Estudos
da Torá
Parashá
nº 42-43
– Matôt/Mass’ei
(Tribos/Partidas)
Bamidbar/Números
Nm
30:1-32:42/33:1-36:13,
Haftará
(Separação) Jr
1:1-2:3/2:4-28.
3:4, 4:1-2;
e
B’rit
Hadashah (Nova Aliança) Jo
1:1-51/2:1-30.
1
- INTRODUÇÃO
Nesta
semana estuda-se duas porções juntas, a porção Matôt e a Massei,
e assim finaliza-se o livro de Bamidbar/Números.
A
parashá Matôt (Tribos) inicia
com um tratado a respeito das leis de nedarim (votos). Passando após
para a descrição da
batalha do povo de Israel contra os Midianitas
e
a consequente vitória, bem como a narrativa detalhada da
distribuição dos despojos de guerra. Relata
ainda o pedido das tribos de Reuven (Rubem) e Gad de assumir a
possessão de sua herança daquele lado do rio, pois
seria melhor para eles criarem seus gados.
Já
na parashá Masse’i (Partidas), inicia-se
com um resumo de toda a rota viajada pelo povo de Israel durante os
quarenta anos no deserto, desde a saída do Egito até a chegada às
margens do Jordão. Ordena que retirem todos os cananitas da terra,
ordena várias recomendações e parâmetros para as várias
categorias de assassinato e encerra com mais informações sobre as
filhas de Tslofchad e as leis de herança.
Sendo
assim, nesse estudo daremos ênfase à questão dos votos e o que
eles têm a ensinar para nossas vidas a
respeito de autoridade.
2
- ESTUDO DAS PALAVRAS
“E
falou Moisés aos cabeças das tribos dos filhos de Israel, dizendo:
Isto é o que ordenou o Eterno: Quando um homem fizer um voto ao
Eterno, ou
fizer um juramento para se obrigar a alguma abstinência, não
profanará a sua palavra; como tudo que saiu de sua boca, assim
fará.” (Nm 30:1-2).
Sobre
o voto e seu cumprimento
A
palavra principal aqui neste
capítulo
é “voto”, em hebraico “Neder” -נֶדֶר
.
Ela significa “voto, oferta votiva”. A raiz desse termo tem a
conotação do ato de consagrar verbalmente (dedicar ao serviço) a
D’us. O voto era e deve ser feito ao Senhor, pois
é uma consagração da
palavra dita
pelo homem à
D’us.
Em
caso de não cumprimento, D’us
permitia
que a pessoa fosse punida e
isso é assim até hoje,
pois de acordo com o texto, o homem ligou sua alma com uma obrigação.
A palavra “alma” vem do termo hebraico “nepesh”
e significa “vida, criatura, pessoa, mente”. Isso mostra que
devemos ter plena consciência ao fazer um voto, pois o Eterno
cobrará. E
quando faz-se um voto, ele aplica a sua “vida ou alma” a essa
palavra que saiu de sua boca. Por esse motivo é muito importante
cumprir aquilo que se vota.
Repare
que o fim do verso 2 diz: “...não
profanará a sua palavra; como tudo que saiu de sua boca, assim
fará.” A
palavra hebraica que foi traduzida para “profanará” ou “violará”
em algumas versões bíblicas, é “Yachel” que vem da raíz
“yahal”, significando “ferir, perfurar”. É interessante
então, notar a conexão entre perfurar ou ferir, e o ato de não
cumprir um voto ou promessa, pois se um homem não cumpre seu voto, é
como se provocasse uma ferida, uma perfuração na imagem de Adonai.
Se o homem não cumpre sua palavra provoca uma ferida na sua função
de refletir o caráter de YHWH, porque o Eterno não pode anular a
Sua Palavra e o homem foi criado à sua imagem, consequentemente não
poderia anular a sua também.
O
voto é normalmente feito em períodos específicos, quando se está
em necessidade, buscando a intervenção divina, ou em momentos de
agradecimento ao Eterno, como forma de ação de graças. De
acordo com o Rab. Matheus Zandona, os
votos ainda são feitos e são muito utilizados na cultura judaica,
tanto
entre os judeus messiânicos como os tradicionais e ortodoxos.
A abstinência também ainda
é
muito utilizada.
