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sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Estudo da Parashá Shemot (Nomes) - O Nome do Eterno



Estudos da Torá


Parashá nº 13 – Shemot (Nomes)

Shemot/Êxodo Ex 1:1-6:1

Haftará (separação) Is 27:6-28:13; e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 22:23-33, 41-46


Tema: O Nome do Eterno.


RELEMBRANDO


Na semana passada estudamos na parashá a respeito da ressurreição de acordo com as Escrituras e os escritos nazarenos. E essa semana em nosso estudo, observando no contexto da parashá, vemos o Eterno falando a Moshê o seu nome, e compreenderemos o que é o nome do Eterno.


A PARASHÁ DA SEMANA


Iniciamos o estudo de mais um shabat, e essa semana estudamos o início do sefer (livro) de Shemot, que é o início do segundo livro da Torá, começa citando os nomes dos filhos de Yaacov enfatizando suas gerações por muitos terem se conservado fiéis aos ensinamentos dos Patriarcas, apesar de habitarem no Egito, que era uma nação idólatra.

O faraó que naquele momento governava o Egito, não conhecia os benefícios que trouxe Yosef para o país, que o tornou rico e próspero. Por temer o tamanho do povo hebreu criou Leis cruéis que visavam o enfraquecimento do Povo de Israel através da aflição e sofrimento foram decretadas pelo seu impiedoso poder.

Duas parteiras hebréias, Shifrá e Puá negam-se a cumprir o plano do faraó de matar todo menino hebreu recém-nascido, dispostas a sacrificar a própria vida. Foram recompensadas em sua descendência formada por cohanim, leviim e reis.

Nasce Moshê que é lançado por sua mãe nas águas do Rio Nilo para que sua vida fosse poupada. A filha do faraó, Batia, estende seu braço e salva o menino das águas. Moshê é amamentado por sua própria mãe e depois de desmamado passa a ser criado pela filha de Faraó. Quando já está adulto e conhece que é hebreu sofre com o trabalho escravo do povo hebreu e acaba matando um egípcio em um episódio onde este golpeava covardemente um judeu. Moshê foge para Midian e acaba conhecendo Yitrô e casa-se com sua filha, Tsipora, a mais velha.

D’us se revela para Moshê através do fogo na sarça ardente e lhe incumbe a missão de libertar o povo hebreu do Egito. D’us promete a Moshê que estenderá Sua mão e ferirá o Egito e por haver ainda temor por parte de Moshê, D’us lhe mostra Seu poder através de milagres; transforma um bastão em cobra e novamente em bastão; a mão de Moshê fica com a doença de tsaraat e torna a ficar sã, novamente.

Moshê, acompanhado de sua família, segue para o Egito a fim de salvar seu povo. Mas ao ver que tornou-se ainda maior a ira do faraó impondo mais intensamente sua crueldade sobre os hebreus, Moshê clama a D’us que lhe responde que com mão forte ferirá todo o Egito.

Estudo do Texto da Parashá


O nome do Eterno, o criador dos céus e da terra, é encontrado em todo o TaNaK, e é visto pelo chamado tetragrama, que são as quatro letras do nome do Eterno. Aparece dessa forma porque o hebraico antigo era escrito sem vogais, e as consoantes eram acompanhadas de pequenos pontos que indicavam a forma da fonia das palavras, e atualmente não sabemos a pronúncia correta completa do nome, pois por conta do zelo, o povo deixou de pronunciar este nome e ela foi perdendo-se com o tempo.

Segundo historiadores, a pronúncia exata do nome, ou seja, a vocalização do tetragrama se perdeu por conta do já citado zelo religioso dentre os judeus da época do segundo templo, por volta dos séculos III e II a.E.c. E assim, perdeu-se devido à tradição rabínica de querer ocultar o Nome do Santo dos Santos, devido à interpretação errada do terceiro mandamento, que diz que não devemos usar o nome do Eterno em vão. Nesse estudo veremos o verdadeiro entendimento a esse respeito.

Atualmente vemos muitas discussões e debates a respeito das pronúncias para o nome do Eterno. E de acordo com o site Yeshua Melekh, há ainda grupos que se dizem detentores da pronúncia correta do nome do Eterno. E além de tais afirmações, a ênfase dada a esta pronúncia chega a ser tanta, que parece que o requisito da salvação é o pronunciar corretamente este nome.

