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sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

 


Estudos da Torá

Parashá nº 16Beshalach (Depois de ter deixado)

Shemot/Êxodo Ex 13:17 – 17:16

Haftará (separação) Jr 4:4 – 5:31 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 2:22-24; Jo 6:25-35; Ap 15:1-4


Tema: Você é povo ou filho?


No estudo dessa parashá veremos que a Toráh define grupos diferentes de pessoas que saíram do Egito e poderemos aprender com essa descrição e verificar se estamos sendo povo ou se estamos sendo filhos de Yisrael. Teremos a oportunidade de aprender que nesses grupos de pessoas descritos na Toráh, ainda hoje muitos estão se encaixando na descrição. Dessa forma, devemos fazer a escolha de que tipo de pessoa classificada na Toráh queremos ser.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

O povo hebreu é libertado do Egito e D’us os conduz pelo deserto, não pelo caminho mais curto que cruza a terra dos filisteus, mas pelo mais longo para que não tivessem que lutar contra inimigos imediatamente, e desta forma desejarem retornar ao Egito, arrependidos e amedrontados de terem que enfrentar a imprevisível jornada. D’us os protegia através de nuvens durante o dia andavam à sua frente e uma coluna de fogo para iluminar o caminho à noite. O faraó arrepende-se de ter enviado o povo judeu em liberdade e segue à frente de seu exército a fim de persegui-los e aniquilá-los. O povo reclama a Moshê porque ele os tirou do Egito? Para perecerem agora no deserto?

Moshê fala que nada devem temer. D’us comanda a Moshê que levante a vara e fenda o mar. Ocorre um grande milagre e as águas do Yam Suf (mar de juncos) abrem caminho seco no meio do mar, formando paredes imensas em ambos lados, totalizando doze caminhos por onde passam as doze tribos. E as águas se fecharam castigando e trazendo a morte sobre os egípcios. E Miriam apanha um pandeiro e as mulheres saem atrás dela dançando. Após a travessia o povo judeu não encontra água por três dias, apenas águas amargas em Mará. D’us realiza novamente um milagre transformando as águas amargas em potável.

O povo continua reclamando, desta vez é por fome, D’us então envia alimento dos céus, o maná, na exata porção para cada um, sem sobras e sem poder ser guardado ou armazenado, pois apodrecia. Apenas Erev Shabat o man (maná) caia em porções duplas e estes deveriam ser guardados para o dia seguinte, pois era Shabat. Moshê reserva um man em um frasco a mando de D’us para ser descoberto por gerações futuras como testemunho da grandeza do Criador. E após recomeçarem nova jornada, há falta de água, mas Moshê bate na rocha e todos podem beber da fonte que jorra dela. A parashá termina com a luta entre Amalêc e Yehoshua com a vitória de Yehoshua e a promessa de D’us de que a memória de Amalêc será extinta.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO

E foi ao enviar o faraó ao povo, o Eterno não os guiou pela estrada principal que atravessa a terra dos P’ilishtim, por causa de sua proximidade – Elohim pensou que, ao ver a guerra, o povo poderia mudar de idéia e voltar ao Egito. Em vez disso, Elohim guiou o povo por uma rota indireta, através do deserto junto ao mar de Suf. Os filhos de Yisrael subiram armados da terra do Egito. Shemot/Ex 13:17 e 18


O texto nesta porção nos mostra várias coisas interessantes. Dentro do aspecto literal e histórico podemos verificar alguns fatos. O Eterno não conduz o povo pelo caminho dos filisteus que era mais acessível e mais rápido também, com o intuito de protegê-los evitando que vissem os horrores da guerra. Guardem este fato! Falaremos sobre ele mais adiante. E no lugar disso, faz com que o povo dê a volta pelo deserto até ao mar de juncos.

A Toráh nos citados versos ainda diz que os filhos de Yisrael saem do Egito armados. O site Emunah a fé dos santos, no comentário dessa parashá diz que o Faraó deixou ir o povo com a condição de que não voltassem mais, conforme pode ser visto em Ex 11:11 e 14:5. O Eterno não faz nada ilegal ou injusto, e por isso era muito importante que a saída deles fosse feita com o consentimento do Faraó, pois se não fosse assim, teria sido um furto, um ato ilegal. O Eterno não iria quebrar a sua própria Torah, pois ela é a expressão do seu caráter, é seu nome.

