Estudos
da Torá
Parashá nº 54 – Vezot HáB’rachá
(E esta é a benção)
Devarim/Deuteronômio
Dt 33:1-34:12
Haftará (Separação) Js 1:1-18; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Rm 7:21-25.
1 - INTRODUÇÃO
Esta foi a
última porção da Torá que estudamos no ciclo 2018-2019, a “Vezot Haberachá”,
que é lida na festa de “Simchat Torá (Alegria da Torá), e ela descreve as
últimas palavras de Moshê ao povo de Israel. Depois de elogiar a nação por
acolher a Torá, conforme afirma o site Chabad.org, Moshê concede bênçãos específicas
e proféticas para cada uma das tribos, de acordo com suas responsabilidades
nacionais e grandeza individual, e então abençoa a nação como um todo.
Vejamos o
que esta última porção nos ensina e o que poderemos à partir daí passar a
praticar em nossas vidas.
2 - ESTUDO DAS
PALAVRAS
Lemos no
comentário da Torá, que após o cântico de “Adeus” da parashá anterior, Moshê,
antes de se separar do seu povo amado, abençoou-o, como o fez o patriarca
Yaacov (Jacó), fundador das tribos de Israel (Gn 49:29). Ele convocou toda a
congregação e abençoou a cada tribo em separado, destacando o papel que
haveriam de desempenhar ao longo dos tempos.
Lemos mais,
que essas maravilhosas palavras de despedida de Moshê são a mais significativa
expressão do otimismo e da fé que define o segredo da existência e continuidade
do povo de Israel. Esse homem escolhido por Adonai, estava fortalecido pela
couraça de uma fé poderosa e inquebrantável, que lhe deu coragem para defrontar-se
com o desastre e a morte, e mesmo assim, contemplar a Onipresença Divina. Sua
alma estava impregnada, segundo esse comentário, de coragem e otimismo, porque
sabia que o único refúgio da nossa vida é o Eterno. Esta foi a fé que o moveu a
abençoar seu povo nas últimas horas de sua vida, e a falar-lhe cheio de confiança
e fé a respeito do futuro.
Com toda
certeza a confiança que Moshê tinha em Elohim era tão grande, que esse era o
motivo de sua esperança. Devemos aprender essa lição com Moshê, mesmo em
momentos de dor, nada pode abalar nossa confiança no eterno. Ainda que tudo ao
redor esteja direcionando para tristeza, encontre em Adonai a força para visualizar
o cumprimento das promessas, pois foi isso que ele fez. Veja o que lemos em
Salmos 23: “YHVH ROY LO ECHESAR” Adonai é meu pastor e não me faltará...”
Quando lemos todo o salmo, podemos perceber do que está sendo falado, não fala
de coisas materiais, mas fala da confiança no Eterno, mesmo que o material
falte, o Eterno não faltará. Esse é o entendimento que Moshê tinha.
O versículo
1 desse capítulo 33 de Dev/Det nos diz o seguinte: “Esta é a bênção com o
qual Moisés, homem de Elohim, abençoou os israelitas antes da sua morte.”
É muito
bonito quando uma pessoa pode terminar os seus dias abençoando no lugar de
amaldiçoar. Verdadeiros servos de Adonai vivem assim, como vemos com Moisés,
mas também com o próprio Yeshua, que foi o profeta que o Eterno levantou como
Moshê (Deut 18:15, 18), também ele terminou os seus últimos momentos na terra a
abençoar os seus discípulos, como podemos ler em Lc 24:50-51:
“Tendo-os levado até as proximidades de Betânia, Jesus levantou
as mãos e os abençoou. Estando ainda a abençoá-los, ele os deixou e foi elevado
ao céu.”
Vejamos o
verso 2: “E disse: Adonai chegou do Sinai; de Seir ele raiou sobre seu povo,
brilhou desde o monte Paran; e com ele estavam miríades de santos; escrita com
sua mão direita, deu-lhes a Lei do meio do fogo.”
De acordo
com o site Emunah a fé dos santos, o talmud diz que isto ensina-nos que o
Santo, Bendito seja ele, ofereceu a Torá a todas as nações e línguas, mas não a
aceitaram até que chegou a Israel que a recebeu.
