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sexta-feira, 20 de maio de 2022

Estudo da Parashá Bamidbar (No deserto)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 34 – Bamidbar (No deserto)

Vayicrá/Levítico Nm 1:1-4:20,

Haftará (Separação) Os 2:1-22; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 1:1-12:59


1 - INTRODUÇÃO

Como sempre iniciamos nosso estudo com um resumo, veja a seguir um extraído do site “Chabad”.

A Parashá Bamidbar, a primeira porção do quarto livro da Torá, está principalmente envolvida com o recenseamento do povo judeu feito no segundo mês de seu segundo ano no deserto. Após relacionarem os líderes das doze tribos de Israel, a Torá apresenta os totais de homens entre as idades de 20 e 60 anos para cada tribo, sendo que a contagem totalizou 603.550.

A estrutura do acampamento é então descrita, com a tribo de Levi no meio, guardando o Mishcan, Tabernáculo, e cercada pelas doze tribos de Israel, cada uma na área que lhe foi designada. É feita a designação da tribo de Levi como os líderes espirituais do povo judeu, e seu próprio censo é realizado, à parte do restante de Israel.

A porção da Torá conclui com as instruções dadas à família de Kehat, o segundo filho de Levi, pelo seu papel em lidar com as partes mais sagradas do Mishcan.

2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

Nesta semana iniciamos o estudo no livro de Bamidbar (No deserto), o quarto livro da Torá foi assim intitulado em hebraico, porque nele é narrada a história dos israelitas em sua longa jornada no deserto. Um outro nome que o povo de Israel dá a esse livro é “Chumash Hapecudim” (Livro dos Censos), pelos diversos censos incluídos em seus primeiros capítulos. A bíblia na “Versão dos Setenta” chamou este livro de “Aritmói”, palavra grega que significa Números. O verdadeiro sentido que eles quiseram dar à palavra “Aritmoi” foi o dos censos.

Nesse livro é relatada a história dos B’nei Yisrael em sua longa estadia no deserto; quarenta anos da vida de um povo nômade num lugar estéril; a luta contra a natureza hostil e o desejo de chegar à Terra Prometida.

A Torá da Editora Sêfer, no texto de introdução desse livro, diz que Moisés

é o herói do livro e frequentemente se entrelaçam algumas lendas com dramáticas narrações. O livro de Números/Bamdbar pode ser dividido em três partes, na primeira, que trataremos aqui, narra os últimos acontecimentos ao pé do monte Sinai e as diferentes decisões tomadas por Moisés antes de realizar sua longa travessia pelo deserto; nos capítulos 1 e 2 encontramos ainda os censos das diversas tribos, das quais, como dissemos antes, deriva o título grego do livro.

Depois de conhecer um pouco sobre o livro, passemos ao texto em si.


E falou o Eterno a Moshé no deserto de Sinai, na tenda da reunião, no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, dizendo:” Nm 1:1


Nessa parashá (porção) estaremos iniciando o livro de Bamidbar (Números) e as lições que podem ser aprendidas com o povo de Israel durante sua estadia no deserto. Na verdade esse é o motivo do nome desse livro, o povo estava no deserto recebendo as instruções do Eterno. Podemos perceber nesse primeiro verso que Israel serve a um D’us vivo, pois diz que Ele “falou a Moshe”. Neste período de caminhada do povo pelo deserto do Sinai esta é uma característica fundamental do Eterno, pois Ele como o Criador de todas as coisas poderá guiar o seu povo através de caminhos que Ele mesmo traçou e conhece. Enquanto o povo obedecê-lo não haverá erros.

A palavra que foi traduzida como deserto é “midbar”, e vem da raiz “davar”, que por sua vez significa “falar”. Porém “midbar” não significa somente “deserto” em todo o seu sentido literal da palavra em português, pois ela denota “uma área árida, geralmente cheia de areia e com muito pouca ou nenhuma vegetação”. A palavra original pode apontar para um sítio deserto no sentido de desabitado, e isso fará mais sentido na medida em que o povo de Israel trouxe muito gado consigo quando saiu do Egito.

Observe que a Torá não nos diz que os animais comeram o maná no deserto. Logo podemos inferir que haveria pasto suficiente para eles durante os 40 anos naquele lugar, conforme Números 32:1.


E muito gado tinham os filhos de Rubem e os filhos de Gad, e era em grande quantidade; e viram a terra de Ya’zêr e a terra de Guilead, e eis que o lugar era lugar de gado.”