De acordo com o que vimos até aqui, podemos compreender que o tetragrama pode gerar inúmeras possibilidades de pronúncias, caso não se saiba a correta, e há acadêmicos que afirmam poder saber pelo menos duas. Por outro lado, temos grupos, que não tem tantos recursos assim, mas afirmam conhecer a pronúncia correta por que o Tanakh diz “povo que se chama pelo meu Nome”. Se o povo tem o nome do Eterno, então, podemos encontrar a pronúncia nos nomes deste povo. Partindo deste princípio, estes grupos divergem em duas possíveis pronúncias, que são muito encontradas nas redes sociais em discussões.

O propósito do nosso estudo não é mostrar ou analisar cada uma das possibilidades do nome, seja dos acadêmicos ou dos grupos que dizem saber pelo povo, mas mostrar que não é necessário saber a pronúncia correta do nome do Eterno, pois o nome é algo muito maior do que meramente a forma de se chamar o Eterno.



Nomes e o Nome

No primeiro verso da parashá que estamos estudando a Torá repete os nomes dos filhos de Yisrael que entraram no Egito, veja:


E estes são os nomes dos filhos de Yisrael que vieram ao Egito com Yaakov, cada um com sua família veio:…” Shemot/Ex 1:1


Aqui neste verso vemos claramente que o Eterno está afirmando que o nome dos filhos de Yisrael que entraram no Egito devem ser notados, mostrando a importância destes nomes devido a algum motivo, pois já estudamos no ano passado, que quando a Torá cita, repete ou exclui algo tem um motivo e devemos estudar mais o assunto e buscar a informação. E essa busca, claro, precisa ser junto ao povo que detém a informação, ou seja, o povo de Yisrael. No comentário de rodapé da Torá da Editora Sêfer traz uma informação a respeito da repetição dos nomes dos filhos de Yaakov, veja abaixo:


O segundo livro da Torá começa citando os nomes dos filhos de Yaakov. O Midrash (Shemot Rabá1) atribui esta repetição ao fato de eles se conservarem fiéis aos ensinamentos dos Patriarcas no meio do Egito idólatra...


Quando lemos esse comentário do Midrash, podemos perceber a importância que a Torá dá à questão do nome, mas não como as pessoas normalmente pensam. O pensamento semita da época em relação ao nome dizia respeito ao caráter da pessoa. Repare que o Midrash mostra que o fato de ser repetido o nome dos filhos de Yisrael era devido a firmeza de caráter deles em ter conservado-se fiéis aos ensinos dos patriarcas em meio à idolatria egípcia, e não pela simples atribuição de seus nomes.

E assim, podemos seguir em relação ao nome do Eterno citado nos diversos textos do TaNaK. Se nome tem a ver com caráter, então vejamos um pouco sobre isso em relação ao Eterno.


E apareceu-lhe o anjo do Eterno numa chama de fogo do meio duma sarça; e olho, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.” Ex 3:2


O Eterno é ruach, não é limitado pela matéria, ele é incompreensível à mente humana, por isso manifesta-se na terra por meio dos seus representantes, os mensageiros ou anjos, conforme vimos no estudo a respeito de anjos do Eterno algumas parashiot atrás. Esses mensageiros do Eterno, quando são seres celestiais algumas vezes se manifestam como chamas de fogo, como vemos o autor da epístola aos nazarenos:


E, quanto aos anjos, diz: faz dos seus anjos ruach, e de seus ministros labareda de fogo.” Hb 1:7


Sabemos que o contexto deste verso é mais amplo, mas cabe no que estamos mostrando aqui. Entendemos também que aqueles que servem ao Eterno têm que iluminar como labaredas de fogo, ou seja, devem cumprir as ordenanças e mandamentos do Eterno, e algumas vezes servir de boca para o próprio Eterno. Que é o caso do que ocorre nesse contexto da parashá Shemot.

Segundo o comentário dessa parashá do site Emunah a fé dos santos, o Eterno não é um D’us de mortos, mas de vivos, e a vida necessita de fogo para existir, uma vez que os sacrifícios diante de HaShem dão-se por meio do fogo e com vinho forte que arde, entre outras coisas, conforme lemos em Nm 28:7. Ainda segundo o mencionado comentário, a nossa entrega ao Eterno é representada pelo fogo, como está escrito em Rm 12:11. Assim, começamos a ver o caráter do Eterno, que é um D’us de vivos.


