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sábado, 10 de agosto de 2019

Estudo da Parashá Devarim (Palavras)


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Estudos da Torá

Parashá nº 44Devarim (Palavras)
Devarim/Deuteronômio Dt 1:1-3:22,
Haftará (Separação) Is 1:1-27; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 4:1-5:47.


1 - INTRODUÇÃO

A parashá desta semana aborda o início do livro de Devarim, conhecido como Deuteronômio, onde Moshê faz os relatos sobre a história do povo de Israel, enquanto peregrinavam no deserto. Este é o quinto e último livro da Torá, e ele é conhecido na literatura rabínica como Mishnê Torá, ou seja, repetição da Torá. O conteúdo desse livro foi falado por Moshê aos filhos de Israel durante as cinco semanas finais de sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar em erets Israel (terra de Israel).

Este relato faz uma retrospectiva dos fatos que ocorreram desde o momento em que Israel vê a derrota e morte dos egípcios no Mar de Juncos (Mar Vermelho), até o fim dos 40 anos que viveram no deserto. Muito há que ser lembrado, aprendido e observado por cada um de nós ao estudar essa porção.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Antes de iniciar o estudo propriamente dito, é necessário primeiro trazer uma informação muito importante. Neste último final de sábado, dia 10 de agosto, até o domingo dia 11 de agosto de 2019, celebrou-se um dia de muita reflexão para os judeus e para os que se aproximam deles através de Yeshua. Esse dia é o Tishá be Av (dia 9 de Av). Pelo calendário judaico o mês de Av, é o quinto mês. Talvez você se pergunte: O que há de especial nesse dia? Há algum texto bíblico que comprove que os judeus observavam esse dia? Leia o seguinte texto: “Chorei eu no quinto mês, fazendo abstinência, como tenho feito por tantos anos?” Zc 7:3.

De acordo com o artigo “Tishá be AV – Lamento e Arremendimento” do Rab. Matheus Zandona, do Ministério Ensinando de Sião, Tishá be Av (dia 9 do mês de Av) é o segundo jejum mais importante do calendário judaico. Neste dia, jejua-se e lamenta-se por vários eventos que trouxeram calamidade para o povo de Israel, que por coincidência ou não, ocorreram todos no mesmo dia, no dia 9 de av. Ainda segundo o rabino, geralmente este dia cai no início do mês de agosto, no calendário gregoriano, o nosso calendário. Encontramos em referências do Tanach (Zc 7:3), que neste dia já era costume o jejum e o lamento. O Talmud (taanit 29a) e a Mishná (Taanit 4:6), também fazem referência ao Tishá be Av. Os judeus lamentam e lembram dos seguintes eventos que ocorreram neste dia:

- O relatório catastrófico dos espias enviados por Moshê além do Jordão (que fez com que D’us punisse o povo com a proibição da entrada em Canaã) – Nm 13;

- A Destruição do 1º e do 2º Templo em Jerusalém (586 a.C e 70 d.C);

- A derrota da revolta de Bar Kochba e a destruição de Jerusalém (135 d.C);

- O Decreto de Alhambra, promulgado em 31 de março de 1492, ordenando que todo judeu deixasse o território espanhol até 31 de julho de 1492, dando início ao terrível período inquisitorial (31 de julho de 1492 equivale a 9 de Av); e

- Também lembra-se do período das Cruzadas e do Holocausto, onde grande parte do povo judeu pereceu.

E também, segundo o artigo, os judeus fazem jejuns completos como em Yom Kippur, e é o único dia onde se coloca uma cortina preta sobre o Aron Há Kodesh (uma espécie de arca onde o rolo da Torá é guardado) e a Torá não é estudada, pois esse é um dia de grande luto.

Essa porção da Torá tem muito a ver com esse dia, pois inicia o livro com o relato dos erros do povo de Israel.

O nome do livro

O termo “deteronômio” vem do grego “deuteron+nómos” que significa Segunda Lei. Este nome foi colocado ao traduzirem a Torá para o grego, a Septuaginta.

Maimônides, um grande rabino também conhecia este livro como משני תורה (Mishnê Torah) – Repetição da Torá), por servir de influência para a criação das leis judaicas conhecidas como “halachá” הלכה (o andar). O livro que começamos a estudar em hebraico é chamado: דברים - Devarim – Palavras. E assim como em todos os livros anteriores, a primeira porção recebe o nome do livro. Conforme dissemos no início dos estudos da Torá desse ano, isso ocorre por se utilizar uma das primeiras palavras que aparecem no texto em hebraico.

As palavras de Moshê

Vamos observar o texto original que inicia essa porção, para que possamos entender algumas coisas a respeito dessa parashá e deste livro em si.

אלה הדברים אשר דבר משה אל-כל ישראל
Eilê hadevarim asher diber Moshê El kol Israel
Estas são as palavras que falou Moshê a todo Israel.

De acordo com essa tradução, podemos seguir para o entendimento dos fatos que o texto nos descreve.

Em primeiro lugar devemos compreender que, assim como os outros livros, Moshê também escreveu esse, como está escrito em Dt 31:24:

Tendo Moshê acabado de escrever, integralmente, as palavras desta Torá num livro.”
Percebemos com isso que Devarim/Deuteronômio é uma reafirmação daquela Torá que já havia sido dada no Monte Sinai e nas planícies de Moabe. Este é diferente dos outros quatro livros da Torá, porque não reorganiza as palavras ditadas diretamente pelo Eterno, mas sim as que foram transmitidas por meio de Moshê, o maior profeta depois de Yeshua, conforme Hebreus 3:3-6.