Como o “midbar” se encontra fora da civilização, constitui-se como um lugar adequado para falar em privado, sem ter que correr o risco de ser ouvido pelos outros povos. Portanto, este lugar, onde se pode falar em privado, chegou a ser chamado midbar que literalmente significa “conversação”. O midbar é o lugar onde se pode falar de coisas íntimas sem ser molestado por outros, como lemos em Oseias 2:14:


Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração.”


Veja como o plano de HaShem de tomar uma noiva, Israel, segue desde a Torá, passando pelos profetas, como lemos em Oseias acima, e finaliza em Apocalipse 12:6:


E ela fugiu para o deserto, para um lugar que lhe havia sido preparado por Deus, para que ali fosse cuidada durante 1.260 dias.”


Então porque razão o Eterno levou Israel ao deserto? Para falar pessoalmente com a sua noiva, entrar no pacto matrimonial com ela e ali entregar-lhe o contrato de casamento (ketubah), a Torá. É um excelente momento para lembrar que a outorga da Torá foi no deserto, na festividade de Shavuot (semanas), cinquenta dias depois de Pessach, e considerando tudo o que aconteceu nessa ocasião, conforme lemos em Ex 19:16-19; e 20:18, podemos perceber os mesmos sinais no que aconteceu em Atos 2.

Esse contrato de casamento (ketubáh), a Torá, não foi entregue na terra de qualquer um, mas sim na terra de ninguém, para mostrar que não pertence somente ao povo de Israel, mas sim a todos os homens da terra.

Em nossas vidas, quando passamos por um deserto, não devemos encarar isso como algo negativo, mas como uma possibilidade de podermos nos aproximar do Eterno, e receber as palavras e instruções do Pai que nos ama e cuida de nós. Nesses lugares, onde aprendemos a depender de D’us e não de nossas próprias forças e capacidades é onde temos mais contato íntimo com nosso Elohim.


Um Midrash na Parashá


De acordo com o site Chabad.org, na parashá desta semana, encontramos um Midrash (Ensino) fascinante no primeiro versículo: "E D'us falou a Moshê no deserto do Sinai.". Esse Midrash explica que a Torá foi outorgada em associação com três coisas - fogo, água e no deserto.

Esse site ainda diz que, Rabi Meir Shapiro dá uma bela explicação sobre a importância destas três coisas. Segundo ele, o traço de caráter que destacou o povo judeu desde o início é o espírito de auto-sacrifício. Isso tem sido sempre evidente no cumprimento das leis da Torá e em nossa aderência à sua fé.

Avraham, o primeiro dos Patriarcas, segundo a tradição judaica, permitiu-se ser atirado a uma fornalha ardente por ter quebrado os ídolos de seu pai, e foi salvo apenas por um verdadeiro milagre de D'us. Por este ato, ele conferiu a todas as gerações futuras a vontade e a força de morrer por seu judaísmo. Algumas pessoas poderiam argumentar que este foi um ato de heroísmo isolado de um indivíduo notável. Deveriam então considerar um segundo exemplo envolvendo todo o povo de Israel. Quando o Mar Vermelho foi dividido, o povo marchou como uma só nação para as águas enraivecidas, a um comando do Criador.

É claro que alguém poderia argumentar ainda que este teste ocorreu em um período de tempo relativamente curto. Deixemos então que considerem o terceiro exemplo, o fato de toda a nação israelita voluntariamente entrar no deserto sem comida ou bebida, não sabendo quanto tempo teriam de lá permanecer. Fizeram isso apenas por amor e lealdade a D'us, como está escrito em Yirmiyáhu/Jeremias "Lembro-Me da afeição de tua juventude... como seguiram-Me no deserto, numa terra que não era semeada" (2:1).

Foi em virtude destes três testes - pelo fogo, água e deserto - que a Torá foi outorgada ao povo judeu como sua possessão eterna. A disposição para desistir de suas vidas pela sua crença em D'us, assegurou nossa sobrevivência até os dias de hoje.

A passagem pelo deserto durante os 40 anos teve como um dos propósitos, preparar o povo para entrar na terra prometida, moldar e transformar os seus corações. Cada um de nós em algum momento da nossa vida, após reconhecermos Yeshua como nosso remidor e exemplo de vida justa, passamos pelo deserto, onde experienciamos o processo de santificação, de Teshuvá, isto é, o retorno ao caminho que nos leva ao Pai, caminho esse que foi reaberto pelo sangue de uma vida justa, derramado pelo Seu Filho, Yeshua.

