Este estudo pretende falar sobre a adoção de filhos que os
ex-gentios receberam a qual o Rav Sha’ul (apóstolo Paulo) diz que,
aquele que se volta para o Eterno (Santo Bendito seja ele) recebe por
meio da fidelidade que vem da confiança no Messias Yeshua,
registrado em Gálatas 4. A maioria dos teólogos cristãos entendem
que Sha’ul ensinou contra a Torá do Eterno, Santo Bendito seja
ele. Mas será que ele realmente pregava e ensinava contra a Torá
que HaShem havia dado ao seu povo?
Para
termos uma perfeita compreensão das cartas Paulo, devemos
aprender principalmente
a
usar
o PaRDeS,
que
é a
hermenêutica judaica, pois
Paulo se utiliza muito dessa técnica, além
disso
devemos
nos lembrar que precisamos analisar três pontos:
-
Primeiro - Com quem Paulo estava falando ou qual é o destinatário;
-
Segundo - Qual era o motivo da carta ou qual era a situação vivida
pelo destinatário; e
-
Terceiro - Qual era o contexto histórico vivido pela congregação e
pelo destinatário.
É
importante
lembrar também que o apóstolo Paulo usava alguns
pronomes para identificar com quem ele está falando. Assim, quando
ele usa os pronomes "nós, nosso ou nossos", está falando
dele e dos judeus. E quando usa "você, vocês, vosso ou
vossos", está falando dos ex-gentios que agora fazem parte do
povo do Eterno.
Então
vamos ao Primeiro Ponto – Com
quem Paulo estava falando ou qual é o destinatário. Talvez
você ache estranho começarmos por esse ponto, afinal o nome da
carta já define o destinatário. Porém, quem realmente eram os
gálatas? Eles eram judeus ou gentios?
Conforme
mencionei no estudo
anterior, olhando
para o texto introdutório
da
carta, no
capítulo 1, poderemos
facilmente distinguir o destinatário real.
Como
disse, note
que na introdução dessa carta, o apóstolo ou emissário, fala de
seu chamado e que o Evangelho ou boas novas que anunciou era
verdadeiro. Ele
falava de acordo com a Torá e os profetas. E
que algumas pessoas estavam trazendo um falso evangelho, falamos
sobre isso nos
estudos
anteriores,
se não os
leu procure-os.
Agora, repare de quem e para quem o apóstolo fala. Esta
parte ainda é do estudo anterior, para que possamos cumprir os
pontos de observação, e então chegarmos ao entendimento do texto
em estudo no Capítulo 4
de Gálatas.
Primeiro
ele diz que a carta era para as comunidades messiânicas da Galácia.
E devemos ter o entendimento que não era uma igreja (prédio) na
cidade, como muitos pensam, mas comunidades que se reuniam em vários
lugares na cidade, de
acordo com o que podemos ler em Rm 16.
Eram famílias, irmãos e amigos que se reuniam em casas e que se
revesavam nos ensinos e instruções da Torá, que o apóstolo havia
lhes deixado. Agora repare também nos pronomes utilizados por ele.
Note que no verso 3 ele diz: “Graça
e shalom a vocês
de D’us, nosso
Pai,
e do Senhor Yeshua, o Messias,…”, vejam
que faz distinção de vocês e nosso. Isso é porque ele está
desejando que a graça e a shalom (paz) fossem com esses
crentes
ex-gentios da Galácia, da parte de D’us que como ele disse, nosso
Pai. O Eterno é o Pai do povo de Israel, de acordo com Ex
4:23:
“e
eu já lhe disse que deixe o meu
filho
ir para prestar-me culto. Mas você não quis deixá-lo ir; por isso
matarei o seu primeiro filho!”
Também
podemos ver que ele fala do povo de Israel quando diz: “...se
entregou a si mesmo por nossos
pecados,
a fim de nos
libertar
do presente sistema mundial maligno, em obediência à vontade de
D’us, nosso
Pai…”
Pois
aqueles que estão vivendo sob ou debaixo da lei são o povo do
Eterno, e como pecado é transgressão da Lei, só pode transgredir
quem vive sob a Lei, tentando acertar. Os gentios que não tinham
D’us, não tinham a Torá, e nem a promessa do messias, não viviam
sob a Lei. Eles são iníquos ou anomos, sem Lei. Por isso podemos
entender que Paulo se refere a si e a seu povo.
