Estudos da Torá
Parashá nº 17 – Yitro (Jetro)
Shemôt/Êxodo Ex. 18:1 – 20:26
Haftará (Separação) Is 6:1-7:6; 9:5-6 e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 15:1-11; Hb 12:18-29
Tema: Julgar ou não julgar?
RELEMBRANDO
Semana passada estudamos sobre o verdadeiro entendimento de salvação, de acordo com a visão do TaNaK, e dos midrashim dos sábios do nosso povo. Essa semana vamos estudar sobre o que o sogro de Moshê observou ele fazer e lhe deu alguns conselhos a respeito, falaremos se o servo de D’us deve julgar ou não. Será que o que dizem é verdade, e as pessoas não podem julgar os outros? O que realmente as Escrituras e até mesmo Yeshua verdadeiramente ensinou sobre julgar? Falaremos sobre isso nesse estudo, siga conosco até o final para entender mais.
A PARASHÁ DA SEMANA
A porção de Yitrô inicia-se com o sogro de Moshê, Yitrô, chegando ao acampamento do povo hebreu no deserto, onde é saudado calorosamente por grande quantidade de pessoas. Yitrô desejou juntar-se a eles quando ouviu falar de todas as maravilhas e milagres que D'us realizara para o povo judeu durante o êxodo do Egito.
Quando vê que Moshê está agindo como único juiz do povo desde o amanhecer até a noite, Yitrô declara que este sistema jamais funcionaria. Sugere portanto que juízes subordinados sejam designados para julgar os casos menos importantes. Moshê concorda com este plano. Assim, o sogro de Moshê Rabênu – teve o mérito de ter uma parashá da Torá com seu nome, pelo conselho que deu a Moshê. Este passaria então a atender os casos mais difíceis, enquanto os nomeados tratariam dos problemas mais simples.
O povo judeu chega ao Monte Sinai e prepara-se para receber a Torá. Moshê escala a montanha e D'us lhe diz para transmitir ao povo de que serão para Ele como um tesouro entre as nações. Após três dias de preparação, finalmente chega o momento da revelação, e em meio a trovões, raios e o som do shofar, D'us desce sobre a montanha e proclama os Dez Mandamentos.
Moshê então sobe à montanha para receber o restante da Torá de D'us, tanto a parte escrita como a oral. A porção é concluída com várias mitsvot referentes à construção do Altar no Templo.
Estudo do Texto da Parashá
Quando se fala em julgar, qual é a primeira frase de que você lembra? Provavelmente, seja esta: "não julgue para não ser julgado".
Essa frase é uma verdade bíblica, porém as pessoas aprenderam o significado dessa passagem de forma errada e repetem isso religiosamente, com o intuito de justificar suas atitudes erradas, de forma que ninguém possa corrigí-las. O mau hábito das pessoas em relação à Palavra de D’us é ler versículos e analisá-los individualmente ou fora de todo o seu contexto, sendo que devemos analisar a Bíblia em sua totalidade.
A frase "não julgue para não ser julgado" baseia-ne nos versículos do Evangelho de Mateus 7:1-2, nos Escritos Nazarenos, em que o Messias Yeshua ensina a multidão e aos discípulos.
Inicialmente, vejamos o texto dessa porção que mostra Moshê julgando as pessoas no acampamento de Yisrael.
No dia seguinte Moshê assentou-se para julgar as questões do povo, e este permaneceu de pé diante dele, desde a manhã até o cair da tarde. Quando o seu sogro viu tudo o que ele estava fazendo pelo povo, disse: "Que é que você está fazendo? Por que só você se assenta para julgar, e todo este povo o espera de pé, desde a manhã até o cair da tarde? " Moshê lhe respondeu: "O povo me procura para que eu consulte a D’us. Toda vez que alguém tem uma questão, esta me é trazida, e eu decido entre as partes, e ensino-lhes os decretos e leis de D’us". Êxodo 18:13-16
O texto por si mesmo é bem claro! Mas repare nas palavras sublinhadas e a relação que existe entre elas. Mas vamos estudar um pouco sobre a questão do julgamento, o julgar, que tanto é condenado pelas pessoas por causa da falta de entendimento do contexto original.