A Torá nos relata ainda nesta parashá que, após o pecado do bezerro de ouro, o Eterno escolheu a tribo de Levi em substituição aos primogênitos, para servir ao Criador no Mishcan e no Beit Hamicdash. Essa tribo foi dividida em duas partes: os cohanim e os leviím. Eles serviram no Mishcan, no primeiro e no segundo Beit Hamicdash e servirão no futuro quando Yeshua vier e com ele a glória do Eterno.

Haverá um momento em que alguns serão escolhidos como reis e sacerdotes do Rei Yeshua, e isso nos levará ao ápice do fazer a vontade do Eterno depois de uma vida de obediência nesta vida que vivemos. Servir ao Eterno e obedecer a sua Torá aqui e agora é apenas o início para cada um de nós.

Que possamos a cada dia continuar a caminhada em busca de ouvir o que o Eterno quer falar conosco no deserto.


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva)



Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822854/jewish/Mensagem-da-Parash.htm

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771041/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- http://shemaysrael.com/parasha-bemidbar/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/34-_bemidbar_no_deserto.pdf


quinta-feira, 12 de maio de 2022

Estudo da Parashá Bechukotai (Em meus estatutos)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 33 – Bechukotai (Em meus estatutos)

Vayicrá/Levítico Lv 26:3-27:34,

Haftará (Separação) Jr 16:19-17; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 9:1-10:41


1 - INTRODUÇÃO

Bechukotai, é a última porção do Livro de Vayicrá/Levítico, e começa relacionando brevemente algumas das bênçãos e recompensas que o povo do Eterno receberá por seguir diligentemente a Torá e por cumprir as mitsvot.

A parashá então, muda para o assunto que a tornou famosa - a tochachá, a severa admoestação de D'us. A Torá passa a descrever as tragédias que acontecerão ao povo, muitas vezes em termos descritivos, por eles terem abandonado a observância da Torá e suas mitsvot, fornecendo uma lúgubre descrição daquilo que foi a história do povo judeu até este dia.

A porção então continua, e fala agora sobre a santificação dos presentes voluntários ao Templo Sagrado, e o processo pelo qual uma pessoa pode monetariamente redimir aqueles itens santificados para seu próprio uso.

O Livro de Vayicrá conclui com uma breve discussão sobre os dízimos, incluindo uma porção que o fazendeiro deve ele próprio consumir dentro da cidade de Jerusalém, chamada ma'asser sheni.

Observe abaixo, um resumo dos principais aspectos desta parashá:

- Relação entre as bênçãos e a obediência das Mitsvôt – 26:3;

- Relação entre as vitórias e a obediência das Mitsvôt – 26:6;

- 5 obedientes derrotam 100 inimigos - 26:8;

- 100 obedientes derrotam 10 mil - 26:8;

- O Eterno manterá a Aliança para com os obedientes – 26: 9;

- Relação entre o Eterno e seu povo – 26:11;

- Relação entre Força moral e desfazimento das “cadeias” egípcias – 26:13;

- Relação entre maldições e o desprezo e desobediência das Mitsvôt – 26:14-26;

- Relação entre destruição e a desobediência das Mitsvôt – 26:27 até 39;

- O tempo da TESHUVÁ (retorno) – 26:41 até 46;

- Doações/votos particulares por pessoas variadas – 27:1;

- Coisas animais e imóveis doados ao Eterno se tornam consagradas – 27:9; e

- Dízimos (maaser) pertencentes ao Eterno – 27:30.

Assim, veremos que nesta parashá, o Sefer Vayicrá (livro de Levítico) conclui com o fragmento em que Moshé contrasta as diferentes atitudes que seguiram a obediência ou a violação dos filhos de Israel aos mandamentos de HaShem. Vamos aprender que a adesão às leis se traduzia em paz e prosperidade para o povo, e isso é assim até os dias de hoje com todos os que o seguem. E da mesma forma, o que acontecia caso o povo não obedecesse às leis.


