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sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Estudo da Parashá Devarim (Palavras)

 


Estudos da Torá


Parashá nº 44 – Devarim (Palavras)

Devarim/Deuteronômio Dt 1:1-3:22,

Haftará (Separação) Is 1:1-27; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 4:1-5:47.


1 - INTRODUÇÃO

A parashá desta semana aborda o início do livro de Devarim, onde Moshê faz os relatos sobre a história do povo de Israel, enquanto peregrinavam no deserto. Este é o quinto e último livro da Torá, e ele é conhecido na literatura rabínica como Mishnê Torá, ou seja, repetição da Torá. Falaremos sobre isso mais a frente. O conteúdo desse livro foi falado por Moshê aos filhos de Israel durante as cinco semanas finais de sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar em erets Israel (terra de Israel). Nele, Moshê explica e comenta muitas das mitsvot outorgadas previamente, e que já vimos em estudos passados e outras que aparecem pela primeira vez. Ele também os adverte continuamente a permanecer diligentes e fiéis às leis e ensinamentos de D’us.

Este relato faz uma retrospectiva dos fatos que ocorreram desde o momento em que Israel vê a derrota e morte dos egípcios no Mar de Juncos (Mar Vermelho), até o fim dos 40 anos que viveram no deserto.

A Parashat Devarim começa com a velada censura de Moshê, na qual faz referência aos numerosos pecados e rebeliões dos quarenta anos anteriores. Prossegue então relatando vários dos incidentes mais significativos que ocorreram com o povo judeu no deserto, lançando uma luz sobre as narrativas prévias da Torá.

Moshê fala da malograda missão dos espiões: dez dos doze homens enviados para vigiar a terra tinham voltado com um relatório negativo, e devido à falta de fé do povo, D’us condenou toda a nação a vagar por quarenta anos no deserto, tempo durante o qual a geração do êxodo morreu. Moshê então avança para discutir a conquista dos Filhos de Israel da margem leste do Rio Jordão. A Porção da Torá conclui com palavras de encorajamento para o sucessor de Moshê, Yehoshua. Muito há que ser lembrado, aprendido e observado por cada um de nós ao estudar essa porção.


2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

Estas são as palavras que falou Moshê a todo o Israel, de além do Jordão-Éver Haiarden, (a respeito) do deserto, da planície, de defronte do Mar Vermelho, entre Parán e entre Tófel, Laban, Chatserót e Di Zahab.” Dt 1:1


Sublinhei de propósito os termos “Estas são as palavras…”, pois há algo sobre o nome do livro aqui. Veja que este é o quinto e último livro da Torá, também conhecida como Pentateuco, mas que em hebraico é “Devarim” significando “palavras”, pois o livro começa da seguinte forma:

אלה הדברים – “Eleh Hadevarim” – “Estas são as palavras”.

Na Septuaginta este livro foi chamado de “Deuteronômio”, este termo vem do grego “deuteron+nómos” que significa “Segunda Lei” ou “repetição da Lei”. Conforme lemos na introdução deste livro na Torá da Editora Sêfer, do ponto de vista legal, moral e religioso, o livro de Devarim é considerado por muitos estudiosos das Escrituras como o livro mais importante de toda a Torá ou Pentateuco. Por seu profundo sentido humano, pode comparar-se coma melhor produção profética.

Maimônides, um grande rabino, também conhecia este livro como משני תורה(Mishnê Torah) – Repetição da Torá), por servir de influência para a criação das leis judaicas conhecidas como “halachá” הלכה(o andar, o caminhar).

Conforme mencionei antes, o livro que começamos a estudar, em hebraico é chamado: דברים-Devarim – Palavras. E assim como em todos os livros anteriores, a primeira porção recebe o nome do livro. Conforme dissemos no início dos estudos da Torá desse ano, isso ocorre por se utilizar uma das primeiras palavras que aparecem no texto em hebraico.

As palavras de Moshê


Vamos observar o texto original que inicia essa porção, para que possamos entender algumas coisas a respeito dessa parashá e deste livro em si.

אלה הדברים אשר דבר משה אל-כל ישראל

Elêh hadevarim asher diber Moshê El kol Israel

Estas são as palavras que falou Moshê a todo Israel.

De acordo com essa tradução, podemos seguir para o entendimento dos fatos que o texto nos descreve.

Em primeiro lugar devemos compreender que, assim como os outros livros, Moshê também escreveu esse, como está escrito em Dt 31:24:


Tendo Moshê acabado de escrever, integralmente, as palavras desta Torá num livro.”


Percebemos com isso que Devarim/Deuteronômio é uma reafirmação daquela Torá que já havia sido dada no Monte Sinai e nas planícies de Moabe. Este é diferente dos outros quatro livros da Torá, porque não reorganiza as palavras ditadas diretamente pelo Eterno, mas sim as que foram transmitidas por meio de Moshê, o maior profeta depois de Yeshua, conforme Hebreus 3:3-6.