Um midrash, diz que todo dia Moshê se colocava no centro do acampamento pata ensinar e julgar as pessoas que se reuniam à sua volta como se estivessem diante de um rei. Uma multidão se apinhava em torno de Moshê, de acordo com o midrash, a fim de escutá-lo. Levantavam diversas questões sobre assuntos legislativos da Torá, tentando entender melhor as mitsvot (mandamentos). Ainda segundo o midrash, algumas pessoas o procuravam para ser julgadas, porque haviam brigado com alguém e outras queriam pedir a Moshê que orasse por uma pessoa enferma. E com isso, percebemos que há a necessidade de haver quem julgue, pois há a necessidade de haver julgamentos. Mas o que é julgar? E o que podemos entender pelo TaNaK, que são as Escrituras Sagradas, e também pelos textos dos Escritos Nazarenos a respeito desse assunto.
Conceito
Em primeiro lugar, vamos refletir o significado da palavra “julgar” no dicionário. Essa palavra vem do Latim JUDICARE que significa julgar, e é formada por um prefixo “JUS” que indica “lei”, “direito”, mais o radical DICERE que significa dizer, falar, formando literalmente um entendimento, que é “dizer a lei”. Dessa forma, pela ótica da origem da palavra temos o sentido de dizer ou falar com lei ou direito, que nos aponta para “falar com justiça”.
E no dicionário on-line encontramos os seguintes significados para a palavra “julgar”:
1. verbo transitivo direto e intransitivo, tomar decisão, deliberar na qualidade de juiz ou árbitro,
2. regência múltipla, formar conceito, emitir parecer, opinião sobre alguém ou algo.
Vejamos também o significado do termo julgar dentro das línguas principais da bíblia.
Em Hebraico temos duas palavras:
1. Mishpat, que significa frase, sentença, arbítrio, decisão legal, julgamento, lei, ordem e costume;
2. Shafat, que significa julgar, executar o julgamento, decidir, castigar, condenar, vingar e governar.
Já em Grego a palavra pode assumir os seguintes significados: questionar, examinar, avaliar, sentar-se para julgar ou em juízo, convocar para prestar contas.
Analisando
Retornando ao entendimento de muitas pessoas a respeito da ação de julgar, excluindo a função do juiz de direito. Muitos conforme já disse acima, acreditam que Yeshua tenha ensinado que não se deve julgar. Analisemos portanto, um pouco mais sobre o entendimento original do ensino de Yeshua, dentro da ótica da Torá, uma vez que nosso mestre nunca fez ou ensinou nada contra a Torá de HaShem. Vejamos o texto da fala de Yeshua:
“Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Porque, da mesma forma que julgarem, serão julgados, a medida com a qual medirem, também será usada para medi-los. Porque você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na viga que está no seu olho? Como você pode dizer ao seu irmão: Deixe-me tirar o cisco do seu olho, quando há uma viga no seu? Hipócrita! Em primeiro lugar, tire a viga do seu olho; então verá claramente para poder remover o cisco do olho de seu irmão.” Mt 7:1-5
Podemos perceber que o sermão registrado neste capítulo é longo, e começou lá no capítulo 5. Você pode buscar no meu canal no YouTube (@SouPeregrinonaTerra) a playlist de estudos do Evangelho de Mateus em que falo com bastante detalhes a respeitos destes ensinos de Yeshua. Voltando, aparentemente aqui nesta passagem, nada tem a ver os ensinos anteriores. Pode até parecer estranho, por exemplo, conectar o ensino sobre “juntar tesouros no céu” com “não julgueis”. Aparentemente não existe relação entre esses pontos. Porém, temos visto que as aparências em se tratando dos ensinos de nosso Mestre, nunca são o que demonstram, e as pessoas não percebem isso.
Quando no entanto, observamos mais detalhadamente, entendendo se tratar de textos proféticos e metáforas para expressar uma verdade da época, pois raramente Yeshua ensinava sem que fosse por parábolas. Vemos assim, ao longo desses estudos que o ensino é profundo, e que existem sim, relações entre os assuntos tratados nos capítulos anteriores de Mateus. É preciso entender que, os ensinos nestes capítulos do sermão do monte vem tratando sobre valores pessoais e valores do reino, ou seja, o que se quer receber aqui pelos reconhecimentos humanos, e o que se quer receber do Eterno no Olam Habáh. Yeshua fala sobre prioridades interiores de cada indivíduo e o seu relacionamento secreto com o Eterno, que pode sondar a intenção de cada um.
