Estudo de Mateus 12 – Parte 2
Mt 12:9-32
O propósito desse estudo é continuar mostrando o que Yeshua verdadeiramente ensinou durante seu tempo de ensino, e que foi registrado por Mateus. E deixar claro que tudo o que ele falou tinha como base as Escrituras Sagradas, ou seja, o TaNaK (Torá, Neviím-profetas e os Ketuvim-escritos). Trazendo para você o contexto original dos ensinos de Yeshua. Este texto é o roteiro usado para o vídeo desse estudo para o Canal Sou Peregrino na Terra no YouTube.
Recapitulando
Vimos no último vídeo os versos 1 à 8 e a resposta ou ensino que Yeshua deu aos que o questionou sobre o fato dele e de seus talmidim terem colhido e comido trigo no shabat. Tivemos a oportunidade de perceber que apesar deles terem transgredido um mandamento da Torah, o mandamento de não colherem no shabat, mesmo assim não foram condenados por isso, pois estavam com fome e a vida está acima do mandamento. Neste estudo falaremos sobre outra resposta que Yeshua deu para a afirmação de que ele expulsava shedim por baal-zibul.
Leitura do Texto
Leitura de Mateus 12:9-32
Comentários e Ensinos
O verso 9 inicia com um termo que separa as ocasiões, Mateus utiliza esse termo para demonstrar que o que estava sendo tratado acabou, apesar da perseguição de alguns dos líderes religiosos permanecerem. O autor usa os termos “Saindo daquele lugar”, isso indica que Yeshua e seus talmidim (discípulos) tinha ido para outro lugar, não estavam mais onde forarm questionados sobre colher trigo para comer, mas uma coisa é comum, ou seja, não mudou. Ainda era o mesmo dia, era um shabat, e de acordo com o que Yeshua estava acostumado a fazer todo sétimo dia, ele ia à uma sinagoga para estudar ou ouvir ensinos da Torah como todo bom judeu em sua época. Vamos divir nossa análise em duas partes, a primeira – Curar no Shabat e a segunda – Falar contra o Ruach HaKodesh.
Dos versos 9 a 21 – Curar no Shabat
Na sinagoga que eles foram havia um homem com uma das mãos atrofiada. E de propósito, buscando motivos para acusar Yeshua, alguns p’rushim (fariseus) lhe fazem uma pergunta. “...É permitido curar no shabat?…” A cegueira religiosa deles era tanta que não percebiam o que estavam fazendo. A gana de encontrar motivos para acusá-los era maior do que entender e colocar em prática o que aprenderam em todo tempo que tinham de estudo. É um dos princípios da Torah fazer o bem ao próximo, seja que dia for, pois é mandamento amar o próximo como a nós mesmos, basta relembrar o que diz em Lv 19:34, que diz: “O estrangeiro residente que viver com vocês será tratado como o natural da terra. Amem-no como a si mesmos, pois vocês foram estrangeiros no Egito. Eu sou o Eterno, o Elohim de vocês.”
Aqui Yeshua se utiliza de mais um dos 7 princípios de Hillel para interpretar as escrituras, ele usa o Kal v’homer, que significa leve e pesado, ou seja, se um princípio serve para uma coisa leve ou pequena, também serve para o pesado ou grande. Neste contexto, se o israelita tinha que amar o estrangeiro como a si mesmo, mais ainda deverá amar alguém de seu próprio povo. Por esse motivo o mestre da Galil responde como encontramos nos versos 11 e 12, usando o exemplo da ovelha no buraco, se é permitido salvar seu animal no shabat, mais ainda será permitido curar um homem no shabat.
Os fariseus não tinham argumentos e saíram da sinagoga, e o texto diz que começaram a conspirar sobre eliminar a Yeshua. As pessoas o seguiam e ele curava todas, e Mateus faz um midrash de Yeshayahu/Isaías 42:1-4.
Dos versos 22 a 32 – Falar contra o Ruach HaKodesh
Nessa segunda parte do texto que estamos estudando, vemos que as pessoas continuavam a trazer doentes a Yeshua. Já parou para pensar nessa situação? Quanto tempo você acha que Yeshua ficava curando pessoas? Pelos textos que lemos nos evangelhos parece que ele ficava boa parte do dia, quando começava a fazer isso, pois vemos os textos dizerem de muitos doentes, e mais ainda, ele não rejeitava ninguém, os textos são claros ao afirmarem que ele curava a todos. Veja os exemplos em Lc 9:11, Mt 4:24, Mt 8:16, Mt 14:14, Mt 19:2 e Mt 21:14.