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

Se andares nos meus estatutos, guardardes os meus mandamentos e os cumprirdes;” (Lv 26:3)

A palavra “Se”, em hebraico אִםIM, estabelece uma interdependência inevitável entre o destino de Israel e sua conduta, ou seja, apresenta uma condição para o povo de Deus, demonstrando a oportunidade de escolha entre obedecer e não obedecer, mostrando que seu livre arbítrio estava ativo, mas também as consequências das más escolhas. Apesar do relacionamento antigo e especial entre D’us e Seu povo eleito, Israel não desfruta de privilégios especiais, ao contrário do que os cristãos em geral pensam. Suas bênçãos são condicionadas ao seu comportamento e ao zelo com que obedece aos mandamentos Divinos.

A palavra hebraica “im” começa com a primeira letra do alfabeto hebraico, o alef, já a última letra da seção das bênçãos, no versículo 13, é a última letra do mesmo alfabeto, o tav. Como tal, nestes versículos há um resumo de toda a mensagem das Escrituras, desde o princípio até ao fim, desde o alef até ao tav.

Qual é a mensagem?

Se formos fiéis seremos abençoados a todos os níveis. A obediência é que traz bênçãos às nossas vidas.

Por sua vez, a desobediência traz maldições sobre a vida pessoal, familiar e nacional. Se queremos ser abençoados e usufruir da companhia do Eterno, segundo as promessas destes versículos, como é que o podemos lograr, ou seja, como podemos conseguir?

Não é através do estudo da Torá, tampouco é através da oração ou de sacrifícios, mas sim, através da obediência. A obediência é melhor que os sacrifícios, como lemos em 1 Samuel 15:22:


Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Eterno tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros”.


A obediência à Torá de Moisés é o caminho para a bênção. É esse o chamado de Yeshua, que nós, as ovelhas desgarradas, ou segundo suas palavras, as ovelhas perdidas da casa de Israel, retornemos ao seu aprisco.

Perceba que, enquanto os minuciosos aspectos das maldições ou juízos são descritos em 30 versículos (14-43) e as bênçãos em apenas onze (3-13), é óbvio que o peso e a promessa das bênçãos são predominantes.

Nestes poucos versículos iniciais, através de cada bênção a Torá descreve um modelo de vida bastante harmonioso, que podemos entender como etapas a serem galgadas:


  1. A prosperidade econômica como consequência da auto suficiência da terra, não dependendo de importações (vers. 4-5);

  2. Segurança, ausência de medo (final do ver. 5);

  3. Paz na terra (vers. 6);

  4. Força e coragem para sobrepujar os inimigos (vers. 7-8);

  5. Grande aumento populacional mediante alta taxa de natalidade (vers. 9); e

  6. A presença de D’us entre Seu povo (vers. 11-13).


Voltando ainda, para as palavras do primeiro verso dessa porção, temos a palavra hebraica que foi traduzida como “meus estatutos” que é “chukotai”. Um mandamento que é denominado “chuk” é um tipo de mandamento que não tem uma explicação lógica e compreensível à primeira vista, e nós já vimos isso em estudos anteriores. Ele é o tipo de mandamento mais difícil para o homem (não é por causa do peso dele, mas devido à Yetser Hará – inclinação natural que o homem tem para o pecado.), porque não têm apenas que se esforçar para os cumprir, mas também têm que travar uma batalha na sua mente na hora de os obedecer.

Como o homem não entende bem a razão pela qual tem que cumprir esse tipo de mandamento, a mente natural tende a rebelar-se e a desprezar o chuk, cf. v. 15, 43. Por essa razão, a mente que não foi transformada pela Palavra Divina, não ajuda o homem a colocar em prática os mandamentos de caráter chuk. Por isso, sempre repetimos que os mandamentos não são para serem compreendidos ou discutidos, mas são para serem cumpridos.

Os sábios de Israel dizem que este é o mandamento que mais eleva o homem espiritualmente, porque incute no homem uma obediência que desafia as leis da lógica, sem que a mente o apoie e assim obriga-o a subir a um nível espiritual mais alto. A obediência ao chuk está relacionada com a relação pai/filho. O filho não entende por que razão o pai lhe ordena algo, mas obedece simplesmente porque o pai lhe diz, não porque haja uma explicação para que tenha que fazer isto ou aquilo. Por isso, nossa obediência a esse mandamento cria uma relação de obediência num nível mais profundo e com amor. Ainda que não entendamos, obedecemos simplesmente porque o Pai nos disse. E não devemos levar isso, como uma confiança cega, mas é uma confiança plena naquele que em tudo, sabe o que é o melhor para os seus filhos. Sendo assim, o chuk nos eleva acima do natural, do lógico, do que é óbvio, segundo a racionalidade humana, e aprofunda a nossa relação com o Pai celestial.

