Estudos da Torá
Parashá nº 19 – T’rumá (Oferenda, Oferta ou Coleta)
Shemôt/Êxodo Ex. 25:1-27:19
Haftará (Separação) 1Rs 5:12-6:13 e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mc 3:1-4:41; Mt 5.33-37
1 - INTRODUÇÃO
Vamos ao resumo da parashá dessa semana, extraído do site chabad.org.
A parashá Terumá inicia uma série de quatro das cinco porções que discutem em detalhes a construção do mishkan, o Tabernáculo móvel que servia de "local de repouso" para a presença de D'us entre o povo judeu.
A porção completa da semana relata a descrição de D'us a Moshê sobre como construir o mishkan, começando com uma lista dos vários materiais preciosos a serem coletados pelo povo judeu para este projeto monumental.
D'us descreve a magnífica Arca de madeira e ouro que abrigaria as tábuas com os Dez Mandamentos, completa com sua cobertura deslumbrante representando dois querubins (anjos com rosto de crianças) um de frente para o outro. Em seguida, D'us entrega a Moshê as plantas do Shulchan (mesa sagrada) sobre a qual os Lechem Hapanim (Pães da Proposição) serão colocados a cada semana.
Seguindo-se à descrição da Menorá de ouro puro que deveria ser feita de um único pedaço grande de ouro, D'us descreve a estrutura do próprio mishkan, detalhando a cobertura esplendidamente tecida e bordada, as cortinas, as divisões e as paredes externas móveis. A Porção da Torá conclui com as instruções para o altar de cobre e o grande pátio externo do mishkan.
Essa porção recebe o nome da atitude que o Eterno mandou que os filhos de Israel tomassem, eles deveriam fazer T’rumá (Oferenda, Oferta ou Coleta). O termo “Terumá ou T’rumá” guarda o significado de oferta, coleta ou contribuição. Ela vem da raíz “rûm” que significa altura, altivez, alto ou para cima. De acordo com o site Shemaysrael.com, há a idéia também de louvor que nos introduz ao conceito de “altos louvores” e também de “ser exaltado”. Com isso poderemos entender que estas ofertas não eram para Moshê (Moisés), mas elas deveriam ser dadas de forma correta, ou seja, de coração para D’us. O objetivo destas ofertas está implícito na própria palavra “terumá” que nos fala a respeito de “altos louvores” sendo prestados a HaShem, ou seja, a fim de que ele seja exaltado. Vejamos então, algumas informações importantes acerca do objetivo final desta oferta, e do que a Torá irá nos instruir sobre essa porção.
Há muitos aspectos que se estudar nessa parashá, pois ela é muito profunda, assim como todas as outras, por isso, estamos enfocando apenas alguns aspectos de forma mais prática, para colaborar com o entendimento e com a nossa teshuváh.
2 – ESTUDO DAS PALAVRAS
A parashá Terumá inicia uma série de quatro das cinco porções que tratam acerca dos detalhes da construção do Mishkan (Tabernáculo), que servia de “local de repouso” para a presença do Eterno (a Shechiná) dentre o povo hebreu. Sendo assim, essa porção vai tratar dos materiais utilizados na construção do Mishkan, bem como seus respectivos significados proféticos. Durante a semana você já deve ter estudado o aspecto profético. Quando você lê essa porção tem a oportunidade de aprender a importância de cada coisa em seu devido lugar e a forma que o Eterno usou, a fim de caracterizar através de cada objeto, a forma e os objetivos do culto à HaShem. E percebemos que o Eterno gosta das coisas corretas, não pode ser do nosso jeito, pois há um princípio que rege o serviço ou culto.
Essa é uma porção que aparentemente é monótona, devido às descrições detalhadas dos utensílios, entretanto note-se que há mistérios por trás de cada uma delas, porém com o advento do Mashiach (Messias), tais mistérios foram esclarecidos parcialmente, e podemos Glórificar a D’us por termos a oportunidade de entrar aos estudos da Torá e descortinar esses mistérios.
O início desse trecho de estudo é com o verso que diz:
“E falou o Eterno a Moshê, dizendo:”.
