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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Estudo da Parashá Tzav - O fogo que nunca deve se apagar

 



Estudos da Torá

Parashá nº 25Tzav (Ordena)

Vayikra/Levítico 6:1-8:36

Haftará (separação) Jr 7:21-8:3 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mc 12:28-34, Rm 12:1, 2 e 1Co 10:14-23.


Tema: O fogo que nunca deve se apagar


Na parashá dessa semana, às vésperas de Pessach e Hamatzot, um Shabat HaGadol, um Shabat especial, o grande Shabat que antecede Pessach, marcado por preparações e reflexões profundas sobre a redenção. Nesta semana apresentamos um estudo onde o Eterno nos revela a necessidade de que o fogo do altar nunca se apague. “O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.” (Vayikrá 6:6)

Mais do que um mandamento técnico, literal e litúrgico do serviço sacerdotal, esta ordem carrega um profundo significado espiritual e profético para nossas vidas hoje. Espiritual porque envolve obedecer ao Eterno e profético porque aponta fara fatos que aconteceram e acontecerão na história do nosso povo, bem como em nossas próprias histórias. O fogo contínuo representa a presença viva do Eterno, mas também simboliza a nossa responsabilidade pessoal de manter acesa a chama da obediência, da santidade e da dedicação constante.

Neste estudo, vamos caminhar por alguns textos da Torá, dos Nevi’im (Profetas), da Bessorah e dos Escritos dos Sh'lichim, para compreendermos como essa instrução não se limitou ao altar físico, mas se estende até nós, como sacerdócio vivo que serve ao Eterno em santidade e verdade.

Convido você a refletir com sinceridade: Como está o fogo do seu altar? Tem sido alimentado dia após dia? Ou tem sido negligenciado, apagado pela rotina, pelo desânimo ou pelo pecado?

Que este estudo nos leve a reacender aquilo que talvez tenhamos deixado apagar, e nos conduza de volta ao coração ardente da Torá, que é a obediência constante ao Eterno, por meio do zelo e da firme confiança em Suas instruções.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Tzav está trata das instruções do Eterno dadas a Moshê sobre os sacrifícios que Aharon e seus filhos deveriam oferecer diante do altar.

O Eterno ordena a Moshê que diga a Aharon e seus filhos como deveriam proceder com as ofertas sagradas:

  1. Oláh (oferta queimada) – Devia arder continuamente sobre o altar, desde a noite até a manhã, e o fogo nunca deveria se apagar (Vayicrá 6:6).

  2. Minchá (oferta de cereais) – Parte era queimada sobre o altar, e o restante era comido por Aharon e seus filhos, em lugar sagrado e sem fermento.

  3. Chatat (oferta pelo pecado) – Era comida no lugar sagrado, e o sangue era levado até o altar.

  4. Asham (oferta pela culpa) – Também era comida pelos sacerdotes, sendo santa.

  5. Zevach Shelamim (oferta pacífica) – Era compartilhada entre o ofertante e os sacerdotes, com algumas partes queimadas.

O sacerdote deveria vestir roupas especiais para remover as cinzas do altar. Toda a prática devia ser feita com temor e reverência, pois tratava-se das coisas consagradas ao Eterno.

Moshê cumpre o mandamento do Eterno e consagra Aharon e seus filhos. Eles são lavados com água, vestidos com as roupas sacerdotais, ungidos com o óleo da unção, e realizam sacrifícios diante da tenda da congregação. Aharon e seus filhos permanecem por sete dias na entrada da tenda como parte do processo de consagração, conforme o Eterno ordenou.

Percebemos nessa porção que o Eterno exige pureza, ordem e zelo naquilo que é santo. Tudo o que é consagrado a Ele deve ser tratado com temor. O fogo do altar deve permanecer aceso continuamente, assim como nosso compromisso com as instruções do Eterno deve ser constante

ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Nesta semana, ao estudarmos a parashá Tsav, somos confrontados com um mandamento muito profundo e simbólico da Torá:


Desse modo, o fogo sobre o altar será mantido aceso: ele não deve se apagado. Toda manhã, o kohen porá fogo na madeira sobre ele, arrumará a oferta queimada e queimará a gordura das ofertas de paz. O fogo será mantido aceso continuamente sobre o altar: ele não deve ser apagado. Vayikra Lv 6:5 e 6


Sobre o verso 5 acima, os comentaristas rabínicos destacam a importância da lenha ou madeira no serviço do altar e sua conexão com a manutenção contínua do fogo sagrado.

Rashi, por exemplo, faz uma observação de que a expressão constante no texto "fogo contínuo" alude ao fogo utilizado para acender as lâmpadas da Menorá, que deveria ser aceso a partir do fogo do altar externo.