Esse “não julgueis...” dito por Yeshua não pode estar indo contra julgamento, pois se fosse verdade, nosso mestre estaria indo totalmente contra aos textos de todo o TaNaK, ao qual o próprio texto da parashá que estamos estudando demonstra e ainda outros que veremos como exemplos a seguir:
"Não cometam injustiça num julgamento; não favoreçam os pobres, nem procurem agradar os grandes, mas julguem o seu próximo com justiça.” Levítico 19:15
“Naquela ocasião ordenei aos juízes de vocês: "Atendam as questões de seus irmãos e julguem com justiça, não só as questões entre os seus compatriotas como também entre um israelita e um estrangeiro.” Deuteronômio 1:16
“Eis o que devem fazer: Falem somente a verdade uns com os outros, e julguem retamente em seus tribunais; não planejem no íntimo o mal contra o seu próximo, e não queiram jurar com falsidade. Porque eu odeio todas essas coisas", declara o Senhor.” Zacarias 8:16,17
Repare que em Lv 19:15, o primeiro verso citado acima, o Eterno manda julgar com justiça, e não é um contexto de juízes, mas um contexto de regras gerais de convivência do povo. Já no texto de Dt 1:16 é um contexto de juízes estabelecidos para ajudar a administrar as causas do povo, conforme podemos ver nessa parashá a idéia que Yitrô dá a Moshê para ajudá-lo, e que também profeticamente, isso aponta para o futuro. E no último texto é um termo também para todos, ou seja, é em contexto geral de comunidade.
Ate agora verificamos que o contexto de julgar nem sempre é de efetuar uma condenação, como geralmente é falado pelas pessoas no sistema religioso, mas está apontando para outra coisa.
Vejamos também nos Escritos Nazarenos alguns versos que podem nos trazer mais esclarecimento sobre o assunto:
“Yeshua lhes disse: "Fiz um milagre, e vocês todos estão admirados. No entanto, porque Moshê lhes deu a circuncisão (embora, na verdade, ela não tenha vindo de Moshê, mas dos patriarcas ), vocês circuncidam no shabat. Ora, se um menino pode ser circuncidado no shabat para que a lei de Moshê não seja quebrada, por que vocês ficam cheios de ira contra mim por ter curado completamente um homem no shabat? Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos”. João 7:21-24
Na ocasião não havia ali um tribunal montado para julgar Yeshua pelo que ele fez, mas alguns religiosos estavam ali emitindo um “parecer” a respeito do que Yeshua tinha feito, ou seja, uma cura no shabat. E o mestre diz a eles julgarem ou darem um parecer justo, segundo a reta justiça, que é a Torá. Perceba que os fariseus e mestres da lei achavam que era justo realizar uma circuncisão no shabat para cumprir o mandamento, mas queriam emitir um parecer negativo sobre Yeshua por ter feito uma cura. Ora fazer o bem a quem precisa também não é um mandamento da Torá? Ou seja, Yeshua estava questionando o julgamento ou parecer deles, pois estavam agindo de forma injusta. Veja também, At 4:19:
“Mas Pedro e João responderam: julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de D’us obedecer aos senhores e não a D’us.”
Note que o termo “julguem” neste verso pode ser substituído por “avaliem”, “reflitam”. Vamos a mais um verso:
“Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que o Senhor venha. Ele trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada um receberá de D’us a sua aprovação.” 1Co 4:5
Neste verso o termo “julguem” está levando ao sentido de “decidir”, ou seja, antes da hora, pois haverá o tempo correto, que é na volta de Yeshua.
Com isso, podemos então, procurar o entendimento correto acerca da palavra de Yeshua. Podemos entender que “Não julguem, para que não sejam julgados…” à luz de toda a Escritura terá o sentido de “avaliar, distinguir, refletir, decidir, avaliar, verificar”. Ou seja, olhando para o contexto da Torá e dos profetas a respeito dessa fala de Yeshua sobre julgamento, ele estava fazendo um apontamento para avaliação, para verificação de prática de vida. Não é julgamento de tribunal ou no sentido de condenação como muitos pensam. O mestre falou sobre a atitude de apontar defeitos em uma pessoa a partir de sua própria opinião sem reconhecer os seus próprios erros.
Na justiça dos homens, quando uma pessoa está perante um juiz, há duas possibilidades: a absolvição ou a condenação. Um dos dois caminhos é sentenciado a partir de parâmetros que são definidos pela lei do país, que é a verdade tomada como referência no território desse país.
