Páginas

Boas Vindas

Seja Bem Vindo e Aproveite ao Máximo!
Curta, Divulgue, Compartilhe e se desejar comente.
Que o Eterno o abençoe!!

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Estudo da Parashá Vezot Habrachá - Bênçãos, Profecias e o Caminho para o Olam Habah

 



Estudos da Torá

Parashá nº 54Vezot HaBrachá (E esta é a bênção)

Devarim/Deuteronômio DT 33:1-34:12,

Haftará (Separação) Js 1:1-18 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 17:1-9; Jd 3, 4, 8-10.


Tema: Bênçãos, Profecias e o Caminho para o Olam Habah


Esta semana vamos explorar algumas das profecias que estão nas palavras de Moshê na parashá Vezot Habrachá, focando as tribos de Yehudah, Levi e Yosef, explorando temas, vitórias proféticas, a gematria e sua ligação com o Olam Habah, conectando as bênçãos com a realidade presente e futura de Yisrael prometida pelo Eterno.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


Esta é a última porção da Toráh, Parashá Vezot Habrachá, que narra os momentos finais do grande líder do povo de Yisrael, Moshê. Um homem que viveu cada etapa de sua vida sob a orientação do Eterno, mas sempre demonstrando uma humanidade palpável, repleta de humildade e devoção.

Nesta parte, encontramos Moshê, agora com 120 anos, pronto para despedir-se dos filhos de Yisrael. Embora tenha sido o servo fiel que liderou o povo com coragem e sabedoria, ele não entraria na Terra Prometida. Em vez disso, seu destino foi encerrado no Monte Nebo, de onde ele apenas contemplaria a terra que tanto desejava alcançar.

Vezot Habrachá é mais que uma simples despedida. É uma benção solene de Moshê para cada tribo de Yisrael. Ele sabia, melhor do que ninguém, os desafios que o povo enfrentaria. Por isso, antes de partir, Moshê oferece palavras de força, encorajamento e proteção do Eterno, ajustadas às características de cada tribo. Assim, vemos um líder que não entende profundamente cada membro de seu povo, mas também se importa genuinamente com o futuro deles. Por isso, o Eterno o usa para deixar uma profecia a respeito do futuro do povo de Yisrael.

Nesta parashá, podemos ver a plena humanidade de Moshê. Um homem que, desde o começo, hesitou em aceitar a missão que HaShem lhe confiou, alegando que era "pesado de boca e pesado de língua" (Shemot 4:10), mas que no final de sua vida, tornou-se o mais eloquente de todos os profetas. Um homem que pecou, ​​sim, mas que nunca deixou de ser humilde e devoto ao Eterno. A Toráh nos lembra que, apesar de toda sua grandeza, pois Moshê, segundo a Toráh, era “o homem mais humilde da face da terra” (Bamidbar 12:3).

Vemos também, desde o livro de Shemot/Êxodo, como a caminhada de Moshê, que começou no Egito, teve altos e baixos. Ele experimentou desafios internos e externos, questionamentos, rebeliões e momentos de dúvida. Mesmo assim, manteve-se firme na sua confiança no Eterno. Ele era, sem dúvida, um líder escolhido, mas também era alguém com emoções, medos e fragilidades – como todos nós. Estas mesmas caraterísticas encontramos também no Messias Yeshua, e isso é algo interessante.

Esta parashá é um convite para refletirmos sobre a vida de Moshê, não como uma figura inalcançável, mas como um exemplo de dedicação ao Eterno, apesar das limitações humanas. Ele nos ensina que o caminho da obediência ao Eterno exige perseverança, humildade e confiança, mesmo quando os resultados que desejamos parecerem fora de alcance.

Moshê nos deixa, não apenas com suas palavras de benção, mas com um legado vivo de fidelidade ao Eterno. Ao estudarmos Vezot Habrachá, somos chamados a não apenas lembrar das bênçãos, mas a incorporá-las em nossas próprias vidas, buscando sempre andar nos caminhos que HaShem traçou para nós.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PROFÉTICO E PRÁTICO


Ao estudar essa última parashá do ciclo anual de estudos da Torah devemos refletir em algumas coisas. A nota de Rodapé da Torá da Editora Sefer diz que, após o cântico de “Adeus” da parashá anterior, Moshê, antes de se separar do seu povo querido, abençoou-o, como o fez o patriarca Yaakov, fundador das tribos de Yisrael (Gn 49:29). Convocou então toda a congregação e abençoou a cada tribo em separado, destacando o papel que haveriam de desempenhar ao longo dos tempos.