Essas coisas que mencionei acima são apenas uma pincelada nos fatos históricos a respeito dos versos, entretanto há mais coisas que podemos e devemos observar nestes versos, e que muitas vezes acabam passando desapercebidos em nossa leitura. Repare neles abaixo, agora com algumas palavras em negrito.



17 וַיְהִ֗י בְּשַׁלַּ֣ח פַּרְעֹה֮ אֶת־הָעָם֒ וְלֹא־נָחָ֣ם אֱלֹהִ֗ים ֚דֶּרֶךְ אֶ֣רֶץ פְּלִשְׁתִּ֔ים כִּ֥י קָרֹ֖וב ה֑וּא כִּ֣י׀ אָמַ֣ר אֱלֹהִ֗ים פֶּֽן־יִנָּחֵ֥ם הָעָ֛ם בִּרְאֹתָ֥ם מִלְחָמָ֖ה וְשָׁ֥בוּ מִצְרָֽיְמָה׃

18 וַיַּסֵּ֨ב אֱלֹהִ֧ים׀ אֶת־הָעָ֛ם דֶּ֥רֶךְ הַמִּדְבָּ֖ר יַם־ס֑וּף וַחֲמֻשִׁ֛ים עָל֥וּ בְנֵי־יִשְׂרָאֵ֖ל מֵאֶ֥רֶץ מִצְרָֽיִם׃


17 VAYEHY BESHALACH PAROH ET-HAAM VELO-NACHAM ELOHIM DEREKH ERETS PELISHTYM KY QAROV HU KY AMAR ELOHIM PEN-YNACHEM HAAM BIREOTAM MILECHAMAH VESHAVU MITSERAYEMAH:

18 VAYASEV ELOHIM ET-HAAM DEREKH HAMIDBAR YAM-SUF VACHAMUSHIM ALU BNEY-YISRAEL MEERETS MITSERAYM:


E foi ao enviar o faraó ao povo, o Eterno não os guiou pela estrada principal que atravessa a terra dos P’ilishtim, por causa de sua proximidade – Elohim pensou que, ao ver a guerra, o povo poderia mudar de idéia e voltar ao Egito.

Em vez disso, Elohim guiou o povo por uma rota indireta, através do deserto junto ao mar de Suf. Os filhos de Yisrael subiram armados da terra do Egito.


Já falei em outros estudos que a Toráh deve ser estudada com atenção e observação, pois sempre há coisas mais profundas em sua páginas que as meras letras no papel. Por exemplo, quando a Toráh repete palavras, escreve algo aparentemente errado, etc, devemos nos ater a estes detalhes para encontrar alguma coisa mais que o Eterno quer nos passar.

Nos versos que citamos acima no texto hebraico, transliterado e traduzido, é possível reparar algumas coisas. Vemos a palavra “povo” repetir três vezes e no final vemos o termo “filhos de Yisrael”. E com certeza isso tem um motivo!! Nada na Toráh é por acaso. E é nessa observação que entraremos no tema do nosso estudo.

Então vimos que “povo” repete três vezes, e com um pouco de guematria podemos entender que o número 3 aqui pode remeter aos 3 milênios depois que mashiach exerceu a primeira parte de seu ministério, onde neles pessoas tem libertas da escravidão do pecado e passam a servir ao Eterno através da obediência à Toráh. Guardem esse número, pois voltaremos a falar nele.

O autor Bruno Summa, em seu comentário da parashá Beshalach, no livro Sha’arei Torah, afirma que a Toráh faz diversas distinções entre os homens, inclusive dentre o Povo de Yisrael, o qual é separado em três classes: israelitas, levitas e sacerdotes. Segundo o autor, da mesma maneira, a Toráh também distingue os seres humanos, as pessoas, em três classes: homens que são criaturas de HaShem, homens que são povo de HaShem e homens que são chamados filhos de HaShem, e aqui sugiro guardar a palavra “filho”.


As classes de pessoas

Há diferenças claras entre essas classes de pessoas. A diferença encontrada entre o homem que é criatura de HaShem e o que é povo de HaShem é nítida, o primeiro é um homem comum, um simples vivente, que não reconhece o criador ou que o define através de conceitos idólatras. Já o que é povo de HaShem é aquele que de alguma forma está ligado ao Eterno através da Torah, mas falta algo nessa ligação. No entanto, o que muitos não conseguem compreender é a diferença que há entre ser povo de HaShem e ser filho de HaShem. Porque muitos acreditam que desde o momento em que um homem passa a fazer parte do povo do Eterno ele já é considerado filho. E aí está o engano que leva muitos ao legalismo, pois é preciso bem mais do que isso. Já dissemos em estudos anteriores que nem todos os que saíram do Egito eram hebreus, e nem todos os hebreus eram verdadeiramente filhos de Yisrael. Aqueles que se misturaram ou foram assimilados ao Egito e conseguiram sair com os demais, com certeza não era tratado pelo Eterno da mesma forma que os membros da tribo de Levi que não se contaminaram com o sistema egípcio, eles eram os remanescentes verdadeiros.

