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sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Estudo da Parashá Bo - Libertação e o Enfrentamento dos Sistemas Opressivos.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 15 – Bo (Vá)

Shemot/Êxodo 10:1-13:16

Haftará (separação) Jr 46:13-28 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Lc 2:22-24; Jo 19:31-37 e Ap 8:6-9:12.


Tema: Libertação e o Enfrentamento dos Sistemas Opressivos.


Imagine viver em um mundo onde tudo ao seu redor dita como você deve pensar, agir e até no que acreditar. Um sistema que te faz sentir seguro, mas, na verdade, te mantém escravizado. É como uma matrix onde parece estar correto, mas na verdade não está. Parece algo distante? Não é. Mitsrayim/Egito e Bavel/Babilônia não são apenas lugares do passado, eles são apontamentos proféticos claros de sistemas que continuam aprisionando pessoas até hoje.

Na Parashá Bo, o Eterno libertou Yisrael de Mitsrayim com mão poderosa. Mas será que essa libertação foi apenas um evento histórico, ou ela carrega um significado muito mais profundo para nós hoje? E o que Bavel tem a ver com tudo isso?

Se você sente que algo no mundo te prende, te afasta do Eterno e te impede de viver plenamente segundo os princípios de HaShem, então este estudo é para você. Está na hora de entender como esses sistemas ainda funcionam e como podemos sair deles!

Saí dela, povo Meu, para que não sejais participantes dos seus pecados! Ap 18:4. Prepare-se para uma jornada de entendimento e libertação!


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Bo relata os acontecimentos finais antes da saída dos filhos de Yisrael da terra de Mitsrayim/Egito. Nesta porção, o Eterno envia as últimas três últimas pragas contra Mitsrayim: gafanhotos, escuridão e a morte dos primogênitos. É também nesta parashá que o Eterno institui o chag HaMatzot (festa dos pães sem fermento) e o korban Pesach (sacrifício de Pesach), marcando o início do êxodo, ou seja, a saída do Egito.

O Eterno permite o endurecimento do coração de Faraó para mostrar Seu poder e sinais. Gafanhotos cobrem a terra, consumindo tudo o que restou das colheitas após a praga de granizo. Apesar da súplica emocionada de Faraó, ele volta a endurecer seu coração. Uma densa escuridão cobre Mitsrayim por três dias. Apenas os filhos de Yisrael tinha luz em suas habitações. Faraó oferece permitir que os homens de Yisrael saiam para servir ao Eterno, mas as mulheres, crianças e rebanhos permaneceriam como garantia. Mosheh recusa óbviamente.

O Eterno avisa que a última praga seria a morte de todos os primogênitos em Mitsrayim, tanto de homens quanto de animais. Essa praga alcança grande clamor em toda a terra, mas os filhos de Yisrael seriam poupados, se obedecessem aos mandamentos que o Eterno estaria lhes passando. O Eterno estabelece o mês de Aviv como o primeiro mês do ano. Cada família de Yisrael deve separar um cordeiro sem defeito, sacrificá-lo no dia 14 ao entardecer e colocar seu sangue nas ombreiras e na verga das portas. A carne deve ser assada e comida com matzot e ervas amargas, em preparação para a saída apressada. À meia-noite, o Eterno executaria o julgamento anunciado, e todos os primogênitos de Mitsrayim morreriam, desde o filho de Faraó até o dos prisioneiros e os primogênitos dos animais. Há um grande clamor em Mitsrayim, e Faraó finalmente ordena que os filhos de Yisrael saiam imediatamente. O povo de Yisrael, obedecendo às instruções do Eterno, toma empréstimos de prata e ouro dos egípcios.

