Estudos
da Torá
Parashá
nº 8 – Vayishlách (E enviou)
Bereshit/Gênesis
Gn. 32:3 – 36:43
Haftará
(separação) Ob 1:1-21 e
B’rit
Hadashah (nova aliança) Mt 26:36-46
1
- INTRODUÇÃO
Jacó
e Esaú apesar de serem irmãos gêmeos eram diferentes na aparência
e no comportamento, conforme vimos na parashá passada. Desde o
ventre de sua mãe eles viviam em combate, e depois do problema da
benção que Jacó tomou de Esaú e da consequente separação que
enfrentaram, agora a Torá descreve para nós o reencontro deles após
muitos anos. E nessa descrição, faz um clima de suspense. Porém,
lendo as Escrituras vemos a palavra que Adonai disse a Rebeca em Gn
25.23 a respeito de seus filhos se cumprindo através da história de
Israel e Edom, e a Haftará em Obadias nos confirma isso. Vejamos o
que este estudo reserva de instrução para nós.
2
– ESTUDO DAS PALAVRAS
Na
última parashá que estudamos, em Gn 31. 2 vimos o Eterno falando
para Yaacov (Jacó) voltar para a terra de seus pais e para seus
parentes, pois seria com ele. Então o patriarca pega sua família e
todos os seus bens e inicia a caminhada, mas ele sai sem falar com
seu sogro Lavan (Labão), pois temia que seu sogro o impedisse. Este
no entanto, quando descobriu foi atrás e o alcançou, e lemos que
houve paz entre eles.
Após
a despedida de Lavan e sua partida de volta para Charam (Harã),
Iacov tem mais uma experiência com D'us, vendo anjos de Elohim em
seu acampamento v. 3, e ele chama aquele lugar de Machanáim
(Maanaim).
A
parashá dessa semana inicia no verso 3(4) com Yaacov voltando-se
para uma realidade dura de sua vida. Ele estava próximo de
encontrar-se com Esav (Esaú), e não sabia como seu irmão iria se
comportar ao vê-lo. Essa realidade o consumia com temor e angústia
v. 8, levando-o a "vayislach - e enviou". Ele envia
mensageiros até seu irmão, com o intuito de sondar e ver como o
receberia. E aqui a Torá quer nos ensinar que em meio às nossas
lutas precisamos enviar mensageiros, ou seja, observar as coisas ao
nosso redor, para que estejamos cientes da realidade, mas não
devemos nos esquecer jamais que antes disso, ele presenciou anjos em
seu acampamento, pois Elohim sempre está com aqueles que lhe
obedecem. E Yaacov estava voltando em obediência ao Senhor.
Porém,
como sempre, nada é fácil, e a Torá nos mostra isso para que
possamos sempre saber como agir. Os servos que Yaacov havia enviado
retornam e informam que Esav estava vindo em sua direção
acompanhado de 400 homens. Para Yaacov isso não representou algo
bom, o que aumentou ainda mais o temor e a angústia. Se pararmos pra
pensar bem, o temor é justificável. Para quê trazer consigo tantos
homens? O patriarca age em primeiro lugar de forma meramente humana.
Por causa do medo divide o povo que estava com ele em dois grupos, a
fim de protegê-los, pois pensava que se seu irmão viesse e atacasse
um grupo escaparia com vida. Somente depois é que ele ora a Adonai
v. 10 a 13. Devemos entender, que em situações difíceis a primeira
atitude deve ser a de colocar tudo nas mãos de Adonai em oração,
antes de fazer qualquer outra coisa. Devemos agir sim, mas depois de
ter primeiro orado a D'us.
