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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Estudo da Parashá Mishpatim

 

Estudos da Torá


Parashá nº 18 – Mishpatim (Julgamentos ou Regras)

Shemôt/Êxodo Ex. 21:1-24:18

Haftará (Separação) Jr 33:25-26, 34:8-22 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 1:1-2:28


1 - INTRODUÇÃO

Na semana passada estudamos a porção Yitró (Jetro). Os estudiosos da Torá afirmam que poucas porções semanais recebem o nome de uma pessoa, sendo assim, sempre que esta associação é feita, ela merece atenção especial. E naquela porção vimos que isso não foi diferente, pois ela é referente à entrega da Torá, e nomear a porção com o nome de Jetro, só pode indicar uma conexão forte entre ele e os acontecimentos ali descritos, e pudemos ver algumas instruções para cada um de nós dali.

Vimos também, que HaShem entregou a Torá naquele dia, e que o próprio D’us falou em som audível através dos som de shofar (trombetas) a todos os que estavam no pé daquele monte (Ex 18-21), através das dez palavras ou dez mandamentos. Porém, entenda que aquilo não foi tudo, pois a Torá é rica em instruções para a vida daquele que serve ao Eterno. Ele também, acrescentou mais instruções, os chamados “Mishpatim” (Regras ou juízos), que estudaremos na parashá dessa semana.

Antes porém de adentrarmos ao estudo de mais essa porção maravilhosa, vamos ao nosso resumo da parashá, que essa semana ao pesquisar achei muito interessante a que encontrei no site Emunah a fé dos santos, pois eles dividiram o resumo em aliot (plural da palavra “aliá”, que significa subida, e são as porções diárias da parashá da semana).

Primeira Leitura: 21:1-19

O Eterno instrui Moshê com os estatutos (mishpatim), para que os apresente ao povo. Primeiro, como deve ser o tratamento para com os escravos hebreus, homens e mulheres. Logo, fala dos danos ao próximo, voluntário e involuntariamente. Depois fala da violência contra os pais, o sequestro, a maldição contra os pais e a restituição dos danos originados numa luta.

Segunda Leitura: 21:20 – 22:4

E o Eterno aborda casos de violência contra um escravo, contra uma mulher grávida e contra um escravo não hebreu; danos provocados aos homens por animais violentos, por danos provocados aos animais de outros, e acerca da restituição por roubos.

Terceira Leitura: 22:5-27

Através da Torá o Eterno regulamenta várias coisas, como a restituição por danos provocados por animais a terceiros, a restituição pela perda de bens confiados ou prestados a outros, passando pelas consequências da sedução de uma virgem não desposada, aborda a feitiçaria, a bestialidade e a idolatria. É proibido emprestar dinheiro aos pobres com interesse ou tomar como caução o seu manto pela noite.

Quarta Leitura: 22:28 – 23:5

É expressamente proibido falar mal do Eterno e dos líderes do povo. A oferta das primícias, da colheita e dos primeiros frutos devem ser feitas dentro dos tempos designados. O primogênito dos filhos e do gado devem ser consagrados ao Eterno ao oitavo dia. Não devem ser admitidos nem testemunhos falsos nem ser levado pela maioria a praticar o mal ou perverter o juízo, tampouco deve haver distinção para com o pobre no seu litígio.

Quinta Leitura: 23:6-19

Não deve ser permitido que o inocente seja culpabilizado, bem como é proibido receber subornos e oprimir o estrangeiro. Seis anos se cultiva a terra mas no sétimo ano não, para que comam os pobres e as feras do campo. Seis dias se trabalhará mas no sétimo não, para que descansem os animais, os filhos das servas e os estrangeiros. É proibido mencionar o nome de outros deuses e fazer com que os outros os mencionem. Três vezes ao ano deve ser celebrada festa ao Eterno, a festa dos pães asmos, a festa da sega (festa das semanas) e a festa da colheita dos frutos (festa das cabanas/tabernáculos) e ninguém deve vir ao Eterno de mãos vazias. O sacrifício de Páscoa não pode ser sacrificado quando há fermento. As sobras do sacrifício não podem ficar até à manhã seguinte. Há que levar o melhor das primícias da terra à casa do Eterno.