O mencionado autor diz que os versos lidos não apenas ensinam a diferença entre “povo” e “filho”, como também ensina que ser povo não significa necessariamente ser filho de HaShem. Cabe-nos então fazer uma pergunta: Quem são os filhos de HaShem?

A Toráh, nestes versos 17 e 18, se refere a Yisrael de uma forma genérica, como Haam - הָעָ֛ם - povo - durante 3 vezes consecutivas, no entanto, no final do verso 18, ao falar que estavam armados, ela os chama de Bney - בְנֵיfilhos. Vamos responder a pergunta, mas antes, outra pergunta: por que o Eterno na Toráh muda a forma de tratá-los? É aqui que está um Sod, um segredo! O Autor Bruno Summa, ainda faz outras perguntas: porque eles só são chamados de filhos quando é dito que estão armados? E como poderia uma nação que era escrava sair armada? E se estavam armados porque não poderiam lutar contra os filisteus e seguir pelo caminho mais curto? Essas perguntas mostram as dificuldades, e estas mostram o que o Eterno busca dos homens e como eles se diferenciam perante os olhos do Criador.


Uma Torah para cada tribo

Para chegarmos na resposta da nossa pergunta sobre quem são os filhos, devemos seguir por um caminho e buscar o entendimento sobre a própria Toráh. Ela também é chamada dentre o povo de CHUMASH - חומשׁ - é um termo derivado de CHAMESH - חמשׁ - que é o nome do numeral 5, é uma alusão direta aos 5 livros que a compõe. Outro fato importante a respeito da Torah que muitos não conhecem é que o livro de B’midbar/Números é um compêndio de 3 livros, e se fossem separados, a Toráh seria composta de 7 livros. Está atento? Vai prestando atenção! Vemos aqui, profeticamente, um livro da Torah para cada dia da semana e para cada um dos 7 milênios. Segundo o Rav Yochanan Ben Yaakov, da Kahal Teshuvah Brasil, o livro de Devarim/Deuteronômio é um compêndio de 5 livros. Então temos Bereshit, Shemot, 3 em Bamidbar, Vayicrá e 5 em Devariam, que fazem 11 livros, mais a Toráh oral, que faria com que a Toráh ficasse com 12 livros. E dentro dos códigos seria um livro da Toráh para cada uma das tribos. E pensem, qual tribo ficaria com a Toráh oral? Se você pensou tribo de Levi, acertou!!

Essas informações são muito importantes para entendermos o que é dito no verso 18, e para compreendermos quem é chamado de filho. Esse verso diz que os filhos de Yisrael saíram armados, e a palavra hebraica que a Torá utiliza é CHAMUSHIM - חֲמֻשִׁ֛ים – e repare que tanto CHUMASH quanto CHAMUSHIM são da mesma raíz hebraica e possuem a mesma origem, e como CHUMASH é um dos nomes da Toráh, podemos entender claramente que as “armas” que os filhos de Yisrael possuíam, profeticamente falando, quando saíram do Egito não eram meras espadas e lanças, mas sim a Toráh. Os filhos de Yisrael saíram do Egito armados com a Toráh. Mas como poderia ser isso, se eles ainda não tinham chegado ao Sinai e a Toráh ainda não lhes tinha sido dada?

Segundo Bruno Summa, “armados” em hebraico é CHAMUSHIM - חֲמֻושִׁ֛ים, porém nesse verso está escrito CHAMUSHIM - חֲמֻשִׁ֛ים, sem a letra Vav (ו). E essa palavra escrita dessa forma pode também ser lida como CHAMASHIM, que significa 50, que vai dar a raíz guemátrica de 5, que é uma alusão à Toráh. Ou seja, eles tinham a Toráh oral recebida dos descendentes de Shem, e mesmo sem terem a Toráh escrita ainda eles já tinham atingido alguns níveis de sabedoria apenas através da observância de alguns mandamentos específicos. Atingiram certos níveis de justiça, com uma vida de obediência.