Cerca de 600 mil homens, além de mulheres e crianças, deixam Mitsrayim em direção ao deserto. Eles levam matzot, pois não houve tempo de preparo do pão fermentado. Esse evento marca o cumprimento da promessa feita pelo Eterno a Avraham, de que seus descendentes seriam libertos da escravidão após 400 anos da promessa feita a Avraham. O Eterno estabelece regras previstas para a celebração de Pesach: somente os membros do povo de Yisrael podem participar; nenhum estrangeiro, servo não circuncidado ou pessoa que não pertença à comunidade pode comer do korban Pesach. Todo o sacrifício deve ser consumido em uma única noite, sem sobras, e nenhum osso de cordeiro deve ser quebrado. Essas instruções são perpétuas para todas as gerações. O Eterno ordena que todos os primogênitos de Yisrael, tanto de homens quanto de animais, sejam consagrados a Ele, como um sinal de redenção que Ele fez ao poupar os primogênitos de Yisrael durante a décima praga. A celebração de chag HaMatzot é instituída como um memorial perpétuo, para lembrar que o povo foi libertado apressadamente de Mitsrayim e saiu da escravidão pela mão poderosa do Eterno. Este evento deve ser transmitido à todas as gerações como um sinal de fidelidade do Eterno.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Ao lermos essa parashá junto com as duas anteriores devemos ver Mitsrayim não apenas como um lugar ou uma situação que ocorreu na história do povo de HaShem, mas como um apontamento profético de um sistema que escraviza e afasta as pessoas do Eterno. Nesse sentido, é possível observar uma relação ou comparação entre Mitsrayim/Egito e Bavel/Babilônia como símbolos proféticos de sistemas opressores e corruptos que escravizam o povo do Eterno e os afasta de Seus caminhos. Ambos representam poderes mundanos que contrariam os mandamentos e vontades do Eterno e tentam manter Seu povo cativo, seja fisicamente ou espiritualmente, ou seja, em relação à obediência aos mandamentos. Esse conceito é sustentado pelas Escrituras, tanto na Toráh quanto nos Nevi'im/profetas, e também é refletido nos ensinos de Yeshua e dos emissários.

A libertação de Mitsrayim é, de fato, um evento central na história do povo de Yisrael e possui diversas camadas de significado espiritual e moral. Esse evento é um marco que revela o poder, a justiça e a misericórdia do Eterno, e deve ser lembrado em todas as gerações, como enfatizado em Shemot/Ex 12:14:


Este dia vos será por memorial, e o celebrareis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.


Mitsrayim como Símbolo de Opressão e Pecado

A Toráh frequentemente descreve Mitsrayim como um lugar de severa aflição e opressão. Em Shemot/Ex 3:7-8, HaShem diz:


"De fato, tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito. Ouvi os seus lamentos por causa dos seus feitores, e sei quanto estão sofrendo."


Outro texto na Toráh que mostra o Egito como um lugar de opressão e afastamento do Eterno é em Shemot/Ex 20:2


Eu sou o Eterno, teu Elohim, que te tirei da terra de Mitsrayim, da casa da servidão.


O próprio Eterno define Mitsrayim como um lugar de servidão, da qual Ele resgata Seu povo. Assim como Yisrael estava preso lá, muitos hoje estão presos a sistemas que os afastam da verdade. Isso ilustra Mitsrayim como um sistema que inflige sofrimento e tenta aprisionar o povo do Eterno através do medo e do engano. Além disso, em Devarim/Dt 4:20, Mitsrayim é chamado de "fornalha de ferro", simbolizando um lugar de purificação através da adversidade, onde o Eterno prova e prepara seu povo, mas também representa aflição e opressão, das quais o Eterno livrou seu povo para que viva conforme seus mandamentos.


Mas o Eterno vos tomou e vos tirei da fornalha de ferro, de Mitsrayim, para que sejais para Ele um povo por herança, como hoje se vê. Dt: 4:20


A opressão de Mitsrayim pode ser entendida como uma metáfora para qualquer sistema ou ambiente que desvirtua as pessoas do caminho do Eterno e as aprisiona em uma existência de pecado e idolatria. A libertação do Egito, portanto, não é apenas a libertação física de um povo, mas também uma libertação espiritual de um sistema corrupto e opressivo.

Os profetas, Nevi’im em hebraico, também usam Mitsrayim como apontamentos proféticos de sistemas opressores e corrompidos. Veja um exemplo:


Ai dos filhos rebeldes, diz o Eterno, que tomam conselho, mas não de Mim, e fazem aliança, mas não pelo Meu Espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado! Que descem a Mitsrayim sem Me consultarem, para se fortalecerem com a força de Faraó e confiarem na sombra de Mitsrayim! Yeshayahu 30:1-2


Também vemos em Yechezkel 23:27:


Assim farei cessar a tua perversidade de Mitsrayim, e não levantarás mais os teus olhos para eles, nem mais te lembrarás de Mitsrayim.