Sexta Leitura: 23:20-25

Um anjo irá adiante do povo para guardá-lo até que cheguem ao lugar preparado. Há que respeitá-lo pois ele leva o Nome do Eterno. Se o povo for obediente, prevalecerá sobre os inimigos, e seis povos serão destruídos por completo. É proibido fazer as coisas que fazem esses povos, e as estátuas idólatras devem ser destruídas. Ao servir ao Eterno será abençoado todo o alimento e a bebida e será eliminada toda a enfermidade. Sétima Leitura: 23:26 – 24:18

Não haverá abortos na terra nem esterilidade e nada morrerá antes do tempo. O terror irá diante de Israel e todos os inimigos serão confundidos. Os limites de Israel serão desde o mar de juncos até ao mar dos filisteus, e desde o deserto até ao rio porque os povos serão expulsos diante de Israel. Não pode ser feito pactos com eles nem com os seus deuses e eles não poderão habitar na terra para que não façam pecar Israel, por causa da sua idolatria.

Moisés recebe instruções para subir ao Eterno juntamente com os 70 anciãos de Israel. Os demais devem prostrar-se afastados mas Moisés poderá aproximar-se do Eterno. Moisés vem ao povo e conta todas as palavras do Eterno e o povo diz que procederão segundo todas elas. Moisés escreve todas as palavras, edifica um altar ao pé do monte e os jovens oferecem sacrifícios sobre ele ao Eterno.

A metade do sangue é posta em vasilhas e a outra metade é espargida sobre o altar. Moisés lê o livro do pacto a todo o povo e o povo promete obedecer a tudo. Moisés esparge o sangue sobre o povo e diz: “este é o sangue do pacto que o Eterno fez convosco relativamente a todas estas palavras”.

Moisés recebe a ordem de subir até ao Eterno no monte e esperar ali até receber as tábuas de pedra, a Torá e o mandamento que Ele escreveu.

Josué vai com ele até meio caminho, e Moisés diz aos anciãos que os esperem até que voltem. Arão e Hur poderão julgar se houver algum assunto passível disso. Moisés sobe, a nuvem cobre o monte durante seis dias. No sétimo dia é chamado desde o interior da nuvem. A glória do Eterno é como um fogo consumidor em cima da montanha e Moisés entra na nuvem e sobe ao monte. Ali fica durante 40 dias.


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

A parashá dessa semana tem início com os julgamentos (juízos, regulamentos ou regras) do Eterno que são delineados e expostos de forma clara e conclusiva ao povo de Israel. Eles são propostos na forma de uma lei civil, a fim de instruir o povo como proceder quando se defrontar com aquela situação. Veremos o quão profundas são estas leis e como o povo pode ser abençoado ao obedecê-las.

Assim, de acordo com o que podemos encontrar no estudo dessa porção no site ShemaYsrael.com, já podemos começar a compreender que “mishpatim”, a palavra que dá nome a essa parashá, são as diretrizes Divinas que regulamentam a conduta entre um israelita ou servo do Eterno e seu semelhante.

A Torá nos ensina que devemos observar duas classes de mitsvot (mandamentos):

As mitsvot a respeito de D’us e as mitsvot em relação a outro servo de D’us. E esta porção das Escrituras começa nos ensinando todo um sistema de legislação civil, tais como os direitos das pessoas, escravos e servos, também as leis relativas a homicídio, lesões corporais, leis que tratam do dano causado a pessoas ou a propriedades e ofensas morais. Estes códigos antigos ainda são relevantes hoje, devido a seu forte princípio. As leis encontradas aqui são poderosas e profundas e continuam a ser um tesouro significativo na palavra do Eterno. Elas recebem o nome de “mishpatim”, conforme já falamos anteriormente.

Por isso, sempre repetimos algo que Yeshua disse, “...amar a D’us acima de tudo e a seu próximo como a si mesmo.” Esses mandamentos que estão enquadrados aqui nessa classe de Leis, são também conhecidas como os “pilares da Torá”, pois desses dois vem as dez palavras ou dez mandamentos, também conhecidos como as “colunas”, e destes dez vem todos os 613 mandamentos.

Vimos no resumo da porção passada no início da introdução desse estudo, que quando o Eterno deu a Torá, houve trovões e relâmpagos e uma nuvem espessa sobre a montanha. O monte Sinai estava envolto em fumaça e toda a montanha tremia violentamente. E o povo viu os sons, as chamas, o toque do shofar, e a fumaça que saía da montanha. E todo o povo tremeu, e ficou longe. Mais intenso que todos esses fenômenos físicos foi a força da voz de D’us. E os sábios dizem que ao ouvirem as “dez palavras’, as almas(vidas) das pessoas fugiram, e que os efeitos dessa revelação reverberaram por todo o mundo. Nenhum pássaro cantou, nenhum boi bramiu, nem o mar rugiu. O silêncio reinou enquanto D’us falava.

