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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Estudo da Parashá Vayigash (E aproximou-se) - Há gentios na Nova Aliança?

 



Estudos da Torá


Parashá nº 11 – Vayigash (E aproximou-se)

Bereshit/Gênesis Gn. 44:18 – 47:27

Haftará (separação) Ez 37:15-28; e

B’rit Hadashah (nova aliança) Atos 7:9-16


Tema: Há gentios na Nova Aliança?


RELEMBRANDO


No estudo da parashá passada vimos Yosef interpretando o sonho do Faraó e em consequência disso assumindo a posição de governador do Egito. E nessa posição, de acordo com o sonho que ele havia tido há anos, vê seus irmãos ajoelhando-se ante ele para comprar alimentos, e acompanhamos toda a estratégia para verificar se eles haviam mudado. E tivemos a oportunidade de aprender muito a respeito de como devemos agir no nosso cotidiano, uma vez que isso no leva a ser testemunho vivo do poder do Eterno. Estudamos também o tema da fé verdadeira em complemento ao tema da confiança que vimos na semana anterior. No estudo de hoje veremos se os gentios ao entrar na Nova Aliança permanecem sendo gentios.


A PARASHÁ DA SEMANA


Vamos iniciar com um resumo, após a nossa leitura de parte da porção semanal. A Parashá começa com a súplica ardorosa de Yehudah ao poderoso governante egípcio, que era Yosef ainda disfarçado, pela vida de Binyamin, alegando que Yaakov certamente morreria de dor se perdesse seu filho mais jovem.

Yehudá se oferece para permanecer no Egito como escravo no lugar do irmão mais novo.

Yosef então decide revelar sua identidade a seus irmãos, perdoando-os por vendê-lo como escravo anos antes, declarando que enviá-lo ao Egito era parte do plano Divino de preparar a sobrevivência na época de escassez.

Yosef então os envia de volta para a Terra de Kenaan carregados de presentes pedindo que tragam Yaakov e sua família para o Egito onde viveriam na província de Goshen. Antes que Yaakov partir, D'us aparece a ele reafirmando-lhe que Ele os acompanhará e que ao final retornarão à Kenaan como uma grande nação.

Após vinte e dois anos de separação, Yaakov finalmente se reúne com seu amado filho Yosef, e juntos vão ao encontro do Faraó.

A parashá termina descrevendo como Yosef usou seus vastos poderes para amealhar quase toda a riqueza do Egito para o tesouro do Faraó.

Estudo do Texto da Parashá


Historicamente, desde o final do século II da era comum, vem sendo ensinado erroneamente que o chamado “Antigo Testamento”, pacto ou aliança é para os judeus e que o chamado “Novo Testamento”, pacto ou aliança é para os gentios, ou como alguns dizem, a igreja. Nessa porção poderemos comprovar como esse entendimento que foi propagado após os concílios, aos quais os judeus nazarenos foram impedidos de participar, está errado, principalmente em relação ao TaNaK, mas também em relação aos escritos nazarenos, que é comumente chamado de Novo Testamento (NT). Também utilizarei como base para parte dos ensinos aqui, um estudo extraído do site Emunah a fé dos santos, sobre o assunto que estamos tratando.

Complementando a porção dessa semana, está uma haftará (separação) do profeta Ezequiel, que muito nos chama atenção e nos ajuda a começar a abrir o entendimento a respeito desse assunto. Leiamos então o texto da haftará, que está em Yechezkel/Ez 37:15-28:


Esta palavra do Eterno veio a mim: "Filho do homem, escreva num pedaço de madeira: ‘Pertencente a Judá e aos israelitas, seus companheiros’. Depois escreva noutro pedaço de madeira: ‘Vara de Efraim, pertencente a José e a toda a nação de Israel, seus companheiros’. Junte-os numa única vara para que se tornem uma só em sua mão. "Quando os seus compatriotas lhe perguntarem: ‘Você não vai nos dizer o que isso significa? ’ Diga-lhes: ‘Assim diz o Soberano Eterno: Vou apanhar a vara pertencente a José, que está na mão de Efraim, e às tribos israelitas, seus companheiros, e juntá-la com a vara de Judá, fazendo delas um único pedaço de madeira, e elas se tornarão uma só na minha mão’. Segure diante dos olhos deles os pedaços de madeira em que você escreveu e diga-lhes: ‘Assim diz o Soberano Senhor: Tirarei os israelitas das nações para onde foram. Vou ajuntá-los de todos os lugares ao redor e trazê-los de volta à sua própria terra. Eu os farei uma única nação na terra, nos montes de Yisrael. Haverá um único rei sobre todos eles, e eles nunca mais serão duas nações nem estarão divididos em dois reinos. Não se contaminarão mais com seus ídolos e imagens detestáveis nem com nenhuma de suas transgressões, pois eu os salvarei de todas as suas apostasias pecaminosas, e os purificarei. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu D’us. " ‘O meu servo Davi será rei sobre eles, e todos eles terão um só pastor. Eles seguirão as minhas leis e terão o cuidado de obedecer aos meus decretos. Viverão na terra que dei ao meu servo Jacó, a terra onde os seus antepassados viveram. Eles e os seus filhos e os filhos de seus filhos viverão ali para sempre, e o meu servo Davi será o seu líder para sempre. Farei uma aliança de paz com eles; será uma aliança eterna. Eu os firmarei e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre. Minha morada estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Então, quando o meu santuário estiver entre eles para sempre, as nações saberão que eu, o Senhor, santifico Yisrael” Ez 37:15-28


