Introdução
Este
trabalho sobre a Teologia de Friedrich Schleiermacher para a avaliação da
disciplina de Teologia Contemporânea foi feito por meio de pesquisas na
internet, a fim de buscar os dados sobre o assunto em lide. Partindo do
conhecimento empírico com a intenção de acrescentar informações sobre o
assunto. De maneira alguma este trabalho esgota o assunto sobre a Teologia
Liberal que é o forte do vulto em questão, juntamente com hermenêutica
praticada por ele de forma muito mais científica.
Entendendo
que Schleiermacher ensinou que não há religiões falsas e verdadeiras, mas que
todas elas, com maior ou menor grau de eficiência, têm o objetivo de ligar o
homem finito com o Deus infinito, e que o cristianismo seria a melhor delas,
pretende-se buscar um aspecto um pouco mais específico a respeito desse
conceito. Bem como, analisar sua relação com o racionalismo influenciado por
Kant e outros filósofos.
Assim,
este trabalho será concluído com as impressões a respeito do assunto pesquisado
e sua influência no cristianismo até a atualidade.
Biografia
Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher nasceu na Breslávia, em 1768 e faleceu em Berlim, em 1834, teólogo
e filósofo alemão. Filho de um capelão militar provém da tradição reformada e
se educou em escolas moravianas e luteranas. Apreciava a piedade e o estudo do
latim, grego e hebraico dos moravios. Estudou a filosofia kantiana e foi
estudante de F. Von Schlegel, um líder do romancismo nos círculos literários de
Berlim. Foi ordenado ao ministério em 1794. Foi clérigo em Berlim na Igreja da
Trindade onde começou sua associação com os círculos da filosofia romancista.
Foi o primeiro calvinista convidado a ensinar na Universidade Luterana de Halle
em 1804. Em 1810 foi o primeiro teólogo convidado a ensinar na Universidade de
Berlim. Defendeu a união das igrejas calvinistas e luteranas na Prússia.
Elaborou seu sistema ético e religioso influenciado por Spinoza, Platão,
Fichte, Kant e pelo romantismo alemão. Suas principais obras foram: Discursos
sobre a religião (1799); Monólogos (1800); Crítica das Doutrinas e A Fé Cristã
(1822).
Concepção
Filosófica
A concepção filosófica de Schleiermacher é,
fundamentalmente, a do idealismo romântico, isto é, do monismo imanentista[1].
Embora ele pense que não podemos conhecer nada a respeito de Deus,
teoricamente, repete de muitos modos que a realidade é una, e que o espírito
humano na sua plena atualidade é a consciência de Deus imanente. O absoluto não
é atingido por via prática ou moral, é atingido pelo sentimento, não pelo
sentimento de ordem psicológica, mas pelo sentimento potenciado romanticamente
em sentido metafísico, sentimento este que seria precisamente a faculdade do
absoluto, do uno, e a raiz comum das outras atividades psíquicas.
Schleiermacher procura libertar a religião da ciência e da moral para poder
celebrar uma religiosidade estética.
A religiosidade verdadeira e própria para
Schleiermacher consiste em uma religiosidade em sentido específico, que seria a
referência das várias e mutáveis determinações da autoconsciência ao absoluto,
ao mais alto e mais puro Eu, que constitui a nossa essência. Para esse teólogo
a religião ocupa o mais alto grau da atividade humana, assim como o sentimento
ocupa o vértice da vida espiritual. E como na vida espiritual o conhecimento e
a vontade seriam secundários e derivados com respeito ao sentimento, assim na
atividade religiosa a teoria e a prática, a doutrina e a moral, seriam
expressões inadequadas e simbólicas da religiosidade.
A ação do infinito sobre o homem, é a intuição, e o
sentimento é a resposta do sujeito: é o estado de espírito, ou seja, a reação
da consciência. Este sentimento que acompanha a intuição do infinito é o
sentimento de total dependência do sujeito em relação ao infinito. O sentimento
religioso, portanto é o sentimento de total dependência do homem (finito) em
relação à totalidade (infinita). Essa idéia básica vale para todas as formas de
religião.