O profeta fala de Mitsrayim como um símbolo de corrupção e do afastamento do Eterno. O objetivo do Eterno é libertar Seu povo não apenas fisicamente, mas espiritualmente, para que não volte a buscar segurança ou influência em sistemas corrompidos.

Aqui nestes textos, Mitsrayim representa um lugar de falsa segurança. Assim como muitos no passado confiaram em Mitsrayim ao invés de confiar no Eterno, hoje há aqueles que defendem os sistemas deste mundo e rejeitam a verdade do Eterno.

Entretanto, o Egito não é o único apontamento profético para um sistema que oprime, corrompe e aprisiona, veremos no próximo tópico mais um lugar que exerceu um papel semelhante e que o faz até os dias atuais.


Bavel como Representação de Corrupção e Influência Negativa

Bavel, ou Babilônia, é outra metáfora poderosa para um sistema pecaminoso. Os profetas frequentemente condenam Babilônia por sua corrupção e influência nefasta. Isaías 47:1-3 profetiza a queda de Babilônia:


Desce, assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão, não há mais trono.


Essa profecia destaca Babilônia como uma força opressora que será inevitavelmente derrubada. De forma semelhante, Yirmeyahu/Jr 51:6-7 descreve Babilônia como "um copo de ouro na mão do Senhor, que embriagava toda a terra."


Fujam da Babilônia! Cada um por si! Não sejam destruídos por causa da iniqüidade dela. É hora da vingança do Senhor; ele pagará a ela o que ela merece. A Babilônia era um cálice de ouro nas mãos do Senhor; ela embriagou a terra toda. As nações beberam o seu vinho; por isso agora, enlouqueceram.


Babilônia é frequentemente associada com a arrogância, a idolatria e a busca desenfreada por poder e riqueza. Essas características são contrastadas com os valores do Eterno, que enfatizam a justiça, a misericórdia e a humildade. Assim como Mitsrayim, Bavel representa um sistema que desvia as pessoas do verdadeiro caminho de HaShem e as corrompe. Atualmente muitos estão presos a ela por meio de sistemas religiosos corrompidos e distantes da verdade, mas que mascarados e vestidos de meias verdades ou sofismas enganam e corrompem pessoas mantendo-as afastadas do Eterno e de seus mandamentos de vida.


Ensinos de Yeshua e dos Apóstolos sobre Sistemas Opressivos

Yeshua e os apóstolos também abordaram temas relacionados a sistemas mundanos e pecaminosos. Em Mateus 23:13, Yeshua critica os líderes religiosos que desviavam as pessoas do verdadeiro caminho:


Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando.


Yeshua frequentemente confrontava aqueles que, com suas práticas corruptas e hipócritas, desviavam as pessoas da verdadeira devoção ao Eterno.

Em João 8:34, Yeshua fala sobre o pecado como uma forma de escravidão:


Em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.


Pecado é qualquer transgressão ou desobediência à Toráh, de acordo com o que diz 1Jo 3:4. Essa ideia de escravidão ao pecado ecoa a condição do povo de Yisrael em Mitsrayim, onde estavam fisicamente e espiritualmente oprimidos, pois muitos tinham se deixado dominar pelas práticas egípcias. Assim como os filhos de Yisrael foram libertos da escravidão no Egito, Yeshua ensina que a verdadeira escravidão é a do pecado, a transgressão à Toráh, que mantém as pessoas presas longe do Eterno. O mestre compara essa condição com a de um servo que não tem liberdade dentro da casa do seu senhor. Assim como o Eterno tirou Yisrael de Mitsrayim, Yeshua aponta para uma libertação mais profunda, a do coração e da mente, para que o povo viva verdadeiramente segundo os caminhos do Eterno.


"Vós sois de vosso pai, aquele que se opõe, e quereis satisfeitos os desejos dele. Ele foi homicida desde o princípio e não encontrou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele fala mentira, fala do que Ele é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” Jo 8:44


Aqui, Yeshua mostra que há um sistema de engano no mundo, que prende as pessoas na mentira e as mantém afastadas do Eterno, assim como Faraó manteve Yisrael cativo em Mitsrayim. Esse "Mitsrayim moderno" tenta desviar as pessoas da verdade, tornando-as escravas de falsas doutrinas e práticas que não vêm do Eterno.

Os apóstolos reforçam essa visão de que há um sistema de escravidão que prende as pessoas, da mesma forma que o Egito aprisionou o povo.


Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-se escravos daquele a quem obedecem: escravos do pecado que leva à morte, ou da obediência que leva à justiça? Mas, graças ao Eterno, porque, embora vocês tenham sido escravos do pecado, passaram a obedecer de coração à forma de ensino que lhes foi transmitida. Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça. Rm 6:16-18


Sha’ul ensina que há dois senhores, ou a pessoa serve ao pecado e está escravizado pelo sistema que se opõe ao Eterno, ou serve à justiça, vivendo conforme os mandamentos do Eterno. Da mesma forma como Yisrael foi tirado do Mitsrayim para servir ao Eterno, aquele que abandona o sistema de corrupção e o pecado passa a caminhar em obediência. É simples e não tem mistério algum! Se você vive longe da Toráh está em pecado, portanto preso ao sistema, e precisa se libertar.

Paulo também exorta os crentes a não se conformarem com os sistemas mundanos. Em Romanos 12:2, Sha’ul/Paulo escreve:


E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Elohim.


Essa exortação é um chamado à resistência contra a conformidade com os valores pecaminosos do mundo. Ainda encontramos exortações em Gl 4:3-5, onde o apóstolo compara a escravidão de Mitsrayim com a servidão aos rudimentos do mundo, ou seja, os sistemas e padrões que foram excluindo as pessoas do Eterno. Assim como Yisrael foi libertado, aqueles que seguem os Caminhos do Eterno e as palavras de Yeshua são chamados para sair dessa servidão e viver como filhos d'Ele. Semelhantemente, em Ef 2:1-2, Sha’ul ensina que o "curso deste mundo" é semelhante ao Mitsrayim: um sistema que mantém as pessoas afastadas da vontade do Eterno e presas na desobediência. A libertação desse "Mitsrayim" vem pela obediência aos mandamentos e pela confiança firme no Eterno. Porque será que os sistemas cristãos sempre dizem que não precisam obedecer aos mandamentos do Eterno, que basta viver a graça? Será que não estão te enganando? Buscando te manter preso em suas teias e distantes do Eterno como Yeshua e os apóstolos falaram? Pense nisso!

Em 1 João 2:15-17, Yochanan/João adverte contra a atração dos sistemas mundanos que desviam as pessoas de HaShem:


Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo. O mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Elohim permanece para sempre.


Essas passagens reforçam a necessidade de buscar a vontade de Elohim e resistir às influências corruptoras do mundo, incluídos aqui estão os sistemas religiosos. Em Revelações, conhecido como Apocalipse, encontramos uma mensagem clara para todos que estão presos conscientes ou inconscientes no sistema.


E ouvi outra voz do céu, dizendo: Saí dela, povo Meu, para que não sejais participantes dos seus pecados e para que não recebais das suas traduções. Ap 18:4


Assim como Yisrael foi chamado a sair de Mitsrayim, ainda há um chamado para que o povo do Eterno abandone os sistemas corrompidos que aprisionam e afastam da verdade. Esse “Mitsrayim moderno” pode ser visto como qualquer estrutura de poder, ideologia ou cultura que se oponha aos Caminhos do Eterno e prenda as pessoas na desobediência.

Voltando ao TaNaK, o rei Sh’lomoh/Salomão nos deixou uma orientação clara sobre isso.


Confia no Eterno de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas. Não seja seguro a seus próprios olhos; teme ao Eterno e aparta-te do mal. Pv 3:5-7


Esse ensino do sábio Salomão reforça que a verdadeira libertação não vem pela força humana ou pelo próprio entendimento, mas sim pela confiança firme no Eterno e pela obediência aos Seus mandamentos. Assim como Yisrael foi libertado de Mitsrayim para seguir nos caminhos do Eterno, cada um deve abandonar os sistemas e influências que lhes afastaram da verdade e assim, caminhar conforme as Escrituras.


A Comparação entre Mitsrayim e Bavel

Tanto Mitsrayim quanto Bavel servem como metáforas para qualquer sistema que se opõe à vontade de HaShem e tenta aprisionar as pessoas em pecados e idolatrias, conforme demonstramos acima. Mitsrayim simboliza a escravidão, enquanto Bavel representa a corrupção e a influência negativa que leva à idolatria e desvio do caminho do Eterno. Essas comparações são consistentes nas Escrituras e nos ensinamentos de Yeshua e dos apóstolos, ressaltando a importância de buscar a libertação obedecendo aos mandamentos e permanecer fiel ao Eterno.

