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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Estudo da Parashá Bereshit - O Ruach do Eterno

 



Estudos da Torá

Parashá nº 1 – Bereshit (No Princípio)

Bereshit/Gênesis 1.1-6.8

Haftará (separação) Is 42.5-43.10 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 1:1-23 e Jo 1:1-2


Tema: O Ruach do Eterno


Essa semana reiniciamos o ciclo anual de estudos da Torá. E inicialmente, quero fazer uma breve introdução.

Para muitos será mais um ano de estudos, para alguns que iniciaram sua teshuváh no ciclo passado, esse será o segundo ano. O mais importante é que você está seguindo pelo caminho que o Eterno o colocou. A você que está iniciando os estudos da Torá nesse ano, temos no meu blog: SouPeregrinonaTerra.blogspot.com.br, todos os estudos do ciclo passado publicados lá em texto, e estão disponíveis para pesquisa além de muitos outros estudos. Também os estudos estão disponíveis em vídeo nos canais do YouTube Sou Peregrino na Terra e Kahal Teshuvah Brasil.

A todos eu digo, prepare-se para mais um ano de muito estudo das Escrituras Sagradas, de aprendizados, de respostas e principalmente, de muita prática na obediência aos mandamentos do Eterno. Entenda que de nada adianta aprender sobre as Escrituras se não colocar o aprendizado em prática. A cada porção semanal teremos um novo aprendizado ao qual precisamos começar a praticar.

No ciclo passado vim trazendo os conceitos iniciais de cada parashá, mostrando algumas palavras principais nas porções e dando um princípio prático. Esse ano, já estaremos pegando algum tema dentro de cada parashá ou das porções dos profetas e mesmo da Brit Hadashah para crescimento do nosso aprendizado.

Então, iniciemos com todo amor, zelo e dedicação o estudo desse novo ciclo.


RELEMBRANDO

Para os que já sabem será uma relembrança, para os que ainda não sabem será uma apresentação ao conhecimento.

O termo “Parashá” é uma palavra no singular que vem do hebraico e significa porção, no plural é “Parashiot”, significando porções.

O ciclo anual de estudos da Torá possui 54 parashiot ou porções de estudos semanais, que iniciam no primeiro dia da semana e encerra no shabat semanal. Cada porção semanal possui 7 porções menores chamadas de aliot, plural de aliá, que significa subida. Porque iniciamos a leitura e a meditação nas linhas da Torá desde o primeiro dia da semana, e vamos subindo uma a uma, dia a dia, até chegar na última que é lida no shabat. É importante ter isso em mente para que possamos compreender como devemos levar a sério o mandamento de estudar a Torá, conforme lemos no livro de Josué.


Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem sucedido.” Js 1:8


Por isso reúna com sua família e medite nas Escrituras durante a semana, lendo cada uma das aliot e suas separações ou haftarot dos profetas e sugestões dos Escritos Nazarenos. E se você estiver sozinho em teshuváh, não desanime, pois o Eterno é contigo, estude assim mesmo e seja luz para outros. Há uma multidão no engano do sistema religioso precisando serem despertados, mas você precisa se preparar e praticar.


A PARASHÁ DA SEMANA


Como falado logo no início, essa semana estudamos a primeira parashá, chamada de Bereshit que significa no início ou no princípio. Bereshit é o nome do livro e o nome da porção, assim como é a primeira palavra que aparece no texto em hebraico. Este é o livro dos começos. Ele conta o começo da criação, o começo da vida do homem, o começo da transgressão ou pecado, o começo de uma família que reiniciou a humanidade, o começo dos que buscam a D’us, e o começo do povo hebreu. Assim, iniciamos o estudo da Torá pelo livro dos inícios, e na Torá do Eterno durante esse ciclo, conforme já disse encontraremos muitas respostas para perguntas que nunca foram respondidas pelas teologias do sistema religioso.

Segundo o Rabino Isaac Dichi, no Pirkê Avot (Ética dos pais), os sábios de Yisrael dizem “Hafoch bah vehafoch bah, dechola vah”, ou seja, todas as ciências encontram-se na Torá. É necessário apenas revirar bem suas folhas para encontrarmos o que desejamos. Por isso a estudamos diariamente, semanalmente, anualmente. A Torá, tanto a Escrita quanto a oral, ainda de acordo com o mencionado autor, trata de inúmeros assuntos. Os que se dedicam no seu estudo sabem que, quando surge algum problema, basta abrir o lugar adequado para encontrar a resposta. Com isso, compreenda que nas Escrituras Sagradas obtemos as respostas.