Assim, podemos entender sobre o sentido real e profético das “armas” dos filhos de Yisrael e o que significa estar armados com a Toráh. Não significa carregá-la embaixo do braço, decorá-la ou praticar por praticar, mas estar armado com a Toráh significa obter sabedoria verdadeira, que só pode ser conquistada por aqueles que a estudam e aprendem a aplicar suas instruções nos momentos certos. Quando Yisrael juntou a sabedoria da Toráh à oração e ao louvor que é citado por David no Samos 119:164, que diz: Sete vezes por dia eu te louvo. Nada poderia ficar em seu caminho, nada nesse mundo pode impedir de seguir em frente. E isso é verdadeiro em nossos dias também.


Os filhos de Yisrael

Agora vamos responder à pergunta. Depois de tudo o que dissemos até aqui, fica mais fácil compreender o motivo de a Toráh se referir às pessoas que saíram do Egito como povo por 3 vezes e depois como filhos de Yisrael. Veja, povo é uma alusão às pessoas egípcias e de outras nações que saíram com os hebreus, e também é uma referência aos hebreus que não eram os remanescentes obedientes da tribo de Levi. E filhos de Yisrael é um apontamento para os remanescentes da tribo de Levi que obedeciam a Toráh, ou seja, que realmente estavam armados, conforme vimos acima.

Aquela multidão formada por diversas pessoas chamada de povo não podem ser filhos até que ajam como tal, até que a Toráh seja parte de sua vida e lhes dê sabedoria como deu aos levitas, pois perante os olhos de HaShem, filhos são os que adquirem sabedoria da Toráh e se armam com ela. O autor Bruno Summa diz que, dentre as pessoas que servem ao Eterno e tentam ser parte de Yisrael, existem pessoas e pessoas, ou seja, haverá os que servem ao Eterno por tradição, por legalismo ou como meio de conseguir uma vida melhor, e até mesmo pela salvação. E esses são considerados por HaShem como seu povo. Entretanto, no meio dessas pessoas há os poucos que observarão a Toráh por amor, sem expectativas de recompensas pelo que fazem, sem barganhar com o Eterno e vislumbrando mais a vontade do criador do que os seus próprios desejos pessoais. Esses não serão apenas povo, eles serão chamados de Filhos, são os que estarão mais próximos ao messias fazendo parte do sacerdócio, da mesma forma que os que foram chamados de filhos de Yisrael ao sair do Egito.


Os filhos de Efraim

Retornando ao número 3, que eu falei para guardarem no início. Há um midrash em Shemot Rabbah 20:11 afirmando que parte da tribo de Efraim cometeu um erro ao calcular a contagem dos 400 anos de escravidão no Egito. Isso fez com que essas pessoas resolvessem se levantar, tomarem suas coisas e partirem por conta própria, deixando a terra do Egito. Isso ocorreu antes do Faraó da época de Moshê decidir escravizar o povo. Eles saíram na mesma época que Yóv, Yitróh e Bilam. O citado midrash, diz que ao saírem, no meio do caminho, havia a terra dos filisteus que ao verem trezentos mil homens atravessando suas terras, os atacaram e os mataram em um massacre deixaram seus cadáveres à vista. Os hebreus que permaneceram no Egito souberam disso e ficaram com medo.

Agora vamos a alguns apontamentos proféticos. A tribo de Efraim era de pessoas justas, mas resolveram deixar seus irmãos e sair do Egito. Sua justiça serviu de expiação para os hebreus que no futuro deixariam o Egito. Note, que 3 milhões de pessoas saíram do Egito com Moshê, e as vidas justas dos 300 mil ajudou a expiar seus pecados. Repare ainda no número de 300 mil homens, essa é uma raiz 3, que aponta para os 3 milênios em que pessoas tem sido retiradas dos sistemas religiosos através da obra de mashiach. Esses que saem das nações através da obra de mashiach também são conhecidos nas profecias como filhos de Efraim, casa de Efraim ou Casa de Yisrael. Eles são os remanescentes!

Outra coisa que é importante destacar, é que através do citado midrash entendemos o possível motivo de o Eterno não querer levar os hebreus pelo caminho dos filisteus, conforme vemos n verso 17. Eles se lembrariam do que aconteceu com os da tribo de Efraim e sentiriam medo e desejariam voltar ao Egito. Por isso o Eterno sabendo de seus temores os poupa e leva-os pelo deserto, onde tratariam seus medos e aprenderiam a depender do Eterno.

