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quarta-feira, 27 de julho de 2022

Estudo da Parashá - Matot/Mass'ei (Tribos/Partidas)

 


Estudos da Torá


Parashá nº 42 e 43 – Matôt/Mass’ei (Tribos/Partidas)

Bamidbar/Números Nm 30:1-32:42/33:1-36:13,

Haftará (Separação) Jr 1:1-2:3/2:4-28. 3:4, 4:1-2; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 1:1-51/2:1-30.


1 - INTRODUÇÃO

Nesta semana estudaremos duas porções juntas, a porção Matôt e a Massei, e assim finalizaremos o livro de Bamidbar/Números.

A parashá Matôt (Tribos) inicia com um tratado a respeito das leis de nedarim (votos). Passando após para a descrição da batalha do povo de Israel contra os Midianitas e a consequente vitória, bem como a narrativa detalhada da distribuição dos despojos de guerra. Relata ainda o pedido das tribos de Reuven (Rubem) e Gad de assumir a possessão de sua herança daquele lado do rio, pois seria melhor para eles criarem seus gados. Após alguma discussão, Moshê concorda, mas apenas sob a condição de que ajudassem o restante da nação a conquistar toda a Terra, antes de retornarem para estabelecer-se no seu legado.

Já na parashá Masse’i (Partidas), inicia-se com um resumo de toda a rota viajada pelo povo de Israel durante os quarenta anos no deserto, desde a saída do Egito até a chegada às margens do Jordão. O Eterno ordena que retirem todos os cananitas da terra e dá os limites das fronteiras exatas da terra de Israel. Já que os levitas não receberiam uma porção como os demais, cidades especiais foram separadas para eles. Alguns destes locais serviriam também como cidades de refúgio para alguém que, sem intenção, tenha matado uma pessoa, e então fugiria para uma destas cidades para buscar abrigo e evitar a vingança de um parente próximo da vítima, lá permanecendo até a morte do atual Cohen Gadol. Determina várias instruções e parâmetros para as diversas situações em que seriam sujeitas acontecer assassinatos e encerra assim, com mais informações sobre as filhas de Tslofchad e as leis sobre herança.

Sendo assim, como sempre fazemos vamos pinçar um dos temas da parashá ou porção para comentar, e nesse estudo daremos ênfase especial à questão dos votos, e o que eles têm a ensinar para as nossas vidas a respeito de autoridade.

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

“E falou Moisés aos cabeças das tribos dos filhos de Israel, dizendo: Isto é o que ordenou o Eterno: Quando um homem fizer um voto ao Eterno, ou fizer um juramento para se obrigar a alguma abstinência, não profanará a sua palavra; como tudo que saiu de sua boca, assim fará.” (Nm 30:1-2).


Nesta parashá é dada grande ênfase à importância de cumprir as promessas, ou melhor a palavras pronunciadas. Vemos que a Torá dá um alerta aos líderes com relação a isso. Podemos aprender que um líder tem mais responsabilidades para cumprir suas palavras do que o resto do povo, pois ele está representando o Eterno diante do povo, mas é claro que isso não livra as pessoas individualmente de suas responsabilidades quanto as palavras declaradas.

Se um líder não cumpre suas palavras, o povo terá uma imagem negativa do Eterno, que o colocou como seu representante. Isso também aponta que a sociedade tem que ser fundada sobre a fidelidade, especialmente entre os líderes, e principalmente em se tratando no Reino do Eterno. Veremos ainda nesse estudo que o mesmo princípio também é válido para dentro de nossos lares, ou seja, para os pais de família. Estes ao fazerem uma promessa ou declarar uma palavra aos filhos deve zelar pelo seu cumprimento, a fim de que seus filhos conheçam a fidelidade do Eterno através dos exemplos de seus pais, trataremos disso um pouco mais adiante.

O cumprimento da palavra é um propósito ético, não somente sob o ponto de vista da Torá, mas também na sociedade em geral. Vejamos um pouco mais sobre esse assunto, sob o ponto de vista do voto.


Sobre o voto e seu cumprimento


A palavra principal aqui neste capítulo é “voto”, em hebraico “Neder” -נֶדֶר . Ela significa “voto, oferta votiva”. A raiz desse termo tem a conotação do ato de consagrar verbalmente (dedicar ao serviço) a D’us. O voto era e deve ser feito ao Eterno, pois é uma consagração da palavra dita pelo homem à D’us. Em caso de não cumprimento, D’us permitia que a pessoa fosse punida e isso é assim até hoje, pois de acordo com o texto, o homem ligou sua alma (vida) com uma obrigação. A palavra “alma” vem do termo hebraico “nephesh” e significa “vida, criatura, pessoa, mente”. Isso mostra que devemos ter plena consciência ao fazer um voto ou seja, declarar uma palavra, pois o Eterno cobrará. E quando faz-se um voto, ele aplica a sua “vida ou alma” a essa palavra que saiu de sua boca. Por esse motivo é muito importante cumprir aquilo que se vota.