Relembrando que há um paralelo a tudo isso em atos 2, onde na festa de shavuot (pentecostes), mesma ocasião da entrega da Torá, houve algo parecido, quando o Eterno mandou seu Ruach (sopro, vento, mover, poder, espírito) sobre os talmidim (discípulos). E ali ouviu-se um som como de um vento forte, viu-se fogo e quem estava presente, ouviu os talmidim (discípulos) falarem em sua própria língua. Da mesma forma como a Torá oral diz que os representantes das 70 nações ouviram as dez palavras ditas pelo Eterno do Sinai em suas próprias línguas.

Interessante notar também, que depois de toda a descrição daquela experiência, poderíamos pensar que a Torá continuasse seu relato com assuntos que dessem continuidade ao transcendente ou ao espiritual, mas no lugar disso ela continua com as seguintes palavras: “E estes são os estatutos” em hebraico – “Veêlech hamishpatim”, que trataremos sobre o termo logo a frente.

Então, podemos nos perguntar, mas por que? Antes de compreendermos isso devemos saber o contexto. A palavra hebraica que foi traduzida como ordenanças/estatutos (leis) é “mishpatim” מִּשְׁפָּטִים . Na Torá aparecem várias palavras que falam dos mandamentos que o Eterno deu ao povo. De acordo com o site Emunah a fé dos santos, as cinco palavras mais comuns são.

1. Torá- Significa instrução, norma, doutrina, ensino, lei. E as instruções estão na Torá, ela é aprofundada em todos os escritos inspirados. A Torá ou Instrução pode referir-se a alguns tipos de instrução, como veremos abaixo:

- Simples, por exemplo a de Provérbios 3:1.


Meu filho, não se esqueça da minha lei, mas guarde no coração os meus mandamentos,”


- Uma instrução específica, relativamente a um assunto específico, como é o exemplo das instruções para os sacrifícios (Lev. 6:9; 7:11) ou para a relação matrimonial (Rom. 7:2).

- Geral, entregue ao povo de Israel – A Torá de Moshê, os cinco livros de Moshê, o Pentateuco, como é o caso da referência de Dt 31:26; Josué 1:7-8; Mateus 5:17; Lucas 24:44.

2. Mitsvah - no plural mitsvot – mandamentos – termo geral para todo o tipo de mandamentos. Vem da raiz tsavá, que significa ordenar; encomendar; mandar.

3. Mishpatim – Estatutos - Significa sentença; norma; jurisdição; regra, modelo. São leis Divinas que promulgam a segurança e sobreviência da sociedade humana. Incluem, por exemplo, a proibição de roubar e matar. São os mandamentos que estamos estudando nessa porção.

4. Chukim – Decretos - Significa porção, obrigação, mandato, regulamentos, decreto. Na categoria de “chok” (plural: chukim) classifica-se todas as mitsvot cujo propósito ou significado não são compreendidos pela inteligência humana. De acordo com o site Chabad.org, esta categoria de mandamentos é a mais difícil de respeitar. O Talmud nos diz que essas são as leis que "a má inclinação (yêtser hará) e as nações do mundo tentam contestar." Se não compreendemos o motivo de alguma coisa é tentador achar pretextos para não fazê-la. Quando tentamos explicar nossa religião aos não-judeus, as leis que não tem um motivo óbvio são as mais difíceis de compreensão. O fato de um mandamento não ter um motivo óbvio torna seu cumprimento um ato de fé, muito mais ainda. Ele indica que estamos prontos e desejosos de obedecer às ordens de D'us, até mesmo quando não podemos justificá-las racionalmente.

Todas as leis de pureza e impureza ritual pertencem à essa categoria de mandamentos conhecidos como chukim, decretos.

5. Edut - Testemunhos- Que significa provas, testemunhos, depoimentos. Se uma mitsvá testemunha um evento histórico ou algum aspecto de nossa fé (emunah), é chamada de “edut”, testemunho. São exemplos a mitsvá de observar o shabat, que atesta nossa crença de que o Todo Poderoso criou o mundo em seis dias. Observar as festas (Yom Tov), pois comemoram o êxodo do Egito, as mistvot de tsitsit e tefilim que demonstram nossa crença na soberania de D’us.

De acordo com o mencionado site, podemos ilustrar o exposto até agora, sobre a palavra mishpatim, da seguinte forma:

A Torá é a instrução geral que foi dada desde o céu, ou seja, pelo Eterno, por intermédio de Moshê.

Os mandamentos são todos os mandamentos que existem na Torá, e esses mandamentos estão divididos em estatutos, juízos e testemunhos, conforme ainda veremos com um pouco mais de detalhes.

