Conforme havia mencionado no artigo anterior, gostei muito desse livro. No momento em que escrevo este artigo já terminei a leitura, no entanto, ainda quero me dedicar a escrever mais algumas reflexões sobre ele.
A reflexão que ora me ponho a escrever é sobre o Capítulo 21, cujo título é "A história do Ladrão Crucificado". É interessante mencionar que ontem, eu preguei sobre esse assunto na igreja, mencionando esse trecho do livro.
Max Lucado faz menção do texto do Evangelho de Lucas. "Jesus lhe respondeu: "Eu lhe garanto: hoje você estará comigo no paraíso." Lucas 23.43.
É uma referência bíblica muito forte em seu contexto, em meio ao evento da crucificação do mestre Jesus. Lucas menciona o fato de os soldados terem tirado sorte com as vestes de Jesus, o povo zombando do mestre, o vinagre, a inscrição pregada acima de sua cabeça. E menciona também o fato de haverem crucificado dois criminosos ao lado de Jesus, um à direita e outro à esquerda. Isso é bem representativo, pois parece querer mostrar que o mestre não era criminoso, pois tinha dois criminosos ao seu lado. Porém o que mais chama a atenção do leitor da bíblia é que em meio a tudo o que está acontecendo ali, toda a dor que os crucificados estão sentindo, ocorre um diálogo ali. Um dos criminosos, assim como tantas outras pessoas zombava de Jesus, como se já não bastasse tudo pelo que ele vinha passando desde a noite anterior. Mas o outro repreende o primeiro, assumindo estar ali por merecimento, em detrimento daquele galileu, que era visivelmente inocente, mas falarei sobre isso depois. Então a resposta de Jesus para aquele homem traz uma verdade inquestionável, e é sobre isso que Max Lucado fala, vejamos:
"Se existia uma pessoa sem qualquer valor, era ele. Se existia alguém que merecesse morrer, isso provavelmente valia para ele. Não existia perdedor maior.
Talvez essa tenha sido a razão pela qual Jesus o escolheu para demonstrar o que pensava da raça humana.
Talvez esse criminoso tinha ouvido o Messias falar. Talvez o tinha visto demonstrar seu amor aos pobres. Talvez tinha testemunhado Jesus comendo na rua com os marginais, os bandidos, os consumidores de drogas. Talvez não. É possível que a única coisas que sabia a respeito desse Messias era aquilo que estava vendo agora: um pregador surrado, açoitado, pregado à cruz. Sangue escorrendo pelo rosto, crânio aparecendo por baixo dos espinhos, pulmões tentando respirar.
Algo, porém, lhe dizia que nunca estivera tão bem acompanhado. E de alguma forma ele percebeu que, apesar de lhe restar apenas a oração, finalmente encontrara aquele a quem podia dirigi-la.
"Cara, existe alguma chance de você interceder por mim?"
"Tá feito."
Quando li este trecho e pensei no que Lucas descreve, fiquei pensando na vida que aquele homem teria vivido. Um bandido, um malfeitor, um assassino, um arruaceiro, o companheiro de Barrabás. E talvez até pense que, realmente, ele não merecia ouvir aquilo que ouviu de Jesus. Afinal era um homem que vivia à margem da sociedade. Tantas pessoas poderiam existir na época, que eram pessoas de bem, qua ajudavam outras. E hoje? Quantas pessoas boas existem? Quantas ajudam outras pessoas? Elas mereceriam o paraíso. No entanto, lembro do que o apóstolo Paulo nos diz: "Todos nós pecamos e estamos destituídos da glória de Deus". Ninguém, por melhor que seja, merece coisa alguma de Deus, pois o pecado nos afastou dele. E todos, sem exceção pecaram contra Deus. Então por que Jesus fez aquilo?
"Agora, por que Jesus fez isso? Por que prometer a esse homem desesperado um lugar de honra à mesa celestial? O que esse malandro poderia oferecer em troca?
E é exatamente este o ponto. O amor de Jesus não depende daquilo que possamos fazer por ele. Nem um pouco. Aos olhos do Rei, você é precioso simplesmente pelo fato de existir. Não precisa ser bonito ou ter um desempenho maravilhoso. Seu valor é inato.
Isso me faz sorrir porque sei que não mereço um amor desse tipo. Nenhum de nós merece. Todos nós - até a pessoa mais pura de todas - merecemos o céu tanto quanto o ladrão o merecia. Todos nós estamos usando o cartão de crédito de Jesus, não o nosso.
Por isso o chamam Salvador"
O amor de Jesus pela humanidade é infinito e inexplicável. A razão humana não pode declarar isso de forma compreensível. E ele fez aquilo sem esperar nada em troca, pois na verdade, não temos nada para dar pra ele em troca do amor que demonstrou. Como já disse, a melhor pessoa do mundo, se houver, não merece nada de Deus, mas assim mesmo ele nos ama. Nossa forma de expressar gratidão a Deus deve ser muito profunda e real. Nossa adoração mais sincera, nosso culto devocional verdadeiro, e principalmente, o reconhecimento arrependido de que somente o que Cristo fez pode me livrar da morte e por isso preciso mudar minhas atitudes.
Mesmo em meio a tanto sofrimento, o corpo em choque. Os pés presos ao madeiro por um cravo enorme, assim como suas mãos. A cabeça totalmente ferida com exposição ossos, bem como as costas e costelas devido as chicotadas. Ainda assim, Jesus encontrou forças para dar atenção ao clamor daquele criminoso. Ainda assim, Jesus teve força pra amá-lo e garantir sua vida eterna. Porém, o que mais me impressiona neste trecho é que, o que aquele criminoso ouviu de Jesus, veio como resposta a uma atitude adoradora dele. Quando o outro criminoso zombou de Jesus, o segundo defendeu Jesus. Fico imaginando o que ele teria visto em Jesus para afirmar que era justo. Então penso que no trajeto de Jerusalém até o gólgota, o prisioneiro que mais apanhou foi Jesus, pois os soldados estavam mais voltados em humilhar Jesus, que além disso, já tinha passado a noite em agonia. Talvez ele percebeu nesse trajeto que o mestre não resmungava, não murmurava, e nem mal dizia ninguém, mas ouviu algumas vezes ele dizer a Deus que os perdoasse. E talvez, tivesse se lembrado de que em algum momento de sua vida tinha estudado a toráh, e que ela dizia acerca de um messias sofredor, entendendo assim quem era aquele que estava ali ao seu lado. Afinal, toda criança judia estudava e estuda a toráh até os treze anos, e com certeza ele também deve ter passado por isso. Por esse motivo posso entender sua atitude em relação a Jesus, e a resposta que o mestre o deu.
Quando nos colocamos no lugar daquele criminoso, crucificado ao lado de Jesus, podemos ouvir a mesma resposta, nos garantindo um lugar no paraíso. Porque o amor do Senhor é o que nos garante a entrada no céu, à partir do reconhecimento da Glória do Todo Poderoso que se fez carne por nós.
E Max Lucado termina o capítulo com uma linda oração;
"Pai, amo o fato de Jesus ter dito "garanto". O ladrão desesperado precisava ouvir isso, e eu também preciso. Obrigado por me amares do jeito que sou. Aguardo o momento em que estarei contigo quando "meu dia" chegar. Em nome de Jesus. Amém."
Que possamos refletir mais a respeito daquele homem, que talvez tenha sido o primeiro crente a se encontrar com Jesus. Devemos tomar a mesma atitude dele e nos voltarmos para o meigo nazareno, clamando que se lembre de nós.
Pense nisso...
Marcelo Santos da Silva