A palavra que define o Eterno em hebraico é o tetragrama יהוה, que na nossa língua é representado por YHVH e que significa: “Eu me torno aquilo que me torno” ou “Eu serei aquilo que serei”. Mais uma vez o Eterno se apresenta com a perspectiva de tornar-se algo que seu povo naquele momento necessitava, o Mishkan (Tabernáculo). E naquele momento a “Davar” (Palavra) do Eterno chega a Moshê como uma ordenança, a fim de que os filhos de Israel pudessem, ao cumpri-la, serem abençoados grandemente. E percebemos que o Eterno está, mais uma vez levando seu povo a envolver-se com Ele de forma íntima e definitiva.
O segundo versículo dessa porção diz: “Fala aos filhos de Israel que separem para mim uma T’rumá (oferenda, oferta, coleta); de todo homem em que o coração impelir a isso, tomareis minha T’rumá.” Perceba que HaShem deixa claro que a T’rumá era para Ele, e veja o porquê disso. Essa “coleta” que D’us ordenou lista 15 diferentes materiais para a construção do Mishkan e seus componentes. Cada material foi selecionado por D’us para conceder ao povo um mérito ou benção especial ao doá-lo, e os sábios de Israel estudam um a um, no entanto, não teremos espaço aqui para isso, e por esse motivo deixaremos para uma próxima vez, sigamos em frente, pois ainda há muito que estudar.
No estudo dessa parashá no site Emunah a fé dos santos, ao mencionar este verso 2, comenta-se que esta oferta é chamada “terumá”, que não é uma expressão fácil de traduzir. Ela significa “doação”, “dom”, “dádiva”, “presente”, “tributo”, “oferta”. Vem da raiz “rum” que significa “alçar”, “elevar”. Está relacionada com algo que se levanta para separar do resto. A mesma palavra é usada para a oferta que se dá ao sacerdote, dos produtos agrícolas antes de dar o dízimo, conforme mencionado anteriormente. Veja que o mencionado site ainda diz que, o sentido pode ser entendido como uma porção separada que se “eleva” como oferta para uso sagrado. As ofertas devem ser kosher (apropriadas) e não trefá (não apropriadas). A nossa oferta representa-nos, devemos estar aptos para a oferecer.
Veja como funcionava, a oferta do holocausto representa-nos da seguinte forma:
- Primeiro oferecem-se os pés = o nosso caminhar;
- Depois as gorduras = as nossas energias;
- E as vísceras = o nosso interior;
- a cabeça = os nossos pensamentos.
Note que os dízimos são uma obrigação mas as ofertas são voluntárias (exceto as prescritas para as festas do Eterno). Por isso, somente os que têm um coração de boa vontade podiam contribuir nesta obra de construção do tabernáculo.
É importante notar o fato que o Eterno diz: “...de todo homem em que o coração impelir a isso,…” a oferta deveria ser de coração. Isso nos lembra algo que o Rav. Sha’ul (apóstolo Paulo) diz:
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;” (2 Co 9:7,8).
E vemos no decorrer do texto que assim foi, os filhos de Israel contribuíram muito, a tal ponto de Moshê mandar parar. E aqui, percebemos o propósito de HaShem ao permitir que os egípcios dessem muitos presentes para os israelitas, quando estavam para sair do Egito, já estudamos sobre isso. Fica para nós uma bela lição a ser aprendida com essa passagem. Todas as vezes que dispomos em nossos corações de fazer algo verdadeiramente para HaShem, e assim fazemos, é retornado para nós em forma de bençãos.
Nesse momento, no entanto, diante do que já foi exposto até aqui, cabe-nos fazer uma pergunta:
Porque D’us ordena ao povo de Israel que lhe construa um Tabernáculo?
Em meio ao povo de Israel muitos midrashim (ensinos) e parábolas são contadas para que se possa ter uma melhor compreensão dos assuntos tratados na Torá. Assim, conta-se que um príncipe viajou de um país distante para casar-se com a filha única do rei. Quando quis partir com ela, o rei disse: “Não posso deixá-la partir, ela é minha filha única. Por outro lado, ela também é sua esposa, e não tenho o direito de detê-la aqui. Por isso, pedir-lhe-ei um favor. Construa um quarto extra para mim, onde quer que se estabeleçam; de maneira que eu possa viver perto de vocês!”