Encerrando então o estudo, podemos mais uma vez comprovar que nada que está escrito nos textos sagrados é por acaso, e é por isso que são sagrados, pois nada nessa terra se compara às palavras do Eterno. E você precisa refletir: tu és povo ou filho? Espero que depois desse estudo, se tinha alguma dúvida, possa decidir em que classe de pessoas está e viver como filho.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Pr/Rav Marcelo Peregrino Silva (Marcelo Santos da Silva - Moshê Ben Yosef)


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Estudo da Parashá Beshalach-2022-2023 - A verdadeira definição de salvação

 


Estudos da Torá

Parashá nº 16 – Beshalách (Quando ele enviou)

Shemôt/Êxodo Ex. 13:17 – 17:16

Haftará (Separação) Jz 4:4-5:31 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 26:1-75


Tema: A verdadeira definição de Salvação


RELEMBRANDO


Semana passada estudamos dentro do contexto da parashá, o conceito original de Torá, mostrando que muitas vezes as pessoas têm um entendimento controverso sobre o assunto. E essa semana estudaremos sobre o verdadeiro entendimento de salvação de acordo com a visão do TaNaK e dos midrashim dos sábios do nosso povo.

A PARASHÁ DA SEMANA


Iniciando nosso estudo deste shabat com o resumo da parashá, como sempre fazemos.

O povo hebreu é libertado do Egito e D’us os conduz pelo deserto, não pelo caminho mais curto que cruza a terra dos filisteus, mas pelo mais longo para que não tivessem que lutar contra inimigos imediatamente, e desta forma desejarem retornar ao Egito, arrependidos e amedrontados de terem que enfrentar a imprevisível jornada. D’us os protegia través de nuvens durante o dia andavam à sua frente e uma coluna de fogo para iluminar o caminho à noite. O faraó arrepende-se de ter enviado o povo judeu em liberdade e segue à frente de seu exército a fim de persegui-los e aniquilá-los. O povo reclama a Moshê porque ele os tirou do Egito? Para perecerem agora no deserto?

Moshê fala que nada devem temer. D’us comanda a Moshê que levante a vara e fenda o mar. Ocorre um grande milagre e as águas do Yam Suf (mar de juncos) abrem caminho seco no meio do mar, formando paredes imensas em ambos lados, totalizando doze caminhos por onde passam as doze tribos. E as águas se fecharam castigando e trazendo a morte sobre os egípcios. O povo judeu faz a travessia do Mare de Juncos (Mar Vermelho) cantando canções para D’us, enaltecendo Sua grandeza. O Shabat da porção da Torá de Beshalach é conhecido também como Shabat Shirá. E Miriam apanha um pandeiro e as mulheres saem atrás dela dançando.

Após a travessia o povo judeu não encontra água por três dias, apenas águas amargas em Mará. D’us realiza novamente um milagre transformando as águas amargas em potável.

O povo continua reclamando, desta vez é por fome, D’us então envia alimento dos céus, o maná, na exata porção para cada um, sem sobras e sem poder ser guardado ou armazenado, pois apodrecia. Apenas Erev Shabat o man (maná) caia em porções duplas e estes deveriam ser guardados para o dia seguinte, pois era Shabat. Moshê reserva um man em um frasco a mando de D’us para ser descoberto por gerações futuras como testemunho da grandeza do Criador. E após recomeçarem nova jornada, há falta de água, mas Moshê bate na rocha e todos podem beber da fonte que jorra dela. A parashá termina com a luta entre Amalêc e Yehoshua com a vitória de Yehoshua e a promessa de D’us de que a memória de Amalêc será extinta.

Estudo do Texto da Parashá


Estamos estudando desde as parashiot passadas a respeito da redenção dos filhos de Israel do cativeiro egípcio, por mão forte de Adonai. E vimos como tudo isso é profético em relação à redenção final e a volta do Mashiach. Vimos também que nas três últimas pragas o Eterno mostrou a Moshe o caráter de Faraó e sua dureza de coração, mas infelizmente ele continuou endurecido, mesmo depois de ter perdido seu primogênito. No Midrash do livro de Shemot (Êxodo), vemos que nem todos os primogênitos morreram imediatamente, alguns deles ficaram sofrendo durante toda a madrugada, somente vindo a morrer pela manhã. E isso foi com certeza o que fez com que todo o povo do Egito, inclusive o próprio Faráo a mandar os hebreus partirem, no entanto, como aquele monarca tinha o coração distante de D’us e muito endurecido se arrepende do que fez, e vai atrás do povo no caminho do deserto, e dessa forma podemos ver o Eterno realizar a salvação dos hebreus do desejo de vingança do Faraó. É sobre a salvação que estudaremos nessa porção, vendo o verdadeiro entendimento desse termo.