Disse mais: Eu sou o Elohim do teu pai, o Elohim de Abraão, o Elohim de Isaque, e o Elohim de Jacob. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para YHWH.” Ex 3:6


E é interessante que Yeshua faz menção a essa passagem em Mt 22:32 ao falar sobre a ressurreição dos mortos. Ficando claro para nós que o Eterno é realmente D’us de vivos. E esse fato leva Moshê a perguntar o nome do Eterno, que lhe responde.


E disse Moshê a Elohim: Eis que quando eu vier aos filhos de Yisrael e lhes disser: O Elohim de vossos pais enviou-me a vós, e dirão para mim, Qual é o seu nome?, que direi a eles? E disse Elohim a Moshê: EU SEREI O QUE SEREI. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Yisrael: EU SEREI me enviou a vós. E Elohim disse mais a Moshê: Assim dirás aos filhos de Yisrael: O Eterno Elohim de vossos pais, o Elohim de Avraham, o Elohim de Yistschak, e o Elohim de Yaakov, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.” Ex 3:13-15


De acordo com o mencionado comentário, nestes versos encontramos revelados sete diferentes nomes do Eterno, veja:

1 – Eu Serei o que Serei – Ehiye asher ehiye;

2 – Eu Serei – Ehiye, que é a forma abreviada do anterior;

3 – O Tetragrama, que evitamos escrever para não incorrermos em transgressão, por não sabermos seguramente a correta pronuncia;

4 – O Elohim de vossos pais;

5 – O Elohim de Avraham;

6 – O Elohim de Yitschak; e

7 – O Elohim de Yaakov.

Ainda segundo o citado estudo, o Targúm de Jerusalém, que é uma tradução literal com interpretação rabínica, traduz o verso 14 da seguinte forma: “E a Palavra do Eterno disse a Moshê: Eu sou o que digo ao mundo, Sou, e Fui, e no futuro lhes direi, Sou e Serei. E disse: Assim dirás aos filhos de Yisrael: “Eu Serei me enviou a vós.”

Um Midrash diz: “Eu não sou chamado por nenhum nome permanente; o Meu Nome varia de acordo com o modo em que as Minhas acções são percebidas pelo homem,” o Eterno explicou “quando Eu exercer juízo e os livro do mal, sou chamado de Tsevaot, quando suspendo o castigo de um pecador, sou Shadai, quando Eu sou misericordioso apresento-me como YHWH. O nome “Ehiyé asher ehiyé” significa que da mesma forma que estou com eles neste exílio, assim estarei no futuro.”

A raiz da palavra Ehiye é “hayá”, que significa: ser, estar, existir, fazer, ter, fazer-se, chegar a ser, converter-se e retornar-se. Assim, a raiz do nome do Eterno é “havá”, que significa: ser, estar, existir. A palavra de quatro letras para o nome do Eterno está relacionada com os dois verbos “hayá” e “havá”. Com isso, podemos compreender que o Tetragrama, pelo hebraico, é a forma causativa do verbo “havá”, o qual implica que ele é (eternamente), ele vive (e não pode morrer), sem limite, é auto-suficiente, eterno e imutável. Ou seja, e existe por si mesmo, aquele que está eternamente presente. Ele é a fonte de tudo o que existe, incomparável, sem limite, auto-suficiente, eterno e imutável. Vemos o profeta falar sobre isso:


Quem operou e fez isto, chamando as gerações desde o princípio? Eu o Eterno, o primeiro, e com os últimos eu mesmo” Is 41:4


Isto nos mostra que o Eterno não está dentro do tempo. Está além do próprio conceito de tempo. Implica que ele não necessitava ver o futuro e o passado quando o Messias morreu, por exemplo. E vimos que o nome do Eterno está relacionado com os três patriarcas. Isto implica que ele continua a ser o Elohim destes três, que por hora dorme, mas serão ressuscitados devido a justiça em que viveram.