Sobre esse papel a ser desempenhado percebemos que, conforme já mencionei, as últimas palavras de Moshê para as tribos de Yisrael não são meras despedidas. Elas carregam uma profundidade profética que ultrapassa amplamente o momento histórico, revelando aspectos sobre o futuro de cada tribo e suas missões espirituais. Em especial, como vitórias de Yehudá, Levi e Yosef destacam-se por apontarem para papéis de liderança, espiritualidade e prosperidade que não se limitam ao deserto ou à conquista de Canaã, mas se estendem até o Olam Habah.

Cada uma dessas tribos representa uma faceta essencial da redenção futura de Yisrael. Destacaremos três dessas tribos para olhar um pouco mais de perto as bênçãos proferidas por Moshê e algumas profecias ocultas nelas. Yehudah, da qual viria o Mashiach, simboliza o reinado eterno e a autoridade divina entre as nações. Levi, com sua função sacerdotal, garante a pureza do serviço ou culto ao Eterno, restaurando a centralidade do Templo, que em um sentido bem amplo são pessoas e o ensinamento da Toráh. Já Yosef, abençoado com fertilidade e força, reflete a promessa de abundância e proteção divina. Essa tribo reflete claramente a Casa de Yisrael, que se encontra dispersa entre as nações, cuja missão principal do messias é resgatá-la. Assim, as vitórias de Moshê são mais que orações de despedida; elas são visões divinamente inspiradas sobre o futuro glorioso de Yisrael, que se cumprirá completamente no tempo do Olam Habah, quando essas tribos desempenharão suas funções plenamente no plano redentor do Eterno.

Ao estudar essas bênçãos e profecias, nos deparamos com um Moshê que, até seu último momento, não apenas guiou o povo, mas também lhes deixa vislumbres de sua missão no futuro, onde cada tribo terá seu papel na concretização das promessas do Eterno.


As Bênçãos Proféticas para Yehudah, Levi e Yosef

Cada uma das bênçãos dada por Moshê em Vezot Habrachá possui um significado profundo e profético. Olhemos para o que foi dito a Yehudah, Levi e Yosef.


- Yehudah (Devarim 33:7)

Lendo o texto, percebemos que a bênção de Yehudah enfatiza sua liderança e força em batalhas, refletindo sua posição como a tribo de onde viria a realeza. Moshê diz: "Ouve, ó Eterno, a voz de Yehudah". Essas palavras são uma clara alusão à missão do mashiach na restauração da Casa de Yisrael. A realidade de Yehudah é um tema profético que culmina na promessa de que o Mashiach viria de sua linhagem, conforme vemos nas profecias de Yesha'yahu (Isaías 11:1) sobre o renovo do tronco de Yishai (pai de David). O aspecto profético aponta para os dias do Rei Mashiach e o Olam Habah, onde a liderança de Yehudah será restaurada plenamente.


- Levi (Devarim 33:8-11)

O texto mostra que Levi, uma tribo escolhida para o serviço no Mishkan, obtém uma bênção relacionada à sua pureza e dedicação. A função sacerdotal e o papel de ensinar as instruções do Eterno à nação são destacados. Moshê menciona o teste em Massá e Merivá, onde Levi provou sua fidelidade ao Eterno. Profeticamente, a função de Levi está ligada à restauração do serviço no Beit HaMikdash (Templo) e à presença do Eterno entre o povo, em outras palavras, isso quer dizer a restauração da obediência às pessoas aos mandamentos do Eterno. Como está escrito em Malaquias 3:3, os levitas serão restritos para apresentarem ofertas justos ao Eterno no Olam Habah, que são pessoas restauradas.


