Estudos
da Torá
Parashá
nº 45
– Vaetchanan
(E
eu supliquei)
Devarim/DeuteronômioDt
3:23-7:11,
Haftará
(Separação) Is
40:1-26;
e
B’rit
Hadashah (Nova Aliança) Jo 6:1-71.
1
- INTRODUÇÃO
Esta
porção da Torá, a parashá “Vaetchanan” continua o relato de
Moshê no discurso a respeito de tudo o que o povo de Israel viveu
até aquele momento, e
acerca das palavras que o Eterno havia dito como mandamentos.
Entre
outras coisas, Moshê fala ao povo que suplicou a D’us para
permitir sua entrada na terra de Israel (erets Israel), mas o Eterno
recusou seu pedido.
Ensinamentos
há para cada um de nós nesta porção, que possamos aproveitar a
oportunidade, e avançar no conhecimento de D’us e de suas
palavras, pois podemos perceber que no decorrer dos capítulos desta
parashá Moshê continua a exortar e a advertir o povo de Israel a
obedecer à Torá e aos mandamentos de D’us.
2
- ESTUDO DAS PALAVRAS
Começando
este estudo, devemos entender o significado do nome da porção. Ela
é chamada de “Vaetchanan”, que significa “e eu supliquei,
roguei, implorei”. Isso, novamente dizendo, porque é uma das
palavras que estão logo no início da porção, e na verdade, esta é
a primeira palavra, veja:
וָאֶתְּחַםַן
אֶל יַהְּוֶה בָעֵת הַהִוא לֵאמ ֹר
Vaetchanan
el Adonai baet hahiv lemor
E
eu supliquei a Adonai naquele tempo dizendo:
Devemos
entender que Moshê queria muito entrar na terra de Canaã. Ele sabia
que seria muito bom viver no lugar que o Senhor prometera a seus
antepassados, esse era o motivo que o levou a suplicar a D’us. Era
a esperança de uma vida inteira que o levava a rogar ou implorar
para que o Eterno revogasse seu decreto conta ele.
Suplicar
ou Determinar
Com
vistas na reação de Moshê e para a realidade dele podemos tentar
trazer essa perspectiva para o nosso tempo. Atualmente as pessoas
estão mais
focadas em ter, do que em ser. Moshê demonstra ter contato com o
Eterno de forma íntima, reconhecendo sua grandeza e poderio, e ainda
assim, age de forma humilde, como um bom servo pode fazer.
Entretanto,
não é assim que se tem
agido
na atualidade, pois as pessoas estão mais preocupadas em ter o que
D’us pode dar, do que em ser o que ele deseja de nós. Elas
não tem intimidade com o Senhor, mas anseiam pelo que ele pode dar.
E com isso, os
teólogos
acabaram
por colocar D’us em uma caixa,
onde ele só faz o que dizem que ele pode fazer. Por esse motivo,
acham-se em condições de mandar no que o Eterno deve fazer por elas
mesmas. Determinando que o
Eterno faça isso ou aquilo, e na hora em que eles querem, e tudo
isso em nome de Jesus. Como se o Pai fosse subordinado ao filho, ou
se o nome de Yeshua fosse uma palavra mágica para se conseguir de
D’us tudo o que se quer.
Como
servos de Adonai, pertencemos a um reino, que tem um Rei instituído,
que é Yeshua o regente de todo o universo, e esse reino tem suas
leis, que foram estabelecidas pelo seu Criador, o Eterno de Israel.