Deve estar bem claro em nossa mente que o messias, e as promessas da aliança com o Eterno são feitas para os descendentes de Yisrael, mas as pessoas das nações, ou seja, os gentios que se achegam podem adentrar juntamente.

Pelo entendimento dos diversos textos do TaNaK, as dez tribos do norte foram espalhadas pelas nações do mundo, e muitos acabaram se misturando com os povos e perdendo a identidade, tornando-se gentios. Por isso, o Eterno, pela boca do profeta fala de duas nações, os judeus das tribos do sul, que apesar de muitas perseguições e diáspora (ser espalhados) conseguiram sempre se manter com identidade de povo, e os israelitas das tribos do norte que foram espalhados entre as nações, muitos acabaram perdendo a identidade. Podemos também observar nesse texto que lemos, a descrição de algumas tarefas do messias em relação ao povo de Yisrael (judeus e israelitas) e os gentios das nações.

Podemos confirmar esse princípio também por meio de outro profeta, que ao ser usado pelo Eterno também faz menção à renovação da “aliança” e com quem ela é feita, veja em Yirmeyahu/Jr 31:31, que diz o seguinte:


Eis que dias vêm, diz o Eterno, em que farei uma aliança nova com a casa de Yisrael e com a casa de Yehudah.”


De acordo com o que lemos no texto de Jeremias acima, a nova aliança não era para as pessoas das nações, ou seja, gentios, mas sim para as tribos de Yisrael, do antigo reino do norte, conhecido em todo o TaNaK como “casa de Yisrael/Efraim e também para os judeus do reino do sul, conhecidos como casa de Yehudah. Mas isso nunca significou que as pessoas das nações nunca poderiam entrar na aliança e comprovaremos isso, assim como podemos ver em todo o texto do TaNaK pessoas que não eram das tribos de Yisrael adentraram o povo, começando assim a fazer parte dele. Como exemplo podemos mencionar Kalev, Rachav e Ruth, dentre outros.

Esta “Nova” aliança ou aliança renovada seria gravada nos corações, e seria diferente daquela que foi feita no Monte Sinai, que era escrita em pedras, e também seria dada como remissão dos nossos pecados, conforme lemos Jeremias 31:32-34.


"Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; porque quebraram a minha aliança, apesar de eu ser o Senhor deles", diz o Eterno. "Esta é a aliança que farei com a comunidade de Yisrael depois daqueles dias", declara o Senhor: "Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao Eterno’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior", diz o Eterno. "Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados." Jeremias 31:32-34


O Eterno, através do profeta também diz nos versos: 35-40 que os descendentes de Yisrael seriam uma nação diante dEle para sempre. Veja o texto abaixo:


Assim diz o Eterno, aquele que designou o sol para brilhar de dia, que decretou que a lua e as estrelas brilhem de noite, que agita o mar para que as suas ondas rujam; o seu nome é o Eterno dos Exércitos: "Somente se esses decretos desaparecerem de diante de mim", declara o Eterno, "deixarão os descendentes de Yisrael de ser uma nação diante de mim para sempre". Assim diz o Eterno: "Se os céus em cima puderem ser medidos, e os alicerces da terra embaixo puderem ser sondados, então eu rejeitarei os descendentes de Israel, por causa de tudo o que eles têm feito", diz o Eterno. "Estão chegando os dias", declara o Eterno, "em que esta cidade será reconstruída para o Eterno, desde a torre de Hananeel até à porta da Esquina. A corda de medir será estendida diretamente até a colina de Garebe, indo na direção de Goa. Todo o vale, onde cadáveres e cinzas são jogados, e todos os terraços que dão para o vale do Cedrom a leste, até a esquina da porta dos Cavalos, serão consagrados ao Eterno. A cidade nunca mais será arrasada ou destruída." Jeremias 31:35-40


Descendentes de Yisrael aqui significa os filhos de Yaakov e os que se achegam a eles.

O autor da epístola aos Hebreus também confirma esse entendimento conforme podemos ler em Hb 8:7-13, e assim nos mostra ainda, que esta lei, que é escrita nos corações é uma renovação da que estava relacionada com o tabernáculo e o templo, juntamente com os sacrifícios os quais agora foram substituídos pela vida justa de Yeshua.