Todos os 613 mandamentos são resumidos nas Santas Palavras conhecidas por todos como “os dez mandamentos”, que em hebraico também é chamado de “asserat hadevarim” ou “as dez palavras, dez ditos”. Eles são um conjunto de preceitos morais que o Eterno deu ao homem desde a criação e que se confirmou por escrito nas duas tábuas do testemunho dadas a Moshê no Monte Sinai, conforme lemos em Dt 10:1-5:


Naquela ocasião o Senhor me ordenou: "Corte duas tábuas de pedra, como as primeiras, e suba para encontrar-se comigo no monte. Faça também uma arca de madeira. Eu escreverei nas tábuas as palavras que estavam nas primeiras, que você quebrou, e você as colocará na arca". Então fiz a arca de madeira de acácia, cortei duas tábuas de pedra como as primeiras e subi o monte com as duas tábuas nas mãos. O Senhor escreveu nelas o que tinha escrito anteriormente, os Dez Mandamentos que havia proclamado a vocês no monte, do meio do fogo, no dia em que estavam todos reunidos. O Senhor as entregou a mim, e eu voltei, desci do monte e coloquei as tábuas na arca que eu tinha feito. E lá ficaram, conforme o Senhor tinha ordenado.” Dt 10;1-5 (Bíblia on line NVI)


Os Estatutos/ordenanças são os mandamentos de carácter social que regulam todo o tipo de relações sociais dentro de Israel. São um conjunto de decretos que reúnem o pensamento de HaShem acerca da maneira de viver dos Seus filhos e em relação aos quais Ele não nos dá justificação particular. Limita-se a dizer que são vida para todos nós. Nestes decretos ou estatutos incluem-se as Leis dietéticas e várias outras.

Os juízos são um conjunto de Leis morais e éticas (como por exemplo a chamada segunda metade dos Dez Mandamentos que inclui proibições como matar, roubar, cobiçar, adulterar, etc.).

Também, de acordo com o site, além dos contidos nas tábuas dos Dez Mandamentos, os juízos do Eterno ensinam a Sua justiça nas nossas relações com o nosso semelhante. São também os mandamentos difíceis de entender por carecer de explicação lógica. Não tem que existir uma explicação lógica para a instrução do Eterno, pois nesse caso apenas observaríamos por percebermos o sentido disso, e também voltaremos a falar sobre isso logo abaixo.

Os sábios de Israel dividem as mitsvot (mandamentos) da Torá em três categorias, de acordo com o que encontramos nos textos em hebraico, e sobre isso, também podemos ler no site “pt.chabad.org” conforme já mencionamos antes:

  1. Mishpatim (literalmente “julgamentos”, “estatutos” ou “Regras”) – aquelas mitsvot que também são ditadas pela razão, tais como as proibições contra o roubo e o assassinato. Mesmo se a Torá não tivesse sido dada, D’us nos livre, nós provavelmente teríamos instituído leis desta natureza. (Como de fato já haviam nos povos da época, tais códigos de conduta, como é o exemplo do código de Hamurábi).

  2. Edut (lit., “testemunhos”) – mitsvot comemorativas; Os testemunhos de HaShem revelam os Seus dias santificados, as sete festividades do Eterno nas datas por Ele marcadas: Shabat, Páscoa, Semana dos Pães Asmos (que inclui a Festa das Primícias), Pentecostes, Trombetas, Dia da Expiação, Semana dos Tabernáculos. Estes “testemunhos” expressam o plano de salvação instituído pelo Eterno e permanecem como um “farol” no meio das trevas, apontando invariavelmente para a vinda ou volta do Messias, e para o Seu reino milenar. Um outro exemplo de cumprimento do mandamento “edut” é respeitar o Shabat e comer matsá em Pêssach, o que nos permite reviver os eventos da história e captar mais facilmente seu significado espiritual.

    Quando os filhos de Elohim guardam o Shabbat e celebram as santas festas do Eterno, transformam-se em “luzes” para o mundo, para as trevas que os rodeiam. Transformam-se em testemunhas vivas (vós sois as minhas testemunhas – Isaías 43:10, 12; 44:8). Em Dt 4:44-45 está escrito: “Estes são os testemunhos, e os estatutos, e os juízos, que Moisés falou aos filhos de Israel, havendo saído do Egito;”

  3. Chukim (lit., “decretos”) – mistvot que são suprarracionais, que são “um decreto Meu, [que] vocês não têm permissão de questionar”. Conforme falamos um pouco acima sobre os decretos, devemos cumprir mesmo não sabendo o porquê, pois dessa forma manifestamos a nossa confiança no Eterno, pois só Ele sabe o que é melhor para nós. Cumprir por fé (emunah, confiança, obediência), não por existir uma razão lógica, pois diz-nos a Palavra em Dt 29:29: “As coisas encobertas pertencem ao Eterno nosso Elohim, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.”

