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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Estudo da Parashá Ha'azinu e Vezot Habrachá

 


Estudos da Torá


Parashá nº 53 – Há’azínu (Dêem ouvidos!)

Parashá nº 54 – Vezot HáB’rachá (E esta é a benção)

Devarim/Deuteronômio Dt 32:1-52 e Dt 33:1-34:12

Haftará (Separação) 2Sm 22:1-51; e Js 1:1-18; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Rm 10:14-21; Jo 20:1-31; Hb 12:28 e 29 e Rm 7:21-25



1 - INTRODUÇÃO

Essa é a última semana do ciclo de estudo da Torá de 2021 a 2022, e estudaremos as duas últimas porções, a parashá Ha’azínu e a Vezot Habrachá.

Em primeiro lugar, a porção Ha’azínu é na verdade, a continuação da porção passada, pois aqui está a canção que havia sido mencionada em Devarim/Deuteronômio 31:16-19.

Ela é um poema, uma canção chamado Ha’azínu, que começa invocando a terra e o céu juntando-os a este final de trajetória de Moshê em Devarim, transportando-nos do início de Bereshit/Gênesis até este momento do livro de Devarim/Deuteronômio, que é o livro final da Torá.

Depois temos a última porção da Torá, chamada “Vezot Haberachá”, cujo significado é “e esta é a benção”. Esta parashá descreve as últimas palavras de Moshê ao povo de Israel. Depois de elogiar a nação por acolher a Torá, conforme afirma o site Chabad, Moshê concede bênçãos específicas e proféticas para cada uma das tribos, de acordo com suas responsabilidades nacionais e grandeza individual, e então abençoa a nação como um todo.

Vejamos o que estas últimas porções nos ensinam e o que poderemos, à partir daí, passar a praticar em nossas vidas.


2 - Há’azínu

O significado do termo hebraico “Há’azínu” é “ouvi, ouça ou deem ouvidos”. É a primeira palavra que aparece no texto hebraico.

Disse anteriormente, que essa porção era a continuação da parashá “Vayelech”, isso porque nela Moshê introduz a canção Ha’azínu informando ao povo a principal função dele:


"E disse o Eterno a Moshe: Eis que tu estás para jazer com os teus pais, e levantarse-á este povo, e errarás atrás de deuses estranhos...e violará a aliança que fiz com ele. Então crescerá o Meu furor contra ele, naquele dia; e o abandonarei, e ESCONDEREI o meu rosto dele...E agora, escreverei para vós este cântico, e tu ensina-o aos filhos de Israel...para que este cântico Me seja por testemunha contra os filhos de Israel..." Dt 31:16-19

Ou seja, o propósito do poema é guiar o povo durante os tempos difíceis e nas provações, em que se pudesse pensar que D’us os tenha deixado, para que se lembrem de que no momento em que se arrependessem e fizessem teshuvá (retorno/conversão) o Eterno os livraria.

Este cântico de Moshê fala de toda a história de Yisrael, desde o princípio até ao final. Ou seja, a canção Ha’azinu descreve poeticamente o que acontecerá ao povo até o fim dos dias. Prevê seu castigo por transgredir o pacto com D’us, e descreve como, por fim, D’us punirá aqueles que erraram contra eles no exílio.

A palavra hebraica para canção é “Shira” e no plural “Shirot”, e segundo o midrash, o ensino dos antigos, há dez shirot, ou canções proféticas, das quais Ha’azinu é a quarta, vejamos um pouco sobre isso.

- Adam recitou a primeira shira no Gan Eden. Ele compôs "mizmor shir leyom haShabat/ Uma canção, um poema para o Shabat", na qual louvou a grandeza do Shabat.

- Nas praias do Mar Vermelho Moshê e B’nêi Yisrael entoaram uma shira pela sua miraculosa libertação do exército do faraó.

- B’nêi Yisrael entoou uma canção em louvor ao Poço de Miriam (parashat Chucat).

- Moshê ensinou ao povo a canção de Ha’azinu no dia de seu falecimento. Esta é a que estamos estudando.

- Quando Yehoshua/Josué lutou com os Emoritas em Givon e o sol milagrosamente deteve seu curso em benefício do exército judaico conquistador, Yehoshua cantou uma shira.

