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quinta-feira, 13 de março de 2025

Estudo da Parashá Ki Tissá - Teshuvah e a Misericórdia do Eterno

 


Estudos da Toráh

Parashá nº 21Ki Tissá (Quando realizar)

Shemot/Êxodo 30:1-34:35

Haftará (separação) 1Rs 18:1-39 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Lc 11:14-20; Atos 7:35-8:1; 1Co 10:1-13.


Tema: Teshuvah e a Misericórdia do Eterno


Todos nós erramos. E o erro deve ser um acidente no percurso. Em algum momento da vida, tomamos decisões impulsivas, falhamos em nossos compromissos ou nos afastamos do caminho correto. Mas e quando a falha é grande? Quando sentimos que rompemos algo tão precioso que parece impossível recuperar? Será que o Eterno ainda nos dará uma segunda chance?

A história das segundas tábuas da aliança e a revelação dos 13 Atributos de Misericórdia aqui na parashá Ki Tissa responde essa pergunta de forma poderosa. Após o terrível pecado do bezerro de ouro, Yisrael parecia estar além do perdão. O Eterno poderia ter os rejeitado para sempre. No entanto, Ele optou por restaurar a aliança, mostrando que Seu perdão é real, mas exige esforço e transformação.

Esse estudo mergulha nessa narrativa profunda e atual, trazendo reflexões sobre como o Eterno age com aqueles que erram, o que Ele espera de nós quando buscamos honestamente e como podemos aplicar essas lições em nossa vida diária. Se você já se perguntou se ainda há esperança após uma grande falha, este estudo é para você.

Vamos juntos descobrir o caminho da renovação conhecido como teshuvah e da misericórdia?


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

O Eterno ordena que cada filho de Yisrael, ao ser contado, entregue meio shekel como oferta. Esse valor não muda para ricos ou pobres, ensinando que todos são iguais diante d'Ele. Além disso, a oferta serve como resgate pela alma, nos lembrando de que tudo pertence ao Eterno.

São dadas as instruções para a preparação do óleo da unção, que seria usado para consagrar o Mishkan e os kohanim. Também há uma fórmula do incenso sagrado, com ingredientes específicos, proibidos para uso pessoal, demonstrando que aquilo que é santo deve permanecer separado.

O Eterno escolhe Betsalel e Aholiav, capacitando-os com sabedoria e habilidade para construir o Mishkan e sua mobília. Isso nos ensina que as habilidades que temos vêm dele e devem ser usadas para Sua glória.

Mesmo com a construção do Mishkan, o Eterno reforça a santidade do Shabat, mostrando que nem mesmo a obra do Tabernáculo pode sobrepor o descanso planejado. O Shabat é um sinal perpétuo entre o Eterno e Israel.

Enquanto Moshê está no monte recebendo as Tábuas da Aliança escritas pelo próprio Eterno, o povo, impaciente com sua demora, pressionou Aharon para fazer um bezerro de ouro . Eles proclamam: "Este é o teu Elohim, ó Yisrael, que você tirou da terra de Mitzrayim!" (Shemot 32:4). O Eterno, irado, diz a Moshê que destruiria o povo e faria dele uma nova nação. No entanto, Moshê intercede fervorosamente , lembrando as promessas feitas a Avraham, Yitzchak e Yaakov. O Eterno aceita a súplica de Moshê e não a vingança. Ao descer do monte e ver a idolatria, Moshê quebra as Tábuas e ordena que os levitas executem os que persistiram no pecado. Cerca de três mil homens caem naquele dia.

Moshê volta ao Eterno e pede perdão pelo povo, até oferecer sua própria vida em troca. O Eterno, então, permite que Yisrael continue sua jornada, mas declara que não andará mais no meio do povo devido ao seu pecado. Isso abala Moshê, que clama para que a presença do Eterno continue com eles. Nesse momento, Moshê faz um dos pedidos mais profundos da Toráh: "Mostra-me, por favor, a Tua glória!" (Shemot 33:18). O Eterno responde que ele não pode ver Sua face e viver, mas permite que Moshê veja Suas costas, revelando Seu caráter misericordioso.