Estamos vendo pelos profetas e pelo escritor aos Hebreus qual a intenção original do Eterno ao anunciar essas palavras a respeito da nova aliança. A intenção é que haveria uma junção da casa de Yehudah, a casa de Yisrael e os gentios que se aproximassem. E assim, podemos começar a compreender que, o que foi ensinado no decorrer dos séculos pelo sistema religioso, está em desacordo com as Escrituras e com a verdade.

Assim, fica claro que não existe uma “lei” para os judeus e outra para o povo das nações, os gentios. No entanto, fica claro também que a aliança renovada dada ao povo de Yisrael, sendo judeus e israelitas, pelo perdão dos pecados, isto é, das transgressões da Torá, que ocorreram no passado, esse perdão é efetivado através do sangue (da vida justa) de Yeshua no lugar de animais.

É importante sempre lembrar, que a casa de Yisrael está hoje composta de israelitas de sangue perdido pelas nações e por gentios, assim ambos são gentios.

Por isso, devido ao novo concerto não estar mais dependente da figura central do templo físico e dos sacrifícios que se faziam ali, conforme lemos no estudo do site Emunah a fé dos santos, tanto a Torá como a oportunidade de ser perdoado pelas violações contra a Torá, pode agora ser acessível ao povo das nações que viveram e vivem ainda hoje, fora da terra de Yisrael, e podemos confirmar isso também em outros textos dos escritos nazarenos, sendo entendidos de acordo com o contexto original, veja:


Mas agora se manifestou uma justiça que provém de D’us, independente da lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de D’us mediante a fé (emunah, fidelidade) em Yeshua HaMashiach para todos os que crêem (confiam). Não há distinção se alguém é judeu ou gentio, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de D’us, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há no Messias Yeshua. D’us o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue (vida justa), demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; Romanos 3:21-25


Vejamos também outro texto de Rav. Shaul (o apóstolo Paulo) que trata a esse respeito.


Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas, e que naquela época vocês estavam sem Messias, separados da comunidade de Yisrael, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem D’us no mundo. Mas agora, no Messias Yeshua, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue do Messias. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com D’us os dois em um corpo, por meio do madeiro, pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só ruach (espírito, mover, poder). Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de D’us, Efésios 2:11-19


Dessa forma, podemos perceber que a renovação da aliança não anula a anterior, e ambas dizem respeito ao povo de Yisrael como um todo, composto da casa de Yehudah ou judeus (tribos do sul), casa de Yisrael ou Efrayim (tribos do norte) dispersas pelas nações, sendo portanto gentios, e também por gentios que se convertem ao D’us de Yisrael, tornando-se portanto ex-gentios, uma vez que se uniram a Yisrael. Portanto, a única forma de tomar parte das alianças e promessas do Eterno para seu povo é tornando-se concidadãos dos santos e herdeiros através de Yeshua, ou seja, como já disse antes, tornando-se parte do povo de D’us, o povo de Yisrael. Não é à toa que Yeshua disse que a “salvação vem dos judeus” Jo 4:22.

Sendo assim, como concidadãos do reino do Eterno, somos abrangidos pelos mesmos mandamentos, ou seja, a mesma Torá. Não existindo portanto, um conjunto de regras para os ramos naturais da oliveira e outro conjunto de regras diferentes para os ramos enxertados, para fazer alusão ao texto de Shaul aos Romanos 11.

Se participamos da mesma herança, ou seja, dos mesmos direitos, por quê teríamos regras diferentes? O grande problema da chamada igreja é insistir na desvinculação dos ramos naturais e requerer a “nova aliança” como algo exclusivamente seu, no lugar de uma aliança israelita de naturais e enxertados.

Desde o início dessa igreja romana, no século III, que ela alega ser o “novo Yisrael” e que substitui o antigo Yisrael, mas todas essas ideias são originárias da doutrina chamada “teologia da substituição”. E eles fazem o mesmo com o evangelho. Alegando que o evangelho foi iniciado por Yeshua, porém o evangelho está presente desde o princípio, mais precisamente Gn 3:15. Evangelho é a notícia das palavras do Eterno, ou seja, a Torá, que liberta o homem da transgressão.

É importante destacar o motivo da existência dessa aliança renovada, para compreendermos bem o assunto dessa semana, que é muito extenso e levaríamos muito tempo aqui, mas estamos resumindo para uma compreensão básica.

O Rav Shaul em seu escrito aos Gálatas, nos informa que devido à necessidade de fazer expiação pelos pecados da nação que a “primeira aliança” chamada de antiga, foi estabelecida, a fim de agir como um tutor ou aio, para levar a nação até o tempo da chegada do Messias Yeshua, onde por meio de uma aliança sacerdotal perfeita, renovada em seu sangue, ou seja, sua vida justa, pode ser instituída na mente e no coração das pessoas conforme mencionado pelo profeta Jeremias, já citado aqui. O autor aos Hebreus também menciona algo parecido com isso em Hb 9:12-15.