- Devora e Barak compuseram uma shira quando D’us entregou os inimigos em suas mãos, incluindo o general canaanita Sisra (Shofetim 5).

- Quando Chaná/Ana deu à luz Shemuel/Samuel, após ter sido estéril durante muitos anos, ela louvou D’us com uma canção profética (Shemuel 2).

- O Rei David, no final da vida, compôs uma shira de agradecimento a D’us por tê-lo salvado de todos os seus inimigos (II Shemuel 22).

- O Rei Shelomô/Salomão escreveu Shir Hashirim.

- E por último, a décima e mais bela canção será entoada pelo povo quando D’us o redimir do atual exílio.


Ainda de acordo com o Midrash, embora as primeiras nove canções sejam chamadas shira, no gênero feminino singular, a décima é denominada shir no masculino singular, pois está escrito: "Naquele dia este shir será cantado na terra de Yehuda" (Yeshayáhu 26:1). A décima canção, porém, marcará o fim de todos os exílios; não será seguida por qualquer sofrimento ou provação. Por isso, devemos entender que este será o momento da redenção final em que o messias Yeshua estará redimindo aos servos fiéis, e dando entrada a seu povo no reino do Eterno, finalizando com os sofrimentos dos seis milênios anteriores.

Ouvi, ó céus, e falarei

Os primeiros versos dizem:


Ouvi, ó céus, e falarei, e ouça a terra os ditos da minha boa.

Que meu ensino caia como a chuva.

Que meu discurso se condense como orvalho,

como chuva ligeira sobre a folhas da relva

ou como aguaceiros sobre as plantas em crescimento.”


Sobre estes versos o comentário da Torá diz que nessa parashá, Moshê se dirige aos céus e à terra para que ouvissem as suas palavras, ele estava dizendo como em outras vezes nesse livro, que os céus e a terra seriam testemunhas de que as palavras da Torá de HaShem são como a chuva que cai. Segundo o Midrash (Ialcut 942), a razão desta magnífica invocação foi a seguinte: Eu – disse Moshê – sou um ser de carne e osso, sujeito a morrer; os meus sucessores também o serão; se o povo de Israel vier esquecer a Lei e transgredir a Divina aliança, quem lhe fará lembrar a sua desobediência e infidelidade? Eu vou chamar contra eles testemunhas permanentes, os céus e a terra. (...) É a vós que eu invoco; eu chamo os céus e a natureza inteira para encaminhar Israel no caminho do bem e desviá-lo da via do mal e da ingratidão humana. Que os céus e a terra sejam os eternos censores do povo de D’us. Nós, os condutores dos povos, passamos, e vós ficareis para sempre.

Podemos entender que Moshê, inspirado por D’us, chama duas testemunhas pelo povo de Israel, os céus e a terra, para que eles se lembrassem da aliança que fora firmada nessa Torá. E podemos ver Yeshua lembrando-os do compromisso dessas duas testemunhas, quando afirma que não veio abolir a Lei, mas veio cumprir. E relembra que enquanto existirem céus e terra, nada da Lei passaria até que tudo se cumprisse, veja Mt 5:17-18.


"Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra. Mateus 5:17,18


Os céus e a terra são duas testemunhas contra Israel, conforme Dt 30:19; 31:28, porque testemunham toda a sua história. Na verdade são três testemunhas, porque a palavra hebraica para céus “shamayim”, está escrita na sua forma plural, ou seja, pelo menos um par de céus. A história de Israel, de acordo com o site Emunah a fé dos Santos, está escrita tanto nos céus como na terra. Estas duas ou três testemunhas, serão os primeiros a “atirar pedras” contra Yisrael se cometerem infidelidade contra o pacto, em conformidade como que lemos em Dt 11:17 e 17:7.

Por isso podemos entender que o Eterno criará novos (ou transformará os atuais) céus e terra depois do milênio, para que estas duas testemunhas nada tenham a apontar a Yisrael, lembrando a sua história de desvios e pecados.

Em Isaías 65:17-18 está escrito:

“Porque eis que eu crio céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, gozo.”

Em apocalipse 21:1 diz:


E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.”


Os céus e a terra são tomados como testemunhas por causa da sua firmeza, conforme Jeremias 31:35-37. O rolo da Torá pode ser queimado, mas não as estrelas nem as pedras (Os Dez Mandamentos). São testemunhas muito firmes.