Estudo do Texto da Parashá


No princípio, D’us criou os céus e a terra. A terra era informe e vazia, havia trevas sobre a face da profundeza, e o espírito de D’us pairou sobre a superfície da água.” Bereshit/Gn 1:1,2


O primeiro verso nos mostra que o Eterno, o criador de todas as coisas, criou no início de tudo, os céus e a terra. E às vezes podemos ser levados a pensar que ali ele criou tudo, porém o entendimento no contexto original é mais amplo e profundo. O comentário da Torá da Editora Sêfer, a respeito desse primeiro verso, diz que nele vemos a intenção evidente de dar ao homem a consciência de que tudo se deve à Criação Divina. Os mitos antigos atribuem a existência do mundo ao resultado das lutas dos múltiplos deuses, ou como nascido da casualidade e do capricho. Porém, ainda de acordo com o comentário, a Torá quer nos mostrar o Universo como expressão da vontade Divina, a Criação como princípio de tudo, e não a Criação em si, mas a Providência, isto é, o próprio D’us, como Criador, Legislador e Condutor do Universo.

Com isso, podemos inferir que dessa maneira, o Eterno sendo o criador e não tendo uma forma definida, pois é espírito (ruach), se aproveitou disso para executar a obra da criação. E a Torá está nos mostrando isso claramente, dessa maneira falaremos um pouco neste estudo da parashá Bereshit sobre o Ruach do Eterno.

Ainda precisamos ver algo antes de adentrar no assunto propriamente dito. No verso 2 lemos a palavra “vã” ou na tradução que usamos acima “informe”, em outras traduções temos os termos “sem forma e vazia”. O termo “vã” vem da interpretação da tradução aramaica de Onkelos, segundo o cometário da Torá da Editora Sêfer, o exegeta Rashi explica que a palavra hebraica “tohu” (vã) traz o significado de assombro e consternação pela vacuidade ou vazio em que se encontrava a terra. Isto quer dizer que, ao ser criada a terra pelo Eterno, ela estava vazia, não tinha nada a não ser provavelmente, uma coisa, que veremos adiante.

E podemos fazer uma pergunta: Como no verso 2 diz que o ruach se movia sobre a face das águas, se o texto do verso 1 diz que o Eterno criou os céus e a terra? De onde veio a água, se ela ainda não tinha sido criada?

Na verdade as águas foram criadas no mesmo momento dos céus. Observe que em hebraico temos o seguinte no verso 1: “Bereshit bará elohim et hashamayim veet haarets.” Repare na palavra sublinhada “hashamayim” que significa “os céus”, observe que “ha” é o artigo definido plural “os”, e “shamayim” é o substantivo “céus”. No entanto, dentro dessa palavra há uma outra palavra que representa o elemento “água”. Em hebraico “águas” é “mayim”. Por isso quando lemos que o Eterno criou “hashamayim”, podemos inferir perfeitamente que estava criando tanto “os céus” como também “as águas”, no mesmo momento. O hebraico responde muitas coisas. Nesse sentido, há ainda interpretações de rabinos antigos que afirmam que as águas já existiam antes da criação dos céus e da terra.

Então, tendo entendido um pouco do princípio da criação relatada no verso 1 e da primeira parte do verso 2, nos voltemos à segunda parte do verso 2, que diz: “...e o espírito de D’us pairou sobre a superfície da água.” Em outras versões lemos: “...e o espírito de D’us se movia sobre a face das águas.”

A expressão “...e o espírito de D’us se movia…” é de difícil entendimento para muitos tradutores, pois tem um sentido de difícil captação por causa da nossa limitação para compreender a infinitude do Eterno. Mas também ocorre a falta de entendimento por causa da ausência de estudo e compreensão da Torá e dos profetas em seu contexto original, ou seja, o contexto da cultura da época, o contexto judaico.