- Yosef (Devarim 33:13-17)

A bênção de Yosef é grandiosa em termos materiais e espirituais. Ele é abençoado com "os mais preciosos frutos dos céus e da terra", que aponta para a restauração dos remanescentes da casa de Yisrael e de gentios que se aproximam do Eterno. Além disso, Moshê o compara ao primogênito de um touro, uma alusão à sua força e à liderança entre as nações. As bênção de Yosef também têm um aspecto messiânico, especialmente no conceito do Mashiach ben Yosef, que será um precursor do Mashiach ben David. Yehezkel (Ezequiel 37:19) menciona a unificação dos reinos de Yehudah e Yosef, algo que acontece no fim dos dias, antes do Olam Habah. Isso tem acontecido desde que Yeshua se manifestou com seu ministério e continua a acontecer, mas se concretizará plenamente à partir do sétimo milênio para o Olam Habah.


A Gematria do número 54 e o Olam Habah

A Parashá Vezot Habrachá é a 54ª e última parashá da Toráh. Já sabemos que na tradição judaica, os números possuem significados profundos. A gematria do número 54 tem implicações significativas, especialmente quando se considera sua relação com as profecias e o Olam Habah.

O número 54 pode ser dividido em dois números principais: 5 e 4. O número 5 está relacionado com a Toráh, pois ela é composta de 5 livros e as dez palavras estão dividas em 5 mandamentos em cada tábua de pedra. A Torah sendo composta por cinco livros, representa o fundamento do relacionamento entre o Eterno e o Seu povo. O número 4 nos lembra os quatro exílios pelos quais o povo de Yisrael passaria antes da redenção final, a dispersão assíria, o exílio babilônico, o persa e o romano.

Quando somamos os dígitos de 54, temos 5 + 4 = 9, que é um número associado à verdade e ao julgamento. Verdade em hebraico é Emet – אמת, ela é uma das poucas palavras que não possui plural, segundo Bruno Summa, na língua santa a verdade é apenas uma. A verdade é a própria Toráh. Perceba a gematria da palavra אמת:

  • 1=א

  • מ=40

  • 400= ת

Total 1+4+4 = 9, assim esse valor conectando-o ao conceito de Olam Habah, que será no 9º milênio em diante, como o tempo em que a justiça divina será plenamente manifestada. Profecias em Yeshayahu 65:17 fala sobre os "novos céus e nova terra", que é o cumprimento final da justiça divina.

Essa conexão do número 54 com o Olam Habah também nos mostra que este é um estágio de transição, assim como a própria parashá marca o fim da Toráh e a abertura para uma nova era de cumprimentos proféticos.


Gematria de וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗ה – Vezot Habrachá e Suas Implicações Proféticas

A frase וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗ה ("E esta é a bênção") contém uma riqueza de significados quando examinada por meio da gematria, tanto na forma mispar gadol (gematria "grande" ou “normal”), mispar siduri (sequencial), quanto mispar katan (reducida).

- Mispar Gadol ou gematria normal

646 – 16 - 7- וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗ה – Vezot Habrachá

Este valor está associado com a palavra נצר"netzer" - broto, que possui a mesma raíz gemátrica (7), observando que as bênçãos ditas por Moshê têm como objetivo revelar o broto que cresceria aproximando os remanescente ao Eterno, e explicitamente diz respeito à missão do messias em relação ao povo de Yisrael. Também, na forma mispar gadol, onde as letras têm valores maiores, podemos ver que esse broto se refere à revelação sobre os seguidores do messias que cumprem o mesmo papel, resgatando as ovelhas perdidas e conduzindo-as para o Olam Habah. Yeshayahu 11:1 fala de um ramo que surgiria do tronco de Yishai e cujas raízes brotaria um renovo, esse renovo fala sobre Yisrael, ligando a gematria das bênçãos com essa visão profética.


- Mispar Siduri – valor sequêncial

Na gematria sequencial, onde as letras são contadas em sua ordem no alfabeto com valor de cada letra de 1 a 22, o valor da frase וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗הvezot habrachá têm raiz 7, a mesma raiz que encontramos na gematria normal, isso destaca a continuidade e também a progressão da revelação do Eterno. Essa ideia de "sequência" aponta para o processo de redenção gradual, isto é, a teshuvah, que culminará no Olam Habah.


- Mispar Katan – valor reduzido (é o valor das letras, mas sem os zeros após números grandes. (ex. "Yud" é 1 em vez de 10, "Tav" é 4 em vez de 400)).