A importância da Torá

“Goteje a minha doutrina como a chuva, caia como o orvalho meu discurso;”


Moshê declara que a Torá, como a chuva, traz a vida. Ele continuou: ‘Céu e terra serão testemunhas de que eu agora estou proclamando que a Torá é como a chuva."

Por que Moshê comparou a Torá com a chuva?

A chuva representa a Torá Escrita, que vem diretamente do céu em quantidades que não se podem medir. O orvalho pode representar a boa halachá, ou seja, o passar da teoria à prática, o caminhar em conformidade com a Torá.

O site Chabad também dá uma interpretação para o fato de Moshê ter comparado a Torá com a chuva. Diante de vários motivos relaciono alguns abaixo:

- Assim como a água é vital para a sobrevivência do universo, assim é a Torá;

- A água é um purificador muito importante. Da mesma forma, a Torá purifica e eleva aqueles que a estudam e cumprem pelo mérito do Céu;

- Assim como a chuva não cria uma nova planta, mas apenas desenvolve e amadurece uma semente ou planta já existe, também a Torá desenvolve as sementes no coração da pessoa.


Moshê ainda disse mais no verso 2, ele disse: “...caia como orvalho o meu discurso;...”

Depois de comparar a Torá com a chuva, ele também a comparou ao orvalho. Mas por quê?

Entenda, de acordo com os rabinos, a chuva pode até aborrecer algumas pessoas, pois pode incomodar viajantes nas estradas e as pessoas com barris de vinho abertos, cujo vinho poderia se estragar. No entanto, para que não se tenha uma ideia errônea a respeito da Torá, e de que talvez ela possa fazer alguém infeliz, Moshê explicou que não é este o caso. A Torá, a esse respeito, é também como orvalho. Todos, sem exceção, se alegram ao ver o orvalho cair. Sendo assim, devemos entender que a Torá traz apenas felicidade.

Por isso vemos o salmista dizer a respeito da Torá: “Felizes são aqueles cujo caminho da vida é irrepreensível, que vivem pela Torá de Adonai!”Salmo 119:1


Moshê estava dizendo aos filhos de Israel que, assim como ele arriscou sua vida quando permaneceu quarenta dias no Monte Sinai entre os anjos, eles deveriam também estar preparados para se sacrificarem pela Torá. E que sacrifício seria esse? A renúncia à suas próprias vontades a fim de obedecer a vontade de Adonai, escrita na Torá.

Essa declaração de Moshê também continha uma prece, que esta mensagem não deveria ser ignorada, mas entrar nos corações do filhos de Yisrael: “Que meus ensinamentos sejam agradáveis a B’nei Yisrael, como a chuva; que minhas palavras sejam bem aceitas por ele como orvalho; como os ventos soprando nas campinas no outono; e como a chuva de primavera que irriga os campos no mês de Adar.”

Segundo os ensinamentos do site “Chabad”, pode-se assim, também dizer que “meus ensinamentos” refira-se à Torá Escrita, e que “minhas palavras” à Torá Oral.

Que possamos desejar tanto e cada dia mais aprender da Torá, que esse desejo nos leve a buscar, a escavar mais e a pesquisar mais. Que bebamos cada dia dessa fonte que é a Palavra do Eterno, a qual Yeshua disse à mulher samaritana em Jo 4:6-15. E ao aprendermos possamos praticar com sinceridade e amor a cada mandamento que aprendemos.


Sobre a Justiça.


Proclamarei o nome do Senhor. Louvem a grandeza do nosso Deus! Ele é a Rocha, as suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto ele é.” Deuteronômio 32:3,4


No versículo 4, lemos "...Ele é a Rocha, suas obras perfeitas...", Moshê também aludiu aos eventos que diziam respeito à sua pessoa. No dia de seu falecimento, Moshê reconheceu publicamente a justiça do veredicto de D’us.

Ele não queria que os hebreus pensassem que D’us agia injustamente com ele ao não permitir que entrasse em Erets Yisrael. Portanto, ele explicou que D’us é leal ao recompensar os tsadikim no Mundo Vindouro. Assim, Moshê descreveu o Eterno como "a Rocha", numa alusão ao seu pecado de golpear a pedra nas Águas de Merivá, pelo qual ele estava então sendo punido.