Com a entrega da Torá, o homem não é mais escravo, é livre. Tem a liberdade para escolher entre a bênção e a maldição, tem o poder na sua boca e nas suas mãos para escolher entre a vida e a morte. Esta autoridade foi dada ao povo de Israel através do pacto no Sinai. Por esse motivo, aprendemos que cada um de nós tem a capacidade de mudar o rumo das nossas vidas. Mas esse poder não o temos por nós mesmos, mas foi-nos dado pelo próprio Eterno.

Através da entrega da Torá e do pacto a Israel, recebemos a autoridade para dirigir as nossas vidas e as vidas dos nossos filhos. E através do Messias, os gentios podem entrar em Israel (deixando assim de ser gentios para ser como os naturais da terra) e obter os mesmos privilégios. Nós podemos escolher como queremos que seja o nosso futuro, e tudo dependerá das nossas escolhas. Se escolhemos servir ao Eterno ou ao mundo. Se escolhermos obedecer aos mandamentos de HaShem ou não.

Tanto a obediência como a desobediência de um indivíduo pode mudar o destino de uma nação inteira. Não é por todos os demais pecarem, que nós também temos que pecar. O propósito é lutar contra a corrente, e ser diferentes, ser santos, ser luz e sal, e por essa razão é que o Eterno separou um povo para si. Não é a toa que Yeshua mencionou isso em seus ensinos:


Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte...Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam a s suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” Mt 5:13-14, 16


Como já dissemos no início desta aula, a obediência aos mandamentos que se encontram na Torá (instrução, direção e ensino do Eterno) que é nada mais nada menos que Gênesis, Êxodo Levítico, Números e Deuteronômio é o caminho para a prosperidade, como está escrito em Josué 1:7-8:


Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a Torá que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares. Não cesses de falar deste Livro da Torá; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido”.


Muitos utilizarão vários textos bíblicos fora de contexto, para fazer afirmações do tipo: “é impossível cumprir todos os mandamentos”; “Deus não deu a Lei para que fosse cumprida porque o homem não é capaz de o fazer”.

Então, daí surge uma pergunta:

Por que razão o Pai celestial deu uma Torá ao homem que é impossível de cumprir? Não diz a mesma Torá que o mandamento não é difícil (Deuteronômio 30:11-16)? Se fosse impossível cumprir a Torá, como é possível que David dissesse de si mesmo que era justo? (2 Samuel 22:21-25).


Retribuiu-me o Eterno segundo a minha justiça, recompensou-me conforme a pureza das minhas mãos. Pois tenho guardado os caminhos do Eterno e não me apartei perversamente do meu Elohim. Porque todos os seus juízos me estão presentes, e dos seus estatutos não me desviei. Também fui inculpável para com ele e me guardei da iniquidade. Daí, retribuir-me o Eterno segundo a minha justiça, segundo a minha pureza diante dos seus olhos”.


Se fosse impossível cumprir a Torá, como é possível que os pais de João Batista o tenham feito? Conforme o texto de Lucas 1:6:


Ambos eram justos diante de Elohim, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Eterno”.


Outros dirão: “A Torá é só para o povo judeu, não para os gentios”.

Se assim fosse, então não haveria pecadores entre os gentios, uma vez que o pecado é a transgressão da Torá, e se não há Torá não há pecado, cf. 1 João 3:4; 1 Coríntios 15:56; 1 Timóteo 1:8-11.

Se a Torá realmente não serve para os gentios, tampouco há pecado entre os gentios, e se não há pecado entre os gentios, os gentios não precisam ser salvos e o Messias morreu em vão, em relação a eles. Há que se refletir bem antes de tirar conclusões precipitadas, pois nenhum juiz dá indulto a um criminoso para que ele continue a transgredir as leis.

O propósito do perdão é que a pessoa adote uma nova conduta. Se o pecado é a transgressão da Lei/Torá, segundo a Bíblia (1Jo 3:4), então para uma pessoa deixar de pecar, deve viver segundo os preceitos estipulados na Lei/Torá. Não com o intuito de ser salvo, porque ninguém se salva por cumprir a Lei (mas sim pela incomensurável misericórdia divina, conhecida por aí como graça), mas como uma consequência do ter sido salvo dos trilhos do pecado.

