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quinta-feira, 17 de abril de 2025

Estudo da Parashá Especial de Pêssach - A Jornada da Alma na Contagem do Ômer

 


Estudos da Torá

Parashá EspecialPessach (Passagem)

Vayikra/Levítico 23:1-44

Haftará (separação) Is 10:32-12:6 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 26:1-28:20.


Tema: A Jornada da Alma na Contagem do Ômer


Nessa semana, com muita alegria e temor reverente diante do Eterno estudamos textos que tratam de Pessach e Hamatzot. Mais do que uma análise de mandamentos ou estudo sobre uma festa, este é um convite à introspecção, à purificação e ao preparo verdadeiro de nossas vidas diante daquele que nos tirou da escravidão para sermos Seus.

A contagem do Ômer, muitas vezes vista apenas como um dever técnico ou ritualístico, é, na verdade, uma poderosa jornada de transformação, marcada pela obediência e pela expectativa da revelação, além de ter apontamentos proféticos para o futuro no Reino de D’us. Durante esses 49 dias entre Pêssach e Shavuot, não apenas contamos o tempo, nós somos contados por Ele. Cada dia é uma oportunidade para sair do Egito interior, renovar nosso entendimento, e nos preparar para ouvir, mais uma vez, a voz do Eterno.

Neste estudo, mergulhamos nas Escrituras, desde a Torá até os escritos dos profetas e dos emissários de Yeshua, para revelar que a contagem do Ômer é um chamado vivo e urgente: abandonar as impurezas e nos apresentar como vasos limpos para receber Suas palavras.

Que este estudo sirvam como uma pequena luz para nossos pés nestes dias de contagem, e que despertem em cada um de nós o desejo de santidade, temor, e firme confiança no Eterno.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Desde o dia seguinte ao shabat, isto é, desde o dia em que levarem o feixe para ser movido, contem sete semanas completas, até o dia seguinte à sétima semana, contem cinquenta dias, e então apresentem uma nova oferta de grãos a Adonai. Lv 23:15 e 16.


A libertação de Mitsrayim foi apenas o primeiro passo, tanto literalmente para os filhos de Yisrael, quanto profeticamente para todos que seguem aos mandamentos do Eterno. Não bastava deixar a terra da escravidão; era necessário deixar também os costumes, as crenças e os caminhos corrompidos que foram absorvidos em gerações de opressão. A contagem do Ômer, como está estabelecida em Vayicrá 23:15-16, que lemos acima, não é apenas um mandamento de contar dias, é uma convocação divina para que cada alma em Yisrael e no mundo, caminhe rumo ao propósito pelo qual foi liberta: ouvir a voz do Eterno no Sinai e viver por Seus mandamentos.

Ao sair de Mitsrayim, o povo não foi imediatamente conduzido à terra prometida. Pelo contrário, foram levados ao deserto, onde não havia segurança humana, alimento humano, nem apoio das nações. Foi ali, em meio à aridez, que o Eterno sustentou Seu povo com maná, água da rocha, e Sua presença constante. A cada dia, o povo era testado: confiariam no Eterno ou tentariam voltar para as cebolas do Egito? Assim também é conosco.

Alguém pode perguntar: Por que precisamos fazer a contagem do Ômer? A Morá Rivka do Perfil do Instagram “editora_oneg_tora” em um vídeo sobre a contagem do Ômer diz que há um vínculo que temos entre Pessach e Shavuot, que é a entrega da Torá. Ela diz que o nosso povo tinha que ser libertado do Egito, que era o extremo da escravidão. Depois, então, receber a Torá no Monte Sinai para se libertar da escravidão espiritual. A escravidão do Yetzer Hará, a escravidão das nossas más inclinações. A nossa má inclinação estava nas mãos do Yetzer Hará. A liberdade de Pessach, por si só, não é o suficiente. Segundo a citada professora, não adianta você se libertar da escravidão do Egito para cair na escravidão das nossas próprias más qualidades. Então, não adianta sair do Egito e levar o Egito junto consigo, não é um bom negócio.