Igualmente, perceba que, depois que D’us deu a Torah, Sua filha preciosa, aos filhos de Israel, conforme vimos na parashá passada, pediu-lhes que construíssem um Tabernáculo (Mishkan), no qual Sua Shechiná (Presença) residiria permanentemente na terra.
Então respondendo a pergunta, podemos dizer que era projeto do Eterno habitar com o homem, aparentemente no Mishkan que estava mandando construir, mas o propósito era muito maior, pois verdadeiramente ele queria habitar dentro de cada um, repare o que o Eterno diz em Ex. 25.8. Na maioria das Bíblias está escrito assim:
“E me farão um santuário e morarei entre eles.”
Em hebraico, no entanto, está escrito assim:
וְעָשׂוּ לִי, מִקְדָּשׁ; וְשָׁכַנְתִּי, בְּתוֹכָם
“veasu li mikdash veshachanti betocham”
Literalmente é: “E farão para mim um local de santidade e habitarei dentro deles”
Podemos ainda verificar sobre isso, o que Yeshua fala em Jo 14:2:
“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar.”
O Mestre estava a falar aqui da Beit Hamikdash (Casa da Santidade ou Templo Sagrado), e podemos também reparar para um melhor entendimento, o que disse João em Ap. 21. 3:
“Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Agora o tabernáculo de D’us está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão o seu povo; o próprio D’us estará com eles e será o seu D’us.”
Assim, fica claro que o projeto de HaShem, era desde o princípio, habitar com o homem e ao mesmo tempo no homem. E a construção do Mishkan tinha esse propósito, na verdade o Mishkan era a representação da presença divina em meio aos homens através do messias. Por isso todo o tabernáculo aponta para o messias e para os remanescentes. E Yeshua representa essa presença divina em meio aos homens, tanto que essa passagem de apocalipse mencionada diz respeito a Yeshua vindo reinar na terra, representando a presença do Eterno (Santo Bendito seja ele).
Esse lugar da presença divina, o Mishkan (Tabernáculo e mais tarde o Beit Hamikdash – Templo Sagrado), era importante, segundo dizem os rabinos, para os filhos de Israel, de três maneiras:
Como resultado do serviço realizado da maneira como HaShem prescreveu, os filhos de Israel recebiam proteção celestial contra quaisquer possível atacante.
O Mishkan era fonte de inspiração espiritual. Cada hebreu que frequentasse o Mishkan e o Beit Hamikdash era estimulado a incrementar a observância da Torá e dos mitsvot. O Santuário e o Templo eram permeados por uma atmosfera de temor a HaShem, e observando os cohanim (sacerdotes) realizarem o serviço, os filhos de Israel eram motivados a aprimorar sua espiritualidade ou seja, sua vida de justiça.
A nação inteira testemunhava constantemente milagres óbvios nos Mishkan e no Beit Hamikdash. Estes fenômenos sobrenaturais demonstravam o amor de HaShem por seu povo; era como a relação de pai e filho.
O site Shemaysrael.com mostra três parábolas vindas das tradições do povo de Israel que ilustram os motivos do Eterno para desejar que construíssem o Mishkan para ele. Vejamos abaixo:
D’us anunciou ao povo hebreu: “Vocês são meu rebanho, e Eu sou o pastor. Assim como um pastor arma a tenda perto das ovelhas para cuidá-las, Eu desejo ter uma morada perto de vocês.”
“Vós, o povo judeu, sois Meu vinhedo e Eu, D’us, o guardador do vinhedo. Aquele que cuida do vinhedo normalmente vive em uma choupana perto do vinhedo, de onde possa observá-lo para assegurar-se de que não entrem ladrões. Construam, pois, uma choupana para Mim junto ao vinhedo.”
“Vós, o povo judeu, também sois meus filhos; e Eu, D’us sou vosso pai. É uma grande honra para os filhos viver em um lar próximo ao pai e também é uma honra para o pai viver perto dos filhos.”