De acordo com o site Chabad, há uma seleção do Midrash que diz, que às vezes achamos que as palavras ditas não são importantes. Afinal, não podemos vê-las ou tocá-las, por isso parecem que não deixam marcas. A Torá nos ensina o contrário, continua o referido midrash, palavras são importantes, e um servo do Eterno deve sempre ser cuidadoso com as palavras que usa. Deveria ser especialmente cauteloso sobre fazer promessas, porque será responsável por cumprí-la. A pessoa jamais deve fazer um juramento descuidadamente. Aquele que os faz sem a devida atenção e mais tarde falha em cumpri-los, é comparado ao indivíduo que pega uma espada para golpear a si mesmo; está propenso a ferir-se.

Repare que o fim do verso 2 diz: “...não profanará a sua palavra; como tudo que saiu de sua boca, assim fará.” A palavra hebraica que foi traduzida para “profanará” ou “violará” em algumas versões bíblicas, é “Yachel” que vem da raíz “yahal”, significando “ferir, perfurar”. É interessante então, notar a conexão entre perfurar ou ferir, e o ato de não cumprir um voto ou promessa, pois se um homem não cumpre seu voto, é como se provocasse uma ferida a si mesmo, conforme vimos nos midrash, e também uma perfuração na imagem de HaShem, ou seja, em seu caráter. Se o homem não cumpre sua palavra provoca uma ferida na sua função de refletir o caráter do Eterno, porque o Eterno não pode anular a Sua Palavra e o homem foi criado à sua imagem, consequentemente não poderia anular a sua também.

O voto é normalmente feito em períodos específicos, quando se está em necessidade, buscando a intervenção divina, ou em momentos de agradecimento ao Eterno, como forma de ação de graças. De acordo com rabinos da atualidade, os votos ainda são feitos e são muito utilizados na cultura judaica, tanto entre os judeus messiânicos como os tradicionais e ortodoxos. A abstinência também ainda é muito utilizada.

Porém o juramento ou promessa quase sempre acabam levando ao pecado conforme podemos verificar nos seguintes textos:


Se um de vocês fizer um voto ao Eterno, ao seu D’us, não demore a cumpri-lo, pois o Eterno, o seu D’us, certamente lhe pedirá contas, e você será culpado de pecado se não o cumprir. Mas se você não fizer o voto, de nada será culpado. Faça tudo para cumprir o que os seus lábios prometeram, pois com a sua própria boca você fez, espontaneamente, o seu voto ao Eterno, ao seu D’us.” (Dt 23:21-23)


"Vocês também ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não jure falsamente, mas cumpra os juramentos que você fez diante do Eterno’. Mas eu lhes digo: Não jurem de forma alguma: nem pelo céu, porque é o trono de D’us; nem pela terra, porque é o estrado de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. E não jure pela sua cabeça, pois você não pode tornar branco ou preto nem um fio de cabelo.” (Mt 5:33-36)


Ouçam agora, vocês que dizem: "Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro". Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: "Se o Eterno quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo". Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna. Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado.” (Tg 4:13-17)


Sobretudo, meus irmãos, não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outra coisa. Seja o sim de vocês, sim, e o não, não, para que não caiam em condenação.” (Tg 5:12)


Os versos acima nos mostram que o juramento ou a promessa representam a ilusão que o homem detêm o domínio sobre o seu futuro, por isso pode levá-lo à transgressão, que é pecado. Porque em sua vida falha, o homem pode jurar ou prometer algo que não poderá cumprir, pois não tem o controle sobre seu futuro, e isso é pecado. Por isso Tiago nos diz o que transcrevemos acima, nos versos 13-17.

Com tudo o que já dissemos até aqui, podemos perceber a importância de se cumprir os votos, e devemos ter muito cuidado com as promessas e juramentos. Quando não se cumpre as promessas é algo grave, pois tem a ver com a honra de HaShem.

Esse capítulo também nos mostra um princípio de D’us, um princípio bíblico, ou seja, a questão da hierarquia, da autoridade, e falaremos mais sobre isso no tópico abaixo.

De acordo com o que mencionamos antes, a Torá destaca os cabeças (líderes) das tribos em relação ao cumprimento dos votos (v. 1). Podemos aprender que um líder tem mais responsabilidade para cumprir as suas promessas, uma vez ele representa o Eterno diante do povo. Assim, se um líder não cumpre as suas promessas ou votos, o povo terá uma imagem equivocada a respeito do Eterno que o colocou como seu representante. Disse também que esse aspecto aponta para o fato de que uma sociedade deva ser fundada sobre a fidelidade, especialmente entre os líderes. Estes versos mostram ainda que um homem deva ser responsável pelo cumprimento da sua palavra diante das autoridades.