Assim como um grande profeta como Moshê reconheceu a justiça de D’us no dia de sua morte, devemos fazer da mesma forma e reconhecer a justiça de HaShem, bem como quando sabemos da morte de alguém. Pronunciamos a bênção: "Bendito sejas Tu, D’us, nosso D’us, Rei do mundo, o verdadeiro Juiz."

Moshê explica aos hebreus que todo pecado é auto-infligido; D’us não deve ser culpado por isso: "Se vocês se atolarem no pecado, é por sua própria culpa. Vocês, os amados filhos de D’us, desse modo se tornam uma geração corrupta e perversa. "Além disso, quando vocês pecam, estão se corrompendo. Prejudicam a si mesmos, não a D’us ."


3 - Vezot HáB’rachá


Lemos no comentário da Torá da Editora Sêfer, que após o cântico de “Adeus” da parashá anterior, Moshê, antes de se separar do seu povo amado, abençoou-o, como o fez o patriarca Yaacov (Jacó), fundador das tribos de Yisrael (Gn 49). Ele convocou toda a congregação e abençoou a cada tribo em separado, destacando o papel que haveriam de desempenhar ao longo dos tempos.

Lemos mais, que essas maravilhosas palavras de despedida de Moshê são a mais significativa expressão do otimismo e da fé que define o segredo da existência e continuidade do povo de Yisrael. Esse homem escolhido pelo Eterno, estava fortalecido pela couraça de uma fé poderosa e inquebrantável, que lhe deu coragem para defrontar-se com o desastre e a morte, e mesmo assim, contemplar a Onipresença Divina. Sua alma estava impregnada, segundo esse comentário, de coragem e otimismo, porque sabia que o único refúgio da nossa vida é o Eterno. Esta foi a fé que o moveu a abençoar seu povo nas últimas horas de sua vida, e a falar-lhe cheio de confiança e fé a respeito do futuro, pois vemos claramente a profecia nas palavras de Moshê.

Com toda certeza a confiança que Moshê tinha em Elohim era tão grande, que esse era o motivo de sua esperança. Devemos aprender essa lição com Moshê, mesmo em momentos de dor, nada pode abalar nossa confiança no Eterno. Ainda que tudo ao redor esteja direcionando para tristeza, encontre no Eterno a força para visualizar o cumprimento das promessas, pois foi isso que ele fez.


Veja o que lemos em Salmos 23:

יהוה רעי לא אחסר

HaShem Roy Lo Echesar

HaShem é meu pastor e não me faltará...”


Muitos interpretam que esse salmo está falando de coisas, devido à tradução errada, que coloca o termo “nada” no meio do texto, como ser visto na maioria das Bíblias em português. No entanto, note que no texto original, mencionado acima, não existe esse termo. Ele é direto ao demonstrar que o que não falta é o próprio D’us. Assim, quando lemos todo o salmo, podemos perceber do que está sendo falado, e não é de coisas materiais, mas da confiança que devemos depositar no Eterno, mesmo que o material falte, mesmo que a tribulação venha, HaShem não faltará. E tudo isso, sem levar em conta o aspecto profético messiânico desse salmo. Esse é o entendimento que Moshê tinha sobre o Eterno, e sobre serví-lo.

O versículo 1 desse capítulo 33 de Devarim/Dt, nos diz o seguinte:

Esta é a bênção com o qual Moshê, homem de Elohim, abençoou os israelitas antes da sua morte.”

É muito bonito quando uma pessoa pode terminar os seus dias abençoando no lugar de amaldiçoar. Verdadeiros servos do Eterno vivem assim, como vemos com Moshê, mas também como o próprio Yeshua, que foi o profeta que o Eterno levantou como Moshê, de acordo com Dt 18:15, que diz:


O Eterno, teu D’us, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis;”


E também no verso 18:


Eis que lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.”


Yeshua também terminou os seus últimos momentos na terra a abençoar os seus discípulos, como podemos ler em Lc 24:50-51:


Tendo-os levado até as proximidades de Betânia, Yeshua levantou as mãos e os abençoou. Estando ainda a abençoá-los, ele os deixou e foi elevado ao céu.”