Há um outro comentário no rodapé da Torá da Editora Sêfer a respeito do nome que diz o seguinte:

D’us tem vários nomes e cada um deles representa a forma como Ele se manifesta aos seres humanos. Quando é benevolente, D’us é chamado “Eterno” (o tetragrama), o Nome que representa Sua misericórdia e eternidade, sendo formado pelas letras as palavras “foi”, “é” e “será”. Em respeito à sua enorme santidade, o Tetragrama não é pronunciado nas rezas ou durante a leitura da Torá conforme está escrito, sendo substituído por Adonay ou HaShem. Quando se manifesta exercendo seu poder de juiz e soberano do universo, Ele é chamado de Elohim (D’us). Quando realiza milagres e atos sobrenaturais, como no período dos Patriarcas, manifesta-se como Shadai (Todo Poderoso ou Onipotente). Portanto, a pergunta de Moisés a D’us pode ser compreendida de forma mais profunda: “Qual é o Seu Nome?” É óbvio que os judeus conheciam os diferentes nomes de Deus; o que eles queriam saber era como Ele pretendia Se manifestar no curso da redenção do Egito: como o Eterno Deus misericordioso, como o Deus do juízo ou como Todo Poderoso Deus dos Patriarcas.

Com isso estamos percebendo que o nome do Eterno é muito mais que a mera forma de chamá-lo de um ou outro jeito, tem muita implicação com seu caráter e revelação ao homem e à sua atuação em nosso meio.


A Pronúncia do Nome


Devemos entender que o mencionado zelo em não pronunciar o Nome do Eterno, não tem origem no TaNaK, veja o seguinte verso:


"E disse: o EternoElohim de meu senhor Avraham, dá-me hoje bom encontro, e faze beneficência ao meu senhor Avraham!" Bereshit/Gênesis 24.12


No verso acima, o servo de Avraham pronuncia o nome do Eterno, o que nos mostra que não se trata de uma escolha de eleição ou status, mas sim, um endereçar.


"Mas Faraó disse: Quem é o Eterno, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Yisrael? Não conheço o Eterno, nem tampouco deixarei ir Yisrael." Shemot/Êxodo 5.2


Faraó adorava vários deuses, não seguia os mandamentos e ele mesmo deixa claro ao dizer que não conhecia o Eterno. Porém, mesmo assim, Faraó pronunciou o Nome e não foi punido por isso. A punição de Faraó foi a de não permitir o Povo partir.

Além de Faraó pronunciar o Nome, Moshê revelou à Faraó o Nome do Eterno.


"E depois foram Moshê e Aharon e disseram a Faraó: Assim diz o Eterno Elohim de Yisrael: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto." Shemot/Êxodo 5.1


Teria Mosheh transgredido ao pronunciar o Nome perante um pagão?


"E disseram-lhes: o Eterno atente sobre vós, e julgue isso, porquanto fizestes o nosso caso repelente diante de Faraó, e diante de seus servos, dando-lhes a espada nas mãos, para nos matar." Shemot/Êxodo 5.21


E também o Povo de Yisrael sabia o Nome e pronunciou o Nome. A pessoas que tanto reclamaram, que desobedeceram no deserto e até criou um bezerro de ouro, seriam mais merecedoras de pronunciar o Nome do que nós?

Portanto, vemos claramente que não há restrição alguma a respeito de pronunciar o Nome, se soubéssemos claramente qual é.

De um lado vemos o zelo por não pronunciar o nome, e de outro vemos a ânsia de grupos que dizem conhecer a pronúncia correta do nome e insistem na necessidade de pronunciá-lo. Mas será mesmo que é necessário saber?

Tanto na Torá como nos Escritos Nazarenos, conhecido como Brith Chadashah ou Novo Testamento, vemos o que realmente é fundamental.


"Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Eterno vosso Elohim." Vayikra/Lv 20.7

"Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo." Kefa alef/1 Pe 1.15-16

A santidade é fundamental para nosso relacionamento com Elohim, e a santidade vem a partir do cumprimento do mandamento. Cumprindo, alcançaremos a vida. Veja outro texto:

Guardareis os meus estatutos e as minhas normas: quem os cumprir encontrará neles a vida. Eu sou o Eterno.” Lv 18:5


Veja que Yeshua também fala sobre a fidelidade nos aproximar ao Eterno.


"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." Jo 5:24


Os que conhecem ao Eterno verdadeiramente e entrarão no Reino são os que cumprem os mandamentos, pois devemos ser santos como Ele é. Por isso, estamos constatando que a ideia de ter que pronunciar um nome não existe em todo o TaNaK, e nem mesmo nos Escritos Nazarenos. Nosso principal objetivo na caminhada que trilhamos em direção ao Reino deve ser a santidade. Vemos nas Escrituras que Yisrael conhecia a pronuncia do nome, mas falhou no caminho da santidade enchendo-se de halachot, levando-os aos exílio.