Que possamos, através do estudo dessa parashá, compreender que devemos ser santos e obedientes aos mandamentos do Eterno, e isso por amor. Entendendo que as recompensas pela obediência virão até nós automaticamente, sem a necessidade de corrermos atrás delas, como muitas vezes é ensinado por aí.

Que o Eterno lhes abençoe!!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva)


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- https://www.cafetorah.com/aspectos-da-33a-parasha-בחוקתי-bechukotai-ou-em-minhas-leis/

- https://www.breslevbrasil.com/2017/05/resumo-da-parasha-behar-bechukotai.html

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/33-_bechukotai_nos_meus_estatutos.pdf

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Estudo da Parashá Behar (No Monte)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 32 – Behar (No Monte)

Vayicrá/Levítico Lv 25:1-26:2,

Haftará (Separação) Jr 32:6-27; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 7:1-8:56


1 - INTRODUÇÃO

Na parashá “kedoshim” (Vayicrá/Levítico 19:9) aprendemos que algumas porções da colheita deveriam ser deixadas para os pobres (os cantos dos campos e o que caía ou era esquecido no campo, etc.). Nesta porção, no entanto, o Eterno pede algo mais aos fazendeiros, donos de terra e plantações, ele pede algo que para nós pode parecer impossível, mas para os que obedecem representa receber as bênçãos da obediência. Estudaremos sobre o ano de “Shemitah”(liberação).

Mas em primeiro lugar, vamos ao nosso resumo dessa parashá, como de costume. A parashá Behar, concentra-se principalmente nas mitsvot referentes à terra de Israel, começando com a ordem de cumprir Shemitá - a mitsvá de deixar o campo sem cultivo a cada sete anos, abstendo-se de plantar e colher. Da mesma forma, a terra em Israel deve permanecer não cultivada no Yovel, ou 50º ano, quando então a propriedade de todas as terras retorna automaticamente à sua herança ancestral.

D'us promete que abençoará a terra no sexto ano, para que produza alimentos suficientes para durar por todo o período de Shemitá. Após descrever este processo, pelo qual os proprietários originais da terra podem redimir sua propriedade ancestral nos anos que precedem Yovel, a porção muda para falar sobre os pobres e oprimidos. Não apenas somos ordenados a dar-lhes tsedacá e fazer atos de bondade, como o ideal seria fornecer-lhes os meios para sair de seu estado de pobreza.

Somos proibidos de receber e pagar quaisquer juros em empréstimos feitos a outros judeus. A Torá então discute os vários detalhes a respeito de servos judeus e não-judeus que trabalham para judeus, e a mitsvá de redimir judeus que são servos de não-judeus. Todos os servos judeus devem ser libertados antes do início do ano Yovel.

A porção conclui repetindo a proibição da idolatria, e as mitsvot de guardar o Shabat da profanação e reverenciar os locais santificados de D'us


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

E falou o Eterno a Moshê no monte Sinai, dizendo: Fale ao povo de Israel: Quando entrarem na terra que eu dou a vocês, a terra deverá guardar um descanso para o Eterno.” Lv 25:1-2


Inicialmente, vejamos o entendimento do nome da parashá, no caso a porção dessa semana é a porção “Behar”. A palavra “Monte” em hebraico é “Har”, e pode indicar “colina, outeiro, região montanhosa, monte, montanha”. O Eterno não falou com Moshê em qualquer lugar, mas no monte. Na Síria e países ao redor de Israel as montanhas eram adoradas e serviam de altares a cultos pagãos, daí podemos entender o que o salmista quer dizer no Salmo 121.1.


Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: de onde vem o meu socorro?”


É importante destacar que do ponto de vista profético nas Escrituras, os montes apontam para os servos do Eterno, aqueles que vivem em obediência à sua Torá. E representa também a autoridade do Eterno em relação aos reinos desse mundo.

HaShem se apresenta em uma montanha para mostrar aos seus filhos que ele é sempre a solução para qualquer que seja o problema apresentado, mas é preciso que também os seus filhos entendam que Ele é o D’us das alturas e é justamente ali, que Ele lhes dará a vitória. Enquanto os outros achavam que a montanha era um D’us, para os israelitas D’us aparecia na montanha.