Talvez você pense que já entenda o que significa salvação. Ou talvez você por ter estudado muito diga que compreende o entendimento desse termo. Mas através deste estudo pretendo te deixar a par do que as Escrituras Sagradas verdadeiramente afirmam sobre esse termo, não o que os teólogos disseram, ou o que alguém em um púlpito ou Escola Dominical te disse sobre esse assunto. E já te garanto que o que você ouviu a respeito de salvação está totalmente diferente do conceito bíblico real e dentro do contexto original.

O conceito semita e original a respeito da palavra “salvação” é um tanto distinto do que nosso pensamento cotidiano entende desta palavra. Mesmo dentro do movimento judaico messiânico, esta palavra, muitas vezes é entendida do mesmo modo como é no cristianismo. Por isso, o propósito deste estudo é buscar o conceito original a partir do TaNaK, ou seja, as Escrituras Sagradas, e até mesmo dentro dos Escritos Nazarenos. E aí, olhando para o que Moshê, os profetas e os talmidim de Yeshua falaram, dentro de sua cultura e com seus pensamentos, poderemos realmente ter a plena compreensão.


Definição

Antes de entrar no assunto do termo “salvação” nas Escrituras, para que você tenha uma boa compreensão quando chegarmos lá, iniciemos pelo conceito secular de salvação, ou seja, um conceito não religioso.

Segundo o site Conceitos, a ideia de salvação apresenta um significado geral, assim como uma série de aspectos diferentes em função do contexto apresentado. O site explica que a salvação é a liberação de algo, seja de um mal, de uma situação de cativeiro ou de um perigo qualquer. Uma pessoa se salva quando abandona um estado de sofrimento ou mal-estar.

Ainda segundo o mencionado site, diante de um perigo, alguém consegue a salvação ao libertar-se de uma ameaça ou risco qualquer. Exemplo claro vemos na frase: “Nos salvamos por milagre daquele acidente”. Perceba que geralmente, a ideia de perigo está associada ao risco para a integridade física, mas nem sempre acontece neste sentido. O site dá um outro exemplo, vamos pensar em um time de futebol que na última rodada tem uma partida decisiva para manter-se na divisão do campeonato; caso vença a partida pode-se dizer que o time conseguiu a salvação.

A palavra salvação, ainda no meio secular, é usada também de forma figurada para expressar um sentimento intenso. Como por exemplo: “Ela é minha salvação.” Vemos que indica um apoio psicológico ou emocional para uma pessoa.

Também, segundo o site Wikipédia, a salvação é um termo que genericamente se refere a libertação de um estado ou condição indesejável. E ainda diz que, o conceito de salvação eterna, salvação celestial ou salvação espiritual faz referência à salvação da alma, pela qual a alma se livraria de uma ameaça eterna que esperaria depois da morte. E assim, entra em cena a questão da salvação, dentro do contexto do dogma da imortalidade da alma, ensino que rejeitamos e por isso estamos trazendo o entendimento correto dessa palavra, a fim de ajudar a quebrar os dogmas contrários ao ensino correto das Escrituras.

Assim, vamos ao entendimento correto da palavra salvação dentro do seu verdadeiro contexto. E você poderá perceber que as Escrituras não estão muito longe do conceito secular, pois estão com os pés no chão, apartados de dogmas religiosos contrários à Torá.

A palavra em Hebraico que corresponde à salvação é ישועהyeshuah, que vem da raiz ישע yasha, e significa salvar. Esta tradução é boa e reflete bem o conceito original da palavra em Hebraico. Perceba ainda que não é a toa que o Messias recebeu o nome Yeshua, que significa o Eterno salva. Já no grego, língua para o qual primeiramente o TaNaK, e depois os Escritos Nazarenos foram traduzidos, a palavra salvação é traduzida do termo “soteria”, e transmite a ideia de cura, redenção, remédio e resgate. E da mesma forma, no latim, salvação vem de “salvare”, significando salvar, ajuda ou saúde.

Vimos que os termos nas três diferentes línguas antigas e originais, em relação às traduções atuais, trazem praticamente os mesmos significados. O grande problema é, como já dissemos, a doutrina criada sobre um conceito simples e fácil de entender na própria Bíblia. Então, vamos analisar melhor como esta palavra é utilizada dentro do contexto bíblico.