Depois do pecado do bezerro de ouro, Moshê sobe novamente ao monte Sinai para receber as segundas tábuas, pois as primeiras foram quebradas. Desta vez, o Eterno instrui Moshê a lavrar as tábuas por si mesmo, simbolizando que, após o pecado, o povo precisaria demonstrar esforço e arrependimento para recuperar novamente a aliança. Neste momento, o Eterno se manifesta de maneira única e proclama os 13 Atributos de Misericórdia (Shemot 34:6-7), onde revela Sua compaixão, paciência e perdão para aqueles que realmente se arrependem. Esta passagem se torna essencial para a relação entre Yisrael e o Eterno, sendo recitada até hoje em momentos de súplica.

Quando Moshê desce do monte Sinai com as segundas tábuas, algo extraordinário acontece: seu rosto resplandece com a glória do Eterno. Esse brilho era tão intenso que os filhos de Yisrael tinham medo de se aproximar dele. Para poder falar com o povo, Moshê passa a cobrir seu rosto com um véu, retirando-o apenas quando entrava na presença do Eterno. Esse detalhe simboliza a profunda conexão entre Moshê e HaShem, além da necessidade de um líder espiritual ser um canal entre o povo e o Criador.

ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

A parashá Ki Tissá nos apresenta um dos momentos mais dramáticos da história de Yisrael: o pecado do bezerro de ouro e suas consequências. O povo, impaciente com a demora de Moshê no monte Sinai, construiu uma imagem de ouro e a declararam como seu elohim, violando um dos princípios mais fundamentais da aliança com o Eterno. O castigo não tarda, e a ira divina ameaça consumir a nação. No entanto, Moshê intercede e clama pelo perdão, iniciando um processo profundo de reconciliação entre o Criador e Seu povo.

É nesse contexto que surgem as segundas tábuas da aliança e a revelação dos 13 Atributos de Misericórdia, um dos momentos mais sublimes da Toráhh. Esses acontecimentos não são apenas relatos históricos; eles carregam lições fundamentais sobre arrependimento, paciência, esforço humano e a natureza do perdão divino.


1.As Segundas Tábuas e o Esforço do Homem

Lavra para ti duas tábuas de pedra como as primeiras, e escreverei nelas as palavras que estavam nas primeiras tábuas, que tu quebraste. Shemot 34:1


O primeiro detalhe marcante sobre as segundas tábuas é que, ao contrário das primeiras, elas não foram esculpidas pelo próprio Eterno, mas por Moshê. Conforme podemos ver no texto acima.

Essa diferença carrega um significado profundo. As primeiras tábuas foram um presente divino, um pacto imutável. Mas após a quebra desse vínculo pela desobediência do povo, as segundas tábuas incluem o envolvimento humano no processo das peças de reposição. Isso nos ensina que, quando erramos, não basta esperar o perdão; é preciso agir, reconstruir e demonstrar um compromisso renovado com o Eterno. Isso é teshuvah!

Essa ideia é reforçada pelas certezas de Yisrael. No Talmud Bavli (Tratado Rosh Hashaná 17b), é ensinado que, quando o Eterno revelou os 13 Atributos de Misericórdia a Moshê, Ele estava ensinando que, se o povo clamar a Ele sinceramente e fazer sua parte no retorno, isto é, uma teshuvah sincera, não voltará de mãos vazias.

Rashi comenta que os 13 Atributos da Misericórdia refletem a bondade infinita de D'us, mesmo diante dos erros humanos. Ele explica que este é um modelo de como o Eterno deseja que os seres humanos ajam em suas relações: com paciência, perdão e compaixão. O Talmud (Tratado Rosh Hashaná 17b) ensina que a recitação dos 13 Atributos tem o poder de invocar a misericórdia divina quando feita com sinceridade. Além disso, o Midrash nos lembra que as segundas tábuas, feitas por Moshê com a assistência divina, simbolizam um esforço conjunto, onde o ser humano tem um papel ativo na reconstrução da conexão espiritual.

No Guia dos Perplexos, Maimônides interpreta os 13 Atributos como uma descrição da maneira como D'us age no mundo. Ele ressalta que D'us, sendo perfeito e imutável, não "muda de humor". Os atributos representam a forma como percebemos Suas ações, como bondade, paciência e perdão, em nossa realidade limitada.

Nachmânides entende os 13 Atributos como um convite para a imitação divina. Ele acredita que, ao emular os atributos de misericórdia de D'us em nossas vidas cotidianas, podemos nos aproximar d’Ele e nos tornar melhores seres humanos.


