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domingo, 7 de agosto de 2022

Estudo de Mateus 5 - Parte 4

 


Estudo de Mateus 5 – Parte 4


Mt 5:27-32


O propósito desse estudo é continuar a trazer mais entendimento a respeito do que o messias Yeshua ensinou e mostrar que todos os seus ensinos tinham como base as Escrituras Sagradas, ou seja, em sua época o TaNaK (Torá, Neviím-profetas e os Ketuvim-escritos). Mostrar que nada era meramente inventado para um suposto Novo Testamento que anularia os mandamentos do Eterno trazendo novos. Esses pensamentos advém de ensinos errados criados para dar base a dogmas inventados que nada tem com as Escrituras. Por isso mostraremos aqui os princípios claros e escriturísticos das palavras do mestre da Galil (Galiléia), Yeshua Natseret, HaMashiach.


Se você ainda não viu os estudos anteriores recomendo buscar e acessá-los para maior absorção do conteúdo, principalmente em relação ao capítulo 5, que estamos estudando, as partes 1, 2 e 3 trouxeram muitos entendimentos importantes.


Recapitulando

Vimos nos estudos anteriores que ao lermos ou ouvirmos sobre o Sermão do Monte lembramos das “bem-aventuranças”, e que é apenas o começo do ensino de Yeshua naquela ocasião, o ensino abrange do capítulo 5 ao 7. Vimos também como os servos do Eterno, que desejam fazer parte do Reino devem viver, e como é ser desse reino e quais as suas obrigações e responsabilidades com as pessoas deste mundo. Estudamos também que Yeshua mencionou o mandamento de “não assassinar” e ampliou o entendimento a respeito desse mandamento tornando-o mais claro. Agora veremos mais uma parte do ensino de Yeshua, em mais alguns versos desse sermão de Yeshua, junto com o que ele pretendia ensinar aos talmidim e aos ouvintes, e também a nós que o seguimos.


Façamos a leitura do Evangelho de Mateus 5:27-32 e depois, como sempre fazemos comentaremos os versos específicos com seus entendimentos corretos.


Ainda estamos na terceira seção, e estamos observando que Yeshua deu aos talmidim uma profunda perspectiva sobre a Torá de HaShem. Esta seção é muito mal compreendida no sistema religioso, pois muitos acham que Yeshua aqui está trazendo ensinamento contrário à Torá devido às supostas “antíteses (oposições)” mencionadas pelo messias ao apresentar casos que aparentemente são contraditórios, mas veremos que ele estava na verdade ensinando a mais pura Torá do Eterno.


Nos versos que estudamos na semana passada, vimos Yeshua falando: “Vocês ouviram que foi dito a nossos pais: Não assassine...Mas eu lhes digo…” Para as pessoas dentro do sistema religioso o que Yeshua está fazendo aqui é contradizer a Torá, eles pensam que o mestre está dando um mandamento melhor, uma vez que para eles os mandamentos são antiquados e muito legalistas. No entanto, essa forma que Yeshua usa fazendo contrapontos comparativos é uma técnica rabínica de ensino que era muito utilizada pelos rabinos e pelos fariseus em sua época. O propósito dessa forma de ensino, ao contrário do que se pensa, é mostrar com clareza o mandamento, mostrar de forma prática e limpa. A comparação serve para ampliar o entendimento e não anular o que foi falado.


Vejamos os versos 27 e 28:


Vocês ouviram o que foi dito aos nossos pais: Não adultere. Mas eu lhes digo: o homem que até mesmo olhar para uma mulher desejando-a ardentemente já cometeu adultério com ela no coração.”


O exemplo que Yeshua apresentou nesse ensino envolve os mandamentos referentes ao adultério e à cobiça. E aparentemente Yeshua contrapõe o mandamento do adultério com a cobiça, como se essa não estivesse na Torá. De modo geral, muitos que estão no sistema religioso cristão entendem que Yeshua criou um novo mandamento, uma vez que a Lei proibia o adultério e o Mashiach trouxe uma novidade ao proibir a simples cobiça com os olhos. Porém, esse raciocínio está completamente errado. A Torá do Eterno condena o adultério e do mesmo modo a mera cobiça. O primeiro cita o sétimo mandamento, “Não adulterarás”, registrado em Shemot/Êxodo 20:14. O segundo trata da cobiça, “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o ser servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”, registrado em Shemot/Êxodo 20:17.


O que ocorria então, para que Yeshua falasse dessa forma?

Na Torá, o adultério ocorria quando uma pessoa casada se envolvia sexualmente com outra pessoa além do cônjuge. E muitos se prendiam somente ao ato físico em si. Vejamos outro texto:


Se um homem cometer adultério com a mulher de outro homem, com a mulher do seu próximo, tanto o adúltero quanto a adultera terão que ser executados.” Vayicrá/Levitico 20:10


A lei era muito clara quanto ao fato de que ambas as partes, culpadas de adultério, deveriam ser condenadas á morte. Tal como fez com o sexto mandamento, Yeshua apresentou as implicações mais profundas deste mandamento em particular.


Yeshua estava corrigindo a falsa instrução haláchica de que somente o adultério é pecado, e que a cobiça com os olhos não consistia em transgressão aos mandamentos de HaShem. Esse ensino correto de Yeshua demonstra que ambas as condutas (o dultério e a cobiça) são desaprovadas pela Torá do Eterno.


O adultério começa frequentemente muito tempo antes de os atos serem cometidos. Do mesmo modo que o assassinato começa com a intenção de infligir dano permanente a um indivíduo, conforme vimos na semana passada, também o adultério tem início no momento em que um indivíduo lascivamente deseja outra pessoa, casada ou não com quem não está casado.