Precisamos entender que o cumprimento da palavra é um propósito totalmente ético, não só sob o ponto de vista bíblico, mas também na sociedade em geral. Ou seja, a palavra de uma pessoa deve ser uma só, não pode ser inconstante, mudando a todo momento conforme lhe convier a situação. Por esse motivo Yeshua disse:


Seja o seu ‘sim’, ‘sim’, e o seu ‘não’, ‘não’; o que passar disso é de procedência maligna"” Mt 5:37.


Podemos notar, que graças a HaShem, mesmo em meio a tanto caos, a sociedade ainda se baseia em vários princípios da Torá, como por exemplo, as leis sobre o furto, roubo, homicídios e outros, se não fossem elas o mundo já teria sido destruído há muito tempo.


O princípio de autoridade e o voto


Mencionamos antes que o mesmo princípio estabelecido aos príncipes ou cabeças é válido também para os pais de família dentro de seus lares. Quando um pai faz uma promessa aos filhos, é muito importante cumpri-la para que os filhos conheçam a fidelidade de HaShem através dos exemplos de seus pais. Segundo o site “emunah a fé dos santos”, a imagem que os pais projetam sobre os seus filhos é aquela que os filhos aplicam sobre o Eterno. Os filhos pensam que o Eterno é como seus pais. Dessa forma, é importante que os pais cumpram as promessas feitas aos filhos e não mudem a sua palavra. E caso haja necessidade de mudar o que havia prometido aos filhos, deverá se desculpar com eles, a fim de que entendam que tal comportamento não é correto e assim, não venham pensar que o Senhor quebra suas promessas também.


Também quando uma mulher fizer voto ao Eterno, e com obrigação se ligar em casa de seu pai na sua mocidade;” Nm 30:3


A palavra hebraica que foi traduzida como “mocidade”, de acordo com o estudo no site Emunah a fé dos santos, é “neurim” da raiz de “neará” que significa “adolescência”. Uma mulher passa por três etapas, menor (ketaná), adolescência (neará) e adulta (boguéret). Conforme o mencionado site, do ponto de vista jurídico, pode-se dizer o seguinte: Uma mulher que não tem sinais de puberdade, ou não tem doze anos de idade, é uma menor. Se já desenvolveu sinais de puberdade aos doze anos, torna-se adolescente. Aos 20 anos torna-se adulta.

Os versículos deste capítulo 30 de Números demonstram que o homem é responsável espiritualmente sobre a mulher (o Pai em relação à Filha e o Marido em relação à Esposa). Ele detém autoridade de D’us para confirmar ou anular um voto ou juramento delas. Indicando para nós que a hierarquia é um princípio que o Eterno estabeleceu para o ser humano. A hierarquia demonstra organização, estando presente no campo do reino do Eterno e aponta tanto para a sociedade e congregações, como também nas nossas casas.

Submeter-se às autoridades constituídas por D’us sobre nossas vidas é uma benção para nós, conforme lemos nos seguintes textos:


Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de D’us; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que D’us instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos. Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois é serva de D’us para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de D’us, agente da justiça para punir quem pratica o mal. Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência.” Rm 13:1-5


Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.” 1Tm 2.1-2


Lembre a todos que se sujeitem aos governantes e às autoridades, sejam obedientes, estejam sempre prontos a fazer tudo o que é bom,” Tt 3:1.


Devemos entender que essas recomendações não se aplicam apenas a governos seculares, mas também a âmbitos do reino do Eterno, como é o caso da congregação ou igreja e da família. O foco nesse contexto é a congregação e a família, onde o homem é a autoridade a qual o Eterno estabeleceu como princípio a ser seguido, de acordo com a sua palavra. Essa autoridade fala de responsabilidade e não de mérito do homem, ou porque ele seja melhor do que a mulher ou que os outros membros da congregação.

Então, se não há demérito algum em nos submetermos às autoridades, pelo contrário, dissemos com base nas Escrituras que é benção, também o será para as mulheres que submetem-se à autoridade do homem. E aqui não estou dizendo de forma alguma que a mulher não possa exercer função de ensino no reino do Eterno.

Portanto, entendamos que há hierarquia ao mesmo tempo em que há igualdade conforme lemos nos seguintes textos:


Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é o messias, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça do messias é D’us.” 1Co 11:3


Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.” Gl 3:28


pois o marido é o cabeça da mulher, como também o messias é o cabeça da igreja, e ele mesmo o salvador do corpo. Ef 5:23


Tendo em mente o conceito de autoridade fica fácil compreender os versos que nos falam do voto das filhas solteiras que moram com seus pais, bem como os votos das esposas, onde os homens tem autoridade para se envolver e até anular os votos delas. Isso é porquê, se o pai entende que a filha fez um voto sem o devido equilíbrio poderá anular e a jovem estará desobrigada diante do Eterno. E o mesmo acontece com a mulher casada.