A libertação de Mitsrayim é, portanto, mais do que um evento histórico, mas um modelo profético pata todas as gerações. É também um símbolo eterno da redenção divina e um lembrete contínuo da luta contra os sistemas opressivos e pecaminosos de todas as épocas. Hoje o Egito e a Babilônia representam qualquer sistema, religioso ou não, que escraviza, corrompe e afaste as pessoas do Eterno. Assim, todas as gerações são desafiadas a sair de Mitsrayim, rejeitando tudo o que nos afasta de HaShem e andando em Sua verdade, com obediência e confiança nele. O chamado do Eterno é constante: Saia de Mitsrayim e Bavel! Viva para ele!


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

 


Estudos da Torá

Parashá nº 15Bo (Vá)

Shemot/Êxodo Ex 10:1 – 13:16

Haftará (separação) Jr 46:13 - 28 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) 1Co 11:20-34; Gl 5


Tema: Aprenda a usar a liberdade.


No estudo dessa semana temos a oportunidade de refletir a respeito da liberdade. A liberdade que o povo de Yisrael recebeu ao ser liberto do domínio egípcio. A liberdade que o messias trouxe para todos que desejam seguir o padrão de vida estabelecido pela Torah. E refletiremos sobre o que é feito dessa liberdade. Será que sabemos usufruir dela? O apóstolo Paulo fala sobre esse assunto em sua carta aos Gálatas, veremos como o assunto está ligado.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

No resumo dessa parashá, vemos o Eterno falar para Moshê e Aharon irem até o faraó para que este liberte o povo hebreu da escravidão, e se assim não o fizer, D’us castigará o Egito enviando a 8a. praga, a de gafanhotos, que cobrirá toda a terra e acabará com todo alimento e plantações que restaram, após a praga de granizo.

Ao saber que Moshê pretendia levar todo o povo hebreu, homens, mulheres, crianças e todo o seu gado, o faraó não permitiu que todos partissem, mas apenas os homens. O faraó volta as costas para Moshê e Aharon e então o Eterno manda os gafanhotos, dando início a destruição. A praga só é interrompida quando o faraó novamente implora a Moshê que reze a D’us para que interrompa a praga. Mas logo em seguida, assim que desapareceram os gafanhotos, endureceu novamente seu coração não deixando os hebreus partirem. D’us então envia a 9a. praga: a escuridão completa. As trevas só afetavam os egípcios que permaneciam no mesmo lugar, sentados ou em pé, sem poder se mover por três dias, e somente para os hebreus havia luz. O faraó apela novamente para Moshê, mas permite que partam desde que deixem seu gado para trás. Moshê não concorda, pois o gado servirá de oferta de sacrifícios para D’us. O faraó então não os deixa partir.

D’us envia a última praga ao Egito: morte aos primogênitos. D’us instruiu Moshê e Aharon sobre o mês de Nissan que será para o povo de Yisrael o primeiro dos meses do ano e todos os detalhes envolvendo o Cordeiro Pascal, que seriam preparados para a refeição que precede o Êxodo. O sangue dos cordeiros foi colocado como sinal nas casas dos hebreus para que D’us "saltasse" sobre suas casas, ferindo somente os egípcios.

O Eterno estabelece a comemoração de Pêssach e a proibição de ingerirmos alimentos fermentados. Também nos instrui, através de Moshê e Aharon, sobre a obrigação de todos os anos, nesta data, relatarmos o Êxodo do Egito e os milagres com que Ele nos libertou da escravidão a nossos filhos, em todas as gerações. A parashá termina estabelecendo a mitsvá de Pidyon Haben (Resgate do Primogênito) e da colocação de tefilin.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO

Conforme já mencionei, a parashá Bo fala das últimas três pragas que caíram sobre o Egito, e consequentemente o Êxodo do povo Hebreu.

E da mesma forma que nas ocasiões anteriores o faraó não deixa o povo sair, o que culmina com a morte dos primogênitos e a saída do povo de Yisrael, em liberdade, das terras egípcias. E aqui começamos a ver um grupo de pessoas constituídos não apenas de hebreus, mas também de pessoas de outras nações saindo do Egito, inclusive egípcios que se converteram ao D’us de Yisrael. Todos eles saíram libertos da escravidão e da tirania daquele faraó. Mas eles ainda não eram um povo, pois para isso necessitariam de Leis, que receberiam no Sinai. A liberdade e ser um povo requer algumas coisas, que muitas vezes são desprezadas, e falaremos sobre isso.