Reparem que o mencionado site dá as seguintes chaves para as três parábolas:
D’us é comparado:
1 - A um pastor;
2 - A um vinhateiro; e
3 - A um pai.
Por que não basta uma comparação? Por que é necessário haver três parábolas diferentes?
Na verdade, estes são três momentos diferentes da história do povo judeu. Em cada época, D’us manteve uma relação distinta com seu povo.
1 - Quando o Povo de Israel perambulou pelo deserto, D’us morava em um Tabernáculo parecido a uma tenda de pastor. Um pastor não vive em um lugar fixo. Segue o rebanho onde este vai para pastar e arma sua tenda perto das ovelhas para protegê-las e procurar-lhes comida.
Do mesmo modo, D’us “seguiu” o povo judeu pelo deserto. Como um pastor fiel, guardou-os dia e noite e estendeu Suas nuvens ao redor deles, e os alimentou com maná, aves, e água da fonte.
2 - Em Israel o rei Salomão construiu o Templo Sagrado para D’us, um edifício de pedra. Assim como o vinhateiro cuida do vinhedo, do mesmo modo D’us protegeu a Terra de Israel de todos os inimigos. Mesmo assim, o Templo Sagrado foi comparado apenas a uma “choupana” e não a um lugar permanente, pois não durou para sempre. D’us predisse que o Templo Sagrado continuaria existindo somente enquanto os filhos de Israel guardassem fielmente a Torah. Quando abandonaram as mitsvot de D’us, o Templo Sagrado, ambos o primeiro e o segundo, foram eventualmente destruídos.
3 - Quando Mashiach vier e D’us nos der o terceiro Templo Sagrado, esse será comparado a um “lar” - pois durará para sempre. Então todos verão que D’us é nosso pai e que somos Seus filhos. Claro que a noção de terceiro templo é profética, e há muitas linhas de entendimento sobre ele, que não convém nos aprofundarmos aqui.
Ao ouvir as palavras de D’us: “Que façam um Santuário para Mim, para que habite dentre eles”, Moshê ficou surpreso. “Como podes Tu, Cuja Glória preenche céus e terra, habitar numa humilde moradia que erguemos para Ti?” – perguntou.
HaShem respondeu: “Nem ao menos preciso do Tabernáculo inteiro como local de residência. De fato, confinarei Minha Shechiná à limitada área onde se localizará a arca.”
Podemos confirmar ainda, que o Eterno não desejava habitar em uma construção humana, quando David Hamelech (O Rei David) desejou construir uma casa para Hashem, o que foi dito a ele.
“Em todos os lugares em que tenho andado com Israel, falei eu jamais uma palavra a um dos juízes de Israel, a quem mandei que apascentassem o meu povo, dizendo: Por que não me tendes edificado uma casa de cedro?” (1 Crônicas 17:6)
Sabemos no entanto, que o Eterno permitiu que fosse construído uma casa, o Beit Hamikdash(casa da santidade) pelo descendente de David, o Rei Salomão, isso fora anunciado nos versos posteriores ao mencionado acima. Assim, em Seu grande amor pelo povo que escolheu, Hashem restringiu Sua Shechiná ao Tabernáculo, próximo aos Seus filhos. O Tabernáculo físico de madeira, contudo, era apenas um símbolo para a verdadeira habitação da Shechiná – o coração de cada um dos seus filhos.
Como é possível transformar o coração de alguém num Santuário para a Shechiná? Isto é alcançado devotando-se o coração à Torah e ao serviço de D’us.