Além disso, o historiador judeu Flávio Josefo, autor de História do Hebreus, menciona a prática de doação de lenha para o Templo, associando-a a Vayikrá 6:5-6. Essa prática também é referenciada em Nechemia 10:35, onde o povo se compromete a trazer ofertas de lenha ao Templo em tempos determinados, conforme está escrito na Torá.


E também estabelecemos ordenança para trazer cada ano à casa do nosso Elohim a lenha, segundo as famílias de nossos pais, nos tempos determinados, para queimar sobre o altar de HaShem nosso Elohim, como está escrito na Torá.


Este versículo mostra que o povo assumiu a responsabilidade coletiva de prover a lenha para o altar, em tempos determinados. Isso reforça o mandamento de Vayikrá 6:5, onde o fogo devia ser alimentado constantemente com lenha nova, demonstrando que a manutenção do altar era tanto uma função sacerdotal quanto um compromisso comunitário.

A lenha, neste contexto, representa o esforço contínuo do povo em manter o serviço do Eterno vivo — cada família, cada geração, participando para que o fogo da presença de HaShem jamais se apagasse.

No entanto, essa lenha sob o ponto de vista profético representa o homem e o seu compromisso com o Eterno. É uma bela imagem de como cada um de nós também deve trazer “lenha” espiritual todos os dias, ou seja, obediência, oração, estudo, justiça, para manter acesa a chama da santidade no altar do nosso coração.

Na Torah da editora Sefer, há um comentário de rodapé vindo do Talmud, que corrobora com o que estou mostrando sobre a lenha apontar para o indivíduo. Observe:


Diz o Talmud (Tamid 29b): “Todas as árvores são apropriadas para arder no altar, exceto a oliveira e a parreira, pois o azeite e o vinho já servem sobre o altar.” Assim, o fruto salva a árvore. Da mesma forma, um filho que cumpre com esmero os mandamentos de Deus, salva e conduz seus pais ao paraíso celeste. Semelhante ao azeite, os filhos devem divulgar a luz da Torah a seus pais para que haja sempre um raio de luz que os ilumine e nunca pairem na escuridão; e como o vinho, deverão alegrar seus corações, pois “o filho sábio alegra a seu pai, mas o filho insensato é a tristeza de sua mãe.” (Pv 10:1).


Este texto torna o que estamos trazendo de uma forma muito clara, apontando nosso compromisso com o altar do Eterno. Muito interessante ainda, uma coisa que está sendo dito neste texto. “...Assim, o fruto salva a árvore…” o nosso Mashiach Yeshua falou algo parecido com isso, quando ensinou:


Toda árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Matityahu 7:19-20


Yeshua estava falando sobre a importância do fruto, isto é, as ações visíveis e práticas de quem serve ao Eterno. Ele estava dizendo, assim como nos ensina a Torá, que não basta aparentar ser uma árvore saudável, é preciso produzir frutos que agradam ao Eterno.

Esses frutos são justiça, compaixão, obediência, santidade. São o reflexo de um coração que teme ao Eterno e vive conforme Suas instruções. E é exatamente isso que mantém a árvore, ou seja, o homem, vivo diante do Eterno. O fruto autentica a árvore. O fruto “salva” a árvore de ser cortada e lançada ao fogo da destruição. Aqui nesse ponto de vista o fogo simboliza o juízo, mas o ensino de Yeshua comprova que o entendimento profético de árvore ou lenha em relação ao homem era e é algo comum na forma de interpretar judaica dos textos sagrados.

Como está escrito:

O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no L’vanon. Plantados na casa de HaShem, florescerão nos átrios do nosso Elohim. Tehilim 92:12-13


Portanto, que os nossos frutos sejam dignos da árvore à qual pertencemos, a oliveira verdadeira que é Yisrael obediente, para que sejamos encontrados fiéis e vivos diante do Eterno. Você está compreendendo as ligações? Compreende a importância de mantermos o fogo no altar sempre aceso? Continuemos nosso estudo, pois ainda ficará melhor.

O verso 6 em algumas versões da bíblia diz: “O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará.”

Embora técnico à primeira vista, este versículo é um símbolo profundo da vida de quem anda com o Eterno, como temos visto ao longo deste estudo. O fogo do altar representa a presença contínua do Eterno e também a nossa constante dedicação, zelo, vigilância e santidade.

Assim como os sacerdotes eram responsáveis por manter aquele fogo aceso sem cessar, nós também somos responsáveis por manter o fogo da obediência viva em nosso coração. Um fogo que não é alimentado se apaga. E um coração que não se alimenta das Palavras do Eterno, que não medita em Seus mandamentos, também perde sua chama.


1. Uma Vida de Constância – O Compromisso Diário com a Torá

O Eterno deseja filhos que sejam constantes, não apenas entusiastas ocasionais. Por isso, Ele instrui através de Moshê:


Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as ensinarás diligentemente a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Devarim 6:6-7


Aqui vemos o princípio da constância diária. O fogo não deveria se acender apenas em tempos de necessidade ou celebração. Ele devia arder todos os dias, inclusive quando não havia sacrifícios sendo apresentados. Assim também, a Palavra do Eterno deve arder em nosso interior mesmo nos dias "comuns", nas rotinas silenciosas da vida.