Veja a oração do Avinu Malkeinu (Pai nosso).


Portanto vós orarei assim: Pai nosso, que está nos céus, santificado seja o Teu Nome.” Mc 6:9


Quando ouvimos as pessoas orarem, ou recitarem a mencionada oração, podemos até pensar que o Eterno não tem nome, porque muitas vezes se utiliza o título "Senhor" ou "Deus". O Eterno conhece os corações, e sabe que quando o se faz dessa forma, é com toda a humildade, respeito e submissão a Ele. Mas é preciso saber que "Senhor" em hebraico diz-se "Baal", assim como também, “marido”. Lembremos ainda que Baal, é o nome de uma divindade pagã, e se atentarmos para uma profecia de Jeremias, não é difícil relacionarmos isso, com o facto do Nome do Eterno estar substituído em quase todas as versões das escrituras pelo título "SENHOR":


"Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal." Jr 23:27


Essa profecia está sendo cumprida hoje, já que o tetragrama foi retirado ou substituído cerca de 6800 vezes nos textos das Escrituras nas traduções, colocando a palavra “SENHOR” no lugar. Eis a importância de sabermos ler nos textos hebraicos para reconhecermos onde estavam estas palavras a fim de ajudar na compreensão dos contextos corretos.


O significado do termo Nome


O termo Nome em Hebraico é (שֵׁם - Shem), mas esse termo não significa simplesmente “nome”. O conceito por trás da palavra shem é muito mais amplo. Vejamos a definição do conceito pelo mais simples e comum a todos os significados, ou seja, vendo que shem realmente significa nome.


"E Hagar deu à luz um filho a Avram; e Avram chamou o nome (shem) do seu filho que Hagar tivera, Yishmael." Bereshit/Gênesis 16.15


De fato shem é o termo nome que é dado às pessoas. Para ficar claro que não estamos desprezando o conceito original do termo e inferindo algum erro de tradução.

Mas, conforme disse acima, shem vai além de simplesmente um nome, pode ser também entendido por fama. Veja o texto abaixo:


"Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Elohim entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama (hashem)." Bereshit/Gênesis 6.4


Encontramos também nessa mesma linha de entendimento, o verso inicial da parashá da semana que vem, onde o Eterno diz a Moshê que se apresentou a ele de forma mais ampla do que a forma como se apresentou aos patriarcas.


Disse D’us ainda a Moshê: "Eu sou o Eterno. Apareci a Avraham, a Yitschak e a Yaakov como El Shaday (o D’us Todo-poderoso), mas pelo meu nome, o Eterno, não me revelei a eles. Êxodo 6:2,3


Segundo o site Yeshua Melekh, de acordo com o conceito de fama, vemos que o nome de David era bastante estimado.


"E, saindo os príncipes dos filisteus à campanha, sucedia que David se conduzia com mais êxito do que todos os servos de Shaul; portanto o seu nome (shemo) era muito estimado." Shemuel alef/1 Samuel 18.30


No entanto, shem não está limitado apenas à fama ou a nome, pois seu conceito vai mais além ainda. No Hebraico, como já sabemos, temos apenas consoantes, e as vogais são dadas através das Nequdot, ou seja, pontos massoréticos. Portanto, quando vemos uma mesma palavra, porém, com o pronunciar diferente, a relação que existem entre elas é bastante forte. No hebraico, como já vimos, existe a palavra (shem - שֵׁם), também temos a palavra (sham - שָׁם) e também a palavra (shum - שֻׁם). Estas 3 palavras são escritas de forma idêntica, usando as mesmas consoantes (שם), pois a diferença está apenas na niqudot, ou no ponto massorético. A palavra shem recebe a niqudot tserê, sham recebe qamets e shum recebe o shuruq.

De acordo com o site citado a pouco, entendendo a diferença entre os termos, vamos analisar o conceito deles sham:


"O nome (shem) do primeiro é Pishon; este é o que rodeia toda a terra de Hawilah, onde há (sham) ouro." Bereshit/Gênesis 2.11


Conforme esta tradução, vemos o termo sham traduzido pelo verbo haver em nossa língua. Mas sham pode signficar haver, como também uma localidade, ou seja, lá. Este verso é interessante pois, conseguimos perceber dois conceitos numa única palavra.

Vejamos ainda outro verso com esse entendimento.