Entretanto, se souber dos votos e não se pronunciar e mais tarde se arrependa de ter permitido e anular os votos, quem é cobrado por D’us é o pai ou o marido.

Sendo assim, entendamos o princípio de autoridade e submissão descrito nesse texto da Torá, pois como disse o apóstolo Paulo: “Porque somos criação de D’us realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais D’us preparou de antemão para que nós as praticássemos.” Ef 2:10.

Um Pouco da Porção Mass’ei


E escreveu Moisés as suas saídas, segundo as suas jornadas, conforme o mandado do Eterno; e estas são as suas jornadas, segundo as suas saídas.” Nm 33:2


Mass’ei é a forma plural possessiva da palavra hebraica “massá” que tem o significado de “saída”, “ponto de partida”, “viagem” ou “marcha”. Segundo o site Emunah a fé dos santos, implica não somente os lugares onde acampam os filhos de Israel, mas também as jornadas que se fizeram entre esses lugares.

Moshê anotou todas as viagens que os filhos de Israel fizeram no deserto. Os rabinos alegam que há vários propósitos pelos quais estes lugares foram citados pela Torá, vejamos alguns:

1- Para mostrar às gerações futuras que a saída do Egito de milhares de pessoas não é uma lenda. Há datas específicas de lugares e sucessos, que mostram que realmente estiveram ali. A maioria dos desertos descritos neste relato eram inóspitos. Um grande número de pessoas, homens, mulheres e crianças, jamais poderia ter sobrevivido em condições normais. Somente a intervenção divina podia suprir as suas necessidades naqueles lugares inóspitos.

2- Também para dar a conhecer a bondade do Eterno. Em 40 anos, viajaram 42 vezes. Como tal, não estiveram a vaguear de um lado para o outro a todo o momento, visto que em vários lugares ficaram acampados a longo prazo. Rashí menciona que só houve 20 viagens em 38 anos, porque se fizeram 14 viagens durante o primeiro ano, oito viagens depois da morte de Arão no quadragésimo ano. Além disso estiveram em Kadesh durante 19 anos. Durante o resto do tempo estiveram em 19 acampamentos durante 19 anos, que corresponde a uma média de uma viagem por ano.

3- Foram escritas para que os filhos de Israel soubesse que as suas peregrinações foram ditadas por um plano espiritual definido.

4- Foram escritas para que nos lembremos da viagem no deserto. Quando vivemos na prosperidade, há que lembrar os momentos difíceis que nos levaram até ali. Assim manter-nos-emos humildes e gratos. Se não tivesse sido pela provisão dada pelo Eterno, nunca o povo de Israel poderia ter chegado tão longe.

De acordo com o site Chabad, quando alguém reconta suas viagens, normalmente diz que viajou a um determinado lugar e lá permaneceu. A Torá, entretanto, ao recontar as jornadas dos filhos de Israel, emprega um fraseado estranho, sem mencionar chegada alguma. Além disso, a lista começa declarando:


"E Moshê escreveu as suas saídas, conforme as suas jornadas… e essas são suas jornadas conforme as suas saídas." Bamidbar/Números 33:2


Segundo o referido site, além da aparente inconsistência e redundância, o próprio significado do versículo é evasivo.

As palavras deste versículo contêm o seguinte significado alegórico: em nossas jornadas pela vida, como as viagens dos filhos de Israel pelo deserto, às vezes "viajamos" para fora do caminho que D'us preparou para nós, e nos tornamos perdidos em um deserto espiritual. Nestes momentos, os justos dentre nós "saem" para retificar o que fizemos; pela sua persistência pessoal no estudo e prática da Torá, guiam-nos de volta ao caminho certo pelo exemplo que estabelecem. Dessa maneira, após "nos afastarmos" de um lugar, eles "acampam" no próximo, significando que eles restabelecem o balanço celestial do universo, e restauram a direção do povo do Eterno à sua correta orientação.

Que possamos ter em mente sempre o registro de nossas caminhadas por esta vida, desde onde o Eterno nos tirou, os caminhos por onde passamos, e as situações as quais passamos, a fim de sempre estar em nossas mentes que dependemos da força do Eterno em nossas jornadas. Que possamos, ao encerrar o livro de Bamidbar/Números, declarar:


Hazak, Hazak, venit chazek! (Seja forte, seja forte e sejamos fortalecidos!)


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)


Bibliografia:


- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://shemaysrael.com/parasha-matot/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/42-_matot_tribos.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771049/jewish/Resumo-da-Parash.htm

-http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/43-_masei_caminhadas.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822863/jewish/Mensagem-da-Parash.htm

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