2. Os 13 Atributos de Misericórdia – O Caráter do Eterno.

Quando Moshê sobe ao monte Sinai para receber as segundas tábuas, o Eterno se revela de maneira única e proclama os 13 Atributos de Misericórdia, como lemos em Shemot 34:6-7. Esse momento é essencial porque nos ensina quem o Eterno é e como Ele lida com os que buscam retificação.


HaShem, HaShem, El rachum vechanun, erech apayim, verav chesed ve'emet. Notzer chesed la'alafim, nose avon, vafesha vechata'ah venake…


HaShem, HaShem, D’us misericordioso e compassivo, lento para irar-se, rico em graça e verdade; ele mostra graça à milésima geração, perdoa as ofensas, os crimes e os pecados; entretanto, não isenta a culpa…


Esses atributos descrevem o Eterno como compassivo, paciente, perdoador, justo e fiel, sempre pronto para restaurar aqueles que se voltam a Ele. No Midrash Shemot Rabbah 46:1, os sábios explicam que, ao ensinar esses atributos, o Eterno estava dizendo a Moshê: Sempre que Yisrael errar e clamar por mim desta forma, eu os perdoarei.” Isso significa que o perdão não é automático, ele exige reconhecimento do erro, confissão e mudança de atitude.

Mencionamos acima sobre os 13 Atributos de Misericórdia, mas o que são eles?

Os 13 Atributos de Misericórdia são uma revelação do caráter compassivo do Eterno a Moshê, após o pecado do bezerro de ouro. Eles demonstram que, mesmo diante do erro, há um caminho para o arrependimento e o perdão. Aqui estão os 13 Atributos de Misericórdia, conforme proclamados pelo próprio Eterno:

  1. HaShem – O Eterno é misericordioso antes que o homem peque.

  2. HaShem – O Eterno continua sendo misericordioso mesmo depois que o homem peca e se arrependeu.

  3. El – O Eterno é poderoso para conceder misericórdia.

  4. Rachum – Ele é compassivo e cuida das necessidades do homem.

  5. Chanun – Ele é gracioso e concede bênçãos mesmo sem méritos.

  6. Erech Apayim – Ele é paciente e não pune imediatamente os pecadores.

  7. Rav Chesed – Ele tem grande bondade, estendendo misericórdia além do que merecemos.

  8. Ve'emet – Ele é fiel à Sua palavra e cumpre Suas promessas.

  9. Notzer Chesed La'alafim – Ele preserva a segurança para milhares de gerações.

  10. Nose Avon – Ele perdoa os pecados cometidos intencionalmente.

  11. Nose Pesha – Ele perdoa as transgressões cometidas por rebeldia.

  12. Nose Chata'ah – Ele perdoa os pecados cometidos por erro ou negligência.

  13. Venakeh – Ele purifica aqueles que se arrependem sinceramente.

Continuemos nossa busca pelo entendimento que está nessa parashá, vamos ao que os profetas falaram sobre o assunto.


3. A Relação com os Profetas – O Chamado ao Retorno

Os profetas sempre reafirmaram a mensagem de Shemot 34: o Eterno é justo, mas também está pronto a perdoar aqueles que se arrependeram. Por exemplo leia Hoshea 14:2-5. Nessa passagem o profeta mostra que a verdadeira tristeza não é apenas em rituais, mas na transformação interior. O Eterno quer um povo que o busque com sinceridade, não apenas com palavras vazias.

Miquéias 7:18-20 apresenta o Eterno como Aquele que perdoa iniquidades e mantém misericórdia para com Seu povo. Essa ideia está em harmonia com os atributos revelados em Êxodo 34 e reforça a mensagem de que HaShem não deseja a destruição do pecador, mas sua redenção e retorno.

Sempre mostramos que o profeta Yirmiyahu profetiza um futuro em que a Toráhh será escrita nos corações, essa será a Toráhh do Messias. Veja:


Porei a minha Toráhh no seu interior, e a escreverei no seu coração. Jr 31:33


Isso reflete a essência das segundas tábuas: não basta que a Toráhh esteja apenas diante de nós, é necessário internalizá-la e vivê-la diariamente. Não basta apenas aprender a Toráhh, conhecer seus segredos e mistérios, se não praticá-la, vivê-la no dia a dia.