O comentário da Torá da Editora Sêfer, sobre o descanso da terra para o Eterno, diz que os sábios indagam sobre “O que tem o assunto do ano sabático a ver com o monte Sinai?” “Por que está acentuado que as leis concernentes ao ano sabático e de jubileu (Yovel) foram dadas no Monte Sinai?” “Por acaso os outros mandamentos não foram dados no mesmo local?” E respondem: este fato pretende salientar que toda a Torá, com todas as Mitsvot, prescrições éticas e sociais, foram dadas pelo próprio D’us, nada do conteúdo da Torá tem origem nas fontes estranhas, e ninguém tem o direito de modificá-las ou de emendá-las. O comentário continua, dizendo que a Torá não é comparável a qualquer outra legislação popular, ela não é uma constituição elaborada por juristas versados nos diversos códigos da jurisprudência, a Torá não é uma compilação de regulamentos e estatutos aplicáveis em determinadas épocas, em ocasiões específicas ou em circunstâncias limitadas. Ela não é um manual legislativo com vigência restrita a um certo país, a um certo regime político. Ela é um código moral para a eternidade, para todas as gerações e épocas, dizem os sábios.

A parashá desta semana nos dá uma visão de um assunto delicado. A fé demonstrada na prática, a fé verdadeira, a confiança no Eterno e na sua provisão. Vemos a Torá introduzir um novo conceito, o do ano sabático. Da mesma forma como há semanas de dias, também há semanas de anos. E como o sétimo dia da semana é um dia de cessar qualquer atividade, assim também o Eterno estabeleceu que cada sétimo ano seja para cessar o trabalho agrícola e dar descanso à terra de Israel.


Mas porque o Eterno mandaria o povo guardar o sétimo ano, fazendo dele um ano sabático?


Como vimos na introdução acima, Adonai primeiro manda que os agricultores da terra de Israel deixassem os cantos e as porções caídas ou esquecidas para os pobres da terra e para os estrangeiros, vimos isso na parashá “kedoshim”, e podemos confirmar o cumprimento desse mandamento na história de Rute, em Rt 2.

Porém, nesta semana vemos algo ainda mais sério, eles teriam que observar o “Shemitah”, permitindo que seu campo permanecesse sem cultivo a cada sete anos. Isto com toda certeza não deveria ser algo fácil de se praticar, claro que, olhando com olhos meramente humanos, ou seja, celebrar o Shabat e se manter casher (puro) é uma coisa, mas sacrificar o próprio meio de vida por um ano inteiro parece loucura, mas aos olhos espirituais de quem vive a fé verdadeira, isso seria diferente, seria a demonstração de confiança no Eterno.

Mais uma vez, o comentário da Torá da Editora Sêfer, acerca do verso 4, nos diz que todo sétimo ano, desde o ano da criação do mundo, é um ano sabático, Shemitah em hebraico, durante o qual a terra deveria ficar em repouso. Os produtos que crescessem espontaneamente no campo eram socializados e pertenciam a todos, desde o servo ao estrangeiro, e até mesmo o gado e os animais selvagens da terra. A palavra Shemitah expressa a ação de largar e soltar. No ano da Shemitah, o credor renunciava cobrar o que lhe deviam (Dt 9:2). Além disso, todos eram obrigados a emprestar ao necessitado, dinheiro e alimentos sem juros (Lv 25:37), assim se mantinha o equilíbrio da fortuna, os ricos cobrindo o déficit dos pobres.

E com isso vemos como a sabedoria do Eterno age em sua Torá para instruir o homem a ser melhor e agir de forma a obedecer seus mandamentos enquanto ajuda ao que precisa.

Muitos comentaristas da Torá fazem várias interpretações acerca do mandamento da “Shemitah”, Keli Yacar discorda de muitas delas, mas explica que Adonai teria exigido a cessação de toda atividade agrícola com o objetivo de instruir o povo a confiar exclusivamente em Deus, pois se tivessem permissão de plantar e colher à vontade poderiam pensar equivocadamente que seu meio de vida e sustento deveriam ser atribuídos ao seu próprio esforço. As pessoas poderiam erroneamente pensar que seu próprio controle sobre as forças naturais do mundo estabeleceriam seu destino e sucesso. Por isso, o Eterno institui o ciclo “Shemitah” para que o povo perceba que suas conquistas e realizações dependem completamente da graça e boa vontade Dele. Quando ficassem diante da realidade da colheita inexistente, o povo não teria outra escolha a não ser voltar-se para D’us por sustento e apoio.