Porém
o juramento ou promessa quase sempre acabam levando ao pecado
conforme podemos verificar nos seguintes textos:
“Se
um de vocês fizer um voto ao Senhor, ao seu Deus, não demore a
cumpri-lo, pois o Senhor, o seu Deus, certamente lhe pedirá contas,
e você será culpado de pecado se não o cumprir.
Mas
se você não fizer o voto, de nada será culpado. Faça tudo para
cumprir o que os seus lábios prometeram, pois com a sua própria
boca você fez, espontaneamente, o seu voto ao Senhor, ao seu Deus.”
(Dt
23:21-23)
“"Vocês
também ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não jure
falsamente, mas cumpra os juramentos que você fez diante do Senhor’.
Mas eu lhes digo: Não jurem de forma alguma: nem pelo céu, porque é
o trono de Deus; nem pela terra, porque é o estrado de seus pés;
nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. E não jure
pela sua cabeça, pois você não pode tornar branco ou preto nem um
fio de cabelo.”
(Mt
5:33-36)
“Ouçam
agora, vocês que dizem: "Hoje ou amanhã iremos para esta ou
aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos
dinheiro". Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que
é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de
tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: "Se
o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo". Agora,
porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória
como essa é maligna. Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o
bem e não o faz, comete pecado.”
(Tg
4:13-17)
“Sobretudo,
meus irmãos, não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por
qualquer outra coisa. Seja o sim de vocês, sim, e o não, não, para
que não caiam em condenação.”
(Tg
5:12)
Os
versos acima nos mostram que
juramento ou a promessa representam
a ilusão que o homem detêm o domínio sobre o seu futuro, por
isso pode levar à transgressão,
que é pecado. Porque
em sua vida falha, o homem pode jurar ou prometer algo que não
poderá cumprir, pois não tem o controle sobre seu futuro, e isso é
pecado. Por isso Tiago nos diz o que transcrevemos acima, nos versos
13-17.
Com
tudo o que já dissemos até aqui, podemos perceber a importância de
se cumprir os votos, e devemos ter muito cuidado com as promessas e
juramentos. Quando
não se cumpre as promessas é algo grave, pois tem a ver com a honra
de YHWH.
Esse
capítulo nos mostra um princípio de D’us, um princípio bíblico,
ou seja a questão da hierarquia, da autoridade, e
falaremos mais sobre isso no tópico abaixo.
A
Torá destaca os cabeças (líderes) das tribos em relação ao
cumprimento dos votos (v. 1). Pode-se aprender que um líder tem mais
responsabilidade para cumprir as suas promessas do que o resto do
povo, porque ele representa Adonai diante do povo. Assim, se um líder
não cumpre as suas promessas ou votos, o povo terá uma imagem
equivocada do Eterno que o colocou como seu representante. Também
aponta para que uma sociedade deva ser fundada sobre a fidelidade,
especialmente entre os líderes. Estes
versos também mostram que um homem deva ser responsável pelo
cumprimento da sua palavra diante das autoridades.
Ainda
tratando-se
do verso 2, precisamos entender que o cumprimento da palavra é um
propósito totalmente ético, não só sob o ponto de vista bíblico,
mas também na sociedade em geral. Ou seja, a palavra de uma pessoa
deve ser uma só, não pode ser inconstante, mudando a todo momento
conforme lhe convier a situação. Por esse motivo Yeshua disse:
“Seja
o seu ‘sim’, ‘sim’, e o seu ‘não’, ‘não’; o que
passar disso vem do Maligno"”
Mt
5:37.
Podemos notar, que graças a Adonai, mesmo em meio a tanto caos a
sociedade ainda se baseia em vários princípios da Torá, como
por exemplo, as leis sobre o furto, roubo, homicídios e outros, se
não fossem
elas
o mundo já teria sido destruído há muito tempo.
O
princípio
de
autoridade e o
voto
O
mesmo princípio estabelecido aos príncipes ou cabeças é válido
também para os pais de família. Quando um pai faz uma promessa aos
filhos, é muito importante cumpri-la para que os filhos conheçam a
fidelidade de Adonai através dos exemplos de seus pais. Segundo o
site “emunah a fé dos santos”, a imagem que os pais projetam
sobre os seus filhos é aquela que os filhos aplicam sobre o Eterno.
Os filhos pensam que o Eterno é como seus pais. Dessa forma, é
importante que os pais cumpram as promessas feitas aos filhos e não
mudem a sua palavra. E caso haja necessidade de mudar o que havia
prometido aos filhos, deverá se desculpar com eles, a fim de que
entendam que tal comportamento não é correto e assim, não venham
pensar que o Senhor quebra suas promessas também.