Por isso, vemos já no início, a Torá nos informando que, o Eterno disse que faria de Avraham uma grande nação, em Gn 12:2, porém mais tarde diz que faria dele uma multidão de nações em Gn 17:4 e renova a promessa a Yitschak e a Yaakov em Gn 26:1-5 e 35:9-12.

A nação mencionada pelo Eterno aos patriarcas é Yisrael, o verdadeiro, com suas doze tribos, de acordo com o estudo do site já mencionado, das quais dez acabariam por se espalhar pelas nações povoando a terra. Estamos vendo que essa profecia da multidão de nações, tem sido cumprida de forma gradativa, e somente terá seu total cumprimento quando a Nova Yerushalayim descer do céu no oitavo milênio, conforme Ap 21. Nesse tempo cada uma das doze tribos comporá uma única nação, e de acordo com o que está escrito, serão das nações que se salvarão os que entrarão pelos portões da cidade e assim “todo o Yisrael será salvo”. Porque de muitos se farão um povo, o que reinará com o messias.

Cada uma das doze tribos que serão salvas, incluindo os ex-gentios que foram enxertados nas diversas tribos, deverão entrar na cidade, cada uma pelo seu próprio portão, conforme vemos nos textos abaixo:


"Distribuam essa terra entre vocês de acordo com as tribos de Yisrael. Vocês a distribuirão como herança para vocês mesmos e para os estrangeiros residentes no meio de vocês e que têm filhos. Vocês os considerarão como israelitas de nascimento; juntamente com vocês, a eles deverá ser designada uma herança entre as tribos de Yisrael. Qualquer que seja a tribo no qual o estrangeiro se instale, ali vocês lhe darão a herança que lhe cabe", palavra do Soberano Eterno. Ezequiel 47:21-23


Podemos ver outros textos no TaNaK, dito pelo Eterno através dos lábios de Yeshayahu, acerca dos estrangeiros, e de sua colocação junto com o povo. O Eterno já anunciava que pretendia fazer o enxerto de gentios, que se convertessem a Ele, no povo de Yisrael, veja:


O Eterno terá compaixão de Yaakov; tornará a escolher Yisrael e os estabelecerá em sua própria terra. Os estrangeiros se juntarão a eles e farão parte da descendência de Yaakov.” Yeshayahu/Is 14:1


E os estrangeiros que se unirem ao Eterno para servi-lo, para amarem o nome do Eterno e para prestar-lhe culto, todos os que guardarem o shabat sem profaná-lo, e que se apegarem à minha aliança, esses eu trarei ao meu santo monte e lhes darei alegria em minha casa de oração. Seus holocaustos e seus sacrifícios serão aceitos em meu altar; pois a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos". Palavra do Soberano Eterno, daquele que reúne os exilados de Yisrael: "Reunirei ainda outros àqueles que já foram reunidos". Yeshayahu/Is 56:6-8


Também podemos ler o capítulo 11 da epístola aos Romanos, dos versos 1-36.

Vemos que as alianças permanecem inalteradas, e é necessário que seja assim até que a plenitude dos gentios seja enxertada na oliveira. Por isso, não importa o que diga a teologia cristã, seja ela de qual ramo for, que conforme disse no início desse estudo, baseiam-se na premissa de que o antigo pacto é para os judeus e que o novo pacto é para os gentios e para qualquer judeu que se converta à fé dos gentios. No entanto, a fé que os gentios devem abraçar é a fé que uma vez foi dada aos santos, ou seja Yisrael, conforme vemos nos textos abaixo:


Pois vocês são um povo santo para o Eterno, o seu D’us. O Eterno, o seu D’us, os escolheu dentre todos os povos da face da terra para ser o seu povo, o seu tesouro pessoal. Deuteronômio 7:6


Judas, servo de Yeshua HaMashiach e irmão de Tiago, aos que foram chamados, amados por D’us, o Pai, e guardados por Yeshua HaMashiach: Misericórdia, paz e amor lhes sejam multiplicados. Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos. Judas 1:1-3


Sabemos que os gentios das nações não tem promessa e nem aliança com o Eterno, e também sabemos que Yeshua veio facilitar a entrada das pessoas na aliança até que elas tenham plena condição de obedecer aos mandamentos e cumprir as exigências dela. É exigido das pessoas quando se convertem ao Eterno e adentram o povo, se adapte a Yisrael, e não que Yisrael se adapte às nações. Yisrael é o povo escolhido, o povo a quem a Torá foi dada conforme lemos em Rm 3:2, e do qual nasceu o messias.

