Estudos
da Torá
Parashá
nº 44
– Devarim
(Palavras)
Devarim/Deuteronômio
Dt
1:1-3:22,
Haftará
(Separação) Is
1:1-27;
e
B’rit
Hadashah (Nova Aliança) Jo
4:1-5:47.
1
- INTRODUÇÃO
A
parashá desta semana aborda o início do livro de Devarim, conhecido
como Deuteronômio, onde Moshê faz os relatos sobre a história do
povo de Israel, enquanto peregrinavam no deserto. Este é o quinto e
último livro da Torá, e ele é conhecido na literatura rabínica
como Mishnê Torá, ou seja, repetição da Torá. O conteúdo desse
livro foi falado por Moshê aos filhos de Israel durante as cinco
semanas finais de sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar
em erets Israel (terra de Israel).
Este
relato faz uma retrospectiva dos fatos que ocorreram desde o momento
em que Israel vê a derrota e morte dos egípcios no Mar de Juncos
(Mar Vermelho), até o fim dos 40 anos que viveram no deserto. Muito
há que ser lembrado, aprendido e observado por cada um de nós ao
estudar essa porção.
2
- ESTUDO DAS PALAVRAS
Antes
de iniciar o estudo propriamente dito, é necessário primeiro trazer
uma informação muito importante. Neste último final de sábado,
dia 10 de agosto, até o domingo dia 11 de agosto de
2019,
celebrou-se um dia de muita reflexão para os judeus e para os que se
aproximam deles através de Yeshua. Esse
dia é
o Tishá
be Av
(dia
9 de Av).
Pelo
calendário judaico o mês de Av, é o quinto mês. Talvez
você se pergunte: O
que há de especial nesse dia? Há algum texto bíblico que comprove
que os judeus observavam esse dia? Leia o seguinte texto: “Chorei
eu no quinto mês, fazendo abstinência, como tenho feito por tantos
anos?” Zc
7:3.
De
acordo com o
artigo “Tishá be AV – Lamento e Arremendimento” do Rab.
Matheus Zandona, do Ministério Ensinando de Sião, Tishá be Av (dia
9 do mês de Av) é o segundo jejum mais importante do calendário
judaico. Neste dia, jejua-se e lamenta-se por vários eventos que
trouxeram calamidade para o povo de Israel, que por coincidência ou
não, ocorreram todos no mesmo dia, no dia 9 de av. Ainda segundo o
rabino, geralmente este dia cai no início do mês de agosto, no
calendário gregoriano, o nosso calendário. Encontramos em
referências do Tanach (Zc 7:3), que neste dia já era costume o
jejum e o lamento. O Talmud (taanit 29a) e a Mishná (Taanit 4:6),
também fazem referência ao Tishá be Av.
Os judeus lamentam e lembram dos seguintes eventos que ocorreram
neste dia:
-
O relatório catastrófico dos espias enviados por Moshê além do
Jordão (que fez com que D’us punisse o povo com a proibição da
entrada em Canaã) – Nm 13;
-
A Destruição do 1º e do 2º Templo em Jerusalém (586 a.C e 70
d.C);
-
A derrota da revolta de Bar Kochba e a destruição de Jerusalém
(135 d.C);
-
O Decreto de Alhambra, promulgado em 31 de março de 1492, ordenando
que todo judeu deixasse o território espanhol até 31 de julho de
1492, dando início ao terrível período inquisitorial (31 de julho
de 1492 equivale a 9
de Av); e
-
Também lembra-se do período das Cruzadas e do Holocausto, onde
grande parte do povo judeu pereceu.
E
também, segundo o artigo, os judeus fazem jejuns completos como em
Yom Kippur, e é o único dia onde se coloca uma cortina preta sobre
o Aron Há Kodesh (uma espécie de arca onde o rolo da Torá é
guardado) e a Torá não é estudada, pois esse é um dia de grande
luto.