Ainda segundo ela, o Corban do Ômer, era uma oferenda de cevada e era feito em Pessach. É a época da saída do nosso povo do Egito. Naquela época, a cevada era usada como ração animal. A Ração animal, nos lembra do que? Nos lembra de que a saída do Egito ainda não nos dá a garantia de deixarmos de nos comportar como animais. Em Shavuot era feito o Corban dos dois pães de trigo, que é o alimento humano básico e essencial para nossa vida. Nos ensinando o que? Que agora que recebemos a Torá, já temos as ferramentas necessárias para nos comportarmos como gente, como seres humanos.

Desde o momento que recebemos a Torá, só depende de nós próprios. As ferramentas já estão nas nossas mãos. A Torá já nos foi entregue. O significado simbólico dessas duas oferendas, primeiro a cevada e depois o trigo, vem nos mostrar a ligação entre o nível que nos encontrarmos na saída do Egito e o nível ao qual chegamos por meio da benevolência de HaKadosh Baruch Hu de ter nos dado a Torá. Então, quando saímos do Egito, éramos escravos em fuga. Estávamos fugindo com medo e todos estávamos em uma situação na qual os fins justificavam os meios. Achávamos que qualquer coisa que fizéssemos seria permitido, contando que conseguíssemos alcançar o que desejávamos alcançar. Quando recebemos a Torá no Monte Sinai, nos tornamos gente, nos tornamos seres humanos. Deixamos de ser os animais em fuga que tínhamos sido antes. Nos tornamos conscientes de que o fim não justifica os meios. Recebemos as ferramentas necessárias para podermos chegar aos mesmos objetivos que queríamos chegar antes, mas dessa vez sem latir, sem morder ou dar coices em tudo e em todos que aparentemente estão nos impedindo de chegarmos ao nosso objetivo final.

Finalizando este comentário, a Morá Rivka diz que os 49 dias da contagem do Ômer, são uma viagem pelo grande deserto. São o caminho das nossas buscas, dos nossos consertos internos, de matar o ego, matar o Yetzer Hará. Os caminhos que vivenciamos quando passamos do primeiro estágio de libertação até adquirir a liberdade verdadeira com a Torá. Esse caminho, então, essa jornada é necessária, pois seria impossível alcançar o Monte Sinai diretamente após sair do Egito. Sair do Egito e já receber a Torá, é impossível. Uma transformação espiritual desse tamanho não acontece da noite para o dia. Por isso, entre Pessach e Shavuot fazemos a contagem do Ômer. Apesar da interessante a visão, cabe sempre lembrar que a Palavra do Eterno está acima das interpretações dos homens, estas servem apenas para ilustrar o ensino.

Dessa forma, vamos prosseguir nosso estudo buscando nos aprofundar um pouco mais sobre essa jornada da nossa alma ou vida na contagem do Ômer, que é, na verdade, um chamado diário para a introspecção e transformação. Cada dia entre a libertação e a entrega da Torá representa uma escolha entre o velho homem e o novo caminho. Como disse o profeta Yehezkel:


Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e criai em vós um coração novo e um espírito novo; pois por que morreríeis, ó casa de Yisrael? Yehezkel 18:31


Neste tempo, somos convidados a limpar o coração, a abandonar os ídolos, a purificar nossas palavras, intenções e ações. A instrução do Eterno nunca foi apenas letra, ela é prática, ela é vida. A palavra do Eterno quebra a nossa dureza do erro e do legalismo e nos leva a viver a prática do que é ensinado. Por isso, está escrito:


Não é a minha palavra como fogo, diz o Eterno, e como um martelo que despedaça a rocha? Yirmeyahu 23:29


Quando nos aproximamos da Palavra com sinceridade, ela nos molda, nos quebra e nos refaz, como barro nas mãos do oleiro. E nesses dias de contagem do Ômer são dias que nos reunimos com a família diariamente e refletimos unidos nos mandamentos, e tenha certeza, todos os dias temos um aprendizado novo e uma prática para exercitar.