Repare
no que um conhecido comentarista da Torá chamado Rashi diz a
respeito dessa situação mencionada acima: "Yaacov preparou-se
para três coisas: 1) Oferecer presentes; 2) Pedir proteção a Deus;
e 3) Combater, se isso tornasse necessário. Os homens, mesmo os
justos, não devem esperar com os braços cruzados o apoio de Deus,
escreve o Zôhar: Quando agem na terra, agem também no céu. "E
Deus disse a Moisés: Por que clamas a mim? Fala aos filhos de Israel
que se movam!" (Ex. 14.19). A mesma coisa deu-se com Josué: "E
disse Deus a Josué: Levanta-se! Porque estás assim prostrado com o
rosto em terra? (Procura saber o que aconteceu!) Israel pecou e
também tomaram do anátema", etc. (Josué 7.10). Daí surgiu o
conhecido provérbio: "Ajuda-te, e Deus te ajudará!"
Enviar
presentes a seu irmão foi uma estratégia que Yaacov concebeu na
tentativa de preservar a vida do seu povo e sua própria vida. Se
retornamos ao v. 12, na oração dele vemos a preocupação repare
nos termos "mãe com filhos", que em hebraico é "EM
AL BANYM", significando literalmente "mãe sobre filhos"
ou "mãe como construção", observe que uma mãe
geralmente cobre os seus filhos para protegê-los do perigo,
lembremos que Yeshua fez menção a algo pareceido com isso em Mt
23.37, veja: "Jerusalém,
Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são
enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como
a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas,
mas vocês não quiseram."
O patriarca envia os presentes separados um à frente do outro, de
forma que quando Esav se aproximasse, encontraria um servo de Yaacov
com presentes, após ele mais um, e assim por diante, sendo que ele
estará no final da comitiva. E da mesma forma organizou as servas e
seus filhos, Lea e os filhos e por último Raquel e José (Gn
33.1-3).
Antes
disso, porém, naquela madrugada, Yaacov faz passar ao outro lado do
val as suas mulheres e filhos, mas ele fica para trás e se encontra
com um homem com o qual luta durante toda a noite. Há uma discussão
se essa luta foi real ou se é uma mera interpretação da palavra
"vaieavec - cuja raiz pode ser: levantar poeira, caminhar
junto". Com isso a Torá estaria nos ensinando que nas situações
diversas em nossas vidas, independente das nossas decisões é
preciso andar ou permanecer ao lado de Adonai. Aquele homem que em
algumas traduções vem como anjo, era uma representação de Elohim,
do poder e autoridade de Deus, que vem representado através de um
mensageiro, que em hebraico é malach, geralmente traduzido como
anjo, mas significa mensageiro. Esse era o mashiach, a palavra, antes
de sua encarnação. E vemos isso quando é questionado sobre seu
nome e quando ele troca o nome de Yaacov para Israel - Yshrael, ou
seja, literalmente, Ysh - homem, ra - caminhar ou lutar e El -
partícula designadora de divindade, Deus.
O aprendizado prático que podemos tirar dessa parashá é que
durante nossa caminhada nesse mundo enfrentamos diversos tipos de
lutas. A forma como as enfrentaremos definirá nossas vitórias ou
derrotas. As decisões que tomamos em cada situação pode nos levar
para mais perto de Adonai e da vontade dele sendo cumprida em nossa
vida. Devemos entender que, como servos de Adonai, nossa atitude
prioritária deve ser buscar a vontade de Deus, e a exemplo de
Yaacov, precisamos orar antes de tomar qualquer decisão, por mais
difícil que a situação possa se mostrar. E se assim fizermos, a
presença de Adonai estará conosco para nos ajudar.
3
– RESUMO
A
parashá inicia com o encontro de Yaacov com seu irmão Esav, e todoo
drama que esse encontro trouxe. Aluta com dele com o mensaeiro de
Adonai e seu novo nome.
Esav
vai para um lado e Yaacov para outro.
Uma
nova crise ocorre na vida do patriarca quando Diná é estuprada por
Siquém, o príncipe de uma cidade do mesmo nome. Os filhos de Yaacov
sentem-se ultrajados e orquestram uma vingança matando todos os
homens da cidade, depois de enganá-los e fazerem se circuncidarem.
Raquel
more ao dar a luz a Benjamim, o décimo segundo filho de Yaacov, que
retorna para seu pai Isaque. Este morre com 180 anos Gn 35.28,29. E a
parashá termina com a genealogia de Esaú.
Bibliografia:
-
Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
-
Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
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