Mesmo que nós não sejamos uma sociedade agrícola, ou fazendeiros, e por isso, não possamos apreciar completamente a importância de um ano de “Shemitah”, mesmo assim podemos também tirar uma lição para nossas vidas. Muitas vezes nos tornamos presas do nosso próprio sucesso, e nos damos tapinhas nas costas e nos congratulamos por um trabalho bem feito. E acabamos deixando de perceber a verdadeira fonte de nossa prosperidade. Nos iludimos pensando que:


minha força e o poder de minha mão trouxeram-me esta riqueza” (Devarim/Deuter 8:17).


O Eterno permite que passemos por tempos difíceis para percebermos nossa incapacidade e total dependência Dele.

Se fizermos uma analogia com o cumprimento do Shabat poderemos entender o princípio do ano de Shemitah. O Eterno não nos manda celebrar e guardar o Shabat apenas para que possamos recordar que Ele criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou. É muito mais que isso, quando cumprimos o Shabat, demonstramos que confiamos em D’us e compreendemos que HaShem cuida de nós e não deixará de cuidar. Aquele que guarda o Shabat demonstra que o D’us que ordenou descansar neste dia proverá suas necessidades. E esse princípio é ampliado para o ano de Shemitah.

Outra coisa importante que devemos levar em consideração sobre o Shemitah é que neste ano, de acordo com o site Emunah a fé dos santos, todos os israelitas e gentios, residentes nas terras de Israel, teriam o mesmo direito de se alimentar de tudo o que cresce nos campos. Isso porque todos os vegetais e os frutos que crescem no ano sabático, são santos. Por isso, devem ser tratados de forma digna.


Promessas de D’us para aqueles que guardassem o ano de Shemitah

O Eterno fez três promessas ao povo de Israel, se eles observassem a mitsvá (mandamento) de Shemitah.

1 - D’us prometeu que a colheita do ano anterior ao ano de Shemitá duraria três anos: “Não se preocupem. Abençoarei a terra, de modo que a colheita do sexto ano seja suficiente para o sexto, sétimo e oitavo anos.”

2 - D’us prometeu que “Durante o ano de Shemitá ficam satisfeitos, apesar de comerem pequenas quantidades de alimento. Assim, sua produção agrícola durará.”

3 - E a terceira promessa: “Se guardarem tanto os anos de Shemitá como os de Yovel (Jubileu), estarão seguros em Israel. Porém se não observarem nem Shemitá, nem Yovel, seus inimigos os forçarão ao exílio.”

Shemitah e Yovel e o exílio babilônico


Veja o que o comentário rabínico de Rambam diz: “...o povo de Israel celebrou o primeiro ano sabático, chamado “shemitah”, no ano 21 depois do início da conquista e da distribuição da terra sob a liderança de Josué. A conquista e a distribuição da terra durou 14 anos. O ano 15 foi o primeiro ano do ciclo de sete anos, e o ano 21 foi o sétimo. Segundo um cálculo, decorreram 836 anos desde o ano 15 depois da entrada na terra até à deportação para a Babilônia. Entre estes dois períodos, os anos sabáticos e de jubileu só foram observados 400 anos, e durante os 436 anos não foram respeitados. Durante 432 anos há 62 sabáticos e 8 anos de jubileu, os quais somam 70 no total (62+8=70). O cativeiro babilônico veio quando o povo de Israel tinha deixado de guardar 70 anos sabáticos, como lemos em Vayicrá/Levítico 26:35.


Todos os dias da assolação descansará, porque não descansou nos vossos shabatot, quando habitáveis nela.”


O cativeiro babilônico durou 70 anos, como está escrito em Yermeyahu/Jeremias 29:10.


Porque assim diz o Eterno: Certamente que, passados setenta anos na Babilônia, vos visitarei e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar.”


Nesse texto o Eterno relembra ao povo que se eles obedecessem aos mandamentos e guardassem os shabatot, as bençãos seriam sobre a vida deles. E aprendemos com isso que ao seguir corretamente aos preceitos de HaShem por amor, nós só temos a ganhar, mesmo que tudo esteja ruim ao nosso redor, ele estará conosco. Devemos ser firmes e constantes na decisão de servir ao Eterno e seguir suas instruções.

Que o Eterno lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva)


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://shemaysrael.com/parasha-behar/

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822852/jewish/Mensagem-da-Parash.htm

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771039/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/32-_behar_na_montanha.pdf