Analisando alguns textos


"Mosheh, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento (yeshuat) do Eterno, que hoje vos fará; porque os egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver." Shemot/Êxodo 14.13


Começando nossas observações pela própria Torá, vemos um exemplo de uma variação da palavra “yeshuah”, que é ישועת – yeshuath, trazendo o significado de “salvação de” ou “livramento de”. E neste exemplo, podemos ver claramente que aqui a salvação era um livramento do povo egípcio, da escravidão que eles estavam inflingindo sobre os hebreus. Vejamos outro texto:


"A salvação (yeshuah) está longe dos ímpios, pois não buscam os teus estatutos." Tehilim/Salmos 119.155


Vamos analisar uma coisa em relação a este verso. Que tipo de salvação é esta? Um livramento? Ou salvação da alma? Para obtermos a resposta é muito simples, basta lermos os versículos anterior e posterior.


Pleiteia a minha causa, e livra-me (ugealeni); vivifica-me segundo a tua palavra. A salvação (yeshuah) está longe dos ímpios, pois não buscam os teus estatutos. Grande é a tua compaixão, Eterno, preserva a minha vida conforme as tuas leis.” Tehilim/Salmos 119:154-156


Vamos analisar dois pontos importantes:

O texto faz referência à uma causa, logo, não está se tratando de alma, mas sim de algo terreno. Basta verificar ainda o verso 153, onde o autor fala de sofrimento, que é a causa do clamor dele. Observe também, que a palavra “livrar” utilizada ali no verso 154, não tem relação alguma com salvação nos termos originais Yasha ou Yeshuah, mas sim, na palavra ugealeni, que vem da raiz גאל gaal, apontando para livrar. Por isso, o sentido de salvação nestes versos é para algo que estava atormentando o autor, um sofrimento, e não de sua alma. Isso porque o homem não tem uma alma, como já dissemos em outro estudo, e faremos um estudo específico sobre o assunto, o homem é uma alma. Apalavra alma não é uma indicação de um ser imaterial dentro do homem, mas de sua própria vida, ou seja, a alma do homem é sua vida. O homem é uma alma vivente. Vamos analisar a palavra salvação/yeshuah no mesmo verso dentre algumas traduções diferentes.


"Naquele dia, se entoará este cântico na terra de Yehudah: Temos uma cidade forte; Elohim lhe põe a salvação (yeshuah) por muros e baluartes." Yeshayahu/Isaías 26.1 (João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada)


"Naquele dia, o povo de Yehudah cantará este hino: A nossa cidade é forte! Elohim nos protege (yeshuah) com altas muralhas." Yeshayahu/Isaías 26.1 (Nova Tradução na Linguagem de Hoje)


"Naquele dia se entoará este cântico na terra de Yehudah: uma cidade forte temos, a que Elohim pôs a salvação (yeshuah)  por muros e antemuros." Yeshayahu/Isaías 26.1 (João Ferreira de Almeida Atualizada)


"Naquele dia se entoará este cântico na terra de Yehudah: Temos uma cidade forte, a que Elohim pós a salvação (yeshuah)  por muros e antemuros." Yeshayahu/Isaías 26.1 (João Ferreira de Almeida Corrigida e Revisada, Fiel)


"Naquele dia, cantar-se-á este cântico na terra de Yehudah: Temos uma cidade forte; para nos proteger (yeshuah)  ele nos deu muro e antemuro." Yeshayahu/Isaías 26.1 (Bíblia de Jerusalém)


Observe que a mesma palavra aqui foi utilizada de diferentes formas por tradutores diferentes. Mas de fato, o contexto deixa claro que yeshuah aqui, pode se referir a proteção, uma vez que os muros e antemuros estão ali para garantir a segurança/proteção. E obviamente, esta proteção está inteiramente ligada com livramento. E podemos perceber de maneira óbvia que nada está sendo falado acerca de salvação de alma no sentido que o sistema religioso trás, mas sim de livramento da vida das pessoas fiéis ao Eterno.


Vamos analisar então mais um exemplo de yeshuah e depois analisarmos demais casos.


"Assim diz o Eterno: No tempo aceitável te ouvi e no dia da salvação (yeshuah) te ajudei, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, para restaurares a terra, e dar-lhes em herança as herdades assoladas;" Yeshayahu/Isaías 49.8


Perceba que no dia da salvação, o Eterno ajudou e guardou. Aí fica uma pergunta. Salvação, segundo os que estão no sistema religioso, não é “ir pro céu”? Se realmente for isso, como conciliar a idéia de “salvação da alma” com o texto acima? A resposta é simples. Não tem como!