Yeshua, porém, merece mais honra que Moshê, da mesma forma que o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa. Pois toda casa é construída por alguém, mas Deus construiu todas as coisas. Moshê foi fiel na casa de Deus, como o servo dá testemunho das coisas que Deus mais tarde tornaria públicas. Entretanto, o Messias, como Filho, foi fiel sobre acasa de Deus. E nós somos essa casa pertencente a ele, contanto que sustentemos com firmeza a coragem e a confiança inspiradas na esperança que temos.”

Sendo assim, este livro constitui uma repetição e explicação, através do profeta, da Torá que já tinha sido dada e entregue uma vez desde o céu. Por isso o livro começa dizendo: “São estas as palavras que Moshê falou a todo o Israel...”.

Isto não significa que não fossem as palavras do Eterno, mas sim que em vez de ter ditado as palavras diretamente, agora são filtradas pelo instrumento humano que havia chegado ao maior nível de profecia que existe. São as palavras do Eterno através de Moshê, como podemos ler no verso 3: “Falou Moshê aos filhos de Israel, segundo tudo o que o SENHOR lhe mandara a respeito deles”; contudo, não são palavras ditadas diretamente pelo Eterno, pois a base para as palavras do quinto livro de Moshê já está estabelecida nos primeiros livros.

É importante lembrar que o fundamento de uma casa é aquele que sustenta toda a casa. Então, olhando por esse prisma os quatro primeiros livros da Torá foram completamente ditados letra por letra a Moisés e escritos com exatidão para serem o fundamento para este quinto e último livro. E sendo assim, os cinco livros, denominados de Torá de YHWH (que muitas vezes são chamados de Torá de Moisés, uma vez que ele foi o canal para que o povo pudesse recebê-la) são por sua vez, o fundamento para o restante das Escrituras. Os livros proféticos que logo foram acrescentados, começando com o livro de Josué, não mudam nada do fundamento, nem acrescentam nada ao fundamento, como está escrito em Dt 4:2:

Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos de YHWH, vosso D’us, que eu vos mando”, ver também Dt 12:32.

Por esse motivo podemos entender que os livros dos profetas anteriores (Josué até 2 Reis) e dos profetas posteriores (Isaías até Malaquias), o escritos anteriores (Salmos até 2 Crônicas) e os Escritos posteriores (Mateus até Revelação), não podem acrescentar nada às palavras da Torá que YHWH deu a Moshê, nem tirar nada dela.

O fundamento da revelação Escrita foi dado um vez, e os demais livros não podem tirar nada ou acrescentar a esse fundamento. Todos os demais livros inspirados divinamente, vão explicando e trazendo luz sobre o que já estava escrito no fundamento, que é a Torá, conforme Ef 3:5. Com isso, deve-se ter cuidado com conceitos novos que supostamente são tirados de alguma parte das Escrituras, que não são respaldados pela Torá, pois toda revelação que veio depois de Moshê, deve estar em conformidade com a Torá, de acordo com o que lemos em Jo 5:46:

Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito.”

Veja Romanos 3:21: “Mas agora, além da Torá (escrita), se manifestou a justiça de D’us (a Torá Viva – o Messias) testemunhada pela lei e pelos profetas;”

Também Atos 26:22: “Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando testemunho, tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo, senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer”.

No estudo desta parashá do site “emunah a fé dos santos”, o autor diz que em uma carta que líderes messiânicos-israelitas na Guatemala enviaram às suas comunidades, consta o seguinte:

Consideramos que os livros que constam no Tanach (AT), assim como a Brit cHadashá (NT), foram escritos sob autoridade divina. Estes livros foram entregues a Israel para todo o mundo. Reconhecemos que a Torá de Moisés é o fundamento da fé e a máxima autoridade das Escrituras. O resto das Escrituras – os Profetas e os Escritos, incluindo a Brit Hadashá – não contradizem, acrescentam, ou retiram à Torá de Moisés, mas sim desenvolvem-na, explicando e revelando os mistérios que foram dados uma vez, para sempre”

O livro de Devarim, divide-se em três partes que correspondem aos três livros Êxodo, Levítico e Números, e é por esse motivo que é chamado de Mishné Torá (repetição da Torá).

Ainda falando sobre o verso 1, vemos que os lugares ali mencionados são os mesmos lugares onde os filhos de Israel se rebelaram contra o Eterno durante a viagem.

Outro detalhe importante, nesta porção é que neste período os israelitas já estavam subjugando seus inimigos de uma forma muito fácil. E assim, aprendemos que enquanto estamos sendo provados pelo Eterno em nossos desertos, com certeza veremos os milagres de D’us, mas também teremos vitórias sobre os nossos inimigos e sobre todos aqueles que se levantam contra nós. Porém, isso só ocorrerá se houver obediência de nossa parte, mesmo em meio aos desertos e provações de nossas vidas.

Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://shemaysrael.com/parasha-devarim/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/44_-_devarim.pdf
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822833/jewish/Resumo-da-Parash.htm
- http://talmidd.blogspot.com/2011/08/parasha-devarim-deut-11-322.html
- https://ensinandodesiao.org.br/artigos-e-estudos/tisha-be-av-lamento-e-arrependimento/

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