A disciplina de meditar, ensinar e viver as instruções do Eterno é o que mantém o fogo aceso. A obediência contínua é o combustível do altar. Agora que vimos a importância do compromisso vejamos o que os profetas afirmam.


2. O Fogo Profético – Quando a Palavra Queima nos Ossos

O profeta Yirmeyahu expressa um sentimento que muitos conhecem quando se entregam ao Eterno verdadeiramente:


Se eu disser: ‘Não falarei mais no Seu Nome’, então há em meu coração como um fogo ardente encerrado nos meus ossos; e estou cansado de contê-lo, e não posso mais. Yirmeyahu 20:9


Esse fogo não é artificial, nem motivado por interesse pessoal. É um fogo gerado pela Palavra do Eterno. Um zelo que consome o profeta por dentro e o impulsiona a proclamar a verdade mesmo em meio à perseguição, rejeição e sofrimento.

Muitos tentam se calar. Muitos desistem. Mas quem foi verdadeiramente tocado pela voz do Eterno não consegue viver indiferente. Esse fogo exige ação, exige entrega, exige santidade. Ele não se apaga com o tempo, se for alimentado com obediência.

Tendo compreendido o que os profetas falam e o papel da lenha vejamos as implicações desse assunto nas palavra de Yeshua.


3. Yeshua – O Zelo que Purifica e Consome

Quando Yeshua viu o templo sendo profanado por práticas corruptas e comércio ganancioso, ele não ficou inerte. Ele agiu com zelo ardente:


O zelo da Tua casa me consumirá. Tehilim 69:10 / Yohanan 2:17


Aqui vemos que o fogo do altar também é justiça. Yeshua não foi conivente com a impureza espiritual. Ele agiu com firmeza porque entendia o valor da santidade diante do Eterno.

A purificação do Templo foi um ato profético. Ele estava mostrando que sem fogo, sem zelo, o altar perde o seu propósito. Ele não veio trazer uma nova doutrina, mas restaurar a santidade do serviço ao Eterno com fervor, reverência e fidelidade à Torá. Agora, vejamos o que os apóstolos ensinaram sobre nosso tema.


4. Os Sh'lichim – Guardiões do Fogo da Nova Aliança

Shaul e os outros emissários compreenderam que a entrega ao Eterno exigia disciplina e fervor contínuo:


Sede fervorosos no ruach, servindo ao Eterno. Romanos 12:11

Não extingais o fogo. 1 Tessalonicenses 5:19


O termo “Fervorosos” aqui tem o sentido de “fervendo”, “em ebulição”, ou seja, não há espaço para frieza espiritual, para religiosidade apática ou para legalismo. O fogo do serviço ao Eterno é vivo, ativo, prático, e nos move constantemente a agir com justiça, amor, compaixão e verdade.

Shaul também escreve:


Em tudo demos provas como ministros do Eterno: na perseverança, nas tribulações, nas necessidades... como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, mas possuindo tudo. 2 Coríntios 6:4-10


A constância do fogo é vista na perseverança em meio às provações. A verdadeira devoção é provada quando mantemos o fogo aceso mesmo nas tempestades da vida.


5. Guardando o Altar do Coração

Assim como os sacerdotes cuidavam do fogo físico ou literal, somos chamados pelo Eterno a cuidar do fogo espiritual que arde em nosso coração. Ele precisa ser alimentado:

  • Com a Torá:

Antes tem o seu prazer na Torá do Eterno, e na sua Torá medita de dia e de noite. Tehilim 1:2

  • Com pureza de vida:

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida. Mishlei 4:23

  • Com ações concretas de justiça e misericórdia:

Não é este o jejum que escolhi... que repartas o teu pão com o faminto? Yeshayahu 58:6-7

O altar do Eterno, conforme lemos na Torah, é sagrado. E o coração daquele que obedece aos Seus mandamentos também se torna altar, portanto sagrado também. O fogo contínuo no altar não era um ornamento. Era um testemunho vivo da presença e da santidade do Eterno no meio do Seu povo.

Hoje, este fogo arde em cada um que busca viver uma vida de temor e obediência. Não deixemos que ele se apague. Não deixemos que o pecado, o comodismo, a frieza ou o ego tomem o lugar da chama sagrada.


O espírito do homem é a lâmpada do Eterno, que esquadrinha todo o mais íntimo do seu ser. Mishlei 20:27


Que a nossa lâmpada esteja sempre cheia de azeite, que o nosso altar nunca esteja sem fogo, e que a nossa vida seja uma oferta viva ao Eterno.

Que a luz do Eterno brilhe em nós, e que o fogo sagrado jamais se apague!

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


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