4. O Ensino de Yeshua e dos Emissários

Yeshua reforçou a importância da misericórdia e do retorno sincero ao Eterno. Ele incorporou esses atributos em seus ensinamentos e ações. Em Matitiahu 5:7, no Sermão da Montanha, o mestre exorta: Bem aventurados os misericordiósos, porque eles alcançarão misericórdia. Em Lucas 15, ele ensina a parábola do filho pródigo, que ilustra como o Eterno sempre está pronto a perdoar aqueles que voltam arrependidos.

Seus apóstolos também enfatizaram essa temática, Shaul (Paulo), em Efésios 4:32, ensina a serem bondosos uns com os outros, perdoando como o Eterno os perdoou pelo messias, já em Rom 2:4, afirma:


Ou será que você despreza as riquezas da sua bondade e paciência, não reconhecendo que a bondade de Elohim o leva ao arrependimento?


Esse texto mostra que o propósito da misericórdia do Eterno não é incentivar o erro, mas abrir caminho para a transformação.

Kefa diz em sua carta:


O Eterno é paciente para conosco, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento. 2Pe 3:9


Esse ensino reflete diretamente os 13 atributos de Misericórdia, pois o Eterno deseja que nos aproximemos dele, mas espera nossa iniciativa para mudar. Devemos e podemos aplicar o aprendizado que as Escrituras nos ensinam em nosso dia a dia.

Dessa forma vejamos alguns meios pelos quais podemos colocar em aplicação em nossa vida diária:

- Aprender com os erros

Assim como Yisrael recebeu uma segunda chance, nós também temos a oportunidade de recomeçar quando erramos. O importante é aprender e crescer. Desde que haja arrependimento e sabedoria para lidar com as consequências do erro.

- Clamar ao Eterno pelos 13 Atributos

Quando enfrentamos dificuldades, podemos clamar ao Eterno com essas palavras, confiando em Sua compaixão.

- Ser paciente e misericordioso com os outros

Se o Eterno nos trata com hold, também devemos agir assim com nossos irmãos.

- Fazer da Torah parte do nosso servirem

As segundas tábuas foram lavradas por Moshê, simbolizando esforço. Devemos estudar e aplicar a Toráhh todos os dias.

- Buscar estar na presença do Eterno

Moshê voltou com o rosto resplandecente porque esteve com o Eterno. Quanto mais nos aproximamos Dele, mais refletimos Sua luz.

Concluindo nosso estudo, aprendemos que o relato da história das segundas tábuas e dos 13 Atributos de Misericórdia nos ensina que o Eterno é compassivo e paciente, mas também deseja compromisso e transformação verdadeira. O perdão divino não significa que nossos erros sejam ignorados, mas sim que o Eterno nos dá a chance de mudar e caminhar em Sua luz. Se vivermos segundo esse princípio praticando verdadeiramente, exercendo misericórdia e buscando a Toráhh em nosso interior, seremos um reflexo da misericórdia do Eterno no mundo.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


sexta-feira, 7 de março de 2025

Estudo da Parashá Tetsaveh - O Segredo das Vestes Sagradas: O que a Torah revela sobre Santidade contínua!

 


Estudos da Torá

Parashá nº 20 – Tetsaveh (Ordene)

Shemot/Êxodo 27:20 – 30:10

Haftará (separação) Ez 43:10-27 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Fp 4:10-20 e Ef 6.


Tema: O Segredo das Vestes Sagradas: O que a Torah revela sobre Santidade contínua!


Imagine um fogo que nunca pode se apagar. Uma luz que deve brilhar continuamente, dia e noite, sem interrupção. Agora, pergunte-se: como manter essa chama acesa?

A Parashá Tetsaveh nos apresenta um princípio profundo que transcende o tempo: a santidade não é um evento isolado, mas um compromisso diário . O Eterno ordena vestes sagradas, azeite puro para o Menorá e um serviço contínuo no Mishkan. Mas será que esses detalhes cerimoniais têm algo a nos ensinar hoje?

Se a santidade exige constância, como podemos aplicá-la à nossa vida? O que os Cohanim , as vestes sacerdotais e o Mishkan nos revelam sobre nosso relacionamento com o Eterno? E mais: há uma conexão entre essa parashá e as palavras de Shaul sobre a "armadura de HaShem"?