Ninguém gosta de ser corrigido, pois isso não produz boas emoções ou bons sentimentos, ou seja, não agrada a alma ou ego. Porém, o Eterno nos ensina em Sua Palavra que aquele que aceita a repreensão é sábio e prudente, veja o texto:
"O insensato despreza a instrução de seu pai, mas o que atende à repreensão consegue a prudência." Pv 15:5
"Disciplina rigorosa há para o que deixa a vereda, e o que odeia a repreensão morrerá." Pv 15:10
"O que rejeita a disciplina menospreza a sua alma, porém o que atende à repreensão adquire entendimento." Pv 15:32
"Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir a canção do insensato." Ec 7:5
O Eterno deu-nos a oportunidade de compreender o ato de julgar. Em 1 Coríntios 6, Shaliach Sha’ul (apóstolo Paulo) escreve aos coríntios repreendendo-os sobre a omissão deles em julgar as coisas pertencentes a esta vida.
"Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?" 1Co 6:2-5
Observe atentamente esses versículos. No versículo 2, Paulo afirma que os santos, todo aquele que crê em Yeshua como Messias e Enviado do Eterno, e tem uma vida santificada, ou seja, separada para D’us e cumprindo os mandamentos, irão julgar o mundo, e isso acontecerá no fim do Reino Milenar do Messias. Por acaso então somos indignos de julgar as atitudes e os desentendimentos das pessoas? No versículo 3, o Eterno ainda dá a Paulo uma outra revelação, que diz que todo aquele que crê em Yeshua e tem uma vida obediente a D’us irá julgar os mensageiros (anjos). Por que será então, que não podemos julgar as coisas desta vida? No versículo 5, Paulo ainda pergunta aos coríntios se não há ninguém capaz entre os irmãos para julgar?
Então, estamos percebendo que dentro da cultura de onde a Bíblia veio, e de acordo com o texto dessa parashá, julgar é uma atribuição daquele que obedece a D’us, porém ninguém, nem mesmo aquele que se julga o mais obediente a D’us, pode realizar qualquer julgamento segundo a sua própria opinião.
Preste muita atenção: D’us não quer que você julgue as pessoas segundo o que você pensa. Ele espera que você julgue de acordo com a Palavra Dele, repreendendo a pessoa em amor, a fim de que ela possa se arrepender do erro, da transgressão. Para isso, você deve conhecer a Palavra de D’us, que é a Torá. E assim, mostrar para essa pessoa qual é a vontade Dele em relação ao erro que ela cometeu.
Não permita que a omissão permaneça em sua vida, se omitir em efetuar julgamento ou emitir um parecer justo também é pecado. Assuma sua posição como servo do Eterno e seguidor do testemunho de Yeshua, e ministre a verdade (a Palavra de D’us) às pessoas.
O Eterno ainda nos ensina que aquele que repreende o homem terá ainda mais amizade com ele do que aquele que o elogia falsamente. Provérbios 28:23 diz:
"O que repreende o homem gozará depois mais amizade do que aquele que lisonjeia com a língua."
Em outras palavras, Deus não quer que você seja cúmplice do pecado omitindo-se. O Senhor nos alerta em vários versículos sobre o pecado da omissão. Veja Êxodo 23:1
"Não admitirás falso boato, e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa."
Em um ensino maravilhoso, Tiago 4:17 diz:
"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado."
Se você sabe que uma determinada atitude não está de acordo com a vontade de D’us, mas não se manifesta contra, para ensinar o certo, você se torna cúmplice e também comete pecado. Todas as vezes que você repreender um irmão, faça isso em amor com o desejo de que essa pessoa se arrependa e volte a andar no caminho correto. Paulo escreveu aos coríntios que tudo que eles fizessem deveria ser feito em amor, conforme lemos em 1 Coríntios 16:14.
Dessa maneira, a chave para compreendermos completamente o contexto acerca do julgamento, está no entendimento profético, ou na forma de interpretação judaica, afinal o TaNaK é um livro judaico.
Já ensinamos que uma profecia nem sempre está ordenada cronologicamente no texto. Assim, quando voltamos a analisar Mt 7:1-5:
“Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Porque, da mesma forma que julgarem, serão julgados, a medida com a qual medirem, também será usada para medi-los. Porque você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na viga que está no seu olho? Como você pode dizer ao seu irmão: Deixe-me tirar o cisco do seu olho, quando há uma viga no seu? Hipócrita! Em primeiro lugar, tire a viga do seu olho; então verá claramente para poder remover o cisco do olho de seu irmão.” Mt 7:1-5
Observe o final dessa primeira parte, no verso 5, e coloque ele no início da fala do mestre.
“Hipócrita!