Mas
repare que o destino e objetivo da carta é esse: “A
realidade é que certas pessoas estão aborrecendo vocês…”
Algumas
pessoas estavam vindo a estes ex-gentios, com um ensinamento
diferente do que eles tinham aprendido com o apóstolo. Veja,
aborrecendo vocês, o pronome mostra. O ensino que estava chegando e
aborrecendo, era repleto de legalismos e distantes da verdadeira Torá
ensinada por Paulo. Por
isso ele chama esses ensinos de falso evangelho ou boas novas que não
são boas novas. E
quando continuamos a ler os versos seguintes desse primeiro capítulo
temos certeza que Paulo está falando a ex-gentios, e que seu
evangelho é destinado a gentios ou
remanescentes israelitas espalhados entre as nações.
Entendemos
então o primeiro ponto, que era a quem a carta é destinada, e
também entendemos o segundo ponto, que é: qual
era o motivo da carta ou qual era a situação vivida pelo
destinatário.
Quando dissemos que Paulo estava combatendo um falso ensino que
estava adentrando as comunidades naquela cidade.
Agora
vamos entrar no contexto do capítulo 4
e buscar o entendimento do que Paulo queria ainda ensinar às
comunidades da galácia.
Digo
porém que, enquanto o herdeiro é menor de idade, em nada difere de
um escravo, embora seja dono de tudo. No entanto, ele está sujeito a
guardiães e administradores até o tempo determinado por seu pai.
Assim também nós, quando éramos menores, estávamos escravizados
aos princípios elementares do mundo. Mas, quando chegou a plenitude
do tempo, D’us enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo
da lei, a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que
recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vocês são filhos,
Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual
clama: "Aba, Pai".
Assim,
você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, D’us
também o tornou herdeiro. Antes, quando vocês não conheciam a
D’us, eram escravos daqueles que, por natureza, não são deuses.
Mas agora, conhecendo a D’us, ou melhor, sendo por ele conhecidos,
como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares,
fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez?
Vocês
estão observando dias especiais, meses, ocasiões específicas e
anos!
Temo
que os meus esforços por vocês tenham sido inúteis. Eu lhes
suplico, irmãos, que se tornem como eu, pois eu me tornei como
vocês. Em nada vocês me ofenderam; como sabem, foi por causa de uma
doença que lhes preguei o evangelho pela primeira vez. Embora a
minha doença lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram
com desprezo ou desdém; pelo contrário, receberam-me como se eu
fosse um anjo de D’us, como o próprio Messias
Yeshua.
Que aconteceu com a alegria de vocês? Tenho certeza que, se fosse
possível, vocês teriam arrancado os próprios olhos para dá-los a
mim. Tornei-me inimigo de vocês por lhes dizer a verdade? Os que
fazem tanto esforço para agradá-los, não agem bem, mas querem
isolá-los a fim de que vocês também mostrem zelo por eles. É bom
sempre ser zeloso pelo bem, e não apenas quando estou presente.
Meus
filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até
que o
Messias
seja formado em vocês. Eu gostaria de estar com vocês agora e mudar
o meu tom de voz, pois estou perplexo quanto a vocês.
Digam-me
vocês, os que querem estar debaixo da observância
legalista Torá:
Acaso vocês não ouvem a Torá?
Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e
outro da livre. O filho da escrava nasceu de modo natural, mas o
filho da livre nasceu mediante promessa. Isso é usado aqui como uma
ilustração; estas mulheres representam duas alianças. Uma aliança
procede do monte Sinai e gera filhos para a escravidão: esta é
Hagar. Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à
atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com os seus filhos.
Mas a Jerusalém do alto é livre, e essa é a nossa mãe. Pois está
escrito: "Regozije-se, ó estéril, você que nunca teve um
filho; grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto;
porque mais são os filhos da mulher abandonada do que os daquela que
tem marido".
Vocês,
irmãos, são filhos da promessa, como Isaque. Naquele tempo, o filho
nascido de modo natural perseguia o filho nascido segundo o Espírito.