Dessa forma, podemos concluir que a única forma para os gentios fazerem parte e usufruírem da aliança renovada é reconhecerem a necessidade de serem enxertados no povo de Yisrael, o povo da aliança, através dos méritos da vida justa de Yeshua, tornando-se ex-gentios e coerdeiros junto do povo de Yisrael, tornando-se aptos a obedecerem aos mandamentos e receberem igualmente as promessas feitas ao povo. Assim, uma vez enxertado, deixa de ser gentio e se torna concidadão e herdeiro, sujeito às mesmas obrigações e termos da aliança, como qualquer outro ramo natural da oliveira que é Yisrael, cuja raiz é o Messias Yeshua, conforme lemos em 1Co 12:13-27.

Então, concluindo, podemos responder a pergunta tema: Há gentios na Nova Aliança? A resposta é muito clara, de acordo com tudo que vimos até aqui. É um sonoro não! Não há gentios na nova aliança porque eles se tornam parte do povo e portanto, deixam de ser gentios e se tornam Yisrael.

Que o Eterno nos ajude a mantermos a condição de enxertados sem jamais cair ou voltar atrás à nossa condição. Sejamos firmes e constantes no caminho que adentramos, a fim de cumprirmos as profecias mencionadas aqui.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Dicionário Português-Hebraico e Hebraico-Português, Abraham Hartzamri e Shoshana More-Hartzamri, Editora Sêfer

http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/os_estrangeiros_continuam_a_ser_gentios_na_nova_aliana.pdf


sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Estudo da Parashá Mikets (Ao fim de ) - A fé verdadeira

 


Estudos da Torá


Parashá nº 10 – Mikets (Ao fim de)

Bereshit/Gênesis Gn. 41:1 – 44:17

Haftará (separação) 1ºReis 3:15-4:1 e

B’rit Hadashah (nova aliança) 1Co 2:1-5; Atos 7:9-16


Tema: A fé verdadeira


RELEMBRANDO


Na semana passada vimos a parte inicial da vida de Yosef e todo o sofrimento que passou, mas se manteve firme no Eterno. Falamos também sobre “a confiança no Eterno”, algo que é primordial para aquele que se diz servo de HaShem, e que infelizmente é muito mal compreendido. No estudo de hoje vermos um assunto que é correlacionado com a confiança, falaremos sobre o conceito original que encontramos no TaNaK a respeito da fé.


A PARASHÁ DA SEMANA


Iniciemos nosso estudo desse shabat, com um resumo dessa parashá extraído do site Chabad.

A parashá Mikets inicia-se com o famoso sonho do faraó sobre sete vacas esqueléticas devorando sete vacas gordas, seguido por sete magras espigas de cereal devorando sete espigas saudáveis.

Quando seus conselheiros e necromantes foram incapazes de resolver adequadamente a intrigante charada, o copeiro Mor se lembra de alguém que conheceu anos atrás, então faraó chamou Yossef, que havia estado na prisão por doze anos, para interpretar seus sonhos. Creditando seu poder de interpretação unicamente a D'us, Yossef diz ao faraó que, após viverem sete anos de extraordinária abundância nas colheitas, o Egito seria assolado por sete anos de uma escassez devastadora.

Yossef aconselha o faraó a procurar um homem sábio para presidir a coleta e o armazenamento de grande quantidade de alimentos durante os anos de fartura. Impressionado pela brilhante interpretação, o faraó designa o próprio Yossef para ser o vice-rei do Egito, fazendo dele o segundo homem na hierarquia do país.

A mulher de Yossef, Asnat, dá à luz dois filhos, Menashê e Efraim, e os anos de fartura e escassez acontecem como Yossef havia predito. Com a fome abatendo também a terra de Canaan, os irmãos de Yossef vão ao Egito para comprar alimentos. Como não reconhecem seu renomado irmão, Yossef põe em ação um plano para determinar se eles se arrependeram totalmente pelo pecado de tê-lo vendido quase vinte anos atrás.

Yossef age com indiferença e os acusa de serem espiões, mantendo Shimon como refém, enquanto o restante dos irmãos retorna com os alimentos para Canaan. Yossef, ainda não sendo reconhecido, conta-lhes que Shimon será libertado apenas quando retornarem ao Egito com o irmão mais novo. Relutante a princípio, mas confrontado pela escassez crescente, Yaacov finalmente concorda em permitir aos filhos que levem Binyamin com eles. Ao chegarem ao Egito, Yossef testa ainda mais os irmãos, tratando bem a todos, mas mostrando um grande favoritismo por Binyamin.

Quando os irmãos finalmente voltam para casa com os baús repletos de cereais, Yossef esconde sua taça na sacola de Binyamin e este é acusado de ter roubado o precioso objeto.

A porção termina com a ameaça pendente de que Binyamin será feito escravo do governante egípcio.


Estudo do Texto da Parashá


Como disse acima a confiança está lado a lado com a fé. Uma vez que na semana passada estudamos sobre confiança, é justo que hoje falemos sobre “fé” em seu contexto original.