Essa
porção da Torá tem muito a ver com esse dia, pois inicia o livro
com o relato dos erros do povo de Israel.
O
nome do livro
O
termo “deteronômio” vem do grego “deuteron+nómos”
que significa Segunda Lei. Este
nome foi colocado ao traduzirem a Torá para o grego, a Septuaginta.
Maimônides,
um grande rabino também conhecia este livro como משני
תורה
(Mishnê
Torah) – Repetição da Torá), por servir de influência para a
criação das leis judaicas conhecidas como “halachá” הלכה
(o
andar). O
livro que começamos a estudar em
hebraico é chamado: דברים
-
Devarim
–
Palavras.
E
assim como em todos os livros anteriores, a primeira porção recebe
o nome do livro. Conforme dissemos no início dos estudos da Torá
desse ano, isso ocorre por se utilizar uma das primeiras palavras que
aparecem no texto em hebraico.
As
palavras de Moshê
Vamos
observar o texto original que inicia essa porção, para que possamos
entender algumas coisas a respeito dessa parashá e deste livro em
si.
אלה
הדברים אשר דבר משה אל-כל
ישראל
Eilê
hadevarim asher diber Moshê El kol Israel
Estas
são as palavras que falou Moshê a todo Israel.
De
acordo com essa tradução, podemos seguir
para
o
entendimento
dos fatos que o texto nos descreve.
Em
primeiro lugar devemos compreender que, assim como os outros livros,
Moshê também escreveu esse, como está escrito em Dt 31:24:
“Tendo
Moshê acabado de escrever, integralmente, as palavras desta Torá
num livro.”
Percebemos
com isso que Devarim/Deuteronômio é uma reafirmação daquela Torá
que já havia sido dada no Monte Sinai e nas planícies de Moabe.
Este é diferente dos outros quatro livros da Torá, porque não
reorganiza
as palavras ditadas diretamente pelo Eterno, mas sim as que foram
transmitidas por meio de Moshê, o maior profeta depois de Yeshua,
conforme Hebreus 3:3-6.
“Yeshua,
porém, merece mais honra que Moshê, da mesma forma que o construtor
de uma casa tem mais honra do que a própria casa. Pois toda casa é
construída por alguém, mas Deus construiu todas as coisas. Moshê
foi fiel na casa de Deus, como o servo dá testemunho das coisas que
Deus mais tarde tornaria públicas. Entretanto, o Messias, como
Filho, foi fiel sobre acasa de Deus. E nós somos essa casa
pertencente a ele, contanto que sustentemos com firmeza a coragem e a
confiança inspiradas na esperança que temos.”
Sendo
assim, este livro constitui uma repetição e explicação, através
do profeta, da Torá que já tinha sido dada e entregue uma vez desde
o céu. Por isso o livro começa dizendo: “São
estas as palavras que Moshê falou a todo o Israel...”.
Isto
não significa que não fossem as palavras do Eterno, mas sim que
em vez de ter ditado as palavras diretamente, agora são filtradas
pelo instrumento humano que havia chegado ao maior nível de profecia
que existe. São as palavras do Eterno através de Moshê, como
podemos ler no verso 3: “Falou
Moshê aos filhos de Israel, segundo tudo o que o SENHOR lhe mandara
a respeito deles”;
contudo, não são palavras ditadas diretamente pelo Eterno, pois a
base para as palavras do quinto livro de Moshê já está
estabelecida nos primeiros livros.
É
importante lembrar que o fundamento de uma casa é aquele que
sustenta toda a casa. Então, olhando por esse prisma os quatro
primeiros livros da Torá foram completamente ditados letra por letra
a Moisés e escritos com exatidão para serem o fundamento para este
quinto e último livro. E sendo assim, os cinco livros, denominados
de Torá de YHWH (que muitas vezes são chamados de Torá de Moisés,
uma vez que ele foi o canal para que o povo pudesse recebê-la) são
por sua vez, o fundamento para o restante
das Escrituras. Os livros proféticos que logo foram acrescentados,
começando com o livro de Josué, não mudam nada do fundamento, nem
acrescentam nada ao fundamento, como está escrito em Dt 4:2:
“Nada
acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para
que guardeis os mandamentos de YHWH, vosso D’us, que eu vos mando”,
ver também Dt 12:32.