Os
versículos deste capítulo 30 de Números demonstram que o homem é
responsável espiritualmente sobre a mulher (o Pai em relação à
Filha e o Marido em relação à Esposa). Ele detém autoridade de
Deus para confirmar ou anular um voto ou juramento delas.
Indicando para nós que a hierarquia é um princípio que o Eterno
estabeleceu para o ser humano. A hierarquia demonstra organização,
estando
presente no campo espiritual em relação ao Pai com o Filho e com os
anjos, e
o Eterno nos aponta para essa organização, tanto na sociedade e
congregações, como também
nas
nossas casas.
Submeter-se
às autoridades constituídas por D’us sobre nossas vidas é uma
benção para nós, conforme lemos em Rm 13:1-5; 1Tm 2.1-3 e Tt 3:1.
E em relação à autoridade devemos entender que isso não se aplica
apenas a governos seculares, mas também a âmbitos espirituais, como
é o caso da igreja e da família. O foco nesse contexto é a igreja
e a família, onde o homem é a autoridade a qual o Eterno
estabeleceu como princípio a ser seguido, de acordo com a sua
palavra. Essa autoridade fala de responsabilidade e não de mérito
do homem, ou porque ele seja melhor do que a mulher.(Cl 3:18-22; Ef 5:22-33)
Então,
se não há demérito algum em nos submetermos às autoridades, pelo
contrário, dissemos com base nas Escrituras que é benção, também
o será para as mulheres que submetem-se à autoridade do homem. Mais
uma vez esclarecendo que não é devido a mérito dele, mas por uma
questão de responsabilidade. Porque o Eterno lhe deu essa
responsabilidade de cuidar e prover, assim como responsabilizou a
mulher a ser a ajudadora nesse projeto divino.
Portanto,
entendamos que há Hierarquia ao mesmo tempo em que há igualdade
(1Co 11:3; Gl 3:28 e Ef 5:23). Sendo
assim, mulheres que demonstram ter autoridade espiritual
(eclesiástica) sobre seus maridos e ou sobre suas casas ferem o
princípio divino. A mulher pode até ensinar no contexto didático,
nas
congregações, mas
jamais deve exercer autoridade espiritual sobre homem algum, pois
fere os princípios de D’us (1Tm 2: 12). Esclarecendo,
que estamos tratando a nível eclesiástico, não secular.
Com
isso podemos perceber que a situação de autoridade eclesiástica
feminina vai contra o que o Eterno prescreve, ou seja, não tem base
bíblica. Talvez você se pergunte: mas a bíblia não fala de
diaconisas?
O
caso é que, diáconos/diaconisas não são funções de autoridade,
mas de serviço, ou seja, eles são aqueles que servem à comunidade
dos santos.
Quando
ocorrem casos de mulheres exercendo autoridade espiritual em casa ou
na congregação, a culpa principal é do próprio homem
(Pai/Esposo),
que não assume sua posição.
Tendo
em mente o conceito de autoridade fica fácil compreender os versos
que nos falam do voto das filhas solteiras que moram com seus pais,
bem como os votos das esposas, onde os homens tem autoridade para se
envolver e até anular os votos delas. Isso é porquê, se o pai
entende que a filha fez um voto sem o devido equilíbrio poderá
anular e a jovem estará desobrigada diante do Eterno. E o mesmo
acontece com a mulher casada.
Entretanto,
se souber dos votos e não se pronunciar e mais tarde se arrependa de
ter permitido e anular os votos, quem é cobrado por D’us é o pai
ou o marido.
Sendo
assim, entendamos o princípio de autoridade e submissão descrito
nesse texto da Torá, pois como disse o apóstolo Paulo: “Porque
somos criação de D’us realizada em Cristo Jesus para fazermos
boas obras, as quais D’us preparou de antemão para que nós as
praticássemos.” Ef 2:10.
Hazak,
Hazak, venit chazek! (Seja forte, seja forte e sejamos fortalecidos!)
Bibliografia:
-
Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
-
Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
-
http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
-
http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
-
http://shemaysrael.com/parasha-matot/
-
http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/42-_matot_tribos.pdf
-
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771049/jewish/Resumo-da-Parash.htm
se sabemos que o nome do filho de D'us é Yeshua, porque ainda falamos Jesus Cristo.
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