Neste estudo, vamos mergulhar na essência desse chamado divino. Descobriremos como os profetas fortaleceram essa ideia, o que Yeshua ensinou sobre a verdadeira santidade e como Shaul reinterpretou esses conceitos para os discípulos de seu tempo.

Se você deseja entender o que significa estar realmente "vestido de santidade" e como isso impacta seu relacionamento com o Eterno, continue lendo. Este estudo pode mudar sua maneira de enxergar a obediência e o serviço ao Criador.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A Parashá Tetsaveh (Shemot 27:20–30:10) dá continuidade às instruções do Eterno a Moshe sobre o Mishkan, detalhando a confecção das vestimentas sacerdotais e a consagração de Aharon e seus filhos para o serviço no Mishkan.

O Eterno ordena que o povo de Israel traga azeite de oliva puro para acender continuamente a Menorá dentro do Mishkan. Essa luz simboliza a presença constante do Eterno e a responsabilidade dos israelitas em manter a santidade do Mishkan.

O Eterno escolhe Aharon e seus filhos para servirem como cohanim (sacerdotes) e ordena a arrumação de vestes especiais para eles. Cada peça possui um significado e propósito:

  • Efod: Um tipo de manto adornado com pedras de ônix nos ombros, representando as tribos de Israel.

  • Peitoral do Julgamento (Choshen Mishpat): Continha doze pedras preciosas, cada uma simbolizando uma tribo, e os Urim e Tumim, usados ​​para buscar a orientação do Eterno.

  • Mitznefet (Turbante) e Tzitz (Placa de ouro na testa): Com a inscrição "Kodesh LaHaShem" (Santo para o Eterno), estabelece a consagração de Cohen Gadol.

  • Ketonet (Túnica), Avnet (Cinto) e Michnasayim (Calções de linho): Vestimentas que garantem a dignidade e a santidade dos sacerdotes ao servirem no Mishkan.

O Eterno detalha o processo de consagração de Aharon e seus filhos como cohanim:

  • Mikveh (Imersão em água): Como sinal de purificação.

  • Vestição com as roupas sagradas.

  • Unção com azeite: O óleo da unção sagrada é derramado sobre Aharon.

  • Ofertas de sacrifícios: Incluindo um novilho pelo pecado e carneiros para a consagração.

Esse ritual dura sete dias e sela a aliança entre os Cohanim e o Eterno.

O Eterno ordena a oferta diária de dois cordeiros, um pela manhã e outro à tarde, acompanhado de minchá (oferta de grãos) e libação de vinho. Esse sacrifício contínuo simboliza a presença constante do Eterno entre Israel.

O Eterno ordena a construção do altar de ouro para a queima do incenso sagrado dentro do Mishkan. O incenso representa as orações de Israel subindo perante o Eterno.

A Parashá Tetsavê reforça o papel dos Cohanim e sua responsabilidade em manter a santidade do Mishkan. As vestes sacerdotais demonstram a honra e a distinção do serviço ao Eterno. O azeite da Menorá, os sacrifícios diários e o incenso simbolizam a presença contínua do Eterno no meio do povo.

O grande ensinamento dessa parashá é que a santidade deve ser mantida constantemente, não apenas em momentos específicos. O Eterno exige obediência, pureza e serviço contínuo para habitar entre o Seu povo.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Ordene ao povo de Yisrael que traga a você azeite puro de azeitonas prensadas para a luz, e mantenha a lâmpada continuamente queimando. Shemot 27:20


A Parashá Tetsaveh continua o tema da santidade iniciado na porção passada, a Teruma. As duas, mais a próxima, são muito profundas e significativas dentro do Sefer Shemot (livro de Êxodo) no tocante à temática mencionada, pois trata diretamente do papel dos Cohanim e da estrutura do serviço no Mishkan. Nesta parashá, o Eterno ordenou a Moshe que instruísse Aharon e seus filhos sobre sua consagração e as vestes sagradas que deveriam usar para o serviço divino. Mas além do contexto histórico e cerimonial, Tetsaveh traz um princípio fundamental e profético atemporal: a santidade não pode ser um estado ocasional, mas sim um compromisso contínuo e ininterrupto, pois é isso que levará os justos ao Reino do Eterno.