Veja que Yeshua em seus ensinos nunca passou a ideia de salvação com ida para o céu ou salvação de alma, mas com livramento e herança para vida eterna na terra.


Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;” Mateus 5:5


O Rav Shaul, apóstolo Paulo, também seguia o mesmo padrão de pensamento dos autores do TaNaK, veja:


Ora as promessas foram feitas a Avraham e à sua posteridade… E, se sois do Messias, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”. Gl 3:16 e 29


Sabemos que em lugar algum na Bíblia vemos o Eterno prometendo o céu ou uma salvação de alma para Avraham, por isso podemos entender que o sentido dado pelos cristãos está fora do contexto das Escrituras.

Para não tornar o estudo muito extenso, não vamos analisar todas as passagens e argumentar sobre cada uma delas, mas sim, apenas utilizar alguns exemplos e extrair a sua real essência para que possamos ler novamente as escrituras com a verdadeira forma de compreensão, ou seja, do mesmo jeito que os profetas, Yeshua e os talmidim compreendiam.


"Sobrevieram-me pavores, como pelo vento é varrida a minha honra; como nuvem passou a minha felicidade (yeshuathi)." Iyov/Jô 30.15


Vejamos uma outra tradução para o mesmo verso.


"Eu fico apavorado. A minha honra foi como que varrida para longe pelo vento; a minha prosperidade (yeshuathi) passou como se fosse uma nuvem." Iyov/Jô 30.15 (Nova Tradução na Linguagem de Hoje)


Observe que ישעתי - yeshuathi foi traduzido de duas formas diferentes. Uma como felicidade e outra como prosperidade, e não como salvação. Se analisarmos o contexto podemos perceber que ambas estão corretas e formam uma boa tradução, ou seja, correta dentro do ponto de vista de toda a Bíblia.

Agora, veja que interessante, temos aqui a salvação ligada diretamente com felicidade/prosperidade. Vamos analisar então mais um versículo  para reforçar esta questão.


"Então orou Hannah, e disse: O meu coração exulta ao Eterno, o meu poder está exaltado no Eterno; a minha boca se dilatou sobre os meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação (bishuathekha)." Shemu'el alef/1 Samuel 2.1


Vamos então traçar um paralelo entre as duas passagens. Observe que no livro de Iyov, o autor diz que a sua yeshuah que foi traduzida como prosperidade/felicidade foi levada, isso por que Iyov havia perdido tudo. Em Shemu’el Hannah glorifica o Eterno por conta de seu filho que lhe nasceu, logo, sua yeshuah é a benção de ter tido um filho.

Em ambos os casos, yeshuah aponta na direção de realizações terrenas, sendo difícil estabelecermos uma relação entre yeshuah, no conceito de salvação do TaNaK, e o conceito moderno de “salvação da alma”.

Até aqui vimos como é entendido a palavra yeshuah pelo contexto original, e obviamente já podemos ter uma resposta sobre qual é o escopo do Salvador. Mas vamos analisar o texto abaixo apenas para deixar claro esta questão.


"Ai de ti, despojador, que não foste despojado, e que procedes perfidamente contra os que não procederam perfidamente contra ti! Acabando tu de despojar, serás despojado; e, acabando tu de tratar perfidamente, perfidamente te tratarão. Eterno, tem misericórdia de nós, por ti temos esperado; sê tu o nosso braço cada manhã, como também a nossa salvação (yeshuathenu) no tempo da tribulação. Ao ruído do tumulto fugirão os povos; à tua exaltação as nações serão dispersas." Yeshayahu/Isaías 33.1-3


Observe que claramente o profeta chama ao Eterno de Salvador e o contexto ao qual a salvação está inserido é um contexto de guerra. Não há como inserir um conceito de “salvação da alma” no texto acima. Não existe no TaNaK este conceito de “salvação da alma”. Pelo contrário, salvação dentro do contexto das Escrituras Sagradas, aponta para um livramento, uma cura, uma proteção. Também aponta para alegria e satisfação que temos aqui nesta vida.

Que possamos através do conhecimento da verdade colocar em prática a salvação que tivemos, junto com a oportunidade de aprender da Torá e de praticá-la, para servir de exemplo para muitas outras pessoas.



Que HaShem lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Dicionário Português-Hebraico e Hebraico-Português, Abraham Hartzamri e Shoshana More-Hartzamri, Editora Sêfer

- https://conceitos.com/salvacao/