Yeshua, porém, merece mais honra que Moshê, da mesma forma que o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa. Pois toda casa é construída por alguém, mas D’us construiu todas as coisas. Moshê foi fiel na casa de D’us, como o servo dá testemunho das coisas que D’us mais tarde tornaria públicas. Entretanto, o Messias, como Filho, foi fiel sobre a casa de D’us. E nós somos essa casa pertencente a ele, contanto que sustentemos com firmeza a coragem e a confiança inspiradas na esperança que temos.”


Sendo assim, este livro constitui uma repetição e explicação, através do profeta, da Torá que já tinha sido dada e entregue uma vez desde o céu. Por isso o livro começa dizendo: “São estas as palavras que Moshê falou a todo o Israel...”.

Isto não significa que não fossem as palavras do Eterno, mas sim que em vez de ter ditado as palavras diretamente, agora são filtradas pelo instrumento humano que havia chegado ao maior nível de profecia que existe. São as palavras do Eterno através de Moshê, como podemos ler no verso 3:


Falou Moshê aos filhos de Israel, segundo tudo o que o SENHOR lhe mandara a respeito deles”


Contudo, não são palavras ditadas diretamente pelo Eterno, pois a base para as palavras do quinto livro de Moshê já está estabelecida nos primeiros livros.

É importante lembrar que o fundamento de uma casa é aquele que sustenta toda a casa. Então, olhando por esse prisma os quatro primeiros livros da Torá foram completamente ditados letra por letra a Moisés e escritos com exatidão para serem o fundamento para este quinto e último livro. E sendo assim, os cinco livros, denominados de Torá do Eterno (que muitas vezes são chamados de Torá de Moisés como um substantivo, uma vez que ele foi o canal para que o povo pudesse recebê-la) são por sua vez, o fundamento para o restante das Escrituras. Os livros proféticos que logo foram acrescentados, começando com o livro de Josué, não mudam nada do fundamento, nem acrescentam nada ao fundamento, como está escrito em Dt 4:2:


Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos de HaShem, vosso D’us, que eu vos mando”


Veja também Dt 12:32:


Apliquem-se a fazer tudo o que eu lhes ordeno; não lhe acrescentem nem lhe tirem coisa alguma.”


Por esse motivo podemos entender que os livros dos profetas anteriores (Josué até 2 Reis) e dos profetas posteriores (Isaías até Malaquias), os escritos anteriores (Salmos até 2 Crônicas) e os Escritos posteriores (Mateus até Revelação), não podem acrescentar nada às palavras da Torá que HaShem deu a Moshê, nem tirar nada dela.

O fundamento da revelação Escrita foi dado um vez, e os demais livros não podem tirar nada ou acrescentar a esse fundamento. Todos os demais livros inspirados divinamente, vão explicando e trazendo luz sobre o que já estava escrito no fundamento, que é a Torá, conforme Ef 2:20:


edificados sobre o fundamento dos profetas e apóstolos, tendo Yeshua HaMashiach como pedras angular.”


Com isso, deve-se ter cuidado com conceitos novos que supostamente são tirados de alguma parte das Escrituras, que não são respaldados pela Torá, pois toda revelação que veio depois de Moshê, deve estar em conformidade com a Torá, de acordo com o que lemos em Jo 5:46:


Porque, se, de fato, crêsseis em Moshê, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito.”


Veja Romanos 3:21:


Mas agora, além da Torá (escrita), se manifestou a justiça de D’us (a Torá Viva – o Messias) testemunhada pela lei e pelos profetas;” Grifo meu.

Também Atos 26:22:


Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando testemunho, tanto a pequenos como aos grandes, nada dizendo, senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer”.


No estudo desta parashá do site “emunah a fé dos santos”, o autor diz que em uma carta que líderes messiânicos-israelitas na Guatemala enviaram às suas comunidades, consta o seguinte:


Consideramos que os livros que constam no Tanach (AT), assim como a Brit Hadashá (NT), foram escritos sob autoridade divina. Estes livros foram entregues a Israel para todo o mundo. Reconhecemos que a Torá de Moisés é o fundamento da fé e a máxima autoridade das Escrituras. O resto das Escrituras – os Profetas e os Escritos, incluindo a Brit Hadashá – não contradizem, acrescentam, ou retiram à Torá de Moisés, mas sim desenvolvem-na, explicando e revelando os mistérios que foram dados uma vez, para sempre”

O livro de Devarim/Deuteronômio, de acordo com alguns rabinos divide-se em três partes que correspondem aos três livros Êxodo, Levítico e Números, e é por esse motivo que é chamado de Mishné Torá (repetição da Torá). As três partes são as seguintes:

- 1:1 - 5:5 Moral e Advertências;

- 5:6 - 27:8 Leis diversas; e

- 27:9 – 34:12 Bênção e maldição.


Para outros estudiosos o livro se divide em quatro partes, de acordo com a Torá da Sêfer, a primeira e a última partes formam o marco de Devarim, restando a segunda e a terceira partes como seu núcleo fundamental. Seu conteúdo é quase que exclusivamente legislativo e é apresentado em forma de discursos.