Essa ideia é uma das bases centrais da relação entre Yisrael e o Eterno. A santidade (קדושה - kedushá) não é apenas um conceito abstrato ou uma experiência espiritual momentânea, ela deve permear cada aspecto da vida, do mais solene ao mais cotidiano. Esse princípio pode ser visto tanto nas palavras dos profetas quanto nos ensinamentos de Yeshua e nos escritos de Shaul (Paulo), onde a santidade se manifesta como um revestimento divino – seja pelas vestes sacerdotais, seja pela “armadura de HaShem”.


1. A Santidade Como Um Chamado Contínuo

O Eterno declarou a Moshê:


Ordene ao povo de Yisrael que traga a você azeite puro de azeitonas prensadas para a luz, e mantenha a lâmpada continuamente queimando. Shemot 27:20


No ciclo passado, nessa parashá falamos sobre o azeite, e neste ano, aqui entraremos em um assunto que complementa aquele, veremos que a essência da santidade é a continuidade. A luz da Menorá simboliza a presença do Eterno, mas essa luz não se mantém sozinha. Ela exige o azeite puro, exige o cuidado diário de Cohen. Assim também é a relação entre Yisrael e o Eterno: não basta um único momento de consagração, é preciso manter o fogo aceso todos os dias.

Vemos no sistema religioso as pessoas se enganarem com a ideia de que a santidade vem do Eterno, retirando de si mesmos a responsabilidade de obedecerem aos mandamentos e com isso alcançarem-na. Exemplo disso é o chamado batismo, que além de entenderem tudo errado em relação ao seu verdadeiro significado, ainda fazem isso apenas uma vez, fazendo disso um único ato. Ou às vezes fazem campanhas de oração buscando alcançar alguma bênção, mas em detrimento disso, desobedecem mandamentos simples como não comer certos animais, entre tantos outros exemplos que podem ser dados que esbarram na impossibilidade de se conseguir a verdadeira santificação.

A Toráh reforça esse chamado à santidade constante:


Eu sou o Eterno, vosso Elohim; santificai-vos e sede santos, porque eu sou santo. Vayicrá/Lv 11:44


A exigência do Eterno não se limita ao Mishkan. Esse mandamento não é apenas voltado para os Cohanim, é para todos. Ele deseja que Seu povo viva em santidade todos os dias, em todas as situações. Os Cohanim são o exemplo, pois eles ensinariam o povo a seguir esse princípio. Por isso, as vestes sacerdotais eram mais do que um símbolo cerimonial – eram um lembrete físico e constante do compromisso de servir ao Eterno com pureza e dedicação.

Os profetas do Eterno que foram enviados ao seu povo ecoaram esse chamado à santidade contínua, à obediência. Mesmo os que se perderam no caminho poderiam retornar à santidade fazendo teshuvah. Observe o que disse Yeshayahu/Isaías 35:1-10, ênfase no verso 8.


2. O Significado das Vestes Sacerdotais

As vestes dos Cohanim não eram simples adornos; cada peça carregava um significado profundo:

- O Avnet (cinto) – Simboliza o autocontrole e a disciplina no serviço ao Eterno.

- A Ketonet (túnica de linho) – Representa a pureza e retidão.

- O Choshen Mishpat (Peitoral do Julgamento) – Continha os nomes das doze tribos, mostrando que o Cohen Gadol representava todo Yisrael diante do Eterno.

- A Mitznefet (turbante) e o Tzitz (placa de ouro na testa) – Levavam a inscrição "Kodesh LaHaShem" (Santo para o Eterno), um lembrete de que a santidade precisa estar sempre "na mente" do sacerdote.

Essas vestes indicavam que o Cohen não poderia se comportar de qualquer maneira diante do Eterno, deveriam estar sempre atentos. Ele deve estar vestido especificamente para exercer seu papel sagrado. Mas o conceito vai além da aparência externa: as vestes simbolizam uma disposição interior de conformidade, retidão e consagração. É claramente um lembrete de que se deve a todo tempo saber que é necessário nos manter separados para o Eterno. Esse mesmo princípio de “vestir-se espiritualmente” ou seja, obedecer ao Eterno de coração e com dedicação constante, é retomado por Yeshua e pelos seus emissários, como Shaul.