A palavra “fé”, é uma das mais usadas nos meios religiosos, mas na maioria das vezes não sabem muito bem o seu significado. As pessoas, geralmente tem um entendimento um pouco distorcido sobre o que verdadeiramente seja fé. Para eles, segundo o dicionário, “´fé” é a crença baseada em argumentos não racionais, mas isso não está correto à luz das Escrituras. A distorção ocorre devido à interpretações errôneas a respeito dessa palavra em textos isolados de seus contextos originais. Por exemplo, costumam dizer que “...o justo viverá pela fé.”, com base no texto de Hc 2:4, crendo em um milagre, acreditando que a pessoa que tiver fé conquistará muitas coisas. O problema é que quando buscamos a conceito original dessa palavra, nós vemos algo diferente.

Vasculhemos assim o TaNaK em busca do entendimento correto da palavra “fé”. Vejamos o texto completo do verso do profeta Havaquq citado acima:


Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé (beemunatho) viverá.” Havaquq/Habacuque 2:4


Repare na palavra hebraica da qual foi traduzida para fé. No hebraico בֶּאֱמוּנָתֹ֥ו  - beemunatho é uma variação da raiz אֱמוּנָה - emunah, que por sua vez significa além de fé e crença, firmeza, constância, fidelidade, lealdade; segurança, função, cargo; honestidade e verdade. Retornaremos nesse verso mais à frente em nosso estudo. Além disso, notou como o seu significado é muito amplo em comparação ao que geralmente se acredita e ensina no sistema religioso?

Podemos encontrar a palavra “emunah” pela primeira vez no TaNaK, no sêfer Shemot (livro de Êxodo), e ela não foi traduzida como fé ou crença, veja:


"Porém as mãos de Moshê eram pesadas, por isso tomaram uma pedra, e a puseram debaixo dele, para assentar-se sobre ela; e Aharon e Chur sustentaram as suas mãos, um de um lado e o outro do outro; assim ficaram as suas mãos firmes (emunah) até que o sol se pôs." Shemot/Êxodo 17.12


Será que poderíamos dizer ao ler o texto acima que as mãos de Moshê tiveram fé? Creio que não!

De acordo com o site Yeshua Melekh, a palavra “emunah” como foi traduzida no texto, traz o significado de firmeza, já que as mãos de Moshê foram sustentadas por Aharon e Chur, e por isso se mantiveram firmes – emunah. Estamos vendo que a palavra está indo além do simples sentido de fé e crença. Algo que podemos conferir na vida de Yosef durante seu tempo no Egito.

Vejamos então outro texto na Torá que trás uma definição bem interessante.


"Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Elohim é a verdade (emunah), e não há nele injustiça; justo e reto é." Devarim/Deuteronômio 32.4


Neste verso, a palavra “emunah” é traduzido como a verdade de Elohim. Os dois conceitos que vimos até agora estão intimamente ligados, pois a verdade é firme e não pode ser abalada. Segundo o já mencionado site, esse verso não apenas diz que Elohim é verdade, mas que também é firme em sua justiça.

Você está percebendo como a palavra fé – emunah e confiança – batach em seu contexto original são muito íntimas apesar de diferentes. Por isso, vemos confiança e fé na vida de Yosef, mas é muito mais do que meramente acreditar e crer. Este filho de Yaakov era um homem que confiava realmente em HaShem, e mantinha sua firmeza e lealdade naquilo que aprendeu dele. Está entendendo o motivo de estarmos estudando sobre estes assuntos aqui nas parashiot relacionadas a Yosef? É porque precisamos ver além do que o sistema tem ensinado e pregado no decorrer de tanto tempo, mantendo pessoas presas a dogmas e crenças errôneas por falta de conhecimento dos contextos corretos. Leiamos outro texto.


"Confia no Eterno e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente (emunah) serás alimentado." Tehilim/Salmos 37.3


Vemos neste texto de Salmos, uma ocasião onde a palavra “emunah” foi traduzida para a palavra verdade. Isso porque aqui, podemos compreender que a palavra firme não caberia neste verso, pois ficaria “...e firmemente serás alimentado”. Não combina muito não é? Porém, de acordo com o contexto do verso de Salmos podemos ver que “emunah” representa uma garantia, pois poderia ser traduzido também como “certamente”.