Encontramos no site Chabad uma mensagem dessa parashá muito interessante que passo a transcrever abaixo:

Nessa porção semanal lemos que D’us falou a Moshê e Aharon para que transmitissem uma ordem aos filhos de Israel. Deveriam orientá-los para que começassem a preparar alicerces para a futura construção do Tabernáculo de D’us. Esta ordem parece pouco realista e prematura, visto ser dada em meio à escravidão e ao sofrimento.

O objetivo de liberdade de uma nação geralmente encontra expressão em alguma proeminente instituição física ou espiritual. A liberdade do Egito encontrou sua expressão nas pirâmides, as quais nada mais eram que túmulos glorificados para os reis, às custas da miséria de milhares de escravos. A antiga Grécia, após ganhar sua liberdade dos Persas, construiu templos na Acrópole, glorificando o corpo humano.

Israel, ao ganhar sua liberdade, tinha como objetivo o Sinai, onde após lhe ser entregue a Toráh, todo o povo se uniu para construir um Tabernáculo onde deveria repousar a Presença Divina. A essa finalidade, todo o Êxodo foi dedicado desde o início. E, de fato, ao estudarmos a história de Yisrael, após sua entrada na Terra Prometida, encontramos o clímax de toda a história judaica, quando o rei Salomão construiu o Templo de Jerusalém.

O significado espiritual da Porção Bô constitui um desafio ao mundo de hoje, onde cada vez mais, pequenas nações conquistam sua independência. Ao nível individual pode ser sentida mais intensamente se levarmos em conta as condições econômicas que tendem a dar-nos cada vez mais tempo livre. O que fazemos com este tempo livre? Há duas chances: ou é tão mal aplicado a ponto de nossos dias tornarem-se uma fonte de aborrecimentos, ou por outro lado, seguindo o exemplo de Yisrael, utilizamos nossos dias para preparar os "alicerces para o Tabernáculo de D’us".

Vamos então refletir em algumas questões a respeito da liberdade que o povo de Yisrael recebeu. Eles receberam a liberdade e como eles a usaram? Como agiram no decorrer da caminhada? Veremos textos de parashiot posteriores.

- Medo e falta de confiança.

¹⁰ Ao aproximar-se o faraó, os israelitas olharam e avistaram os egípcios que marchavam na direção deles. E, aterrorizados, clamaram ao Senhor.

¹¹ Disseram a Moisés: "Foi por falta de túmulos no Egito que você nos trouxe para morrermos no deserto? O que você fez conosco, tirando-nos de lá?

¹² Já não lhe tínhamos dito no Egito: Deixe-nos em paz! Seremos escravos dos egípcios! Antes ser escravos dos egípcios do que morrer no deserto! " Êxodo 14:10-12


- Queixas pela falta de algo.

Chegaram a Marah, mas não podiam beber a água de lá, pois era amarga. Esse é o motivo de a chamarem Marah (amargor). O povo queixou-se de Moshê e perguntou: O que beberemos? Moshê clamou ao Eterno; e o Eterno mostrou-lhe um pedaço de madeira, que, ao ser lançado na água, tornou-a de sabor agradável. Ali o Eterno estabeleceu para eles leis e regras de vida, e ali ele os testou. Ele disse: Se vocês ouvirem com atenção a voz do Eterno, seu Elohim, e fizerem o que ele considera certo, prestarem atenção às suas mitsvot e guardarem sua leis, eu não atingirei com nenhuma das doenças com as quais afligi os egípcios, pois eu sou o Eterno que cura vocês. Ex 15:23-26


- Saudade das coisas do Egito.

Ali, no deserto, toda a comunidade do povo de Yisrael queixou-se de Moshê e Aharon. O povo de Yisrael lhes disse: Desejaríamos que o Eterno tivesse usado a própria mão paranos matar no Egito. Ali nos assentávamos à volta de panelas com carne cozida e dispúnhamos de alimento conforme desejássemos. No entanto, vocês nos tiraram de lá e nos trouxeram a este deserto para fazer toda a assembleia morrer de fome. Êxodo 16:2-3


- A recusa em obedecer ao mandamentos.