Yeshua, o mashiach enviado pelo Eterno, compreendia profundamente essa jornada. Ele ensinava justamente a não se viver de forma legalista ou hipócrita, uma vida de mentiras:


Fariseu cego! Purificai primeiro o interior do copo, para que também o exterior fique limpo. Mattityahu 23:26


A limpeza começa por dentro. Yeshua não chamou o povo a uma nova religião, mas à mesma verdade que os profetas sempre clamaram: teshuvá, isto é, o retorno ao Eterno, pela obediência e confiança firmada em Seus mandamentos.

Shaul, o shaliach, ao falar aos irmãos em Corinto, fez um paralelo com Pêssach e a contagem do Ômer ao dizer:


Purificai-vos do velho fermento, para que sejais nova massa... pois Mashiach, nosso cordeiro de Pêssach, foi entregue. Celebremos, portanto, não com o fermento da maldade e da malícia, mas com os pães ázimos da sinceridade e da verdade. 1 Coríntios 5:7-8


Aqui, vemos a mesma mensagem dos profetas: não basta sair do Egito exterior; é preciso remover o Egito interior.


1. Apontamento Profético na Contagem do Ômer

A contagem começa logo após a libertação de Mitsrayim e termina com o recebimento da Torá em Har Sinai. Isso nos ensina que libertação sem instrução é incompleta. Ser tirado da escravidão é o primeiro passo, mas o propósito final é sermos um povo separado, obediente e consagrado ao Eterno. Isso só é possível através dos mandamentos que o Eterno nos entrega através de seu ungido. Aos israelitas no Egito foi através de Moshê, que pelo verbo do Eterno disse que o Eterno mandaria outro como ele. E isso se cumpriu, pois hoje, através de Yeshua o ungido profetizado, recebemos os mandamentos da Torah e nos aproximamos do Eterno, que passa a ser nosso Elohim. Assim como está escrito:


Eu sou o Eterno, vosso Elohim, que vos tirei da terra do Egito para ser o vosso Elohim. Vayicrá 22:33


O propósito da libertação era tornar o povo um reino de sacerdotes e uma nação santa, como diz:


Agora, pois, se ouvirdes atentamente a Minha voz e guardardes o Meu pacto, sereis Minha propriedade peculiar dentre todos os povos... e vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. Shemot 19:5-6


A contagem do Ômer é o tempo entre a libertação e a consagração, um tempo de transição profética onde o povo aprende a deixar o Egito para trás não apenas fisicamente, mas espiritualmente, ou seja, obedecendo.


2. Como a Contagem do Ômer Pode Ser Vivida com Base no Tanakh

Durante esses 49 dias, podemos buscar o arrependimento e a purificação baseando-nos nas Escrituras. Relacionaremos abaixo como podemos fazer isso.

a) Purificação do coração

Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos Meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem... Yesha'yahu (Isaías) 1:16-17

A contagem nos convida a limpar o coração de tudo que nos prende ao velho homem, às práticas de Mitsrayim.

b) Busca pelo entendimento

Felizes os que guardam os Seus testemunhos, os que O buscam com todo o coração. Tehilim (Salmos) 119:2

Cada dia da contagem pode ser um tempo de meditação na Torá, no Tehilim, nos Neviim — buscando entender melhor os caminhos do Eterno.

c) Restauração da confiança firme no Eterno

Confia no Eterno de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Mishlei (Provérbios) 3:5

Assim como os filhos de Yisrael dependeram do Eterno para lhes dar o maná durante esses dias no deserto, nós também devemos depender do Eterno, renovando nossa confiança firme a cada manhã.

d) Expectativa pela Palavra

Preparai o caminho do Eterno, endireitai no deserto uma estrada para nosso Elohim. Yesha'yahu 40:3

Este é o espírito da contagem: preparar o caminho, alinhar nossos passos, limpar as impurezas, para que estejamos prontos para ouvir a voz do Eterno, como em Har Sinai. O Propósito é nos preparar para ser instrumento do Eterno para acordar outros remanescentes, preparando o caminho, assim como Yochanan o fez.

Estamos percebendo que a contagem do Ômer não é apenas matemática. É uma jornada de transformação, do Egito para o Monte Sinai, da opressão à obediência, da impureza à santidade. É tempo de olhar para dentro e remover o que não pertence ao Eterno, porque Ele está nos preparando para o encontro com Sua voz.