Não temos e não podemos como meros seres humanos e servos,
pretender mandar no que Ele como D’us possa fazer. Nosso papel é
bater, buscar, clamar a D’us a todo o momento, a fim de que Ele
faça a vontade dele em nossas vidas, e se nossos sonhos estão
alinhados com a vontade dele poderão ser realizados, ou não, afinal
Ele é o Senhor do Universo. Encontramos textos bíblicos de pessoas
que suplicaram ao Eterno no lugar de determinar. Veja
2Sm 12:15-23:
“Depois
que Natã foi para casa, o Senhor fez adoecer o filho que a mulher de
Urias dera a Davi. E Davi implorou a Deus em favor da criança. Ele
jejuou e, entrando em casa, passou a noite deitado no chão. Os
oficiais do palácio tentaram fazê-lo levantar-se do chão, mas ele
não quis, e recusou comer. Sete dias depois a criança morreu. Os
conselheiros de Davi estavam com medo de dizer-lhe que a criança
estava morta, e comentavam: "Enquanto a criança ainda estava
viva, falamos com ele, e ele não quis escutar-nos. Como vamos
dizer-lhe que a criança morreu? Ele poderá cometer alguma loucura!"
Davi, percebendo que seus conselheiros cochichavam entre si,
compreendeu que a criança estava morta e perguntou: "A criança
morreu?" "Sim, morreu", responderam eles. Então Davi
levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois
entrou no santuário do Senhor e adorou. E voltando ao palácio,
pediu que lhe preparassem uma refeição e comeu. Seus conselheiros
lhe perguntaram: "Por que ages assim? Enquanto a criança estava
viva, jejuaste e choraste; mas, agora que a criança está morta, te
levantas e comes! " Ele respondeu: "Enquanto a criança
ainda estava viva, jejuei e chorei. Eu pensava: ‘Quem sabe? Talvez
o Senhor tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver’. Mas
agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de
volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim".”
Outro
exemplo de súplica ao Senhor é do próprio Rab. Sh’aul (Apóstolo
Paulo) em 2 Co 12:8-9.
“Três
vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha
graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em
minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.”
Sendo
assim, devemos compreender que somos servos e precisamos ter
intimidade e temor ao nosso Senhor, além de saber que Ele
é quem decide a partir de sua própria vontade e não da nossa,
apenas suplicamos e rogamos.
Entendimentos
judaicos
No
estudo da parashá Vaetchanan do site “Emunah
a fé dos Santos”
encontamos o seguinte:
““3:23
“Também supliquei a YHWH, no mesmo tempo, dizendo:”
Segundo
o Midrash, Moisés terá suplicado ao Eterno 515 vezes para que o
deixasse entrar na terra, isto porque a palavra traduzida como
“supliquei”, segundo a guematria, tem o valor numérico de 515. A
sua oração não foi ouvida antes da sua morte, contudo, durante o
ministério de Yeshua, é contado um episódio de que Moisés esteve
com ele num dos montes de Israel (possivelmente o Monte Tabor),
juntamente com Elias, cf. Mateus 17.
Mas
quando analisamos a Palavra, concluímos, segundo o nosso
entendimento, que essa não terá sido uma experiência física,
visto que o corpo de Moisés não tinha ainda ressuscitado, pois
todos os que morreram desde Adão, aguardam ainda pela sua
ressurreição.
Terá
sido então uma aparição numa dimensão celestial profética, ou
seja, onde o tempo é relativo e profético no sentido de que pode
englobar o passado, presente e o futuro. Por isso teremos que
perguntar se verdadeiramente era Moisés que estava ali presente, ou
se a aparição foi numa dimensão profética fora do tempo do
espaço, semelhante à revelação que o apóstolo João experienciou
na ilha de Patmos.”
Sobre
este mesmo Midrash o site “Chabad.org”
esclarece o seguinte:
“Moshê
continuou: "Insisti: ‘Por favor, D’us, podes anular Teu
decreto Quando um rei muda de idéia, deve pedir aos ministros que
concordem. Mas Tu não precisas da permissão de ninguém para
mudares de idéia. Por Tua grande misericórdia, perdoa-me por
favor!’
"D’us
respondeu: ‘Meu decreto não pode ser anulado porque Eu jurei!"