O Salmo 119 contém todos estes conceitos, ora aparecendo o louvor dos juízos do Eterno, ou dos Seus estatutos, ou dos Seus testemunhos, ou dos Seus mandamentos, ou referindo-se, simplesmente, ao “caminho” que nos leva ao Eterno, que sabemos ser a Torá que Yeshua ensinava, por isso ele disse que era o Caminho, a Verdade e a Vida – João 14:16.

O Salmo 119 é um hino de louvor e de graças por Esse Caminho, por toda a Torá de HaShem, na qual o homem sábio roga a Elohim por entendimento dos Seus desígnios e da Sua vontade, para por ela andar todos os dias da sua vida, esperando, ardentemente, a redenção no Messias. Ao contrário do homem sábio, o ímpio vive sem salvação: Salmo 119:155:


A salvação está longe dos ímpios, pois não buscam os teus estatutos”


Voltando então à pergunta que fizemos anteriormente. É provável que a entrega da Torá teria sido seguida pelos chukim, devido a sua natureza suprarracional refletindo os sentimentos espirituais que foram despertados no Monte Sinai. Então, por que, a Torá dá continuidade ao seu relato com Mishpatim (regras) que poderiam (aparentemente) ser postuladas pela razão, em paralelo ao que existia em toda sociedade civilizada da época?

Vamos então entender, pela gramática hebraica, o motivo dessa forma de continuação da Torá. Pelas regras, sempre que [a Torá] usa o termo “Eile” (Estas são), ela nega o que foi dito anteriormente. E sempre que ela usa o termo “Veeile” (E estas são), ela adiciona ao que foi mencionado anteriormente.

Dessa forma, como aquelas mencionadas inicialmente (os Dez Mandamentos) [foram revelados] no Sinai, também estas (as leis da parasha mishpatim) [foram reveladas] no Sinai, isto é, foram ato contínuo, vieram logo após. Um grande sábio judeu chamado Rashi afirma que os julgamentos ou regras que são objetos desse estudo da Torá, não são um desvio da revelação do Monte Sinai, mas uma consequência natural dela. O que devemos entender é que a Torá é mais do que espiritualidade transcendental. Pelo contrário, o principal impulso da entrega da Torá é o revestimento da vontade e da sabedoria de D’us em conceitos que os mortais podem entender.

Quando se estuda a Torá, a pessoa está entendendo a divindade e unindo sua mente com a de D’us. A compreensão intelectual envolve o estabelecimento de uma ligação entre a nossa mente e o conceito sob consideração. De fato, tal ligação é mais completamente estabelecida no estudo daquelas dimensões da Torá que se relacionam aos assuntos humanos, pois estas são ideais que o intelecto humano pode compreender completamente.

A entrega da Torá completa o objetivo da criação, pois adonai criou a existência porque Ele desejava um local de moradia nos mundos inferiores, ou seja, nos lugares criados por Ele para o homem. Por isso, o objetivo da criação é, não a revelação do poder transcendental ou espiritual de D’us, mas que os homens como existem, sejam permeados pela verdade de Seu ser.

E os mishpatim servem exatamente para isso, pois comunicam a Divindade em relação às vidas cotidianas dos mortais. O entendimento dessas leis traz Divindade à mente de cada pessoa, tornando-a uma “morada de D’us”. E a prática destas leis cria uma sociedade que permite ao homem atingir objetivos espirituais em shalom (paz completa) e satisfazer suas necessidades materiais com retidão, estabelecendo uma “morada para D’us” no mais completo sentido.

Que continuemos a Estudar e a praticar essas leis que o Eterno estabeleceu com o intuito de vivermos a plenitude da vontade de Adonai, pois trazem o princípio para nossas vidas.


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- https://www.bibliaonline.com.br/nvi/dt/10

- https://www.hebraico.pro.br/r/bibliainterlinear/texto.asp?g=1,2&gb=1e2,2&s=EXODO&p=21

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://shaareishalom.net.br/bo-o-nome-diz-tudo/

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771025/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/2464847/jewish/Depois-do-Sinai.htm

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/18-_mishpatim_estatutos.pdf

- https://shemaysrael.com/parasha-mishpatim/

- https://shemaysrael.com/mishpatim-humildade-sem-humilhacao/

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/920414/jewish/As-Trs-Categorias-de-Mitsvot.htm

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