3. Os dias do Ômer e as Sefirot

Os sábios do povo de Yisrael fazem uma interpretação mais profunda da contagem do Ômer dentro da estrutura das sefirot, conforme ensina a tradição da Kabalá. Apesar de não ser algo claro na Torah, sete das dez sefirot da árvore da vida, estão ligadas à cada uma das semanas de contagem do Ômer. São elas Chesed (misericórdia), Guevurá (disciplina), Tiferet (beleza), Netzach (perseverança), Hod (reverência), Yesod (fundamento) e Malchut (reino). Em cada semana relaciona-se cada uma dessas sefirot com as demais, dia a dia, e tira-se aprendizado delas através das Escrituras.

Mas é preciso entender que O Eterno não nos ordenou contar o Ômer segundo atributos místicos. Ele nos ordenou contar os dias, sete semanas completas, até o dia da entrega da Torá, como expressão de obediência e preparação. As sefirot são apenas instrumentos de reflexão acerca da palavra do Eterno e sua ação em nossas vidas, quando realmente permitimos e vivemos em obediência.

A árvore da vida é a palavra do Eterno, a Torah, e as sefirot são o reflexo das emanações da vontade do Eterno manifestas em sua palavra para cada um de nós.


Ela é árvore de vida para os que a alcançam, e felizes são os que a retêm. Mishlei 3:18


A contagem do Ômer é um mandamento no qual a pessoa que obedece de coração verdadeiramente em teshuvah, demonstra aplicação e vontade de se aperfeiçoar e ter uma mudança de vida, tornando-a justa.


4. Gematria e a Contagem do Ômer

A gematria é uma forma de interpretação baseada nos valores numéricos das letras hebraicas, e através delas descobrimos revelação de códigos escondidos nas Escrituras.

1. O número 49 — sete semanas (7 x 7):

O número 7 nas Escrituras é símbolo de plenitude, santificação e ciclo completo. Vemos isso na criação (Bereshit 2:2-3), no Shabat, nos ciclos de sete anos (Shemitá), e no Yovel (Jubileu), que acontece após 7 x 7 anos + 1.

A contagem do Ômer, portanto, com 49 dias (7 semanas completas), aponta para um processo completo de purificação antes de estar apto a receber a instrução do Eterno em Shavuot. Não é uma numerologia mística, mas um padrão de preparação, crescimento e maturidade espiritual.


Contareis para vós desde o dia seguinte ao Shabat... sete semanas completas serão. Vayicrá 23:15


Nos pictogramas o 7, a letra Zayin, representa ferramenta de corte ou arma, indicando que esse período está cortando nossa ligação com o Egito, as coisas do mundo e a Ytzer Hará e nos municiando com armas espirituais, ou seja, os mandamentos entregue após 7 semanas, em shavuot.


2. A palavra "Omer" (עמר)

A gematria da palavra Omer (עמר) é:

  • ע = 70

  • מ = 40

  • ר = 200

    Total = 310

Esse número, 310, está relacionado, segundo alguns estudiosos, a Mishlei/Pv 8:21, onde diz:


Para fazer herdar bens permanentes aos que me amam, e encher os seus tesouros.


Concluindo nosso estudo, percebemos que, se o povo levou sete semanas para sair da mentalidade de escravos e receber a Torá como homens livres, nós também devemos usar esse tempo como uma escada de elevação com os seguintes degraus: arrependimento sincero, purificação do coração, abandono das transgressões e uma renovada expectativa pela voz do Eterno. Apesar de todos os ensinos interpretativos que trouxe com gematria e comentários de sábios, entendamos que a Torá é suficiente, e a prática da contagem do Ômer é uma caminhada de arrependimento, confiança firme e purificação, rumo à obediência plena ao Eterno. Ao final da contagem, o povo se viu diante do Monte Sinai, com relâmpagos, trovões e a voz do Eterno ecoando trazendo as instruções e orientações para uma vida santa. A pergunta é: nós também estamos nos preparando para esse encontro?


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


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