A narrativa bíblica, ajuda-nos a discernir entre a verdadeira profecia, e aquilo cujo fruto está na vaidade, ou no coração do homem. O Eterno não tem nada contra o fato de um grupo querer ter um espaço para se reunir, ou que seja suficiente para caber todas as pessoas numa reunião. Porém, não importa se esse espaço é próprio, alugado, emprestado, se é na casa de alguém, num salão de festas, na praia, num parque, enfim, onde quer que seja. Porque Yeshua já deixou clara a condição que Ele deseja para nós:
“Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.” (Mateus 18:20)
Portanto, repito que não há nada, sob o ponto de vista das Escrituras, contra a existência de um local fixo de reunião. Tanto que o Eterno consentiu quando David fez tal pedido. Se nós formos abençoados com essa oportunidade, alegremo-nos no Eterno. Porém, essa não pode ser jamais uma condição para que se forme uma assembleia de pessoas que crêem em Yeshua, nem se pode pensar que a santidade ou a importância está no local, e não na reunião das pessoas. Então reflita no seguinte, se estás numa situação de aguardar que um trabalho seja levantado ou seja feito na cidade em que vive, para que só então possa ter comunhão com HaShem e com outros irmãos, então não estamos agindo em conformidade com as Escrituras. E quando não agimos em conformidade com as Escrituras, nem sequer adianta orar pedindo que o Eterno mude uma situação. Porque D’us não ouve oração de transgressores, conforme lemos em Pv 28:9:
“O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.”
Em Ex 25:8 lemos:
“E me farão um santuário, e habitarei no meio deles.”
Nas porções passadas vimos como se estabeleceu o pacto matrimonial entre a Palavra do Eterno e Israel. Depois do primeiro passo, o noivado, chega o tempo de preparar uma casa para o novo matrimônio. Segundo o mencionado site, e como vimos até aqui, podemos ver que essa é a razão pela qual o Eterno dá instruções para que se prepare uma casa para viver com a sua esposa. Esta casa é uma sombra da casa celestial que o Eterno preparou para ser revelada nos tempos finais, cf. Apocalipse 15:5; 21:3.
“E, depois disto, olhei, e eis que o templo do tabernáculo do testemunho se abriu no céu.” Ap 15:5
“E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus.” Ap 21:3
Conforme vimos no comentário do verso 2 acima, o texto hebraico não diz que o Eterno irá habitar “entre eles”, mas sim “neles”, em hebraico “betocham”. O mais lógico seria dizer: “e Eu residirei em vós”, mas aqui diz que vai morar dentro do povo de Israel e por isso teriam que lhe fazer um santuário.
O verdadeiro lugar da morada é o coração de cada uma das pessoas do povo de Israel, que entregaram o seu coração ao Eterno. Isto ensina-nos que a Presença Divina residia no tabernáculo, por causa dos Israelitas. Eles eram o verdadeiro “santuário” da presença Divina.
Acerca do verso 8, o site Shemaysrael diz que, a palavra “santuário” em hebraico é miqdash e significa “lugar santo, santuário, parte sagrada”. Em conformidade com as palavras desta raiz (qdsh), miqdash denota aquilo que foi dedicado ao domínio do sagrado. Aqui refere-se à área física dedicada à adoração ao Eterno. HaShem estabelece que deve haver um lugar a fim de que haja um encontro entre o Eterno e o homem: o miqdash! Este lugar foi previamente separado para uso exclusivo do Eterno. Ali é o seu domínio, o lugar onde o secular e o santo se encontram. Ali o Eterno determinou ser o lugar para que o homem receba sua Palavra e sua presença! Ele viria para aquele lugar a fim de ali habitar. Isso ressalta a ideia de vizinhança e de proximidade. Mais uma vez vemos aqui o carinho demonstrado pelo Eterno a fim de estar próximo ao homem, de ser seu vizinho, de estar sempre perto dele a fim de socorrê-lo ou mesmo estar disponível para o homem que o ama!
De certa maneira, isso pode soar estranho, mas vejamos a coisa por este lado: o Eterno é o nosso Criador e consequentemente é o nosso Pai. Existem vínculos familiares fortíssimos entre nós. Sendo assim ele, como todo pai, deseja ficar, estar, permanecer próximo de seus filhos. Isso é tão natural para nós, porque não seria para Ele? Por isso o Eterno providenciou um lugar a fim de estar junto dos seus amados. No passado isso ocorria assim e hoje nós temos o privilégio de ter o D-us Eterno tabernaculando em nós através de Ruach Elohim (O Espírito de D-us)! Ele continua estando próximo, e muito próximo, de nós! Isso não é maravilhoso?
25:9 “Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus pertences, assim mesmo o fareis.”