Já dissemos antes que a palavra “emunah” também pode ser traduzida como verdade. Sabemos ainda, que em hebraico a palavra verdade também é conhecida por “emet” – אֱמֶת, essa palavra é constituída literalmente da primeira letra (aleph), da letra intermediária (mem) e da última letra (tav) do alfabeto hebraico. Dentro do povo de Yisrael, há midrashim com a explicação de que “a verdade é sempre completa, ou seja, ela tem começo, meio e fim”. Note que todas as letras dessa palavra possuem duas pernas, fazendo com elas tenham firmeza, isto é, emunah. E o entendimento delas se misturam, pois a verdade se sustenta, ela nunca cai. Ao contrário da palavra mentira, que em hebraico é “sheqer” – שקר, cujo adágio popular diz que “tem perna curta”, podemos ver isso de forma muito clara através do hebraico. Veja o traço pequeno da letra “kuf” ק, que o impede de permanecer em pé sozinho, pois se a tornássemos física, certamente não ficaria em pé sobre uma superfície horizontal. Bem como nenhuma das outras letras da palavra mentira em hebraico tem duas pernas para a manter firme.

Depois dessas informações leiamos um outro texto em Tehilim, onde encontramos “emunah” sendo traduzido como verdade.


Todos os teus mandamentos são verdade (emunah). Com mentiras me perseguem; ajuda-me. Tehilim/Salmos 119:86


Basta buscar o texto hebraico desse verso para confirmar que ali verdade foi traduzido como “emunah”.

Sendo assim, vamos seguir em frente em nosso estudo a fim de descobrir o verdadeiro significado e entendimento da palavra fé ou “emunah”. De acordo com o estudo no site “Emunah a fé dos santos”, sempre ouvimos que a fé não se questiona, que ela é de exclusiva responsabilidade de cada pessoa. E estamos vendo que esta não é uma informação verdadeira.

Dessa forma, podemos ver também alguns entendimentos a respeito dessa palavra, extraídos dos escritos nazarenos, vulgo Novo Testamento, e compreender que ao contrário do que se pensa, não é diferente do que vimos até agora no TaNak. Hebreus 11:1 é um dos textos cujo entendimento tem sido mal interpretado ao longo dos séculos pelos que estão no sistema religioso. Vejamos:


Ora, a fé (emunah) é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” Hb 11:1


Repare que esse verso transcrito acima é o que está na maioria das bíblias, é uma tradução comum. Agora vejamos a tradução mais dentro do contexto judaico, o contexto original, a tradução da Bíblia Judaica Completa de David H. Stern, e poderemos notar como fica mais claro o entendimento.


A confiança (emunah) é a certeza do que esperamos, convencidos das coisas que não vemos.” Hb 11:1 (BJC)


Viu como o texto observado da forma correta de se entender fica mais claro e amplo o entendimento! Se você observar o contexto em que o verso está inserido poderá perceber que ele vem a partir da explicação de um midrash feito pelo autor aos Hebreus, ou seja, ele fez uma referência que leva a um ensino, e isso tirado dos profetas, no caso, o profeta Havakuk/Hc 2:3-4, vamos ler para entender o que esse autor escreveu e comparar com o texto do mencionado profeta:


...Há pouquíssimo tempo! Aquele que está por vir, virá, e não demorará. Mas a pessoa justa viverá a vida baseada na confiança; se ela retroceder, não me agradarei dela.” Hb 10:37-38 (BJC)


Escreva claramente a visão em tábuas, para que mesmo um corredor possa lê-la. Pois a visão objetiva um tempo específico; ela fala do fim e não mente. Pode demorar um pouco, mas espere por ela; com certeza, ela virá, não se atrasará. Olhem o orgulhoso: ele não é interiormente justo; mas o justo obterá a vida por meio da fidelidade (beemunato) confiante.” Hc 2:3-4


Ao ler os textos de Hebreus e de Habacuque, podemos perceber dentro do contexto da profecia que está sendo falado de confiança e firmeza em aguardar o cumprimento da profecia, mesmo que não a veja cumprida. Por isso o autor aos Hebreus inicia o capítulo 11 desenvolvendo sobre essa “emunah”, a qual ele havia mencionado no capítulo anterior, falando do texto do profeta Habacuque. E o autor aos Hebreus continua no verso 2 dizendo que através da emunah que as Escrituras, ou seja, o TaNaK, atestou o mérito dos antigos. E então começa a citar a criação de todas as coisas pela palavra do Eterno e também cita os personagens que viveram de acordo com a “emunah” que tinham no Eterno.

Assim, estamos compreendendo com um pouco mais de profundidade o contexto da fé em seu sentido original. O Rav Sha’ul (apóstolo Paulo) em sua epístola aos efésios nos leva a entender que se deve guardar a unidade do ruach (espírito) através da união da shalom, e também nos mostra o que temos em comum, ou seja, uma “emunah” – fé. Veja:


Como prisioneiro no Adon (Senhor), rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam. Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam todo o esforço para conservar a unidade do ruach ( espírito, mover, poder) pelo vínculo da shalom (paz). Há um só corpo e um só ruach (espírito, mover, poder), assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Adon (Senhor), uma só emunah (fé, confiança, firmeza, verdade, lealdade, fidelidade...) uma só imersão (batismo), um só D’us e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos. Efésios 4:1-6


Nessa linha de raciocínio que o apóstolo segue, com base nas Escrituras Sagradas, a TaNaK, podemos entender que a “emunah” em todo o seu amplo aspecto que estamos vendo hoje, é fundamental no nosso crescimento e comunhão com HaShem, pois o autor aos Hebreus nos mostra em outro verso que, “sem emunah (fé, confiança, firmeza, verdade, lealdade, fidelidade…) é impossível agradar ao Eterno.”, dessa forma, se o nosso anseio é agradar ao Eterno, temos que praticar a fé ou seja, a “emunah” da forma correta.