"Não há trevas nem sombra de morte, onde (sham) se escondam os que praticam a iniqüidade." Iyov/Jó 34.22


Sendo assim, observamos que sham representa localidade, como vimos acima. Veja outro verso:


"Para onde (sham) o espírito queria ir, eles iam; para onde (shammah) o espírito tinha de ir; e as rodas se elevavam defronte deles, porque o espírito do ser vivente estava nas rodas." Yechezqel/Ezequiel 1:20


Shammah que aqui foi traduzido como “para onde”, também poderia ser traduzido como “na direção”. Portanto, sham é mesmo localidade e direção. E entendendo que sham é um indicativo de localidade e direção, podemos perceber que shem pode se tratar de domínio. Portanto, segundo o entendimento passado pelo site Yeshua Melekh, e pelos estudos que temos na Kahal Teshuvah, o nome (shem) do Rei tem domínio sobre seu Povo. 

Finalmente, vejamos também o shum, vamos demonstrar que apesar da niqudot diferente, o conceito ainda é o mesmo.


"Além disso, lhes perguntamos também pelos seus nomes (shemahathehom), para tos declararmos; para que te pudéssemos escrever os nomes (shum) dos homens que entre eles são os chefes." Ezra/Esdras 5.10


Com isso, vemos que apesar das niqudot serem diferentes, os termos tem profunda ligação. Porém ainda não para por aí, pois o termo (shem - שֵׁם) está ligado com o termo (shama - שָׁמַע), termo este que podemos encontrar, inclusive no maior mandamento, que é o Shema.


"Ouça (shema) Yisrael, o Eterno nosso Elohimo Eterno  é um." Devarim/Dt 6.4


Podemos ver neste verso que Shema significa ouvir, e da mesma forma, shama significa dar ouvidos ou obedecer. Já mencionei em um estudo anterior sobre a dualidade destes termos e sua compreensão.


"Porquanto Avraham obedeceu (shama) à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis." Bereshit/Gênesis 26.5


Portanto, percebemos que a ideia de um nome não é uma simples combinação de letras, ou de saber e pronunciar o nome correto, mas é uma vida em obediência ao Eterno. Se declarar um nome fosse tão importante assim, Ruth a ex-moabita, teria transgredido, pois não a vemos pronunciando o Nome do Eterno, em Rt 1:16. Porém, mesmo assim, ela é um exemplo de conversão ao Eterno e vida dentro da sua vontade.

Infelizmente, o problema de alguns é entenderem que o nome seja algo para se considerar literalmente, e por causa disso, interpretam textos como 2Cr 7:14 de forma literal, e sendo assim errada.


"E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra." 2 Crônicas 7.14


Devido a essa errônea interpretação, muitos começam a mudar nomes das escrituras, sem o conhecimento dos contextos e da gramática hebraica, como por exemplo Yisrael para Yaoshorul, Yehudi para Yaohudim, Shalom para Shuaoléym, Yeshua para Yaohushua, e muitos outros. Sem contar que sobre o nome de Yeshua, deixam de considerar os incontáveis textos em que, se utilizarmos a guematria, que é o estudo das letras nos textos, encontramos esse nome com esse mesmo formato.

Para finalizar nosso estudo, podemos nos lembrar também do caso das filhas de Tselofechad, em Nm 27:4, onde clamam a Moshê para que o nome de seu pai não se perdesse entre os filhos de Yisrael, por que tinha morrido e não teve filhos homens. Ou seja, o assunto ali era descendência. Vemos que a confirmação do nome não está relacionado com a pronúncia de forma A ou B, mas com a obediência do povo para com os mandamentos do Eterno. Assim, o povo que se chama pelo nome, não quer dizer que eles literalmente tenham ou pronunciam o nome do Eterno em si, mas que eles têm a autoridade ou a eleição de HaSem.

Os que se chamam pelo nome do Eterno são os que vivem de acordo com a sua vontade, sua Torá, ou seja, sua fama, sua autoridade, como descendentes dos patriarcas que o obedeceram em tudo.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Dicionário Português-Hebraico e Hebraico-Português, Abraham Hartzamri e Shoshana More-Hartzamri, Editora Sêfer

- https://www.yeshuamelekh.com.br/o_nome_do_eterno

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/yhwh-o-santo-nome-do-eterno.html

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/13-_shemt_nomes.pdf 

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