Quando Moshê (Moisés) subiu ao monte, HaShem mostrou-lhe o desenho do mishkan (tabernáculo), de forma completa, pois ele deveria seguir para construir o tabernáculo, e ele deveria ter três seções:
1 - O Santo dos Santos: Era a seção mais santa do Tabernáculo que continha a arca com as Tábuas da Lei.
Na entrada do Santo dos Santos pendia um cortinado chamado parôchet. Este cortinado dividia o Santo dos Santos da segunda seção, o kôdesh.
Somente o sumo-sacerdote tinha permissão Divina de entrar no Santo dos Santos, e somente um dia por ano: no Yom Kipur.
2 - A segunda parte do Tabernáculo era menos sagrada que o Santo dos Santos. Chamava-se kôdesh. Ali ficavam a mesa, a menorá, e o altar de incenso.
As duas seções juntas eram denominadas "Ôhel Moed"(Tenda do Encontro).
3 - A terceira parte era o pátio. Era menos sagrado que o kôdesh. Ali Moshê colocou o grande altar de cobre sobre o qual eram oferecidos todos os sacrifícios de animais.
D'us também explicou a Moshê exatamente como construir cada um dos objetos do Tabernáculo. Começou por explicar-lhe sobre a arca, pois era o recipiente mais sagrado do Tabernáculo.
Podemos perceber que a Torá nos mostra que quando o Eterno pretende fazer algo ele revela, ele não faz nada oculto.
Segundo o site Emunah-fé-dos-santos, o tabernáculo do deserto é uma figura de várias coisas. Pode ser entendido como um reflexo do universo. Há várias palavras idênticas neste relato que nos ligam com o relato da criação. Moisés teve que estar durante seis dias na nuvem antes de ser chamado desde o interior no sétimo dia, o qual conecta esta obra com a criação de que foi feita em seis dias cf. Êxodo 24:16
“E habitava a glória do SENHOR sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; e, ao sétimo dia, chamou o SENHOR a Moisés do meio da nuvem”.
Podemos analisar isso profeticamente, Moisés representa o povo do Eterno (Judeus e ex-gentios), a nuvem representa a presença divina por meio do Ruach (poder), os seis dias representam a preparação do povo e o trabalho de despertar os remanescentes e o sétimo dia, em que ele foi chamado representa a volta de Yeshua, quando ele chamará o povo do Eterno para lhes revelar os segredos do Olam Rabáh.
E ainda segundo o mencionado site, podemos comparar o tabernáculo, com outras quatro coisas:
- Um santuário celestial, cf. Hebreus 8:2; 9:11-24.
- O corpo do Messias, João 1:14; 2:18-22.
- O corpo do crente, 1 Coríntios 6:19.
- A Kehilá, a congregação do Messias, 1 Pedro 2:4-10; 1 Corintios 3:16-17; 2 Corintios 6:16.
Em todas estas habita a presença do Eterno de forma mais ou menos intensa.
25:10 “Também farão uma arca de madeira de acácia; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio, e de um côvado e meio a sua altura.”
Note algo interessante! Segundo o site Shemaysrael, de todos os utensílios do Tabernáculo, D’us ordenou que a arca fosse construída primeiro. Instruiu que sua construção precede até mesmo a próprio Tabernáculo. Confiram no verso 9. A arca constava de três caixas abertas na parte superior; uma encaixava dentro da outra. A caixa menor era de ouro puro, e encaixava dentro de uma de madeira. A caixa de madeira encaixava dentro de uma caixa maior, que era feita de ouro. Desta maneira, a arca de madeira, era folheada a ouro por dentro e por fora, exatamente como D’us ordenara.
A caixa de ouro externa tinha um belo rebordo de ouro, semelhante a uma coroa. A arca onde as tábuas foram guardadas simbolizava a Torah, e os ornamentos representavam a Coroa do estudo da Torah.
A arca é o objeto mais íntimo do mishkan (tabernáculo), de acordo com o site emunáh-fé-dos-santos. HaShem começa sua obra de dentro para fora, assim como faz em nossas vidas. O homem olha desde fora para dentro, mas o Eterno olha desde dentro para fora, pois só conseguimos demonstrar externamente a transformação e o arrependimento, quando tudo isso já começou dentro de nós, como está escrito em 1Sm 16:7:
“Porém o Eterno disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Eterno não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Eterno olha para o coração.”