Ainda nesse primeiro verso do capítulo 33, vemos algo interessante, os midrashim do povo de Yisrael nos trazem, de acordo com o site do Chabad, que Moshê começou sua fala final com louvores a D’us, descrevendo como Ele Se revelou no Har Sinai (Monte Sinai) para outorgar a Torá. Conforme este comentário, Moshê proclamou que "D’us foi ao povo hebreu no Monte Sinai como um noivo que vai encontrar sua noiva. O Eterno, Baruch HaShem, ofereceu previamente a Torá a todas as nações gentias, mas elas se recusaram a aceitar."


Voltando ao texto da parashá, vejamos o verso 2:


E disse: O Eterno chegou do Sinai; de Seir ele raiou sobre seu povo, brilhou desde o monte Paran; e com ele estavam miríades de santos; escrita com sua mão direita, deu-lhes a Lei do meio do fogo.”

De acordo com o site Emunah a fé dos santos, o talmud diz que, isto nos ensina que o Santo, Bendito seja ele, ofereceu a Torá a todas as nações e línguas, mas não a aceitaram até que chegou a Israel que a recebeu, conforme mencionamos acima.

O Midrash ainda diz que Moshê proclamou: "A grandeza de D’us desafia a descrição. No Sinai, Ele levou com Ele apenas uma fração das hostes celestiais sob Seu comando, ao contrário de um ser humano que exibe toda sua riqueza no dia das bodas. "Ele deu aos israelitas Sua lei de fogo, a Torá, que Ele tinha gravado sobre as Tábuas com Sua mão direita."


Podemos nos perguntar: por que a Torá é chamada de ‘uma lei de fogo’?

Vejamos então algumas respostas que os sábios nos dão:

1 - A Torá existiu antes da criação do universo. Antes de ser entregue à humanidade, foi escrita perante D’us em fogo negro sobre fogo branco. Moshê então a escreveu com tinta sobre pergaminho.

2 - A Torá foi entregue em meio ao fogo: os anjos descendo com D’us ao Har Sinai (Monte Sinai) estavam em chamas: a montanha estava em chamas; foi dado por D’us, que é chamado "um Fogo devorador"; e a face do agente de D’us (Moshê) reluziu por entre o fogo.


Moshê agora abençoou os judeus para que merecessem a vida eterna no Mundo Vindouro por terem aceitado a Torá. "D’us amava muito as tribos. Ele atou as almas (vidas) dos tsadikim com Ele para a vida eterna. Eles a merecem, pois se colocaram ao pé do Monte Sinai e aceitaram o jugo da Torá."


Notem que jugo não é algo que denota algo ruim, como muitas vezes pensamos. Esse termo tem muito a ver com direção. Veja que Yeshua falou sobre isso:


“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” Mt 11:29 e 30


A Tora foi dada como fogo, ou do meio do fogo. E isso representa para nós que, é muito importante manter o fogo da Torá do Eterno nos nossos corações para que a nossa prática, o caminhar em obediência, não se converta em algo pesado, aborrecido ou seco, conforme lemos em Lc 24:32. Quando a Torá está no coração, é um fogo interior que nos mantém inspirados no nosso amor pelo Eterno.

Em Rm 12:11 podemos ler:


No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Eterno.


O fogo também alude a julgamento, pois sabemos que nas Escrituras em alguns contextos essa palavra vem apontando para tal fato. E isso nos mostra que é a palavra do Eterno, já nos condena, quando a transgredimos.

Outra coisa que podemos notar neste verso 2, é que a Torá foi entregue por Deus a Seu povo sem intermediários. Isso porque a expressão “Sua mão direita” reflete a proximidade ímpar de Deus com o povo de Israel e indica também a força e a segurança que Israel recebeu juntamente com a Torá revelada por Deus. Vemos isso no comentário da Torá.

Sabemos assim, com certeza dita pela própria Torá, que o Eterno a deu diretamente ao povo, e Moshê que fazia parte do povo, foi quem a recebeu e levou ao povo. Devemos com isso, entender que ela é a vontade de D’us para aqueles que se propõe a servi-lo.