Teologia
Schleiermacher é considerado o pai da teologia liberal
por causa de sua ênfase no direito do indivíduo em definir os termos de sua
própria fé, sem ser intimidado por nenhuma autoridade. Sua teologia abriu
portas para que o pensamento iluminista secular entrasse na esfera teológica.
Ele não acreditava que a bíblia fosse a palavra de Deus inspirada, pois ninguém
poderia estar seguro de nada além de sua própria experiência pessoal. Para ele,
cada pessoa tem uma consciência de Deus que instila um senso de dependência
para com algo para além de si mesmo. O Jesus encontrado no Novo Testamento e
exaltado nos credos foi mal interpretado como Deus, sendo de fato um homem que
alcançou a pura consciência de Deus, via a Cristo como o salvador, porque nele
brilhava dependência absoluta em Deus, e sua obra consistia em transferir ao
ser humano essa consciência de dependência absoluta na divindade. A religião é:
“A consciência da divindade tal como se encontra em nós mesmos e no mundo”.
Religião: Considerado por ele como o sentimento e intuição
do universo;
Cristianismo: É o sentimento e a total
dependência de Deus;
Para esse teólogo os sentimentos é que interessa à
religião. Identifica Deus com o mundo, considerado como um todo, posteriormente
identifica-se com os pensamentos de Agostinho e Calvino. A autoridade final na
religião, não são as escrituras, nem a razão e nem uma relação entre as duas,
antes é o sentimento religioso (uma espécie de intuição) combinado com a
experiência religiosa dali derivada. Segundo esse filósofo-teólogo, a idéia de que a Totalidade e o todo se
relacionarem também com a metafísica e a moral, foi fonte de graves equívocos,
que fizeram penetrar indevidamente na religião grande quantidade de idéias
filosóficas e morais. Mas a metafísica diz respeito ao pensamento que se
vincula à Totalidade, ao passo que a ética diz respeito ao agir em relação à
Totalidade (as simples ações vistas como "deveres" deduzidos da
natureza do homem em relação com o universo). Mas a religião não é pensamento
nem atividade moral.
Schleiermacher diz que a religião não podia ser
estudada corretamente nem pela filosofia racionalista da ilustração, nem pelos
dogmas eclesiásticos, apenas o sentimento e a intuição eram os melhores
caminhos para relacionar-se com Deus, pois este para ele era uma realidade
supra-pessoal e transcendente. Questionava-se a respeito do dogma da trindade,
negava a interpretação da morte de Jesus como um substituto pelo ser humano,
entendia o pecado como uma debilidade individual e coletiva dos seres humanos
que se mantém em circulação através das influências sociais.
Foi um dos
primeiros eruditos a questionar a interpretação sobre os autores dos evangelhos
apresentados pela tradição da igreja. A igreja para ele, é um lugar de
verdadeira comunidade humana, uma comunidade que se baseia neste sentido de
dependência absoluta em Deus, compartilhada comunitariamente. Isto é base para
uma plena humanização. A religião é um componente básico da natureza humana. O
sentimento religioso, portanto, é sentimento de total dependência do homem
(finito) em relação à Totalidade (infinita).
Essa idéia básica vale, como diz Schleiermacher, para todas as formas de
religião. Mas, com o passar dos anos, ele também acabou por privilegiar o
cristianismo. Cristo passou a aparecer-lhe sempre mais como o Mediador e o
Redentor e, portanto, acabou por assumir aos seus olhos aquelas características
divinas que ele negara inicialmente. Em sua obra "A fé Cristã"
(1821-1822), Schleiermacher faz uma formulação sistemática da cristologia,
segundo a qual Jesus é o Urbild, a imagem originária do que o homem é antes da
queda. No entanto, Tillich considera sua formulação mais completa, pois para
ele o Novo Ser não é somente o Urbild, o homem essencial, o homem perfeito,
ideal da consciência religiosa, e sim o homem novo, que realiza a unida da
separação, aquele que participa da existência e vence sua alienação. Nessa
mesma obra, portanto, é traçada uma nova síntese entre fé e cultura e entre
teologia protestante e filosofia.
