Estudos da Torá
Vayicrá/Levítico Lv 6:8-8:36,
Haftará (Separação) Jr 7:21-8:3, 9:23-24, e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 13:1-37
1 - INTRODUÇÃO
A parashá da semana Vayicrá, que
estudamos na última semana, nos mostrou cinco grupos de corbanot (ofertas), que
são:
- Olá - Holocausto/ascenção
(queimadas) – Lv 1:1-17;
- Minhchá - Manjares (alimento) – Lv
2:1-16;
- Shlamim - Pacífica (paz, comunhão)
– Lv 3:1-17;
- Chatat - Pelo Pecado
(involuntário) – Lv 4:1-5:13;e
- Asham - Pela Culpa
(voluntário) – Lv 5:15-6.7.
Na parashá desta semana a
Torá aborda o tema das leis pelos sacrifícios pelas diversas modalidades de
pecados, e começa pelos cohanim (sacerdotes).
2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
Esta porção semanal, Tsav
(ordena), inicia com as palavras: “Ordene a Aharon (Arão) e seus filhos”
(Vayicrá/Levítico 6:2), pois os mandamentos desta parashá são especificamente
endereçados aos cohanim (sacerdotes).
“Dá ordem a Aharon
e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto; o holocausto será
queimado sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar arderá
nele” (Lv 6:9).
O Eterno fala sobre a ordem que
deveria ser dada a Aharon (Arão) e seus filhos. A palavra “ordem” em hebraico é
“tsawa” significando “ordenar, incumbir”. Isso nos mostra que essa seria
a incumbência deles acerca do holocausto, ou seja, Aharon e seus filhos
deveriam ter tal prática diária e deveriam cumpri-la de forma obrigatória. Não
era opcional!
Tsav (ordena) indica a urgência e
a importância do assunto sobre o corban (oferta) olá (holocausto). Rashi cita o
Midrash (ensino), enfatizando que a palavra “TSAV” denota urgência na
ação no presente e no futuro. Qual a razão a mitsvá (mandamento) requer linguagem
tão forte para assegurar seu cumprimento pelas futuras gerações, enquanto tal
ênfase não é utilizada para a maioria das mitsvot (mandamentos) da Torá?
Observe mais uma vez o que diz
Rashi: “a Torá usa a palavra “tsav” quando uma perda monetária está envolvida
no cumprimento da mitsvá. Em nosso caso, é uma obrigação financeira para a
nação judaica oferecer o corban (oferta) duas vezes ao dia. Portanto, a Torá
usa a palavra “tsav” para cobrar-nos fortemente o cumprimento desta mitsvá,
apesar da perda monetária. Mas será o prejuízo financeiro realmente tão grande?
Afinal, toda a nação judaica compartilha da obrigação de trazer as oferendas
diárias. Não existem outras mitsvot que resultem em uma perda financeira ainda
maior?
Um outro conhecido Rabino chamado
Shimon Schwab traz uma análise esclarecedora do relacionamento da nação judaica
com os corbanot. Há dois aspectos relativos aos sacrifícios: o primeiro é o
animal físico que está sendo oferecido a D’us, enquanto que o segundo é a
intenção da pessoa que traz o corban.
Os dois aspectos não possuem
valor igual. Aos olhos de D’us, o aspecto fundamental de um sacrifício é a
cavanáh (intenção, o motivo, e a atitude) da pessoa que o oferece; o componente
físico é de importância secundária. Através da história tem sido um desafio
para o homem combinar adequadamente estes dois aspectos.
É por esse motivo, ou seja, pela
falta desse equilíbrio entre os dois aspectos, que o escritor da epístola aos
Hebreus nos diz: “A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a
realidade dos mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos
sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para
adorar.” (Hb 10.1) Perceba como ele usa os termos “aproximar” junto de
“adorar”, pois o corban tinha esse objetivo, como já foi falado. E ele diz
também que a Lei traz apenas a sombra dos benefícios, ou seja, se toda a descrição
feita no Sefer Vayicrá (Livro de Levítico) é sombra de algo real, que é o
sacrifício de Mashiach, então podemos entender que os benefícios viriam nele. E
é por isso também que no decorrer do texto desse capítulo de Hebreus poderemos
ler que o sacrifício de Yeshua é superior, pois é a realidade daquilo que era
apenas sombra. Para cada sacrifício mencionado nessa porção podemos ver o
Messias claramente, basta apenas ler nas entrelinhas do texto, repare nas
minúcias.
Note que muito se fala também sobre
fogo, pois deveria haver fogo sobre o altar. Os rabinos não concordam
relativamente à quantidade de fogos que havia no altar. Falam-se de dois a
quatro fogos diferentes. Um deles mantinha-se aceso todo o tempo, como lemos no
trecho que se segue, dos versículos 12 e 13. “O fogo que está sobre o
altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada
manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura
das ofertas pacíficas. O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se
apagará.”
A Torá enfatiza três vezes a
importância de não deixar que o fogo se apague sobre o altar. Um fogo necessita
de três ingredientes para poder existir: combustível, oxigénio e calor. Se
falta algum destes três, o fogo não arde.
O fogo que estava no altar do
tabernáculo tinha descido desde o céu e aos sacerdotes é incumbida a tarefa de
manter vivo esse fogo constantemente. O calor mantinha-se nas chamas, e o
oxigênio vinha do ar natural, como tal, só era necessário acrescentar a “lenha”.
Isto ensina-nos sobre a
importância de manter o fogo celestial aceso sobre o altar espiritual que cada
um de nós tem no seu interior. Cada manhã há que colocar mais lenha sobre o
fogo. Que lenha? A lenha é o produto da vida e a morte de uma árvore. Está
escrito que a Torá é uma árvore de vida, cf. Provérbios 3:18.
Também o Messias compara-se a si
mesmo com uma árvore, cf. Lucas 23:31; João 15:1. Logo, o combustível que
alimenta o fogo do nosso coração é a Torá e o Messias, e estes dois têm uma
mesma função, já que a Torá é a instrução dada pela boca do Eterno, e o Messias
é o verbo do Eterno, isto é, o Messias é aquele através do qual o Eterno nos
fala.
A vida e a morte do Messias
proporcionaram lenha suficiente para que possamos arder eternamente diante do
Eterno. Cada manhã há que colocar mais lenha no nosso coração para arder
continuamente diante dEle. A lenha é acrescentada através da oração e do estudo
da Palavra que cada crente leva a cabo diariamente.
3 – RESUMO
A Parashá Tsav começa com D'us
continuando a ensinar Moshê muitas das várias leis relativas ao serviço no
Mishcan, Santuário. Entretanto, enquanto a Porção da semana passada descreveu
os corbanot, sacrifícios, da perspectiva do doador, nesta semana a Torá
concentra-se mais diretamente nos Cohanim, fornecendo mais detalhes sobre seu
serviço.
Após descrever
primeiro a manutenção do fogo que ardia sobre o altar, a Torá discute em
detalhes os vários tipos de corbanot que Aharon, seus filhos e as gerações
seguintes de Cohanim estariam oferecendo. As oferendas deveriam ser trazidas
com as intenções apropriadas, e comidas em um estado de pureza espiritual.
Finalmente, Moshê realiza
os prolongados melu'im, serviço de consagração do Mishcan , e Moshê unge e
introduz Aharon e seus filhos para o serviço deles no Mishcan, em frente de
toda a congregação de Israel.
Bibliografia:
- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.