De acordo com os essênios, cujas ideias possuem profunda relação os ensinos de Yeshua, desejar ou cobiçar com os olhos já é um sinal de transgressão.


Os ensinos rabínicos, que derivam dos fariseus, da mesma forma equipara a cobiça ao adultério, podemos confirmar isso pelo Talmud Bavli:


Aquele que olha com cobiça para o pequeno dedo de uma mulher casada é como se já tivesse cometido adultério com ela.” Kalá, capítulo 1


O Midrash diz o seguinte:


Não é somente o que peca com seu corpo que é chamado de adúltero, mas aquele que peca com seu olho também é assim chamado” Midrash Rabá de Vayicrá/Levítico XXIII, 12.


Assim, o ensino que Yeshua estava passando sobre o adultério através da cobiça ou do olhar malicioso é harmônico com a Torá e também com os ensinos dos rabinos anteriores a ele.


Se seu olho direito fizer você pecar, arranque-o e jogue-o fora! É melhor você perder uma parte do corpo que ser lançado inteiro no Gei-Hinnom. E se sua mão direita fizer você pecar, corte-a e jogue-a fora! É melhor você perder uma parte do corpo que ser lançado inteiro no Gei-Hinnom.” Mt 5:29-30


Yeshua poderia ter sido mais claro na sua descrição sobre os perigos do pecado?

O mestre aqui estava falando o que se deveria fazer com os desejos carnais. Não era uma orientação para arrancar seus membros. Ele faz uma metáfora entre os membros do corpo com os desejos carnais, ou seja a Yetser Hará. Note que o Rav Shaul (apóstolo Paulo) faz algo idêntico, veja Romanos 7:24:


Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?”


Repare que Yeshua está trazendo um conceito bem claro de como agir. Assim, ele aponta uma maneira real e instantânea para aqueles pecados que foram mencionados. A solução é arrancar de si cada ponto da Yetser Hará que os faz pecar, como uma cirurgia. Utilizando metáforas muito fortes, Yeshua aconselha quem tem algum problema com desejos carnais que faça o que for necessário, se quiser entrar no Reino. Na prática, isto pode significar literalmente fugir da aparência do mal, seja tomando um caminho diferente para o trabalho, por fim a uma amizade muito querida, não se permitir estar em uma situação complicada, e outras coisas, isso ajudará a garantir a entrada na eternidade.


Como vimos antes, Moisés ou seja a Torá permitiu o divórcio, ainda que soubesse que o mesmo não fazia parte do plano original do Eterno. Depois de se dirigir aqueles homens casados com olhos vadios e de admoestá-los no sentido de controlarem os seus impulsos, Yeshua encoraja uma fidelidade matrimonial para a vida inteira.


Foi dito: Quem se divorciar da mulher deve dar a ela um get. Mas eu lhes digo: Quem se divorciar da mulher, exceto por causa de fornicação, transforma-a em adúltera; e quem se casar com a divorciada comete adultério.” Mt 5:31 e 32


Aqui nesse verso é importante destacar uma coisa, a palavra traduzida para divórcio na verdade significa repúdio, separação ou mandar embora. Houve um certo erro de tradução aqui, por causa do entendimento errado do contexto e por causa da sustentação da inviolabilidade do casamento. Não defendo o divórcio de forma alguma, mas preciso ser fiel ao contexto do ensino da Torá e de Yeshua.


Então, observando pelo contexto correto vejamos como este verso 31 seria: “Foi dito: quem repudiar sua mulher deve dar a ela um get (carta de divórcio). Mas eu lhes digo: quem repudiar sua mulher, exceto por causa de fornicação, transforma-a em adúltera, e quem se casar com a mulher repudiada comete adultério.


Aparentemente há uma contradição entre a Torá e o ensino de Yeshua. Os que defendem que Yeshua revogou a Torá dizem que a Lei permitia o divórcio, mas o mestre proibiu, com exceção do caso de adultério. E há outro texto nesse evangelho que fala sobre o mesmo assunto, em Mt 19:3-9, que é interpretado do mesmo jeito. Porém não é bem assim, o contexto da Torá, a qual Yeshua estava mostrando. Assim, vejamos qual o ensino do mestre.


Os fariseus e os homens na época de Yeshua sustentavam a ideia de que o divórcio é permitido pela Torá, o que é verdade, de acordo com o texto de Dt 24:1:


Se um homem casar-se com uma mulher e depois não a quiser mais por encontrar nela algo que ele reprova, dará certidão de divórcio à mulher e a mandará embora.”

O grande problema que estava havendo na época de Yeshua era que, os homens estavam repudiando suas esposas por qualquer motivo. Repúdio é mandar embora, mas para fazer isso era necessário dar o get (carta de divórcio), para que a mulher não ficasse comprometida com aquele homem. O get era o documento que anulava a ketubá, ou seja o contrato de casamento. E os homens estavam mandando as mulheres de volta a casa de seus pais sem lhes dar o get. Isso levava-as a se tornarem adúlteras, caso se relacionassem com outro homem. Ao dar o get o homem a libertava e precisava pagar certa quantia para o pai da mulher, mas eles preferiam não pagar, por isso apenas mandavam embora.


Uma vez que este era o pensamento da época, defender o repúdio pela Torá, Yeshua usa também a Torá para demonstrar que o Eterno não aprova o repúdio, exceto por causa de fornicação. Mas o fato de isso não ser aprovável pelo Eterno, não significa que ele proíbe o divórcio, uma vez que está na Torá. Retornaremos a este assunto quando vermos o capítulo 19 de Mateus.


Estude as Escrituras corretamente, afaste-se dos dogmas e entenderá corretamente os princípios bíblicos.


Que o Eterno lhes abençoe! Até o próximo.


Pr. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yossef)

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