3. O Ensino de Yeshua Sobre a Santidade Contínua

Yeshua, como um mestre da Torá que era, reforçou esse conceito de santidade ao dizer:


Sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial. Matityahu 5:48


Ele estava reforçando a instrução de Vayicrá 11:44 que lemos acima, e isso não significa que ele estava exigindo uma perfeição inatingível, como muitos podem pensar e ensinar, mas sim exigindo um compromisso contínuo de honestidade e obediência, assim como o Cohen Gadol tinha em seus serviços diários no Mishkan.

Além disso, Yeshua ensina que a santidade não deve ser externa e superficial, mas algo interno, verdadeiro e constante, que só depois de transformar o caráter do homem aparece externamente como testemunho que as pessoas dão do justo ao reconhecerem, mesmo que não queiram, a vida de santidade do que está em teshuvah.

Veja o que o messias ensinou:


Ai de vós, escribas e perushim, hipócritas! Pois limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança. Matityahu 23:25


O que ele denuncia aqui não é a observância da Torá, mas a falsa santidade – aquela que se preocupa apenas com a aparência externa, sem um coração verdadeiramente consagrado ao Eterno. Yeshua reforça a ideia de que a santidade deve ser integral, contínua e autêntica, não apenas ritualística.


4. A Relação com a Armadura de HaShem em Efésios 6

Shaul, ao escrever aos discípulos de Yeshua, faz um paralelo interessante entre a consagração sacerdotal e a vida daqueles que desejam andar nos caminhos do Eterno. Ele escreve:


Revesti-vos de toda a armadura de Elohim, para que possam estar firmes contra as ciladas do adversário. Efésios 6:11


Em sua instrução aos crentes em Éfeso, que estavam passando por muitas provações, sendo perseguidos por religiosos e também pelos romanos, o apóstolo faz um midrash das vestes sacerdotais relacionando com uma armadura. Isso porque as pessoas daquele país eram conhecedores de armaduras. Havia a lenda de que aquela cidade fora fundada pelas Amazonas, uma tribo de mulheres guerreiras, não é sem motivo que uma das principais divindades daquela cidade era a Diana dos Efésios.

Assim Shaul descreve as partes da armadura chamando-a de “armadura de Elohim”, uma clara alusão às vestes sacerdotais. Observem abaixo:

- Cinturão da Verdade – Relacionado ao Avnet (cinto) dos Cohanim, que simboliza disciplina e retidão.

- Couraça da Justiça - Assim como o Choshen Mishpat (Peitoral da Justiça) do Cohen Gadol.

- Calçados da Preparação do Evangelho da Paz - Como os pés dos profetas, que levam a palavra do Eterno ao povo (Yeshayahu 52:7).

- Escudo da Confiança Firme - Representa a proteção contra influências externas, assim como o serviço sacerdotal de proteção espiritual de Yisrael.

- Capacete da Salvação → Como a Mitznefet (Turbante), que leva a inscrição "Kodesh LaHaShem".

- Espada da Palavra de HaShem - Representa a Torá e os ensinamentos do Eterno, que são a verdadeira arma contra as trevas.

Shaul não está criando um conceito novo, mas sim reinterpretando o mesmo princípio encontrado na Parashá Tetsavê: para servir ao Eterno, é necessário estar devidamente preparado e revestido da santidade.

Assim como o Cohen Gadol não poderia se aproximar do Mishkan de qualquer maneira, também ninguém pode se aproximar do Eterno sem estar "vestido" de santidade e obediência. Quer ser servo do Eterno? Vista-se de santidade, obediência e faça teshuvah!

Concluindo nosso estudo, vemos que a Parashá Tetsavê não é apenas um relato sobre vestes sacerdotais e rituais antigos. Ela é um chamado atual, profético e eterno para aqueles que desejam servir ao Eterno de maneira genuína. A santidade não pode ser um momento isolado, mas um compromisso diário. Seja no serviço do Mishkan, nos ensinamentos dos profetas, nas palavras de Yeshua ou nas metáforas de Shaul, a mensagem é a mesma:

  • - Santidade exige preparo.

    - Santidade exige compromisso contínuo.

    - Santidade é um estado de vida, não uma experiência momentânea.

Se queremos que o Eterno habite entre nós, precisamos manter o fogo aceso todos os dias, sem deixá-lo apagar. Como está escrito:


Amem o Eterno, o seu Elohim e obedeçam sempre aos seus preceitos, aos seus decretos, às suas ordenanças e aos seus mandamentos. Devarim 11:1


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)