Segundo Rashi, a expressão aponta para que o trono Divino(representação de autoridade, poder), que movia-se por ordem de D’us e por meio de alento ou ruach (sopro, vento) exalado por sua boca, sobre a face das águas, aparentemente para dar alento da vida à matéria inanimada, conforme podemos ler em Gn 2:7 e Isaías 42:5, abaixo:


Então o Eterno D’us formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente.” Gn 2:7


É o que diz D’us, o Eterno, aquele que criou o céu e o estendeu, que espalhou a terra e tudo o que dela procede, que dá fôlego aos seus moradores e vida aos que andam nela:” Isaías 42:5


Ainda segundo o mencionado comentário da Torá, a tradução aramaica de Ionatan bem Uziel diz: “...e o espírito de misericórdia procedente de D’us soprava sobre a face das águas.” E Rashi, ainda propõe que o primeiro versículo de Bereshit/Gênesis, seja traduzido assim: “No princípio, ao criar D’us os céus e a terra, a terra era vã ...”, isso pois, segundo ele, as Escrituras Sagradas não querem mostrar a ordem da Criação, e a prova disso é o final do segundo versículo, que sugere que as águas já existiam antes dos céus e da terra. Sendo assim, vemos que o ruach ou espírito do Eterno estava se movendo ou soprando, sobre algo que fora criado e que a possível intenção era dar vida, gerar a vida, uma vez que a água é o apontamento para a Torá, que é o elemento purificador que dá vida a tudo.

Mas precisamos então, entender o contexto correto de “espírito” dentro do visão da Torá e dos profetas, para termos uma compreensão mais ampla do que está acontecendo aqui nestes primeiros versos da Torá.

Desde que o sistema religioso foi criado e também as doutrinas dogmáticas que firmam esse sistema, que o ensino e compreensão das pessoas acerca de “espírito” é muito diferente do que dizem as Escrituras e o povo para quem elas foram escritas. No meu canal no YouTube, Sou Peregrino na Terra, temos dois vídeos que tratam sobre esse tema, com o título: “O que as Escrituras falam sobre espírito?”

O entendimento da maioria das pessoas é que espírito seria uma forma espectral, espiritual dos corpos. Para eles seria um corpo formado de matéria desconhecida, que tem vida própria. Segundo o site Yeshua Melekh, algumas pessoas enfeitam um pouco mais o assunto, atribuindo a estes corpos asas para que eles possam voar. Será que essas ideias religiosas dos sistemas religiosos estão de acordo com as Escrituras?

Vejamos então, primeiramente uma definição. O termo hebraico que geralmente é traduzido como “espírito” é “ruach” - ר֫וּחַ que também significa “vento, sopro, mover e poder”. Assim, o termo ruach pode ter os seguintes significados: “espírito, vento, sopro, mover e poder. E de fato, encontramos nos textos sagrados essa palavra com tais contextos. Vamos analisar alguns trechos com o termo “ruach” ou com suas variações no hebraico, que colocarei entre colchetes.

O primeiro trecho que vamos verificar está em Mish’le Shelomoh/Provérbios 15:4, veja:


"A língua benigna é árvore de vida, mas a perversidade nela deprime o espírito[beruach]."


O termo בְּרֽוּחַ - beruach é a preposição “be” – “em”, mais o radical da palavra “ruach”. Temos ainda outro texto em Shemot/Êxodo 14:21, que diz:


Então Moshê estendeu a sua mão sobre o mar, e o Eterno fez retirar o mar por um forte vento[beruach] oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas."


Ainda podemos ver também outro texto em Yov/Jó 15:30:


"Não escapará das trevas; a chama do fogo secará os seus renovos, e ao sopro[beruach] da sua boca desaparecerá."


Perceba que o contexto é bem transparente nas duas últimas referências citadas, não deixando dúvidas sobre a tradução. O fato é que “ruach” tem o significado de “vento” e “sopro”. E talvez então, você se pergunte: “Não temos dentro de nós um espírito, mas um sopro?” E eu te respondo com o texto da Torá, veja:


E formou o Eterno Elohim o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.” Gn 2:7


Note um fato importante, de maneira nenhuma o texto está nos falando que temos um espectro dentro de nós, pelo contrário, nos diz que o Eterno soprou vida no homem. Veja que nem mesmo o termo “ruach” está neste verso.