Quando a gematria é reduzida, a frase וְזֹ֣את הַבְּרָכָ֗הvezot habrachá chega ao número 34, que somado também apresenta a raiz 7, conectando-a novamente ao conceito de netzer – broto. Isso, como vimos aponta para a tarefa do messias, que é resgatar os perdidos e conduzi-los ao caminho da verdade, que é a Torah. O 7 aponta para o Shabat semanal, que é o sétimo dia, que por sua vez aponta para o sétimo milênio, sendo ideias de descanso, sendo cumpridos à partir do sétimo milênio e se tornando pleno no 9º milênio.

Já vimos anteriormente que verdade tem raiz 9, por isso, o messias leva a verdade e justiça que será estabelecida plenamente a partir do sétimo milênio, ou seja, antes do Olam Habah. Isso reflete profecias como as de Daniel 12:2, onde fala sobre a ressurreição e o julgamento final.

O Mashiach como mensageiro da verdade, tem a missão de restaurar a justiça no mundo. Isso é consistente com as profecias sobre o Mashiach, que julgará com equidade e trará a verdadeira instrução ao povo de Yisrael e às pessoas das nações. Essa verdade será manifestada plenamente no sétimo milênio, conforme indicado na tradição hebraica, antes do Olam Habah, conforme mencionado acima.


Conexões Proféticas nos Livros dos Nevi'im (Profetas)

As bênção proferidas por Moshê nessa parashá, conforme estamos vendo até agora, apontam para um futuro profético que ecoam o por vir de Yisrael como nação escolhida, bem como a manifestação do reinado do Eterno sobre a terra através da representatividade do messias. Nos profetas encontramos múltiplas conexões às promessas referidas ao destino de Yisrael que ampliam as palavras de Moshê, conectando suas bênçãos às promessas de redenção e restauração final.

Essas conexões são fundamentais para compreender a profundidade do legado de Moshê, já que suas bênçãos para as tribos, especialmente para Yehudah, Levi e Yosef, refletem realidades futuras que se cumprem de maneira progressiva ao longo da história, mas culminam no Olam Habah. Por exemplo, o papel de Yehudah como liderança messiânica, previsto tanto por Moshê quanto por profetas como Yeshayahu (Isaías), aponta para a vinda de um reinado justo e eterno sob o Mashiach ben David. Do mesmo modo, a bênção de Levi, com sua função sacerdotal, antecipa a purificação e restauração do serviço no Templo, conforme descrito em Malaquias 3:3.

Ao olharmos para os escritos dos profetas, como Yehezkel (Ezequiel) e Z’kharyah (Zacarias), vemos que o futuro de Yisrael e seu papel entre as nações está diretamente ligado ao cumprimento das bênçãos de Moshê. As promessas de uma terra restaurada, de justiça e paz, e da presença do Eterno entre Seu povo ressoam em cada profecia. Essas visões proféticas não são apenas abstratas, elas estão enraizadas nas bênçãos que Moshê deu, revelando um destino sagrado que transcende a história e nos conduz à plena realização no Olam Habah.

Vamos ver três passagens sérias:

Yeshayahu 2:2-4: Esta passagem profetiza que no fim dos dias, todas as nações subirão a Yerushalayim para buscar a instrução do Eterno. As conquistas dadas por Moshê, especialmente a Yehudah e Levi, alinham-se com essa visão de liderança e ensinamento que veio da Casa de David e dos levitas no Olam Habah .

Yehezkel 37:15-28: Uma profecia da união entre Yehudah e Yosef, que simboliza a futura unificação de todo o povo de Israel sob um só rei, o Mashiach. Isso é visto nas bênçãos de Moshê para ambas as tribos, onde Yehudah é exaltado como líder e Yosef é abençoado com prosperidade e força.

Zacarias 14:9: O versículo que afirma que o Eterno será rei sobre toda a terra. Essa promessa está no centro das bênçãos de Moshê, que desejava que o povo confirmasse o reinado do Eterno em todas as suas ações.