O mesmo acontece agora. Mas o que diz a Escritura? "Mande embora
a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava jamais será
herdeiro com o filho da livre". Portanto, irmãos, não somos
filhos da escrava, mas da livre.
Gálatas
4:1-31
Agora
que já entendemos um pouco do contexto, e já lemos o capítulo 4,
vamos procurar entender este ensino de Rav Shaul (Paulo) aquela
comunidade, o que ele queria dizer nessa parte da carta, que
infelizmente, é muito mal compreendida nos meios teológicos, e
acreditem quando falo isso, pois sou formado naquela teologia. E
agradeço ao Eterno por ter me aberto os olhos para a verdade do
contexto original.
Para
buscarmos mais compreensão ainda, voltemos alguns versos no capítulo
anterior ao que lemos, vamos ao capítulo 3 verso 26 em diante:
Todos
vocês são filhos de D’us mediante a fé no Messias Yeshua, pois
os que no Messias foram batizados, no Messias se revestiram. Não há
judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são
um no Messias Yeshua. E, se vocês são do Messias, são descendência
de Abraão e herdeiros segundo a promessa. Gálatas
3:26-29
Veja
que o apóstolo está falando que os ex-gentios, repare no pronome
“vocês”, tornaram-se filhos de D’us no Messias Yeshua, por
causa da confiança ou fé que depositaram na vida justa dele. E diz
mais, diz ainda que os que foram batizados ou imergidos, mergulhados
no Messias, também nele foram revestidos, ou seja passaram a fazer
parte do povo do Eterno como filhos adotivos. Na casa desse Pai
celestial, a quem faz parte desse reino, não há distinção de
nacionalidade, condição social, sexo, quanto a ser homem ou mulher,
por que todos são um povo no Messias. Agora, de acordo com Gl 3:29,
os ex-gentios haviam se tornado descendência de Avraham e herdeiros
segundo a promessa, assim como os filhos de Israel o são.
Veja
como Paulo fala isso também aos Efésios:
E,
vindo, ele evangelizou a paz a vós
que estáveis longe e aos que estavam perto; porque,
por ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.
Assim
que já
não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos
e da família de Deus; edificados
sobre o fundamento dos apóstolos
e dos profetas, de que Yeshua
o Messias
é a principal pedra da esquina;
Ef 2:17-20
Sendo
assim, continuemos e vejamos o versos 1 e 2 do capítulo 4 dessa
carta aos irmãos da comunidade da galácia. O apóstolo dá
prosseguimento ao seu ensino fazendo uma alusão à situação de um
herdeiro como exemplo, para deixar seu ensino claro, veja:
Digo
porém que, enquanto o herdeiro é menor de idade, em nada difere de
um escravo, embora seja dono de tudo. No entanto, ele está sujeito a
guardiães e administradores até o tempo determinado por seu pai. Gl
4:1
Reparem
que coisa linda a comparação que Paulo faz, mostrando que o
herdeiro quando é menor de idade, ou seja, quando ainda não tem
condições de receber a herança, é como um servo, precisando de
tutores, guardiões e administradores até que chegue o tempo correto
de estar preparado para receber a herança. Ele estava dizendo que os
que são feitos filhos de D’us, precisam do Messias, o guardião ou
administrador, que o ensinará tudo o que ele precisa saber até que
chegue o tempo do recebimento da herança, que é o Olam Habá.
Maravilha é poder ter o entendimento dos mistérios do Eterno
(Hakadosh Baruch hu).
No
verso 3, Paulo fala que antes de se aproximarem do Eterno por meio de
Yeshua, eles serviam aos espíritos elementares. Veja: Assim
também nós,
quando éramos menores, estávamos escravizados aos princípios
elementares do mundo. E
aqui muitos seguidores dos dogmas da teologia religiosa, não
entendem o que o Rav Shaul está falando. Ele está dizendo que
antes, eles seguiam aos elementos da natureza, fogo, água, ar e
terra, muitos deles adoravam a esses elementos.
Porém
reparem no verso 4: Mas,
quando chegou a plenitude do tempo, D’us enviou seu Filho, nascido
de mulher, nascido debaixo da lei, a fim de redimir os que estavam
sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.