Moshê Abençoa as Tribos


À partir do verso 6, vemos Moshê abençoando a cada uma das tribos, conforme mencionei na introdução acima, é uma manutenção da benção de Yaakov a seus filhos, depois recomendo que faça uma leitura comparada dessa porção com o texto de Gn 49. Vejamos o que o midrash traz sobre algumas dessas bençãos:


A Bênção da tribo de Reuven, o filho mais velho.

Moshê começou abençoando os descendentes do primogênito de Yaacov: "Que Reuven viva e não morra, e que seus homens sejam contados entre as tribos." No sentido literal, Moshê estava se referindo aos soldados da tribo de Reuven, que marcharam na frente do exército de Yisrael durante a conquista da Terra. Ele os abençoou para que nenhum caísse em batalha, e que todos retornassem para casa.

Em outro nível, a bênção de Moshê se referiu ao fundador da tribo: "Que Reuven viva nos dias de Mashiach e que não morra no Mundo Vindouro, Que sua tribo seja contada entre B’nêi Yisrael." Moshê abençoou Reuven para que seu pecado no incidente envolvendo Bilá não fosse usado contra ele no futuro, pois Reuven tinha se arrependido de seu erro. Na verdade, a bênção de Moshê ajudou Reuven a conquistar um quinhão no Mundo Vindouro.


A Tribo de Shim’on

Moshê não concedeu sua própria bênção a Shim’on. Ele estava irado com esta tribo porque seu líder, Zimri, tinha pecado em Shitim com uma princesa moabita, dessa forma inspirando muitos de seus amigos na tribo a erros similares.

Nosso patriarca Yaacov, em suas bênçãos aos seus filhos, tinha reprovado Shim’on e Levi. Levi mais tarde melhorou, ao passo que Shimon se deteriorou ainda mais, como é ilustrado na seguinte parábola: Dois homens pediram um empréstimo ao rei. Um pagou, e depois chegou a emprestar ao rei uma quantia de seu próprio dinheiro em retorno. O outro, no entanto, não somente deixou de pagar o empréstimo original, como teve a audácia de pedir outro empréstimo ao rei. Da mesma forma, Yaacov inicialmente censurou tanto Shim’on quanto Levi pelo ódio que levou a ambos exterminarem a cidade de Sh’chem, e pelo episódio em que ambos tinham tentado tirar a vida de Yossef.

Em seguida, a tribo de Levi utilizou seu atributo do zelo e ira para o propósito de vingar a honra do Todo Poderoso ao punirem os adoradores do bezerro de ouro e quando Pinchas, da tribo de Levi, matou o líder pecador de Shim’on, Zimri. Os membros de Shim’on, porém, continuaram a usar sua tendência para a violência e agitação: seu líder Zimri rebelou-se contra Moshê em Shitim. Portanto, esta tribo perdeu o privilégio de receber sua própria bênção. Apesar disso, Moshê aludiu a Shim’on na bênção de Yehuda, quando disse: "Escuta, D’us, a voz de Yehuda."

A palavra "Shemá" contém as letras do nome Shim’on. Além disso, o quinhão de Shim’on em Erets Yisrael consistia de várias faixas de terra na porção de Yehuda. Shim’on foi abençoado junto com Yehuda, o "leão", e foi feito seu vizinho, na esperança de que a presença de Yehuda refreasse Shim’on de mais atos de violência injustificada.


A Bênção de Yehuda

Moshê profeticamente abençoou Yehuda depois de Reuven, porque Yehuda era a tribo liderante. Além disso, a tribo merecia ser abençoada depois de Reuven, porque o fundador da tribo fez seu irmão Reuven confessar abertamente seu pecado. Depois da corajosa admissão de culpa no incidente envolvendo Tamar. Reuven também tomou coragem e admitiu em frente de seu pai Yaacov: "Eu desarrumei a cama de meu pai," Nossos Sábios mencionam ainda outro motivo para Moshê colocar a bênção de Yehuda em seguida à de Reuven, e por que ele introduziu a bênção de Yehuda com as palavras: "E esta é para Yehuda."

As palavras de Moshê "E esta bênção para Yehuda também alude à Torá. Moshê indicou: "Os reis, que descenderão de Yehuda, devem estudar Torá a vida toda."