Concluindo nosso estudo, vimos que este é o último capítulo da Toráh, mas para nós, é apenas o começo de uma nova jornada. Que a vida de Moshê nos inspire a buscar o Eterno com toda nossa força e coração, sabendo que, assim como ele, somos chamados a grandes coisas, mesmo que o fim de nossa jornada seja desconhecido mantemos a esperança. Que esta seja também nossa bênção.

Hazak, hazak, v’nit’chazek! Seja forte, seja forte e sejamos fortalecidos!


Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Estudo da Parashá Haazinu - A canção e a redenção.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 53Ha’azinu (Ouçam)

Devarim/Deuteronômio DT 32:1-52,

Haftará (Separação) 2Sm 22:1-51 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Rm 10:14-21; 12:14-21 e Hb 12:28-39.


Tema: A canção e a redenção.


Esta semana vamos explorar uma profecia poderosa e atemporal que revela a jornada de Yisrael através de tragédias e alegrias, com o céu e a terra como testemunhas eternas. Nela, Moshê avisa que, se o povo se afastar do Eterno, enfrentará duras punições, mas também oferece uma mensagem de esperança: mesmo na dispersão, o Eterno nunca abandonará Yisrael, garantindo sua redenção final. Este estudo nos convida a refletir sobre a fidelidade do Eterno, a importância de seguirmos Seus princípios, e como essa canção ecoa nas promessas de restauração e justiça que atravessam as gerações.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


A canção Haazínu, proclamada por Moshê, apresenta uma visão profunda sobre a trajetória do povo de Yisrael, mesclando tragédias e alegrias que ocorreriam ao longo de sua história. Embora não seja uma canção tradicional em rima ou melodia, ela é uma composição de pensamentos que, em sua essência, celebra a perfeita harmonia de tudo que o Eterno faz, mesmo que nosso entendimento humano nem sempre perceba isso de forma clara.

Moshê convocou os céus e a terra como testemunhas, para lembrar a Yisrael das consequências de suas ações. Se o povo agir com ingratidão, esquecendo-se dos muitos favores recebidos do Eterno, enfrentarão punições severas. No entanto, se permanecerem fiéis às instruções do Eterno, as maiores vitórias serão derramadas sobre eles.

Mesmo nos momentos mais difíceis, quando Yisrael se afasta e se dispersa entre as nações, o Eterno garante que o povo não será completamente abandonado. No fim, haverá redenção e sobrevivência. A porção termina com o Eterno ordenando a Moshê que suba ao Monte Nebo para contemplar a Terra Prometida, que ele não entraria, e ali Moshê enfrentaria sua morte, completando assim sua missão.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PROFÉTICO E PRÁTICO


Na parashá Haazínu, vemos Moshê proclamar uma canção profética poderosa diante dos céus e da terra, um testemunho eterno que estabelece as consequências para Yisrael se o povo abandonar o Eterno e também as vitórias advindas da obediência. Esta canção, embora cheia de advertências, aponta para a fidelidade do Eterno e a certeza da redenção futura. No final dos tempos, essa redenção culminará na volta do Mashiach, para concluir sua obra, quando Yisrael será restaurado e a justiça do Eterno se revelará para todas as nações. A canção de Moshê nos serve como um guia profético, mostrando o ciclo de queda, retorno e renovação do povo de Yisrael e dos remanescentes espalhados pelas nações. Dessa forma veremos como podemos aprender com esses ensinos proféticos.


O Testemunho dos Céus e da Terra (Devarim 32:1-6)

Esta canção entoada por Moshê começa com um chamado aos céus e à terra para que sejam testemunhas da aliança entre o Eterno e o povo de Yisrael. Este apelo a elementos da criação é profundamente significativo. Os céus e a terra, que foram criados pelo Eterno e são imutáveis, são chamados como testemunhas porque permanecem como um lembrete constante da fidelidade do Eterno e das responsabilidades de Yisrael. Esta é uma visão que também aparece na profecia de Yaakov, quando ele abençoa seus filhos antes de morrer em Bereshit/Gn 49. Yaakov, assim como Moshê, profetiza sobre o destino de seus descendentes, revelando o que acontecerá "nos dias vindouros". Assim como os céus e a terra são chamados a testemunhar o pacto, Yaakov invoca o futuro, falando de eventos que transcenderão sua própria época, sinalizando a continuidade da aliança.

