houve um não pequeno alvoroço acerca do Caminho.” Atos
19.23.
“E
persegui este Caminho até a morte algemando e metendo em prisões tanto a homens
como a mulheres,...” Atos 22.4.
“Mas
confesso-te isto: que, seguindo o caminho a que eles chamam seita, assim sirvo
ao Deus de nossos pais, crendo na lei e nos profetas,...” Atos
24.14.
Existem outras tantas
referências a respeito do “caminho” nas páginas do Novo Testamento. E dessa
forma, vemos que atualmente, apesar de o cristianismo, que já não é mais
conhecido como “Caminho”, estar bem difundido, ao mesmo tempo está cada vez
mais distante de ser o que era nos primórdios da igreja primitiva. Claro que
não podemos generalizar, apesar de a maioria viver bem diferente do que ensinam
as escrituras, ainda resta uma pequena parcela de cristãos que procuram viver como
o Mestre da Galiléia ensinou.
Quando na ficção o
personagem resolve aceitar sua condição e depois disso passa a realizar coisas
incríveis, libertando pessoas da matrix, a sua própria visão muda em relação à
vida fora do mundo das máquinas. Entretanto, na vida real, muitos permanecem
presos à matrix gospel, conforme mencionei no texto anterior, sendo enganados e
enganando-se de que estão trilhando o caminho.
É importante ter em mente
essa frase: “Há uma
diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho.”
Conhecer não chega nem perto de viver, quanto mais de trilhar. Cristo é o
caminho, e precisa ser trilhado, ou seja, é necessário viver com ele, senti-lo,
ter experiências com Ele. E isso somente poderá acontecer quando se trilha o
caminho, quando se está nele. Conforme diz o apóstolo Paulo “Assim que, se alguém está em
Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez
novo.” 2Co 5.17. Quando estamos em
Cristo, trilhando este caminho coisas sem importância devem ser deixadas para
trás. Seguir ao Senhor Jesus requer um grau de renúncia, assim como todos os
discípulos o fizeram, nós precisamos renunciar nossa vida como a conhecemos
para viver a Cristo. E isso significa ter que sair da matrix em que vivemos, a
fim de vermos a vida real. Para seguir o “caminho” devemos seguir o exemplo do
próprio Jesus, e assim, vivermos a verdadeira vida, onde estendemos a mão ao
necessitado, onde somamos força com quem está fraco e dividimos fardos com
aqueles que carregam fardos pesados. Quando ajudamos a quem precisa, quando
amamos em verdade e não apenas em palavras. Dessa forma estaremos trilhando o
caminho.
Na
ficção, Neo precisa fazer uma escolha que o levou a um caminho melhor, mas nem
por isso mais fácil, pois ele enfrentou cada vez mais dificuldade até cumprir o
papel que lhe era de responsabilidade, ou seja, acabar com a guerra entre os
homens e as máquinas, e para isso houve renúncia e sacrifício. Infelizmente, na
realidade, muitos não estão dispostos a fazer uma escolha que leve a
dificuldades, a renúncias e muito menos a sacrifícios. A religião da atualidade
promete muitas facilidades para os seguidores e isso tira o foco do que o “caminho”
verdadeiramente representa. Ele não é comida e nem bebida, não é bens
materiais, não é festas de todos os tipos de nomes e formas. Esse “caminho” que
precisamos trilhar para alcançar a vida eterna é espinhoso, assim como também o
foi para os seguidores antes de nós. Temos no Brasil atualmente certa liberdade
para seguir o “caminho”, enquanto em outros países como Líbia e Síria,
seguidores de Cristo tem sofrido perseguições sem negarem o caminho que
escolheram seguir. Nossa realidade precisa ser mudada, assim como nosso
cristianismo. O evangelho que pregamos precisa sair da filosofia e ser prático.
Esse “caminho” deve ser seguido conforme Cristo falou com a mulher samaritana
naquele encontro próximo ao poço, em Jo 4.23, ou seja, em espírito e em
verdade.
Sendo
assim, reflita em sua caminhada cristã e observe se você apenas conhece o
caminho ou se está trilhando o caminho. Caso chegue a conclusão de que esteja
enquadrado na primeira situação, acorde e saia da matrix renuncie a tudo e
comece a trilhar o caminho, pois Cristo está próximo de retornar como prometeu,
e quando isso acontecer se estiver fora dele, também estará de fora do grupo dos
que entrarão na cidade pelas portas, conforme Apocalipse 22.14. Trilhe o
caminho alegremente e com verdade de intenção, e certamente verá que o Dono do
Caminho te recompensará com a vida eterna.
Pense
nisso.
Marcelo
Santos da Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário