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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Paralelos entre os Samaritanos e a Igreja




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Texto: Jo 4.6-29

Havia ali o poço de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se à beira do poço. Isto se deu por volta do meio-dia.
Nisso veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: "Dê-me um pouco de água". (Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.)
A mulher samaritana lhe perguntou: "Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?" (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.)
Jesus lhe respondeu: "Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva".
Disse a mulher: "O senhor não tem com que tirar a água, e o poço é fundo. Onde pode conseguir essa água viva?
Acaso o senhor é maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, bem como seus filhos e seu gado? "
Jesus respondeu: "Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna".
A mulher lhe disse: "Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para tirar água". Ele lhe disse: "Vá, chame o seu marido e volte".
"Não tenho marido", respondeu ela. Disse-lhe Jesus: "Você falou corretamente, dizendo que não tem marido.
O fato é que você já teve cinco; e o homem com quem agora vive não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade". Disse a mulher: "Senhor, vejo que é profeta.
Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar".
Jesus declarou: "Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.
Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus.
No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.
Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade".
Disse a mulher: "Eu sei que o Messias (chamado Cristo) está para vir. Quando ele vier, explicará tudo para nós".
Então Jesus declarou: "Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você".
Naquele momento os seus discípulos voltaram e ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: "Que queres saber? " ou: "Por que estás conversando com ela? "
Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo:
"Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é o Cristo? "

         Em uma conversa com um irmão chamado Anderson de Carvalho, este também servo do Eterno no messias Yeshua, falávamos sobre essa passagem da mulher samaritana, e sobre os aspectos e paralelos que há com a igreja cristã. Daí a motivação para este pequeno artigo, pois se nos atentarmos bem naquela mulher, poderemos tirar algumas lições importantes a respeito da igreja cristã.

         Quando lemos essa passagem do evangelho segundo escreveu João, temos uma bela oportunidade de aprender mais a respeito de nós mesmos, enquanto gentios pertencentes à comunidade dos que crêem no Messias Yeshua. Bem como perceber os paralelos que existem entre a igreja ou cristianismo atual e aquela mulher samaritana, que se encontrou com Yeshua naquele poço.

         Em primeiro lugar devemos nos localizar historicamente e geograficamente. Aquele poço encontrava-se na região onde habitavam os samaritanos, próximo à cidade de Samaria. Essa era a região ao norte, onde dez das doze tribos de Israel habitavam desde que tomaram posse da terra. A animosidade entre os dois povos, no entanto, já vinha de muito tempo, devido à divisão que houve já desde a época de Jeroboão (IRs 11), que acabou dividindo a nação em duas partes, Israel formada por dez tribos ao norte e Judá com duas tribos ao sul. E mais tarde com a derrota de Israel para Senaqueribe, rei da Assíria, que enviou muitos israelitas para diversas regiões sob seus domínios e permitiu que pessoas de outros povos passassem a habitar ali, gerando uma população mista. Por sua vez, este povo passa a se voltar sempre contra o povo de Judá, em diversos momentos da história os encontramos aliando-se a diversos inimigos de Judá, constatamos a esse respeito nos textos de Flávio Josefo, o historiador judeu. Tudo isso, somente aumentou a rivalidade entre os dois povos até a época de Yeshua. Hoje em dia eles são poucos, sim, eles ainda existem, e devido a rigidez de suas tradições em relação ao casamento com pessoas de outras culturas e religiões estiveram à beira da extinção, a liderança está mudando isso a fim de evitar seu desaparecimento.

         Entretanto, é muito interessante quando estudamos a história, pois verificamos que a igreja dita cristã, desde sua “fundação” no século IV, pelo imperador romano Constantino, está sempre indo contra o povo Judeu, assim como os samaritanos daquela época mais antiga. Podemos notar isso em um artigo do Rabino Messiânico Matheus Zandona Guimarães, entitulado “O terceiro templo”[1], onde em um dos parágrafos menciona que, devido à falsa “teologia da substituição”, muitos líderes cristãos foram contra a criação do estado de Israel, em 1948, pois estavam convencidos que o Israel não poderia mais existir, uma vez que a Igreja agora representa o “Israel espiritual” de Deus. Esse autor ainda menciona em outro parágrafo do mesmo artigo que, “no final do século XIX, enquanto judeus de toda Europa se reuniam sob a liderança de Theodor Herzl para decidirem sobre a criação do Estado de Israel, muitos cristãos entenderam que a criação de um estado judacio seria algo profético e, … Por outro lado, grandes foram as manifestações cristãs contra a criação do Estado de Israel. Muitos pastores evangélicos, padres católicos e outros, se aliaram aos árabes nas campanhas anti-Israel,...”. Apesar de tudo o Eterno cumpriu sua Palavra e Israel tornou-se novamente uma nação. Porém, vimos e veremos mais à frente essa contrariedade contra o povo judeu por parte também do cristianismo. Mas há algo misterioso nas Escrituras, a respeito dos samaritanos. Encontramos nos escritos do Novo Testamento, além dessa mulher, a menção a dois outros samaritanos, o da parábola do bom samaritano e o samaritano leproso que foi curado e voltou para agradecer.

         Com relação à parábola do bom samaritano (Lc 10.29-36), Yeshua quis ilustrar para um doutor da Lei sobre quem é o próximo de alguém. E para isso utilizou-se de algo comum em sua época, uma parábola. Em específico, nessa contada pelo Mestre, o samaritano representava alguém de bom coração e que tinha amor, demonstrando isso ao ajudar um judeu caído à beira do caminho. Aqui, Yeshua apresenta uma característica que, bem poucas pessoas poderiam perceber em um samaritano. Temos também o encontro do Messias com dez leprosos(Lc 17.12-19), que clamaram por cura e a receberam, mas apenas um voltou para agradecer a Yeshua, e este era samaritano. Essas três passagens são muito peculiares, e têm representações importantes para nós, mas vamos nos ater aqui neste texto, àquela mulher que Yeshua encontrou no poço.

         A samaritana falou com Yeshua de forma questionadora, talvez estranhando o fato de um rabino judeu dirigir a palavra a ela, o que não era nem um pouco comum devido à mencionada richa. E isso provavelmente a levou ao questionamento, fazendo com que sua pergunta fosse muito pertinente ao momento, como se ela falasse por todo o povo samaritano. Yeshua percebendo isso leva a conversa também de forma generalizada, falando a respeito do povo judeu e da salvação.

         Tendo essas coisas sem mente, tracemos um paralelo entre os samaritanos e a igreja cristã, sendo assim vejamos:

         1 - O povo samaritano, conforme pontuei no início deste texto era um povo misturado. E atualmente, a igreja cristã também está assim, devido às várias denominações, tradições e seguimentos. Atualmente vemos tantas “inovações” na igreja, que às vezes não temos como discernir se é igreja ou mundo. Há igrejas que no intuito de “evangelizar” fazem cada coisa que pode espantar. Colocam nos templos rings de MMA, fazem bailes e festas diversas, promovem desfiles de moda e muito mais. Está uma mistura generalizada;

         2 - Samaritanos tinham e ainda tem sua própria Toráh, e a forma de interpretá-la. A igreja cristã têm a Escritura, e diversas formas de interpretá-la. Hoje há Bíblias para todos os gostos, de todos os formatos e tamanhos. Até aí nenhum problema, a coisa estreita mesmo é com as diversas interpretações. Há ainda Bíblias de “Vitória Financeira”, Bíblia “Inclusiva”, onde ensinam sobre a inclusão dos homossexuais no meio cristão sem precisar se arrepender de seus pecados e onde os textos referentes relações sexuais ilícitas foram deturpados, e muitas outras;

         3 - Os samaritanos eram independentes de Israel e do povo judeu, e a igreja cristã é independente de Israel e do povo judeu. Muitos cristãos, se não a maioria está totalmente distantes de Israel. Ensinam que a Aliança de Deus agora é com a Igreja e por isso o povo judeu não significa mais nada. Ensinam que a igreja é o Israel agora. Essa linha de pensamento e interpretação vem da “Teologia da Substituição”, que ensina a substituição de Israel pela Igreja por Deus, devido à rejeição deles ao messias;

         4 - Eles se consideravam melhores do que os judeus, e a igreja nutre um sentimento triunfalista em relação aos judeus. Por causa de doutrinas dispensacionalistas e substitucionalistas o cristianismo se vê acima de Israel;

         5 - Aquele povo pensava que serviam a D`us da forma correta, e a igreja pensa que é a detentora da Verdade. Por interpretarem as Escrituras distantes do contexto judaico, a igreja vê a Bíblia de forma diferente e por isso, anula tudo que diz respeito a Israel e sua forma de adoração. E isso leva a um entendimento diferenciado, fazendo-os pensar que sua forma de adoração é a correta;

         6 - Os samaritanos negligenciavam a origem de sua fé, que vinha de Israel e o povo judeu; da mesma forma a igreja negligencia a origem da sua fé, que vem de Israel e o povo judeu. Com isso negligenciam também a origem judaica do messias, dos profetas e dos apóstolos, consequentemente aos escritos deles (Rm 9.4,5);

         7 - Eles não tinham comunhão com os judeus, assim como a igreja não tem comunhão com os judeus. Quase não vemos judeus e cristãos juntos, mesmo em se tratando de judeus messiânicos, e isso é devido aos dogmas cristãos que atrapalham o relacionamento entre ambos;

         8 - Os samaritanos adoravam a quem não conheciam, e a igreja cristã adora a quem não conhece. Isso parece estranho, mas devido aos fatos já mencionados, os cristãos acabam por adorar a um Deus que eles não conhecem. Se o cristianismo conhecesse mesmo a quem adoram não distorceriam tanto a interpretação das Escrituras, colocando seus dogmas e pensamentos totalmente diferentes do que se pode encontrar nas Escrituras. As interpretações seriam de acordo com o pensamento judaico que é o contexto correto; e

         9 - Eles pensavam que a salvação pudesse vir deles, a igreja também  pensa que a salvação vem dela mesma. Ou seja, a igreja entende que somente se tornando cristão alguém pode ser salvo, mas a Escritura afirma que encontram salvação aqueles que confiam no messias e obedecem a sua palavra. Não basta somente pertencer à religião, é preciso viver o que o mestre ensinou.

         Dessa forma, concluindo esse texto, convido você a rever sua forma de pensar sua crença em Yeshua(Jesus). Convido a você a observar com atenção a conversa de Yeshua com aquela mulher de Samaria, e o que ele quis que ela entendesse. Que possamos viver a salvação que vem dos judeus através do Messias Yeshua, o filho de Deus. Que nós deixemos de lado os dogmas e tradições criados ao longo dos séculos pela igreja, nos afastando da verdadeira forma de agradar a Deus. Que possamos contextualizar a Bíblia do jeito correto, ou seja, como um livro judaico, escrita para judeus e seguidores do Messias, para que venhamos ter o entendimento correto acerca do que é o Reino de Deus. Restauremos as raízes da fé no Eterno e no Messias Yeshua, a mesma fé que os apóstolos e discípulos seguiam no princípio da comunidade dos seguidores de Yeshua.

         Restauração já



[1]http://ensinandodesiao.org.br/artigos-e-estudos/o-terceiro-templo/

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