Os profetas que vieram depois de Moshê, como Yeshayahu e Yirmiyahu, também ecoaram essa ideia de que a criação testemunha a relação de Yisrael com o Eterno. Yeshayahu, por exemplo, frequentemente usa a imagem dos céus e da terra como símbolos da permanência da aliança do Eterno com Seu povo, como vemos em Yeshayahu 1:2. A criação é uma testemunha imparcial da infidelidade de Yisrael, mas também é um testemunho da justiça e da misericórdia do Eterno. Eles também são apontamentos proféticos para “pessoas elevadas ou cumpridores de Torah” – céus – e para “pessoas de nível baixo ou desobedientes” – terra.

Yeshua, ao ensinar sobre a vinda do Reino dos Céus, também ressaltou a ideia de que o testemunho do Eterno está em tudo que Ele criou, e que os céus e a terra passarão, mas as palavras do Eterno jamais passarão, conforme lemos em Matityahu/Mt 24:35. Isso está em consonância com o que Moshê proclamou em Haazínu: a palavra do Eterno é imutável e verdadeira, assim como os céus e a terra permanecem constantes.

Os emissários ou apóstolos, como Kefa e Shaul, também refletiram sobre essa realidade. Kefa escreveu em suas cartas que os céus e a terra estão aguardando o dia do julgamento, quando o Eterno renovará todas as coisas, em 2Kefa/Pe 3:7. Esse testemunho cósmico, assim como em Haazínu, destaca que Yisrael deve se lembrar constantemente da aliança e viver de acordo com os mandamentos do Eterno, pois os céus e a terra testemunham o cumprimento ou a quebra dessa aliança. Lembrando que ao falar de Yisrael, estamos não apenas nos referindo ao povo de Yisrael, mas a todos os que procuram viver conforme a vontade do Eterno.


O Castigo pela Infidelidade (Devarim 32:15-25)

Moshê profetiza nesta parte que, após alcançar conquistas, Yisrael se esqueceria do Eterno, tornando-se ingrato e idólatra. Esse padrão de infidelidade é seguido por punições duras, que incluem a dispersão entre as nações e o sofrimento prolongado. Este mesmo ciclo de infidelidade seguido de punição foi previsto por Yaakov ao falar com seus filhos. Em Bereshit/Gn 49, Yaakov profetiza que algumas tribos, como Shimon e Levi, enfrentariam dificuldades e correções por causa de sua violência. Esses problemas não eram permanentes, mas visavam a corrigir e redirecionar o povo de volta à aliança com o Eterno. Essas profecias já se cumpriram em parte, pois a casa de Yisrael e parte da casa de Yehudah ainda estão dispersas entre as nações. No entanto, a profecia de redenção está se cumprindo na vida de todos os que se voltam ao Eterno e aos seus mandamentos, sendo enxertados ou reenxertados no povo de Yisrael.

Os profetas posteriores, como Oséias e Amós, também destacaram essa dinâmica de infidelidade e castigo. Eles alertaram que Yisrael, ao se afastar do Eterno, traria sobre si a destruição e o exílio. Oséias usa a imagem de um marido traído, enfatizando que o Eterno não tolera idolatria e infidelidade, mas que Ele está sempre pronto para receber o arrependimento sincero de Seu povo, conforme lemos em Oséias 14.

Yeshua, em seus ensinos, muitas vezes alertou sobre as consequências da infidelidade e da desobediência. Um exemplo é seu ensino em Matityahu/Mt 23, ele repreendeu os líderes de Yisrael por sua hipocrisia. Ele também profetizou a destruição de Yerushalayim como consequência da rejeição aos profetas enviados pelo Eterno e da falta de denúncia como lemos em Matityahu/Mt 24. O exílio e a dispersão, portanto, não eram finais, mas uma correção divina com o objetivo de restaurar Yisrael e resgatar entre os gentios os que haveriam de se converterem.

Os emissários de Yeshua, como Shaul, também falaram dessa dinâmica em suas cartas. Shaul explicou que a dureza das dispersões que veio sobre Yisrael devido à sua infidelidade abriria caminho para a salvação das pessoas das nações, como lemos em Rm 11:25. Ele destacou que, no final, todo Yisrael seria salvo, confirmando a palavra de Oséias, pois o Eterno nunca rejeitaria Seu povo completamente, mas usaria o castigo como um meio de trazê-los de volta ao arrependimento.


