O Movimento Profético e o Cativeiro Babilônico
Este
é um assunto interessante, cujo conteúdo para uma boa compreensão deve ser iniciada
remontando os tempos remotos do povo Hebreu. Também, há a necessidade de dar
uma boa observada na sua história política-cultural e acima de tudo sua
história religiosa, devido ao movimento em questão.
O
que sabe-se sobre o povo Hebreu[1]
deve-se, sobretudo às informações da Bíblia, principalmente do Antigo testamento;
mas pesquisas arqueológicas e obras de historiadores judeus muito têm
esclarecido os estudos sobre os Hebreus.
Inicialmente
pode-se verificar a história do Patriarca deste povo, um homem chamada Abraão. Segundo
o livro Gênesis do Antigo testamento, Tera, juntamente com sua família,
abandonou a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e desceu em direção ao sul, pelas
margens do Eufrates. Tera era membro de uma tribo semita, grupo étnico
descendente de Sem (filho do lendário Noé, do Dilúvio). Hoje, os semitas compreendem
dois importantes povos: os Hebreus ou Judeus e os árabes. Com a morte de Tera,
a liderança dessa tribo nômade ficou com Abraão, que, segundo a tradição,
recebeu inspirações divinas para ir com seu povo até Canaã ( região da
Palestina), a Terra prometida.
Entre 1700 e 1500 a.C., mais povos
penetraram na região adaptando-se às condições sócio-econômicas locais. A
ocupação da região pelos hebreus foi sistematizada por Jacó, que depois veio a
se chamar Israel. O povo hebreu, ainda segundo a tradição, descende desses
patriarcas. No entanto, depois de algum tempo, segundo as narrativas bíblicas,
houve fome na terra e Jacó precisava procurar melhores condições para seu povo.
O Egito oferecia tais condições de sobrevivência do que a Palestina. Para lá rumou
Jacó (Israel), com parte da população dos hebreus. No Egito eles permaneceram
longos anos, trabalhando para o faraó. Segundo alguns historiadores, não eram
escravos, pois podiam viver juntos, criar seus filhos e preservar sua língua e
seus costumes. Além disso, alguns ocupavam importantes posições no governo. Sua
permanência ali coincidiu com o período de invasão dos Hicsos. Após a expulsão
destes sob a liderança de Moisés, os hebreus iniciaram a sua
"retirada" em direção à palestina (1270 a 1220 a.C.) Esse foi o
lendário Êxodo. A partir daí, guiados pelas iluminações e visões de Moisés, os
hebreus passaram a adorar um só deus, Jeová (ou Iavé), dando os primeiros
passos em direção ao monoteísmo.
Após a morte
de Moisés, os hebreus retornaram à palestina e, sob a liderança de Josué,
conquistaram parte de Canaã. Nessa época, o povo hebreu estava dividido em 12
tribos ("os dozes filhos de Israel"). Viviam em clãs compostos pelos
patriarcas, seus filhos, mulheres e trabalhadores não livres. O poder e o
prestígio desses clãs eram personificados pelo patriarca, e os laços entre
esses clãs eram muito frágeis. Essa divisão em tribos dificultava a melhor
condução das lutas contra os antigos habitantes da região, que resistiam à
penetração dos israelitas. Com a invasão dos filisteus, a situação tornou-se
ainda mais difícil. Surgindo então, chefes de sensíveis qualidades militares
que ficaram conhecidos como juízes, cujos principais foram: Otoniel, Débora, Gideão,
Sansão, e Samuel. Esses juizes, além de combater os filisteus, tiveram que
lutar contra os amonitas, povos que se estabeleceram na Transjordânia.
Por meio dos juízes o povo
foi encaminhado ao sistema monárquico, levando ao surgimento dos primeiros
reis. O juiz e primeiro profeta Samuel unificou as tribos pelo monoteísmo e
consagrou o primeiro rei, um homem chamado Saul, aproximadamente em 1010 a.C.
Após a morte desse rei um outro assume o trono, Davi, que marca seu período com
um grande expansionismo, sendo mais tarde, depois de sua morte substituído por
seu filho Salomão. Esse rei promoveu um grande desenvolvimento nesta nação, mas
para isso aumentou muito os impostos levando o empobrecimento dos
trabalhadores, levando a um clima de insatisfação. Depois do reinado de Salomão
e por conta dos fatos mencionados acima entre outros, temos o seguinte quadro;
Israel fica sem sucessor direto ao trono e é nessa época que Roboão induz o
povo à rebelião. Entre as doze tribos de Israel, dez ficam sob a dinastia do
Reino do Norte ou ainda, a Tribo de Israel com capital em Samaria; duas tribos,
Judá e Benjamim, passam a ser comandadas pela dinastia do trono de Davi e são
chamadas a partir daí de Reino do Sul, ou ainda Tribo de Judá, com capital em
Jerusalém.
Toda
essa divisão de poderes, gerou em Israel um quadro político conturbado. Levando
a uma sucessão infinita de reis e seus reinados que intercalavam entre bons e
maus governos. A liderança sacerdotal estava totalmente falida desde o final do
reinado de Salomão e como nos diz as Escrituras Sagradas, não havendo profecia
o povo se corrompe. Os lideres hereditários da tribo dos levitas, não cumprindo
com a sua parte espiritual importante, que compunha um quadro de tarefas que ia
desde a pregação da Lei, até a manutenção do Templo e etc, deixando o povo
abandonado à sua própria sorte. A decadência moral e espiritual que mergulhou a
nação judaica a partir desse momento, provocou um movimento nunca visto antes;
a ascenção do movimento profético[2],
com homens levantados por Deus para combater e para se manter totalmente
refratários a essa situação de destruição.
Tendo observado um resumo
dos contextos histórico-sociais e religiosos que culminaram com o surgimento do
movimento profético, deve-se verificar um pouco mais especificamente este
movimento. Entretanto é necessário a compreensão do conceito de profeta[3].
Os nomes aplicados para o profeta são importantes: rô’eh, hôzêh e especialmente
nãvî. Os dois primeiros significam “alguém que tem uma visão ou uma controlada
adivinhação”. É muito claro que os primeiros fossem mais adivinhadores que
aprenderam indiretamente suas técnicas na mesopotâmia ou em outras origens
pagãs.
A palavra nabî ou nãvî
(profeta) deva ser um derivado de uma palavra que aparece no idioma acádio que
é naba’um. Um nabî era alguém que tenha recebido um chamado de Deus ou alguém
que acreditasse ter esse chamado. Ele era um líder religioso carismático, não
ligado a partido político sem direito de hereditariedade. Ele era por vocação
autorizado a falar e agir por Yahweh. Em Genesis capítulo 20 versículo 7 “ele
tem um chamado meu, e rogará por ti, para que vivas” e não “ele é um profeta”
Vemos esse contraste com Moises em números 12: 6-8 e Êxodo 7:1, Moises aparece
diante de faraó como “Deus” enquanto Arão vai como seu representante (nabî). No
período de juízes, a o termo homem de Deus é um sinônimo criado no começo da
monarquia de Israel.
Sendo
assim, observa-se que a história do povo hebreu não pode ser analisada totalmente
separada da história da sua religião, pois há uma ligação íntima entre elas. É
importante notar que nem sempre os hebreu foram monoteístas. De acordo com o
texto da referência 1, no início de sua história, Iavé (Jeová) era um deus
entre muitos, entretanto, com o desenvolvimento histórico, foi se sobrepondo às
demais divindades cultuadas pelos povos antigos daquela região. Os hebreus
foram um dos primeiros povos a sistematizar o monoteísmo.
Conforme
mencionado anteriormente, devido a tantos conflitos que houve nesta nação, com
o passar do tempo, ela entrou em um processo de declínio, tanto político-social
como religioso. Isso encaminhou a nação a diversas crises políticas e a sofrer ataques
de nações vizinhas levando a desestabilização total do povo. A situação piorou
muito em aproximadamente 842 a.C, quando Jehu apoiado pela população oprimida,
deram um golpe de Estado e foi ungido rei por Elias. Depois de um período
conturbado, a ordem foi restabelecida, porém em 723-722 a.C, o rei assírio
Sargão II invadiu Israel e destruiu a capital Samaria. Dentre muitos avisos do
profeta Amós, a profecia se cumpre e Israel fora destruída tornado-se província
assíria, e grande parte de seus habitantes foram transportados para a
mesopotâmia. Enquanto isso, o reino de Judá, composto por duas tribos, cuja
capital era Jerusalém, permaneceu fiel ao monoteísmo. Até que em meados do
século VII a.C., o rei Ezequias (725 a 697 a.C.) aliou-se ao Egito, buscando
evitar a invasão assíria, mesmo assim, grande parte do território de Judá foi
tomada pelos assírios. Aproximadamente entre 639 a 609 a.C, o rei Josias
conseguiu recuperar parte da independência do reino de Judá. Porém a região
passou a ser disputada pelos impérios egípcios e babilônicos. O rei
Nabucodonozor II, da Babilônia, invadiu o reino de Judá e destruiu Jerusalém e
o templo, transferindo o rei e os mais ilustres habitantes da região para a
Babilônia. Este episódio é chamado de cativeiro babilônico pela Bíblia, pois
ali os hebreus permaneceram durante cerca de 70 anos. Quando este império foi
vencido por Ciro, reis dos persas, os hebreus foram libertados e voltaram à
região da antiga Jerusalém. Ali ergueram novamente o templo. Paulatinamente
foram eliminadas as diferenciações entre os filhos de Israel e os de Judá, que
ficaram conhecidos, após esse período, como Judeus.
Ao
observarmos os aspectos que levaram a nação ao cativeiro de forma meramente
histórica, perceberemos que houve uma série de situações políticas, sociais e
religiosas naquele povo, que culminaram neste evento. Entretanto, quando
fazemos uma análise teológica, e percebemos que aquele povo por não obedecer
aos mandamentos deixados por Deus, e não ouvir a voz do Senhor pelos profetas,
foram induzidos por causa de seus próprios erros a chegarem onde naquele ponto.
A obediência não somente às leis de Deus, mas dar ouvidos à voz do Senhor por
intermédio do ministério profético, poderia ter levado aquele povo por outros
caminhos. No entanto, ao estudarmos tais acontecimentos, devemos em primeiro
lugar nos lembrar de que Deus é soberano e sabe todas as coisas, em segundo,
precisamos aprender com os erros do povo, cuja história a Bíblia registra, a
fim de que não venhamos cair nas mesmas falhas.
[1]
Hebreus. Disponível em <
http://www.oocities.org/br/achouwebpage/historia/hebreus.htm>
Acessado em 27 de SET2012.
[2]
Os Profetas. Disponível em < http://igrejacenaculodafeeabiblia.com/os profetas.html>
Acessado em 27 de Set2012.
[3] O movimento profético em Israel.
Disponível em < http://jesusrockstar.blogspot.com.br/2011/07/o-movimento-profetico-em-israel.html>
Acesso em 27 de Set2012.
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