Quem
estava sob a Lei, ou seja, a Torá? Os gentios não, pois eles não
tinham a torá, mas os filhos de Israel, sim. E Paulo está
confirmando que o Filho de D’us foi enviado para os filhos de
Israel para que recebesse a adoção de filhos, que já havia sido
dita desde a muito tempo.
Assim,
ele continua nos versos 5 a 7.
a
fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a
adoção de filhos. E, porque vocês são filhos, Deus enviou o
Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: "Aba,
Pai".
Assim,
você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, D’us
também o tornou herdeiro.
Notem
que Paulo está confirmando de forma mais explicada o que tinha
afirmado antes, que agora os ex-gentios também faziam parte da
família de D’us, havia sido enviado o ruach (espírito, mover) de
seu filho aos corações deles, e esse ruach clama dentro deles
“aba”, que quer dizer Pai.
Então
podemos fazer uma pergunta: O que é o ruach do Filho de D’us?
Considerando
que ruach, dependendo do contexto pode ser mover, poder, sopro,
vento, hálito. Nesse contexto, ruach significa mover. Então, o
ruach do Filho de D’us é o mover do Filho de D’us. É o mover da
forma de vida obediente de Yeshua na vida daqueles que se convertem
ao Eterno pelos méritos da vida justa do Messias, e esse mover clama
dentro dessas pessoas “Aba”, confirmando para elas que são
filhos de D’us. Você que entra na teshuvah crendo nos méritos de
Yeshua como nosso guardião e Messias, e vive obedecendo aos
mandamentos, deve sentir que é filho do Eterno. E aí, você sente
isso?
Nos
versos 8 a 11 encontramos mais algumas preciosas confirmações, e
infelizmente no verso 11, muitos tem um entendimento errado, que
esclareceremos agora.
Assim,
você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, D’us
também o tornou herdeiro. Antes, quando vocês não conheciam a
D’us, eram escravos daqueles que, por natureza, não são deuses.
Mas agora, conhecendo a D’us, ou melhor, sendo por ele conhecidos,
como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares,
fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez? Vocês
estão observando dias especiais, meses, ocasiões específicas e
anos! Gl 4:8-11
Paulo
confirma mais uma vez a adoção de filhos dos ex-gentios. Notem o
pronome que ele usa, e que nos indica que está falando com os
ex-gentios. Eles não conheciam a D’us antes, eram escravos por
natureza, mas agora conhecendo ao Eterno, e o melhor de tudo, sendo
conhecido por Ele. Melhor que conhecer a D’us é ser conhecido por
Ele. É fazer parte da família do Eterno.
Nesses
versos, Paulo ainda pergunta se os Gálatas desejariam voltar a ser
escravos do pecado, das divindades elementares que mencionamos antes,
pois se obedecessem aos legalistas e cumprissem os dogmas, seria como
se realmente estivessem voltando à escravidão. E Paulo diz que eles
estavam observando dias especiais, meses, e anos. E muitos entendem
que aqui Paulo estava falando das festas ordenadas por D’us na
Torá. Contudo, se Paulo não prega contra a Torá, conforme já
comprovamos antes, e o contexto desse capítulo e dessa carta é
mostrar que os ex-gentios receberam o verdadeiro evangelho, e foram
feitos filhos de D’us pelo Messias e obedeciam a Torá, e além
disso pelo que o apóstolo estava falando sobre os Gálatas voltarem
a ser escravos, então as festas e ocasiões a que ele se refere no
verso 11, são eventos pagãos. É muito simples não acha?!
Nos
versos 12 até o 19 o apostolo Paulo mostra sua indignação contra
os irmãos daquela comunidade, por estarem dando ouvidos aos judeus
legalistas. Mas ele exalta a fidelidade inicial e a alegria dos
Gálatas.
E
no verso 20, repare algo bem interessante!
Sempre
vemos teólogos e pegadores dizerem que os servos de D’us devem ser
somente mansos, não podem fazer julgamentos, etc. Mas notem o que o
apóstolo fala nesse verso.