A Garantia da Redenção Final (Devarim 32:36-43)

No final da canção Haazínu, Moshê oferece uma mensagem de esperança. Apesar do castigo que viria por causa da infidelidade, o Eterno promete não abandonar Seu povo. Ele garantirá que terá compaixão de Yisrael e vingará o sangue de Seus servos, restaurando a nação e trazendo justiça sobre as nações que a oprimiram. Essa promessa de redenção final é um tema constante nas profecias de Yisrael, desde Yaakov até os profetas posteriores e o próprio Yeshua.

Yaakov, ao abençoar seus filhos, falou da vinda de um líder de Yehudah que traria paz e justiça, como lemos em Bereshit/Gn 49:10. Este é um dos primeiros vislumbres do Mashiach, o redentor prometido. Os profetas, como Yeshayahu, também falaram dessa figura messiânica que restauraria Yisrael e traria paz ao mundo, veja Yeshayahu 11:1-10. Eles garantiram que, após o exílio e a proteção, o Eterno reuniria Seu povo e estabeleceria Seu reino de justiça. O Mashiach é o cumprimento dessa profecia, que precisa ser entendida em momentos diferentes da história.

Yeshua, sendo reconhecido por muitos como o Mashiach, ensinou sobre essa redenção final. Ele falou da restauração de todas as coisas e da vinda do Reino dos Céus ou Reino de D’us, quando o Eterno traria paz e justiça para as pessoas de todas as nações, que receberem seus estatutos, veja Matityahu 25:31-34. Ele também prometeu que Yisrael seria reunido e que os humildes herdariam a terra, conforme Matityahu 5:5. A redenção de Yisrael estava intrinsecamente ligada ao plano do Eterno de restaurar a criação de forma completa.

Os emissários, como Yochanan, em sua visão no livro de Revelação, descreveram o dia em que o Mashiach retornaria para derrotar as nações que se rebelaram contra o Eterno e seu povo e estabeleceria o Reino do Eterno. Eles viram a revelação do cumprimento final da promessa de Moshê em Haazínu, onde a redenção de Yisrael seria completada e a justiça do Eterno se manifestaria para todas as nações. E isso já está acontecendo em nossos dias e se completará plenamente com o Retorno do Mashiach.

Concluindo nosso estudo, da parashá Haazínu, vimos que ela é mais do que uma canção de advertência, é uma profecia e um testemunho profundo que percorre toda a história de Yisrael, desde os momentos de infidelidade até a esperança certa da redenção final. Vimos que da mesma forma que Moshê, que foi escolhido para guiar o povo e profetizar sobre sua trajetória, antes dele Yaakov também, em seus últimos dias, revelou o futuro de seus filhos, antecipando desafios, mas sempre com uma promessa de redenção ou restauração. Os profetas que vieram depois, como Yeshayahu e Yirmiyahu, não cessaram de clamar por queixas de Yisrael, ressaltando a misericórdia do Eterno e Seu desejo de restaurar o povo à sua glória original.

Com o passar das gerações, Yeshua e seus emissários reforçaram essa mensagem ao proclamar que o plano divino não terminaria apenas com o povo de Yisrael, mas se estenderia para todas as nações. Eles ensinaram que o Mashiach retornaria nos últimos dias para completar a obra de redenção, trazendo justiça, paz e reconciliação para todos que seguem os caminhos do Eterno. A canção de Haazínu, portanto, não é apenas um retrato do passado, mas uma poderosa visão do futuro. Ela nos lembra que, apesar das dificuldades e tropeços ao longo do caminho, a fidelidade do Eterno permanece inabalável, e Suas promessas de restauração são certezas nas quais podemos confiar. Haazínu nos chama a dedicar nossos corações para o Eterno, a consideração de nossas falhas, mas também a nos firmarmos na esperança de que a redenção virá, e com ela, a verdadeira paz e justiça que transformarão o mundo. Somos falhos, mas o devemos buscar sermos fiéis ao Eterno a fim de nos mantermos da aliança e participarmos da redenção prometida.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)