Moshê disse: Hoje comam isso; porque hoje é um shabat para o Eterno. Hoje vocês não acharão no acampamento. Juntem-no durante seis dias, mas o sétimo dia é o shabat, nesse dia, não haverá nada. Contudo, no sétimo dia, algumas pessoas saíram para recolher e não encontraram nada. Êxodo 16:25-27


É importante notar que o objetivo de o Eterno ter libertado Yisrael era para que eles se tornassem um povo, uma nação santa. E para isso acontecer eles deveriam se atentar para as orientações do Eterno, isto é, obedecer aos mandamentos. Isto significa construir o tabernáculo, não o físico e local, mas o que é o corpo e a vida de cada indivíduo.


Agora observemos também a liberdade que cada um de nós recebemos à partir do messias Yeshua. E para isso, vejamos o que Shaul HaShaliach fala em sua carta aos Gálatas no capítulo 5.

Em meu E-book Entendendo os textos de Paulo, podemos perceber que ao lermos os textos dos capítulos anteriores ao capítulo 5, poderemos perceber que o Apóstolo Paulo está falando de seu evangelho, de ex-gentios tornarem-se filhos de D’us, e também de salvação pela Fé (emunáh – firmeza, confiança, obediência) no Messias, está dizendo que antes da salvação o homem era escravo da natureza pecaminosa, veja o que ele diz em Gl 4.8:

No passado, quando vocês não conheciam a D’us, serviram como escravos a seres que na realidade não são deuses.”

O Apóstolo está falando dos crentes não judeus, que antes de conhecerem a Yeshua, eram idólatras, entre outras coisas. Com isso, podemos perceber que o contexto desses capítulos é a justificação e a libertação, a qual o Messias trouxe àqueles que depositam sua confiança no D’us de Yisrael, através dele. O Apóstolo não está de maneira nenhuma, colocando-se contra a Lei de D’us, ou dizendo que ela foi abolida. Ao contrário disso, ele está dizendo que a observância legalista dela não traz nenhum benefício. Se lermos essa carta com cuidado poderemos entender perfeitamente o assunto tratado em seu escopo.

O fato é que, apareceram algumas pessoas que se diziam verdadeiros crentes em Yeshua, mas seus verdadeiros objetivos eram escusos, pois eram religiosos legalistas. É o que Sha’ul chama de “outro evangelho”, ou de “evangelho falso”, como podemos ver:

“Estou estarrecido com o fato de vocês terem me trocado tão rapidamente, àquele que os chamou pela graça do Messias, por outras supostas ‘boas-novas’, que não são boas-novas de forma nenhuma! A realidade é que certas pessoas estão aborrecendo vocês e tentando perverter as genuínas boas-novas do Messias...” Gal 1.6-7.

Note que Sha’ul (Paulo) está repreendendo os crentes da Galácia por terem-no rapidamente trocado por outros mestres, que vieram lhes trazendo ensinamentos diferentes acerca da justificação. Entretanto, tais ensinamentos não eram apenas ideias diferentes das que ele tinha ensinado, mas deturpadas e contrárias à Verdade contida nas Escrituras que o Apóstolo lhes tinha apresentado. A verdade é que o Evangelho, ou Boas Novas, só são verdadeiras se forem do Messias, que é de acordo com a Toráh, qualquer outra mensagem será falsa, e é isso que ele passa através de seus textos.

Agora, para uma boa compreensão do contexto, é necessário que relembremos o que é essa observância legalista da lei.

Uma vez que dizemos que a carta fala da justificação pela Fé (emunáh – firmeza, confiança, obediência) em detrimento das obras da lei (ma’assei hatoráh), necessitamos entender isso de forma correta. David H. Stern, em sua obra “Comentário Judaico do Novo Testamento”, define o legalismo como “o falso princípio de que D’us concede aceitação às pessoas, considerando-as justas e dignas de estarem em sua presença, com base na obediência delas a um conjunto de regras, e isso à parte de colocarem sua confiança em D’us, sujeitando-se aos cuidados dele, amando-o e aceitando o seu amor por elas.” É fácil entender o que é legalismo, quando percebemos que Paulo queria dizer que seria uma prática meramente ritualística, sem princípio verdadeiro nas Escrituras, como invenções e costumes humanos criados a partir das Leis ou Mandamentos dados pelo Eterno, com a clara intenção de alcançar a justificação por meio deles. É contra isso que o Apóstolo estava falando, e não contra os Mandamentos ou Leis em si mesmos. Paulo estava pregando contra aqueles que insistiam em que os ex-gentios salvos em Yeshua, deveriam guardar os ritos da Lei, como o da circuncisão, por exemplo, antes da plena compreensão, para serem justificados.