Segundo o estudo dessa parashá no site Emunah a fé dos santos, ao comparar o livro de Devarim com os antigos documentos de pacto, que foram encontrados pelos arqueólogos, dos heteus e outros povos orientais do período de 1500 a 1300 a. E.C., que, entre outras coisas, regulavam a relação entre os reis e os seus súditos, constata-se uma estrutura muito similar, com introdução, reconto histórico, condições do pacto, o próprio documento do pacto, bênçãos, maldições, conclusão e duração do documento.

Com isso podemos perceber que dentro de um contexto de literatura, o livro de Devarim, segue o mesmo padrão de escrita da época.


Estas são as palavras que falou Moshê a todo o Israel, de além do Jordão-Éver Haiarden, (a respeito) do deserto, da planície, de defronte do Mar Vermelho, entre Parán e entre Tófel, Laban, Chatserót e Di Zahab.” Dt 1:1


Falando agora sobre o verso 1, vemos que os lugares ali mencionados são os mesmos lugares onde os filhos de Israel se rebelaram contra o Eterno durante a viagem.

Outro detalhe importante, nesta porção é que neste período os israelitas já estavam subjugando seus inimigos de uma forma muito fácil. E assim, aprendemos que enquanto estamos sendo provados pelo Eterno em nossos desertos, com certeza veremos os milagres de D’us, mas também teremos vitórias sobre os nossos inimigos e sobre todos aqueles que se levantam contra nós. Porém, isso só ocorrerá se houver obediência de nossa parte, mesmo em meio aos desertos e provações de nossas vidas.

Sucedeu que, no ano quadragésimo, no primeiro dia do undécimo mês, falou Moisés aos filhos de Israel, segundo tudo o que HaShem lhe mandara a respeito deles,” Dt 1:3


Moshê falou os seus três discursos, que constituem todo este livro, durante 36 dias, segundo a maioria dos rabinos e estudiosos, para logo morrer e ser sepultado no sétimo dia do décimo segundo mês. Este texto nos ensina que Moshê falou estas palavras, assim como todas as outras, fundamentando-se na revelação que o Eterno lhe dera para transmitir aos filhos de Israel. Segundo o mencionado estudo, Moshê é um bom exemplo para todos os pregadores da Palavra do Eterno.

Além do Jordão, na terra de Moabe, encarregou-se Moisés de explicar esta lei, dizendo;” Dt 1:5


A palavra hebraica que foi traduzida como “explicar” é “baar” que significa “explicar”, “esclarecer”, “comentar”, “expôr”.

Assim, podemos concluir que a Torá já tinha sido dada e que o que agora vem é uma explicação sobre esta. Como esta era uma nova geração, e os antigos já haviam perecido no deserto, agora era necessário explicar para eles o que o Eterno havia dito e relembrado o que aconteceu. Portanto, numa forma estrita, podemos dizer que a Torá são os quatro primeiros livros de Moisés, e o que vem depois são explicações, aplicações e comentários do que já fora dado desde o céu. Como já vimos antes, a base de toda a revelação divina escrita, está nos primeiros quatro livros de Moisés, que são o fundamento, juntamente com o toque final do fundamento, que é o livro de Devarim/Deuteronômio, que contém vários mandamentos.

Com isso podemos e devemos compreender o que Yeshua queria dizer, quando aparentemente falou sobre ter dado um “novo” mandamento, conforme João 13:34:


Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros”


O fato é que Yeshua não acrescenta qualquer mandamento, porque já havia sido dito anteriormente “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Um dos mandamentos, um dos pilares dos mandamentos, é renovado para que seja como novo. O que é introduzido pelo Messias é a verdadeira aplicação do mandamento, tomando a vida justa dele, como ele mesmo disse: “como eu amei”. Ele dá nova vida a um mandamento antigo, e dá a aplicação perfeita a esse mandamento de uma nova forma. O mesmo princípio encontra-se em 1 João 2:7-8 onde está escrito:


Amados, não vos escrevo mandamento novo, senão mandamento antigo, o qual, desde o princípio, tivestes. Esse mandamento antigo é a palavra que ouvistes. Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que é verdadeiro nele e em vós, porque as trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já brilha”.


Não se trata de uma nova Torá ou de um novo mandamento, mas sim, daquilo que os filhos de Israel ouviram desde o Sinai, e que tinham vindo a ouvir desde o princípio, desde o Gênesis.

Por isso, devemos ter em mente que acima de qualquer coisa devemos analisar, estudar e praticar a Torá. Assim como Moshê ensinou, os profetas falaram e anunciaram, Yeshua viveu e ensinou e os apóstolos. Cada um de nós deve olhar para o livro de Devarim com o entendimento de que o servo do Eterno Moshê havia dedicado toda a sua vida ao serviço de HaShem e ao povo escolhido, e agora às vésperas de sua morte resolve relembrar ao povo todas as palavras de D’us, ensinando-os e aconselhando-os. Que belo exemplo de servo! Vimos isso também nos profetas, em Yeshua principalmente, e nos apóstolos. E deve haver o mesmo sentimento e desejo em nós.

Que o Eterno lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)


Bibliografia:


- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

- http://shemaysrael.com/parasha-devarim/

-http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/44_-_devarim.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822833/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- http://talmidd.blogspot.com/2011/08/parasha-devarim-deut-11-322.html

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