"Rezei:
D’us, podes cancelar um juramento! Não prometeste destruir Benê
Yisrael após o pecado do bezerro de ouro? Anulaste tua promessa
então! Por que deveria eu sofrer o mesmo destino dos espiões que
falaram mal de Êrets Yisrael? Tenho louvado a Terra Santa por toda
minha vida!’
"’Moshê,’
respondeu D’us – todos os homens de sua geração morreram no
deserto. Você será enterrado com eles; seu mérito os protegerá.
Eles precisam de você! Após a vinda de Mashiach, eles serão
revividos, e você os levará a Êrets Yisrael!’
(D’us
também fez com que outros grandes tsadikim fossem sepultados fora de
Êrets Yisrael para que seus méritos protegessem os judeus
enterrados na Diáspora. Como por exemplo, o túmulo de Mordechai
encontra-se na Pérsia).
Moshê
disse a Benê Yisrael:
"Mesmo
assim, não desisti. Implorei a D’us de 515 maneiras diferentes
para que me deixasse entrar em Êrets Yisrael". (Isto está
aludido na palavra vaet’chanan, o nome desta Parashá, cujo valor
numérico equivale a 515).
"Rezei:
‘Por favor, D’us, deixe-me então ver a cidade de Jerusalém e o
Bêt Hamicdash!’
"’Rav,
basta!’ exclamou D’us: ‘Não reze mais! As pessoas dirão que
sou inflexível por recusar suas orações e que você é obstinado
por continuar a argumentar’. (A palavra rav significa chega, basta;
mas também pode ser traduzida como "muito").
‘Rav
lach’, muito mais do que isto está reservado para você. A
recompensa que preparei para você no Mundo Vindouro é bem maior que
entrar em Êrets Yisrael. Diga a Yehoshua que ele marchará à frente
de Benê Yisrael e os liderará durante a guerra.’
"Mesmo
assim, minhas orações conseguiram algo. D’us me disse: ‘Acederei
ao seu desejo de ver a Terra Santa. Deixarei escalar a colina, e
mostrarei a você todo Êrets Yisrael, até os locais mais
distantes!’”
O
que podemos entender do Midrash é que quando nos arrependemos de
nossos pecados somos perdoados pelo Senhor, no entanto as
consequências permanecem. No entanto, isso não quer dizer que o
Eterno não vá preparar algo importante para sua vida. Devido aos
erros de Moshê, ele foi impedido de entrar na terra de Canaã,
podendo apenas olha-la, mas segundo a tradição judaica o Eterno
teria ainda uma missão para ele. E nós podemos aprender com essa
tradição, pois o Eterno tem uma missão para cada um de nós agora
nessa vida, assim como Moshê teve, mas não sabemos qual a missão
que teremos no mundo vindouro, podemos vislumbrar de longe pelo que
os apóstolos nos dizem:
“Vocês
não sabem que os santos hão de julgar o mundo? Se vocês hão de
julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor
importância? Vocês não sabem que haveremos de julgar os anjos?
Quanto mais as coisas desta vida!”
1Co
6:2,3
“Àquele
que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre
as nações. "Ele as governará com cetro de ferro e as
despedaçará a um vaso de barro"
Ap
2:26,27
Bibliografia:
-
Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
-
Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
-
http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
-
http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
-
http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/parash_45_-_vaetchann_supliquei.pdf
-
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/921367/jewish/Mosh-Implora-para-Entrar-Na-Terra-de-Israel.htm
-
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822834/jewish/Resumo-da-Parash.htm
A paz de Yeshua pastor Marcelo, excelente estudo, me lembrou do sermão que preguei nas 48hs, sobre as consequências do pecado, dei o exemplo de Davi, de como a sua vida foi marcada por consequências dos seus erros, porém ele se arrependeu e apesar de tantos males que colheu, ainda houve misericórdia do Pai, pq pela Lei ele deveria ter sido morto, mas o Eterno poupou a vida Dele.
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