O termo “ruach” precisa ser entendido dentro do seu contexto original, o pensamento semita. E dentro deste contexto “ruach” não significa um ser espiritual ou espectral, mas sim, vento ou sopro. Podemos entender que o vento não pode ser visto e nem tocado, quando ele sopra nós apenas o ouvimos e sentimos, mas não sabemos ao certo de onde vem ou pra onde vai. Por isso, Yeshua usa a metáfora do vento em Jo 3:8 ao se referir sobre os que são nascidos de D’us, ou do espírito, veja:


O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do espírito”. João 3:8


Preste atenção ao fato de Yeshua usar o vento que sopra em um exemplo para algo maior. O entendimento que vem do Eterno não sabemos também de onde vem, e nem para onde vai nos conduzir, pois é algo que está além de nossos planos. Com isso, repare que já podemos compreender o termo “ruach” além de “vento e sopro”, podemos vê-lo também com o significado de “mover” ou “motivação”. Observe mais um texto, agora do profeta Yeshayahu/Isaías:


"Quando o Eterno lavar a imundícia das filhas de Tziyon, e limpar o sangue de Yerushalayim, do meio dela, com o espírito [beruach] de justiça, e com o espírito [uberuach] de ardor." Yeshayahu/Is 4.4


Observe que, claramente no verso acima o termo “ruach” não tem a intenção de mostrar um ser espiritual ou um espectro, mas um “mover” de justiça e um “mover” de ardor. O que Isaías está querendo mostrar em sua fala profética? Ele está mostrando que o mover de justiça fará com que as pessoas busquem justiça com ardor, ou seja, buscar obedecer a Torá do Eterno fervorosamente, e isso não tem nada a ver com seres espectrais. Retornemos portanto, a um texto na Torá, no livro de Shemot/Êxodo:


Falarás também a todos os que são sábios de coração, a quem eu tenho enchido do espírito [ruach] da sabedoria, que façam vestes a Aharon para santificá-lo; para que me administre o ofício sacerdotal.” Ex 28:3


Aqui nesse verso que citamos, também podemos perceber que o termo “ruach” significa um mover de sabedoria, e nada de espírito como um ser espectral. Outro fato importante que precisa ser observado, é que este verso como na maioria das versões é traduzido de forma tendenciosa ao mencionar a qualidade ou adjetivo do “espírito”. O cristianismo entende como “espírito da sabedoria”, que seria outro nome para a terceira pessoa da trindade, conhecido por eles como “espírito santo”. Entretanto, quando vamos para o contexto original da língua hebraica e da cultura do povo, o entendimento verdadeiro fica muito claro. Observamos no hebraico que não existe o artigo definido, veja ר֣וּחַ חָכְמָ֑ה ruach chakh’mah. Aqui, a tradução correta deveria ter siso “espírito de sabedoria”, sem o artigo definido, o que nos leva ao entendimento que o “mover de sabedoria” não se trata de um ser, uma pessoa, mas uma motivação, uma intenção do Eterno.

Com isso, através da mesma linha de raciocínio, também podemos compreender que ruach hakodesh, geralmente traduzido como “espírito santo”, e geralmente colocam em maiúscula, deve ser entendido como “espírito do santo”, “espírito da santidade” ou “mover do santo”. E claramente, não é um ser a parte do Eterno, já que é dele, ou seja, o mover do Eterno. É o poder dele sendo manifesto. É o próprio Eterno realizando seu mover, destruindo assim, com um dos principais dogmas do sistema religioso, ou seja, a terceira pessoa da trindade. Note ainda que o próprio Yeshua diz que o Eterno é espírito ou ruach, veja:


No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito [beruach] e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. D’us é espírito [ruach], e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito [beruach] e em verdade”. Jo 4:23,24


Porém, nem todo ruach ou mover, vem do Eterno, segundo o site Yeshua Melekh, algumas vezes o mover pode surgir do nosso próprio entendimento. Vejamos alguns versos na Torá que nos comprovam isso.


"Fala aos filhos de Yisra’el, e dize-lhes: Quando a mulher de alguém se desviar, e transgredir contra ele, de maneira que algum homem se tenha deitado com ela, e for oculto aos olhos de seu marido, e ela o tiver ocultado, havendo-se ela contaminado, e contra ela não houver testemunha, e no feito não for apanhada, e o espírito[ruach] de ciúmes vier sobre ele, e de sua mulher tiver ciúmes, por ela se haver contaminado, ou sobre ele vier o espírito[ruach] de ciúmes, e de sua mulher tiver ciúmes, não se havendo ela contaminado," Bemidbar/Nm 5:12-14


Repare bem que o texto deixa claro para nós, que o ruach de ciúmes é um mover que surge no próprio homem. Este ciúmes pode ser devido a uma suspeita apenas ou pode ter uma base verdadeira, mas o fato é que houve um mover que motivou o homem a sentir o ciúmes, por esse motivo a Torá o chama, conforme algumas traduções, de “espírito de ciúmes”, ou em uma tradução mais correta, “mover de ciúmes”. Diferentemente do que o sistema religioso ensina para as pessoas, o “espírito de ciúmes” não é uma entidade maligna, pois não dá motivo algum no texto para se interpretar dessa maneira. Vejamos outro texto que mostra como o “mover” pode surgir da compreensão humana.