Seguindo o raciocínio do autor aos Hebreus, veremos um outro bom exemplo da “emunah” aplicada verdadeiramente na prática e o entendimento dos autores bíblico vai se confirmando.


Pela confiança (fé, emunah, firmeza, verdade, lealdade, fidelidade), Hevel ofereceu a D’us um sacrifício maior que o de Kayin; por isso, ele foi reconhecido como justo, ao receber de D’us esse testemunho com base em suas ofertas. Pelo fato de ter confiado, ainda continua a falar, mesmo estando morto.” Hb 11:4


Veja que o autor dessa epístola, se baseia na Torá para dar sua instrução, veja o texto em que o Eterno adverte a Kayin:


Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” Gn 4:7


Você pode perceber que o Eterno fala sobre “fazer o bem”, isto leva-nos ao cerne da questão, ou seja Kayin sabia que estava a fazer mal ao oferecer aquele tipo de oferta? Antes de responder, entenda que a oferta tratada aqui é muito mais ampla, do que meramente oferecer animais ou vegetais, oferta aqui é obediência, vida justa. A resposta a pergunta é sim, uma vez que o Eterno o recrimina, assim Kayin, sabia por antecipação que o que ele fazia era mal, suas práticas diárias eram más, já que o Eterno em Sua justiça, nunca reprende, sem primeiro advertir.

Isto é muito importante para todo pai ao educar seus filhos, não reprender antes da advertência, pois devemos imitar o proceder do Eterno. No entanto, em relação ao nosso estudo, existem informações aqui para se entender. Porque é que foi mais excelente o sacrifício de Hevel? E porque é que Hevel é usado pelo autor aos Hebreus como um exemplo de Fé - “emunah”? A resposta está na instrução dada pelo Eterno ao ter demonstrado previamente a Sua vontade, a Torá, ou seja, seus mandamentos, isso era o tipo de sacrifício agradável, Hevel seguia as instruções de HaShem ao pé da letra, e demonstrava isso oferecendo os primogênitos das suas ovelhas, que representavam sua própria vida de justiça. Enquanto Kayin cometia o erro dos seus pais, ao desobedecer a palavra de instrução dada e viver na desobediência, o que fazia com que o Eterno não aceitasse os frutos da terra que ele trazia. Por isso, o autor aos Hebreus mostra que Hevel, pela sua atitude de Fé, lembre o que temos dito aqui o que é! Ele ofereceu um sacrifício mais excelente ao Eterno.

Assim podemos entender que “emunah” é conhecer a vontade do Eterno, confiar nela e proceder em conformidade com suas instruções. Coloca-se a questão, Por isso,emunah” não pode ser definida só por “Crer”, mas há que se conhecer a vontade do Eterno executar essa mesma vontade. Crer somente sem atitudes e práticas não é suficiente como definição de “emunah”, pois até os shedim creêm e estremecem conforme podemos ler em Tiago 2:19.

E se olharmos atentamente cada um dos personagens citados em Hb 11, obteremos o mesmo resultado, e chegaremos a mesma conclusão. Veja que ele també fala do personagem dessa parashá, Yosef, no verso 22 de Hebreus 11, o autor demonstra que a “emunah” de Yosef o fez lembrar da promessa de saída do Egito e retorno a K’naam, de forma que deu instruções de como procederem os filhos de Yisrael com seus ossos.

Poderíamos falar ainda muitas coisas e demonstrar outros versos, mas acredito que já deu para você começar a entender que durante muito tempo o conceito de fé que te passaram estava deturpado e longe da verdade.

Concluindo então, fé a palavra que vem de “emunah” significa entre outros firmeza, verdade, certeza, fidelidade, confiança, etc. E de maneira nenhuma quer dizer acreditar em milagres e maravilhas, mas viver uma vida de retidão e justiça nos caminhos do Eterno.

Que possamos viver assim, em retidão e justiça, trilhando um caminho de “emunah” verdadeira no Eterno.


Que HaShem lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Dicionário Português-Hebraico e Hebraico-Português, Abraham Hartzamri e Shoshana More-Hartzamri, Editora Sêfer

- El Midrash Dice Bereshit – O Midrash disse

- Nos Caminhos da Eternidade, Rabino Isaac Dichi

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771013/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- https://www.yeshuamelekh.com.br/o_conceito_tanaico_de_fe

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/emunah---feacute.html