Então, quando vemos algumas pessoas falando sobre judaizar a igreja, percebemos que elas não sabem seu significado, pelo fato de entenderem o texto de Paulo de forma errada. “Judaizar” na verdade, conforme os textos que estamos lendo, seria exigir que um não judeu se converta ao judaísmo ou vire judeu, a fim de que possam serem justificados pela pela prática legalista dos mandamentos, e era o que aquelas pessoas estavam fazendo com os gálatas. Exemplo disso é o que Paulo fala nessa carta sobre a circuncisão, que é para os judeus de sangue e para ex-gentios que queiram fazer parte da aliança demonstrando entendimento e amor ao Eterno. Os gentios que se aproximam do povo de D’us não precisam se circuncidar logo que chegam a fé, sem entendimento algum, conforme lemos em Atos 15. Porém, há Mandamentos que devemos começar a cumprir logo que nos aproximamos do povo e do Eterno, porque são para todos, é a Palavra de Deus também.

Sendo assim, a liberdade que o Apóstolo está falando no capítulo 5, não se trata de estar livre para não obedecer às Leis de D’us, mas a liberdade da escravidão do pecado, que é a transgressão da Lei, conforme 1Jo 3:4. A liberdade da condenação advinda do pecado, que é mencionada no capítulo 4, por isso ele fala de justificação pela Fé, e a tentativa de justificação por cumprir a circuncisão. Veja os versos 13 a 15:

“Porque, irmãos vocês foram chamados para serem livres. Apenas não permitam que a liberdade se transforme em desculpa para darem margem à sua velha natureza. Ao contrário, sirvam uns aos outros em amor. Porque a Torah toda é resumida em uma frase: “Ame o próximo como a si mesmo”. Mas se vocês se morderem e arrancarem pedaços uns dos outros, cuidado: vocês acabarão se destruindo!”.

O foco do autor é combater a velha natureza e não o cumprimento das Leis de D’us, até porque elas são santas, justas e boas, conforme o Apóstolo Paulo fala em Romanos 7.12. E se são boas, por quê Sha’ul as combateria, afinal? Isso nos comprova a falibilidade dessa teologia ensinada e pregada nas igrejas, emissoras de rádio e em programas de tv. Uma teologia sem o contexto correto das Escrituras, sem verdadeiramente as Escrituras, pois se estudassem com sinceridade, humildade e verdade, poderiam perceber seus erros, assim como também um dia eu e muitos outros que agora abraçam a Visão da Restauração perceberam.

Finalmente, ao ler o texto em estudo, precisamos compreender que o Eterno está transmitindo, através de seu Ruach (Espírito), pelos escritos de Paulo, que a liberdade dada pelo Messias (primeiramente para os judeus que creram Nele, e a nós que éramos gentios e fomos enxertados em Israel, por meio da Fé no testemunho Dele, conforme Romanos 11) é para vivermos verdadeiramente como filhos que entendem sua responsabilidade no Reino do Pai. Recebemos a liberdade do poder do pecado e não da Lei do Eterno. Sha’ul quer transmitir que a liberdade recebida não pode nos conduzir de volta ao pecado e à carnalidade, e que por meio da Fé no testemunho de Yeshua, temos agora condições de obedecer às Leis e Mandamentos porque somos salvos, e não para sermos salvos através delas. Até porque, salvação significa exatamente receber de D’us condições de viver, porque estávamos destinados a morte, e a vida Eterna nós recebemos ao obedecermos as palavras da Torá de HaShem. Por esse motivo devemos voltar às raízes da nossa Fé e ao contexto original das Escrituras, a fim de buscar compreensão verdadeira de vivermos o caminho que foi preparado para vivermos, a Torá. E dessa forma usar a liberdade que recebemos com sabedoria, obedecendo a vontade do Eterno para construir nosso tabernáculo, ou seja, nossa vida de justiça com o Eterno conforme o messias nos demontrou.

Que não cometamos os mesmos erros do povo de Yisrael no deserto, mas aprendamos a usar a liberdade recebida com sabedoria.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Pr/Rav Marcelo Peregrino Silva (Marcelo Santos da Silva - Moshê Ben Yosef)