A Tora foi
dada como fogo, ou do meio do fogo. E isso representa para nós que, é muito
importante manter o fogo da Torá do Eterno nos nossos corações para que a nossa
prática, o caminhar em obediência, não se converta em algo pesado, aborrecido
ou seco, conforme lemos em Lc 24:32. Quando a Torá está no coração, é um fogo
interior que nos mantém inspirados no nosso amor pelo eterno. Em Rm 12:11
podemos ler: “ No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito,
servindo ao Senhor.”
Outra coisa
que podemos notar neste verso 2, é que a Torá foi entregue por Deus a Seu povo
sem intermediários. Isso porque a expressão “Sua mão direita” reflete a proximidade
ímpar de Deus com o povo de Israel e indica também a força e a segurança que
Israel recebeu juntamente com a Torá revelada por Deus. Vemos isso no
comentário da Torá.
Sabemos
assim, com certeza dita pela própria Torá, que o Eterno a deu diretamente ao
povo, e Moshê que fazia parte do povo, foi quem a recebeu e levou ao povo.
Devemos com isso, entender que ela é a vontade de Deus para aqueles que se
propõe a servi-lo.
Um olhar retrospectivo
Quero passar
a seguir um trecho do estudo dessa porção extraído do site Chabad.org, pois
achei muito apropriado, para nós nesse momento.
O texto diz
que, ao chegar ao final do livro de Devarim, é hora de olharmos em retrospecto
e refletir sobre o que estamos a ponto de completar. Segundo esse estudo, os
rabinos referem-se a este livro como Mishnê Torá, conforme mencionamos em alguns
estudos anteriores, isso é, uma explicação e revisão da Torá, pois Devarim
inclui muitas mitsvot que já foram ensinadas anteriormente em outros livros da
Torá. Poderíamos pensar: por que foi necessário revisar tantas coisas muitas e
muitas vezes?
Afirma-se
que Rabi Samson Raphael Hirsch explica que a narrativa em Devarim ocorreu ao
final da permanência de quarenta anos do povo judeu no deserto. Eles haviam
testemunhado muitos milagres às claras enquanto D’us lhes fornecia tudo o era
necessário: jamais tiveram de trabalhar a terra para produzir alimentos; D’us
fornecia o maná diariamente. O poço de Miriam jorrava água o tempo todo, e as
Nuvens de Glória os protegiam deia e noite. Às margens do Rio Jordão, o povo
judeu esperava para entrar na terra de Israel onde não receberiam mais milagres
tão óbvios. Não haveria mais o maná, sendo assim, teriam que plantar, arar,
colher e cultivar a terra para sustentar-se. O poço e as nuvens também se
foram, a vida agora seria governada pela realidade.
Com tudo o
que foi dito acima, devemos entender que esse é o momento de repensar e
recapitular tudo o que aprendemos nesse ciclo que se acabou. Quantos
ensinamentos para nossas vidas extraímos da Torá durante esse ano de estudos.
Porém agora é o momento de parar e rever tudo, assim como Moshê fez com o povo
de Israel, possa também cada um de nós fazer. Extrair dos ensinamentos teóricos
a prática e viver o que aprendemos. Assim, como naquele momento, o povo de
Israel iria colocar em prática todo o aprendizado no deserto, ao entrar em
Canaã, pois não teriam agora a presença divina e os milagres da mesma forma.
Nós também somos levados a exercer nosso aprendizado no nosso viver diário.
Obedecendo e levando o ensinamento da Torá para outros.
Como podemos
ver no verso 4, a Torá é uma herança para a congregação de Israel, e quando um
gentio se converte ao Elohim de Israel através de Yeshua HaMashiach, adentra a
esse povo conforme já dissemos outras vezes, e por isso, também recebe por
herança a Torá, como lemos em Atos 26:17b-18:
“gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrires os olhos
e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a
fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são
santificados pela fé em mim.”
E em Gálatas
3:29 está escrito: “e se sois do Messias, então sois descendência de Abraão,
e herdeiros conforme a promessa.”
Dessa forma,
concluindo, que possamos adentrar nesse novo tempo em nossas vidas confiantes
no poder do Eterno, mas obedecendo e praticando a sua vontade para nossas
vidas, que é a Torá, como verdadeiros herdeiros da promessa.
Bibliografia:
- Torá - Lei de Moisés. Editora
Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/54-_vezot_haberach_esta__a_beno.pdf
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822876/jewish/Mensagem-da-Parash.htm
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822843/jewish/Resumo-da-Parash.htm
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