Em primeiro lugar, tire a viga do seu olho; então verá claramente
para poder remover o cisco do olho de seu irmão.
“Não
julguem, para que vocês não sejam julgados. Porque, da mesma forma
que julgarem, serão julgados, a medida com a qual medirem, também
será usada para medi-los. Porque você vê o cisco que está no olho
do seu irmão e não repara na viga que está
no seu olho? Como
você pode dizer ao seu irmão: Deixe-me tirar o cisco do seu olho,
quando há uma viga no seu?”
Note que ele está fazendo menção à hipocrisia, ao fato de não julgar ou avaliar alguém sem ter uma vida de obediência à Torá. Veja que ele diz para primeiro tirar a viga do próprio olho, ou seja, conserte a sua vida, viva de forma justa e poderá efetuar julgamentos justos. Assim como Moshê vivia segundo a Torá e se assentava para julgar o povo, e assim também como Yeshua fazia e fará quando vier implantar o Reino do Eterno. Da mesma forma como eu e você devemos fazer hoje, e faremos no futuro se alcançarmos o Reino.
Com isso, se você fizer uma leitura mais ampla do texto, poderá perceber que o sentido expresso no ensino de Yeshua não é o de proibir qualquer julgamento, mas o de fazê-lo sem o devido critério! Sem ter vida de justiça, ou seja, vida de quem obedece aos mandamentos do Eterno.
O que Yeshua estava proibindo então, era a falta de exemplo e de justiça, a mera crítica que é capaz de prejudicar o julgamento verdadeiro. Uma pessoa no erro, que ouve alguém emitindo um juízo de valor a seu respeito, e esse alguém também está no erro, seu juízo não é válido. Por isso, o juízo temerário, impensado, sem o mínimo de critério é que deve ser evitado, e não aquele feito com responsabilidade e justiça!
Do ponto de vista profético, sabemos que no futuro seremos juízes na terra, servindo ao reinado de D’us através de Yeshua como seu representante. Por isso, Yeshua não era contra a que seus seguidores efetuassem julgamentos. No sistema religioso as pessoas interpretam esse trecho errado, e entendem que julgar é o mesmo que condenar, por isso dizem que não se pode julgar, porque querem se eximir da responsabilidade de viver corretamente. Porém, quando alguém denuncia o erro, aponta a falha ou tenta mostrar o caminho correto, não está condenando ninguém, pelo contrário, está cumprindo o que é esperado dos servos do Eterno, que é ajudar a colocar o irmão no caminho certo, conforme vemos em Salmos 51:13.
“Então ensinarei os teus caminhos aos transgressores, para que os pecadores se voltem para ti.”
Então, quando lemos e interpretamos corretamente os versos 1 ao 5, dentro de seu contexto correto e de acordo com todo o conteúdo do TaNaK, vemos que propositalmente, Yeshua desordena o conteúdo de sua fala, para que somente os de ouvidos atentos possam compreender. E todas as informações necessárias estão nas palavras faladas por ele, que de forma alguma está indo contra as Escrituras ou contra a vontade do Eterno. Muito pelo contrário, ele está totalmente de acordo com a Torá e com os profetas, mostrando que o servo do Eterno precisa ter uma vida de práticas justas. O que, conforme temos aprendido, é o assunto recorrente nos ensinos de Yeshua.
Concluindo, nosso estudo, vamos relembrar:
1 - A Escritura ordena que julguemos como vimos e podemos ainda confirmar por estes textos dos Escritos Nazarenos: Jo 7:24; Lc 7:43; 12:57; 1Co 10:15.
2 - Somos ordenados julgar aos falsos mestres e os falsos ensinos: Is 8:20; Mt 7:15 e16; Rm 16:17-18; e muitos outros. e
3 - Mt 7:1 é frequentemente tirado fora do contexto, é mal entendido e mau usado.
Que possamos viver e aprender a julgar com a reta justiça, a Torá. E que nós mesmos dando bom testemunho possamos ter condições de sermos pessoas capazes de sermos úteis ao Reino.
Que HaShem lhes abençoe!
Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)
Bibliografia:
- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Dicionário Português-Hebraico e Hebraico-Português, Abraham Hartzamri e Shoshana More-Hartzamri, Editora Sêfer
- https://souperegrinonaterra.blogspot.com/2015/05/julgar-o-que-biblia-diz-pode-ou-nao-pode.html
- https://souperegrinonaterra.blogspot.com/search?q=julga
Nenhum comentário:
Postar um comentário