Um profeta do Eterno aprende a ver como o Eterno vê as coisas, desde dentro. Um profeta pode ver os corações dos homens, como está escrito em João 2:24-25:
“Mas o mesmo Yeshua não confiava neles, porque a todos conhecia; E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.”
Nós também devemos aprender a ver dessa forma! E entender que o Eterno começa por dentro, essa porção nos mostra exatamente isso. Quando o Eterno trata com o ser humano, ele faz sempre de dentro para fora. Há um grande problema de muitos homens, que é tentarem tirar os maus frutos, as más obras da vida, mas não trabalham na raiz que causa e que produz esses maus frutos, ou seja, procuram remover o problema e menosprezam a origem do problema. Ou vivem uma vida de aparência, por não tratar das causas dos problemas. Poderemos viver todo o tempo tentando melhorar nossas ações e as nossas palavras, contudo não teremos sucesso, se não mudarmos nossos corações, pois dele é que vem todas as más inclinações e obras, como podemos observar em Mc 7:21-22:
“Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.”
Vejamos o que a arca simboliza.
Ela representa a Shechinah (presença) do Eterno no meio do seus servos, pois ela ficaria dentro do tabernáculo.
D’us conferiu ao povo de Israel três “coroas” (posição de grandeza), conforme shemaysrael.com:
- A coroa da Torá, que era representada pela arca;
- A coroa do sacerdócio, que era representado pelo altar; e
- A coroa da monarquia, que era representada pela mesa.
A coroa do estudo da Torah sobrepõe-se aos dois ofícios. Somente um judeu nascido numa família real ou sacerdotal poderia ser elegível para posições de monarquia ou sacerdotal. A oportunidade de se tornar um grande sábio de Torah, contudo, é acessível a qualquer um. Por isso nosso Messias Yeshua nos manda fazer discípulos, pois para discipular alguém, é preciso estudar a Torah.
Contudo, a arca também representava o estudioso de Torah. Ela sendo feita de ouro por dentro e por fora revestindo a caixa de madeira, esta caixa representa o homem.
As arcas interiores e exteriores que eram de ouro, indicam que os sentimentos íntimos de um estudioso de Torah devem coadunar-se com sua conduta externa. Pobre do estudante de Torah que porta a Torah em seus lábios, enquanto seu coração é desprovido de temor a D’us!
25:16 “Depois porás na arca o testemunho, que eu te darei.”
Entendendo que o tabernáculo representa o homem, a arca simboliza o coração, o mais íntimo. O Eterno daria o testemunho que seria colocado dentro da arca. E isso tem uma importância, pois muitos pensam que o testemunho é nosso, mas o Eterno estabelece o testemunho de acordo com nossas vidas.
Dentro da arca seriam colocados três coisas que serviriam de testemunho:
- As duas tábuas do testemunho, que representam toda a Torá;
- Uma porção de maná, Ex 16:32-34; e
- A vara de Arão, Nm 17:5, 8-10.
O testemunho é o nome que o Eterno pôs sobre as duas tábuas de pedra que foram colocadas na arca. Este texto diz que o Eterno daria a Moisés o testemunho no futuro. Isto alude não apenas às duas tábuas mas sim também ao testemunho messiânico que iria ser entregue mais adiante a todos os que receberam o testemunho do Messias, como está escrito em Hebreus 3:5.
“E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar;”
Dentro do coração do crente há um testemunho, uma voz que fala e diz-nos que somos filhos do Eterno, como está escrito em Romanos 8:16:
“O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Elohim.”
Diz-nos a palavra em 1 João 5:10-12:
“Quem crê no Filho de Elohim, em si mesmo tem o testemunho; quem a Elohim não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Elohim de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Elohim nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Elohim não tem a vida.”
2 Coríntios 13:5:
“Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Yeshua haMashiach está em vós? Se não é que já estais reprovados.”