Dessa forma, por seu pensamento ter se tornado profundamente
cristocêntrico, Schleiermacher afirma que o cristão tem consciência de depender
de algo superior, sobrenatural, derivando-se daí sua consciência ética, uma vez
que tudo está subordinado àquela sensação religiosa, que, enfraquecendo-se,
gera o pecado, fortalecendo-se, gera a graça. Para ele o cristão pergunta a si
mesmo continuamente: o que deve ser, à luz da consciência cristã? Assim, ele
harmonizou as concepções do protestantismo com as convicções da burguesia culta
e liberal. Foi considerado radical pelos ortodoxos e visionário pelos
racionalistas, mas influenciou, mais do que qualquer outro teólogo, o
pensamento protestante do século XIX. Esse liberalismo teológico só foi
superado, no começo do século XX, pela teologia dialética de Karl Barth
Hermenêutica
É difícil
precisar com exatidão a data do primeiro momento de aplicação da hermenêutica, mas certamente foi sobre as sagradas
escrituras que o movimento hermenêutico reconheceu seu primeiro ato, ainda
enquanto técnica de leitura. Mesmo que durante a maior parte de sua história,
ela tenha sido essencialmente uma disciplina técnica e normativa, que se
exercia no domínio da exegese bíblica, da filologia[2]
clássica e da jurisprudência, tal movimento tomou outro rumo no século XVII,
quando a filosofia hermenêutica começou a tomar o rumo de uma ciência.
Na
Modernidade, foi sob influência decisiva do teólogo protestante Friedrich Schleiermacher (1768-1834) que a hermenêutica se apresentou como uma prática
metodológica de interpretação, no interior desses domínios. Ainda
que sua filosofia não tenha exercido a mesma influência que outros filósofos de
sua época, foi com certeza um dos mais interessantes de seu período. Não sendo
somente filósofo, mas também teólogo, a maior parte de seu trabalho se
concentra no que se chamaria hoje, filosofia da religião, mas é sobretudo sua hermenêutica (teoria da interpretação) e sua teoria da tradução que merecem
maior atenção.
Schleiermacher
é considerado o pai da hermenêutica moderna, para ele a tarefa da hermenêutica
era “entender o discurso também como o autor, e depois melhor que ele”. Ele
intentou apresentar uma teoria coerente sobre o processo de interpretação dos
textos, apresentou a teoria da comunicação entre um emissor e um receptor,
baseado em um contexto social e linguístico comum. Adicionou à teoria
tradicional da interpretação uma dimensão psicológica.
Conclusão
Estudar
a biografia, a filosofia, a teologia e a hermenêutica de Friedrich
Schleiermacher nos dará uma visão clara sobre a chamada teologia liberal. Uma
vez que, este teólogo-filósofo foi o precursor desse movimento teológico.
Porém, deve-se perguntar que movimento é este, chamado de Teologia Liberal?
Conforme pôde ser observado nos itens acima, este movimento teológico foi um
conceito criado por esse filósofo e teólogo, que fora grandemente influenciado
pelo racionalismo. Uma doutrina filosófica que ensinava que o homem devia ser
racional, e, portanto, se afastar de tudo o que não se podia explicar por meio
da razão. Dessa maneira o autor em estudo, afirmava que o homem deveria definir
como seria sua fé, sem que houvesse a necessidade de alguém para lhe dizer como
agir.
Outro
ponto de seu conceito era o fato de afirmar que Deus era como uma força total
no universo, por causa da influência panteísta, e que o homem sempre sentiria a
necessidade de buscar essa totalidade. Os assuntos religiosos para este autor
foram muito polêmicos e distorcidos, embora depois de algum tempo tenha buscado
o aperfeiçoamento de sua teologia, tornando-a cristocêntrica, ainda era muito
aquém do que se acreditava e pregava em sua época. Embora tivesse sido criado
em um berço calvinista, as influências filosóficas o levaram a tomar um caminho
diferente.
A
forma de Schleiermacher ver e ensinar a teologia, totalmente diferente da
maneira tradicional de sua época lhe deu o nome de liberal, pois não seria necessário
a intervenção de uma autoridade religiosa para que o indivíduo pudesse
desenvolver sua fé. O autor coloca agora na religião o sentimento em detrimento
da experiência, da autoridade bíblica e dos dogmas da igreja. O indivíduo iria
demonstrar sua fé de uma maneira sensitiva e geral. E isso poderia ser
observado através da maneira como a religião deveria ser ensinada. Também
definindo que todas as religiões teriam o mesmo objetivo, que por isso não
seriam muito diferentes umas das outras.