Ora, sendo Esav da idade de quarenta anos, tomou por mulher a Yehudhith, filha de Be’eri, heteu, e a Bashemath, filha de Elon, heteu. E estas foram para Yitz’chak e Riv’kah uma amargura de espírito[ruach].” Bereshith/Gênesis 26.34-35


A fazer menção das esposas de Esav, a Torá diz que elas trouxeram para os pais dele uma “amargura de espírito”. Como podemos entender isso? As esposas de Esav foram péssimas noras, e isso gerou tristeza em Yitz’chak e Riv’kah. O reconhecimento de que elas eram péssimas noras foi o fato gerador da “amargura de espírito”, e isso nada tem a ver com um ser ou entidade espiritual amargurado ou que gere amargura, a situação levou ao sentimento. Sendo portanto, o termo “ruach” aqui nesses versículos a suspeita e o sentimento de amargura.

Também podemos destacar que nos escritos nazarenos, conhecidos como Novo Testamento, onde o termo “ruach” foi mal traduzido e por isso, mal interpretado, veja:


porque por meio do Messias Yeshua a lei do espírito [ruach] de vida me libertou da lei do pecado e da morte. Rm 8:2


Perceba que Rav Sha’ul, o apóstolo Paulo, estava falando em seu ensino aos nazarenos de Roma, que por causa da vida justa de Yeshua, o messias, a lei do mover de vida o tinha libertado da lei do pecado e da morte. Ele não estava falando de um ser, uma entidade, mas que por causa do que Yeshua fez, o mover ou poder de vida o tinha libertado. E repare ainda, que as traduções, tendenciosamente, trazem em alguns textos a palavra “espírito” com letra maiúscula a fim a corroborar com o dogma de que é uma pessoa, um ser espectral ou espiritual, e que faz parte de uma trindade.

Assim, é possível ver claramente, que a forma do entendimento comum que as pessoas recebem no sistema religiosos a respeito de espírito, está bastante distante daquilo que as escrituras nos informam dentro do contexto original. As Escrituras Sagradas há milhares de anos atrás nos revelam um entendimento que as pessoas na modernidade ainda não foram capazes de compreender. Se a Torá e os profetas são a nossa base de fé, então devemos entender o que as Escrituras dizem a respeito de espírito, e a mesma nos mostra que espírito é um vento, sopro, mover ou poder, e não um “ser”, uma “entidade” espectral. Nossa compreensão, no contexto das Escrituras, a esse respeito, deve ser a de que o termo espírito aparece, entre outras, das seguintes formas:

- Um vento ou sopro;

- Um sopro que pode representar vida;

- Um mover que vem do Eterno;

    - Um mover que surge no próprio homem;

    - Um mover que gera suspeita ou o próprio sentimento de suspeita; e

    - Um mover que gera sentimentos, tendo ou não a ação do homem.

Por isso, ao nos voltarmos para o texto dessa parashá que estamos estudando, onde a Torá nos fala que o “...e o espírito de D’us se movia sobre a face das águas. estamos na verdade, vendo a Torá nos mostrando que, o vento de D’us, ou o mover de D’us, ou o poder de D’us, ou o sopro de D’us se movia sobre a face das águas. E que esse ruach ou mover do Eterno estava gerando o processo de criação para quando o Eterno falasse “haja” a execução da criação acontecesse. Era o poder o Eterno fluindo como um sopro, um alento sobre as águas, aguardando o momento correto para criar. Não era uma pessoa de D’us, como o dogma trinitariano tenta mostrar. Não era uma emanação de D’us como dizem outros. O Eterno é ruach!

Que possamos buscar a cada dia a compreensão verdadeira das Escrituras, e aplicá-la em nossa vida diária. Que o mover do Eterno haja em nossas vidas para que sejamos sempre direcionados para a obediência e prática da Torá.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


Bibliografia:

- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa de David H. Stern

- Nos Caminhos da Eternidade, Rabino Isaac Dichi

- https://www.yeshuamelekh.com.br/o_conceito_tanaico_de_espirito

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