O site Emunáh-fé-dos-santos diz que O espírito da profecia é aquele que dá testemunho no nosso interior, na parte mais profunda do nosso coração, não na nossa mente. Esse espírito dá o testemunho de Yeshua, revela os segredos do Messias que constam nas Escrituras. Se alguém é sensível ao testemunho de Yeshua que há no seu espírito, irá ser esclarecido nas escrituras. Pois o espírito da profecia ou o mover da profecia é a própria Escritura. A maioria das coisas que partilhamos recebemos pelo testemunho que foi colocado no nosso coração, ao longo do tempo que temos vindo a estudar as escrituras. E isso nos mostra como é importante está sempre estudando as Escrituras.
25:17 “Também farás um propiciatório de ouro puro; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio.”
Depois de entendermos um pouco da arca e de seu conteúdo, vejamos o que a cobria, o propiciatório. Considera-se que era uma ilustração do Trono da Glória que existe no céu, conforme Hb 4:16:
“Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.”
A palavra hebraica que foi traduzida como “propiciatório” é “kaporet” que significa cobertura, coberta. Ela vem da raíz “kafar” que significa calafetar, cobrir, perdoar, absolver, compensar, expiar. Ela vem da mesma raíz da palavra usada para o dia de expiação Yom Kippur.
25:18 “Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório.”
Há algo interessante a ser observado neste verso. HaShem manda construir dois querubins de ouro. E isso a primeira vista parece ser contraditório, afinal o Eterno está mandando construir duas imagens do que há em cima no céu, quando a Torá diz ser proibido fazer imagens de escultura. O fato é que Êxodo 20:4 diz “não farás para ti…” as palavras chave deste versículo são: “para ti”, ou seja, fazer imagens para adoração. Isso é proibido!
Os querubins não foram objetos de adoração. Eles representavam criaturas que servem ao Eterno, sempre próximos ao trono de HaShem. O propiciatório, que ficava em cima da arca da aliança, representava o trono do Eterno.
Depois de dar as descrições do propiciatório, o Eterno entrega a Moshê as plantas do Shulchan (mesa sagrada) sobre a qual os Lechem Hapanim (Pães da Proposição) serão colocados a cada semana.
Seguindo-se à descrição da Menorá de ouro puro que deveria ser feita de um único pedaço grande de ouro, D'us descreve a estrutura do próprio Mishkan, detalhando a cobertura esplendidamente tecida e bordada, as cortinas, as divisões e as paredes externas móveis.
Essa parashá (porção) da Torá conclui com as instruções para o altar de cobre e o grande pátio externo do Mishkan.
O Mishkan (tabernáulo) e os utensílios dele nos mostram o que e como devemos nos relacionar com o nosso Elohim. Ele providenciou graciosamente um modelo a fim de estarmos entrando em um relacionamento com ele da forma correta, pois ao contrário do que possam ensinar as religiões há um meio correto de haver relacionamento entre HaShem e o homem. A Torá nos ensina passo a passo, quando nós poderemos, através de nossa caminhada seguindo os passos de Yeshua, nosso messias, atingirmos o lugar que deseja o nosso coração: o Santo dos Santos e a presença final do D’us Eterno. Ele nos criou com essa finalidade, e foi para isso que Yeshua viveu uma vida justa, e foi ressuscitado depois da morte na estaca, e por isso o Ruach nos convenceu e nos colocou no caminho. Para que vivamos uma vida de santidade na presença do Eterno.
Essa parashá é repleta de detalhes e há muito o que aprender, por isso devemos dizer Bendito seja o Eterno nosso Elohim que nos permite estudar sua Torá, e que podemos anualmente voltar e estudar mais uma vez a mesma passagem, a fim de que possamos nos ater no que não pudemos nesse momento. Estudaremos a Torá a vida toda e não chegaremos ao nível de dizer eu já sei tudo, já cheguei ao final.
Que o Eterno lhe abençoe!
Bibliografia:
- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://shaareishalom.net.br/bo-o-nome-diz-tudo/
- http://chumash.escolajudaicavirtual.org/31.html
- http://shemaysrael.com/parasha-teruma/
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771026/jewish/Resumo-da-Parash.htm
- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822811/jewish/Mensagem-da-Parash.htm
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/19-_terum_oferta.pdf
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