Sua
singular interpretação sobre os evangelhos também foram características
marcantes desse movimento. Uma vez que achava que eram interpretados de forma
erra e muitas vezes exageradas. Exatamente isso lhe responsabilizou pela sua
forma de hermenêutica e o título de pai da hermenêutica moderna. Devido ao fato
de realizar um estudo muito profundo acerca do que o texto dizia, ou seja, o
que o autor queria dizer e como, também sobre a visão histórica da época em que
um texto fora escrito. Tudo isso era demonstrado dentro de seu conceito
liberal.
Concluindo,
a teologia liberal de Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher, influenciou não
somente sua época, mas ainda hoje a igreja moderna sofre influencias. Com o
propósito de mostrar um aspecto teológico para um grupo reinante em sua época,
cujo pensamento racionalista imperava o levou a modificar a teologia. Tornado-a
assim livre do aspecto rígido das escrituras. Tal situação ainda ocorre hoje
com a igreja da atualidade, em que muitos teólogos com a desculpa de quere
atingir ao máximo de pessoas possível, acabam flexionando demais a teologia, ou
liberando muito, tornando-a liberal. Contudo, a igreja de Cristo prossegue com
esses arremedos de teologia e com suas influências, que trazem, poucas vezes
algum benefício, como o fato de apontar a responsabilidade do indivíduo saber
ler, interpretar e ter fé nas escrituras. No lugar de seguir cegamente uma
religião simplesmente porque alguém diz que é o certo. O indivíduo precisa ter
um contato sensível com seu criador, a fim de se relacionar com quem se revela
e mostra seu amor a ponto de redimir esse indivíduo.
Bibliografia
http://www.debatesculturais.com.br/friedrich-schleiermacher-o-pai-da-teologia-liberal/ em
13/10/2011.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filologia
em 02/11/2011.
[1] Têm a
ver com Panteísmo. Desde os
filósofos gregos à filosofia contemporânea, o panteísmo assumiu ao longo da
história várias formas doutrinárias, sempre polêmicas. Panteísmo (do grego pan,
"tudo", "todas as coisas", e theós, "deus") é a
doutrina que afirma a identidade substancial de Deus e do universo, os quais
formariam uma unidade e constituiriam um todo indivisível. Para os panteístas,
Deus não é transcendente ao universo e dele não se distingue nem se separa.
Pelo contrário, é-lhe imanente, confunde-se com ele, manifesta-se nele e nele
se realiza como uma só realidade, total e substancial. O panteísmo é um monismo
substancialista imanentista. Monismo porque pretende que o conjunto de todas as
coisas pode ser reduzido à unidade; substancialista por entender que todo o
real é de caráter substancial, ou seja, é substância; e imanentista porque sua
afirmação de que Deus é imanente à natureza implica que a ação de Deus se
confunde com a da natureza. As formas doutrinárias panteístas mais importantes
e significativas se encontram no panteísmo clássico, que considera Deus a única
realidade, e o universo uma mera manifestação de Deus. O panteísmo materialista
ou naturalista parte do universo para Deus, e vê no universo a própria
realidade de Deus, que nada mais seria do que a totalidade das coisas que
existem, das quais depende para realizar-se.
[2] A filologia
(do grego antigo Φιλολογία, "amor ao estudo, à
instrução") é a ciência que estuda uma língua,
literatura, cultura ou civilização sob uma visão histórica,
a partir de documentos
escritos. Contudo, a abordagem científica do desenvolvimento de uma língua
ou de famílias de línguas, especialmente a pesquisa da
história de sua morfologia e fonologia,
tradicionalmente chamada filologia, foi englobada pelo que hoje se chama
Linguística Histórica. Embora ainda haja filólogos dos mais variados matizes
trabalhando na Kulturgeschichte, estudos literários e demais, a
filologia hoje é principalmente associada ao estudo material e crítico dos textos.
A filologia aborda, portanto, problemas de datação, localização e edição de
textos. Para tanto, ela se apóia na História e em seus ramos (como a história das religiões
etc.), na lingüística, na gramática,
na estilística,
mas também em disciplinas ligadas à arqueologia,
como a epigrafia
ou a papirologia.