Por
esse motivo podemos entender que os livros dos profetas anteriores
(Josué até 2 Reis) e dos profetas posteriores (Isaías até
Malaquias), o escritos anteriores (Salmos até 2 Crônicas) e os
Escritos posteriores (Mateus até Revelação), não podem
acrescentar nada às palavras da Torá que YHWH deu a Moshê, nem
tirar nada dela.
O
fundamento da revelação Escrita foi dado um vez, e os demais livros
não podem tirar nada ou acrescentar a esse fundamento. Todos os
demais livros inspirados divinamente, vão explicando e trazendo luz
sobre o que já estava escrito no fundamento, que é a Torá,
conforme Ef 3:5. Com isso, deve-se ter cuidado com conceitos novos
que supostamente são tirados de alguma parte das Escrituras, que não
são respaldados pela Torá, pois toda revelação que veio depois de
Moshê, deve estar em conformidade com a Torá, de acordo com o que
lemos em Jo 5:46:
“Porque,
se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim;
porquanto ele escreveu a meu respeito.”
Veja
Romanos 3:21:
“Mas agora, além da Torá (escrita),
se manifestou a justiça de D’us (a
Torá Viva – o Messias)
testemunhada pela lei e pelos profetas;”
Também
Atos 26:22: “Mas,
alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando
testemunho, tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo, senão o
que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer”.
No
estudo desta parashá do site “emunah a fé dos santos”, o autor
diz que em uma carta que líderes messiânicos-israelitas na
Guatemala enviaram às suas comunidades, consta o seguinte:
“Consideramos
que os livros que constam no Tanach (AT), assim como a Brit cHadashá
(NT), foram escritos sob autoridade divina. Estes livros foram
entregues a Israel para todo o mundo. Reconhecemos que a Torá de
Moisés é o fundamento da fé e a máxima autoridade das Escrituras.
O resto das Escrituras – os Profetas e os Escritos, incluindo a
Brit Hadashá – não contradizem, acrescentam, ou retiram à Torá
de Moisés, mas sim desenvolvem-na, explicando e revelando os
mistérios que foram dados uma vez, para sempre”
O
livro de Devarim, divide-se em três partes que correspondem aos três
livros Êxodo, Levítico e Números, e é por esse motivo que é
chamado de Mishné Torá (repetição da Torá).
Ainda
falando sobre o verso 1, vemos que os lugares ali mencionados são os
mesmos lugares onde os filhos de Israel se rebelaram contra o Eterno
durante a viagem.
Outro
detalhe importante, nesta porção é que neste período os
israelitas já estavam subjugando seus inimigos de uma forma muito
fácil. E assim, aprendemos que enquanto estamos sendo provados pelo
Eterno em nossos desertos, com certeza veremos os milagres de D’us,
mas também teremos vitórias sobre os nossos inimigos e sobre todos
aqueles que se levantam contra nós. Porém, isso só ocorrerá se
houver obediência de nossa parte, mesmo em meio aos desertos e
provações de nossas vidas.
Bibliografia:
-
Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
-
Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
-
http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
-
http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
-
http://shemaysrael.com/parasha-devarim/
-
http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/44_-_devarim.pdf
-
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822833/jewish/Resumo-da-Parash.htm
-
http://talmidd.blogspot.com/2011/08/parasha-devarim-deut-11-322.html
-
https://ensinandodesiao.org.br/artigos-e-estudos/tisha-be-av-lamento-e-arrependimento/
Nenhum comentário:
Postar um comentário