Eu
gostaria de estar com vocês agora e mudar o meu tom de voz, pois
estou perplexo quanto a vocês. Gl
4;20
Ele
queria mudar o tom de voz! Podemos entender pelo que ele está
dizendo, que se ele estivesse frente a frente com os Gálatas, ele
elevaria o tom de voz e seria duro com aqueles irmãos. E isso
contraria o que muitos pensam por aí, que não se pode ser duro as
vezes. Amar o próximo não significa de maneira alguma ser sempre
complacente com erros e constantes deslizes.
Dos
versos 22 ao 31 Paulo inicia um midrash muito interessante a respeito
de filhos, fazendo comparações proféticas entre os judeus que não
seguem a Yeshua e os ex-gentios que seguem com o Ismael e Isaque.
Vejamos
então esse midrash.
Digam-me
vocês, os que querem estar debaixo da observância
legalista Torá:
Acaso vocês não ouvem a Torá?
Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e
outro da livre. Gl
4:21-22
Ele
começa relembrando que a Torá declara que Avraham teve dois filhos.
Um era da escrava e outro da livre. Mas prestem atenção, pois no
midrash que ele está fazendo o que parece ser não é.
Veja
nos versos seguintes, 23 e 24:
O
filho da escrava nasceu de modo natural, mas o filho da livre nasceu
mediante promessa. Isso é usado aqui como uma ilustração; estas
mulheres representam duas alianças.
Notem
essa comparação, onde ele diz que Hagar e Sara representam duas
alianças. Mas apesar do que se possa entender, ele faz uma
comparação diferente do que é a realidade. Uma aliança era a
aliança do Sinai, que aqui ele faz a comparação da escravidão,
não pelo fato da Lei ter sido entregue ali, mas pelo fato haver
observância legalista, de ações meramentes humanas, assim como foi
o ato de concepção de Ismael. Utilizou uma escrava para tentar
alcançar a promessa do Eterno.
Enquanto
a comparação com Sara é feita através do fato de ela era livre, e
recebeu a concepção de Isaque no período determinado pelo Eterno,
através do milagre, pois ela de forma natural não poderia mais, por
ser idosa. E dessa forma, essa aliança era perfeita, e representa os
que se achegam ao Eterno através do Messias, sendo eles judeus ou
ex-gentios.
Vejam
os versos 24 a 26:
Uma
aliança procede do monte Sinai e gera filhos para a escravidão:
esta é Hagar. Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e
corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com
os seus filhos. Mas a Jerusalém do alto é livre, e essa é a nossa
mãe.
Notem
as comparações conforme mencionei acima. Quando ele fala que a
Hagar do Sinai representa a atual Jerusalém, na época a elite
religiosa de Jerusalém estava corrompida e cheia de dogmas com suas
chalachots (leis de cercas), por isso a comparação. Já Sara,
representa a Jerusalém celestial, pois é pura e não corrompida,
pois segue a Torá livremente e sem dogmas.
E
no verso 27:
Pois
está escrito no
TaNak:
"Regozije-se, ó estéril, você que nunca teve um filho; grite
de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto; porque mais
são os filhos da mulher abandonada do que os daquela que tem
marido".
Paulo
faz em seu midrash uma citação de Yeshayahu/Isaías 54:1. Apontando
assim que os Ex-gentios e os judeus que seguiam os passos de Yeshua
eram como Isaque, os filhos da promessa.
Nos
versos 28 a 31 ele explica essa comparação, tornando claro o
entendimento. Ele faz uma citação de Bereshit/Gênesis 21:10:
Livre-se
da escrava e de seu filho, porque de forma alguma o filho da escrava
herdará com o filho da mulher livre.
Note
que com o midrash e com a referência Paulo sugere que aqueles
crentes, ex-gentios se livrassem da escrava e de seu filho, ou seja,
daqueles legalistas.
Isso
porquê, ele conclui, são filhos da livre e não da escrava.
Apontando para o fato de que os filhos de D’us, são os que vivem
de acordo com a Torá que o Messias ensinou, são filhos da livre, da
Jerusalém celestial. Fazem parte do reino verdadeiramente os que não
se deixam dominar pelo legalismo. Esse foi o ensino de Paulo.
Por
isso no capítulo que se segue, o capítulo 5, ele fala da verdadeira
liberdade, conforme vimos no estudo anterior.
Que
o Eterno nos abençoe!