No entanto, este homem era cego e mudo devido a estar atormentado por shedim (demônios), e quando o mestre o cura expulsando o shedim, a multidão se questiona se ele não seria mesmo o messias, notem que eles usam um termo judaico para messias, “Filho de David”. Entretanto, os fariseus afirmam que ele havia feito isso com a autoridade de baal-zibul. E sabendo o pensamento deles Yeshua lhes dá uma palavra dura. Vejamos os versos 25 a 32.
Yeshua ensina que todo reino dividido não pode subsistir ou permanecer. E diz que se Satan expulsa Satan ele está dividido contra si mesmo. Perceba que isso não é um reconhecimento por parte de Yeshua que há um reino governado por um ser chamado Satan, mas considere o termo no seu contexto original. Satan no hebraico significa opositor, um inimigo. Portanto, no exemplo que Yeshua está dando, ele quer mostrar que se um opositor expulsa um opositor, ele estará dividido contra si mesmo. Tanto que ele vai usar um outro exemplo, a fim de clarear ainda mais seu ensino, os enviados pelos próprios fariseus para expulsar demônios, vejam o verso 27, e ele diz que esses representantes dos fariseus serão juízes no assunto que eles mesmos levantaram, já que não podem aceitar que eles expulsam pela autoridade de demônios.
O mestre continua sua explicação e diz que se ele, ao contrário do que ele pensam, expulsa os shedim pela autoridade de D’us, veja o termo usado “Espírito de D’us” no original “Ruach Elohim”, já mostramos em outros estudos que “Ruach” traduzido como “espírito” significa “sopro, vento, poder, mover ou autoridade entre outros”. Então, se o que o mestre faz, o faz pela autoridade do Eterno, então isso era um sinal de que o Reino do Eterno tinha chegado até eles. Mas os fariseus não estavam percebendo, ou estavam mas rejeitavam.
O ensino continua e o messias fala algo intrigante, veja no verso 29. Quem é o homem forte que precisa ser amarrado? Dentro do entendimento do povo de Yisrael acerca das Escrituras “homem forte” é uma indicação da “Yetser Hará – inclinação para o mal, poder da carne”, o mestre estava usando como referência aos shedim, que nada mais são do que uma manifestação da yetser hará. A casa dele é a vida do homem que controla sua yetser hará e por isso pode fazer o que deseja. Yeshua está ensinando que a manifestação do mal, a yetser hará deve ser controlada, e que ele o faz na autoridade do Eterno. Por isso na continuação ele diz que quem não está ao lado de D’us com ele, está contra ele, e se está contra ele está contra o Eterno, que o enviou como seu representante. Essa parte do ensino leva à parte seguinte, quando ele vai falar sobre blasfemar contra o Ruach HaKodesh ou falar contra Ele.
Nos versos 31 e 32 estão a causa de muitos ensinos errados por causa da falta de compreensão a cerca do que Yeshua estava falando. Pelo motivo das pessoas terem aprendido que o Ruach HaKodesh, traduzido como Espírito Santo, é uma pessoa da tal trindade, eles levam esse ensino para o lado errado. Yeshua está claramente falando acerca de se falar contra o mover ou a manifestação do poder do Eterno. Falar contra a forma dele agir na vida das pessoas. Isso não poderá ser perdoado. Veja o texto com uma tradução alternativa dentro de um contexto original: “Por esse motivo, eu lhes digo que as pessoas terão pecados e blasfêmias perdoados, mas blasfemar contra o Mover do Santo não será perdoado. Quem disser algo contra o Messias será perdoado; mas quem falar contra o Mover do Santo não será perdoado, nem neste mundo nem no mundo vindouro.”
Percebeu o que Yeshua estava falando? Ele falou que se alguém falar mal da forma como o Eterno age, não será perdoado, pois a forma como o Eterno age nas pessoas para libertá-las do poder desse mundo é a expressão da sua “Chessed”, ou seja, misericórdia ou graça. Não é uma pessoa divina, mas a ação do Eterno.
Espero que tenha ficado claro para você o que acabei de passar. Estude as Escrituras corretamente, afaste-se dos dogmas e entenderá plenamente os princípios bíblicos.
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Que o Eterno lhes abençoe! Até o próximo.
Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)