Moshê rezou: "Mestre do Universo, aceita as preces dos reis da casa de David, sempre que forem ameaçados pelo inimigo! Retorna seus soldados em segurança! Que tenham sucesso na batalha, e sejas uma ajuda para eles contra seus adversários!"

Moshê anteviu profeticamente que David algumas vezes se encontraria em grande perigo, e portanto convenceu D’us a resgatar o futuro monarca. Ele também rezou pelo Rei Yoshiyáhu (Josias), vislumbrando que Yoshiyáhu retornaria a D’us e destruiria os ídolos em Erets Yisrael. Devido às preces de Moshê, D’us aceitou a teshuvá de Yoshiyáhu e prometeu não destruir o Bet Hamicdash em seu tempo. Moshê, além disso, rezou pelo Rei Menashe, para que D’us aceitasse sua prece, pronunciada no cativeiro da Babilônia, e o libertasse.


A Bênção de Levi

Moshê abençoou a Tribo de Levi: "Tu (D’us) vestiste Aharon, que consideraste justo, com Teu urim vetumim (o peitoral do Sumo Sacerdote).

“Tu testaste Aharon nas águas de Meriva, onde decretaste que ele morreria no deserto por apoiar quando Moshê golpeou a pedra. Aharon poderia ter protestado: ‘Não cometi qualquer pecado; por que tenho de morrer?’ Mas seu coração era perfeito Contigo; ele não teve queixas. Portanto, conquistou o direito de usar o urim vetumim sobre o coração.”

Em outro nível de entendimento, o midrash ainda diz que Moshê estava louvando toda a tribo de Levi, que fora escolhida para desempenhar o Serviço de D’us no Mishkan e no Bet Hamikdash: "Toda vez que testaste os homens da tribo de Levi, eles foram perfeitos; quando Tu fizeste um teste com eles nas Águas de Meriva, eles foram leais."

Os membros de Levi não tiveram (falsa) pena dos adoradores do bezerro de ouro, mas executaram a todos – até seus próprios parentes.

"Eles cumpriram Teu mandamento: ‘Não terás outros deuses.’ Eles não contribuíram com ouro para o bezerro, nem o serviram. "

Eles guardaram corajosamente o Teu pacto do brit milá, circuncidando seus filhos até no deserto (enquanto o restante das tribos desistiu, por causa dos perigos que se apresentavam).

"Eles são merecedores de ensinar tais leis a Yaacov e Tua Torá para Israel. Os kohanim da sua tribo Te oferecerão incenso diariamente, e sacrifícios sobre Teu altar.

"Abençoa, D’us, as propriedades dos levi’im, e aceita a obra de suas mãos (o serviço dos sacrifícios) favoravelmente."

De fato, a tefilá de Moshê fez os membros da tribo de Levi serem tão abençoados materialmente que se diz: "A maioria dos kohanim é rica." Além disso, o versículo "Eu fui jovem, e agora sou velho; mas não vi um homem justo abandonado, nem o vi esmolando pão (Tehilim 37:25), era entendido como referindo-se aos kohanim.

Moshê Concluiu sua Bênção:

"Golpeia as ancas daqueles que se levantam contra ele e os seus inimigos, para que não se levantem outra vez." A quais inimigos dos levi’im ele se referia?

1 - Moshê rezou para que aqueles que usurpassem o ofício do sacerdócio fossem castigados.

2 - Moshê anteviu profeticamente que na era do Segundo Templo os chashmonaim (hasmoneanos) descendentes de Levi, lutariam contra um exército grego que era numericamente muito superior. Então, ele rezou a D’us: "Golpeia as ancas dos que se erguerem contra eles."

Por que os chashmonaim eram tão bem-sucedidos, para que D’us entregasse ‘muitos nas mãos de poucos?’Segundo o midrash, tal milagre transpirou pelo mérito da bênção de Moshê à tribo de Levi.

O milagre de Chanucá ocorreu através dos descendentes de Levi, cuja kedushá (santidade) podia superar as forças da tumá (impureza).

Dessa forma, concluindo, que possamos adentrar nesse novo tempo em nossas vidas confiantes no poder do Eterno, mas obedecendo e praticando a sua vontade para nossas vidas, que é a Torá, como verdadeiros herdeiros da promessa.


Bibliografia:


- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/53-_haazinu_ouam.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/923532/jewish/Tor-Chuva-e-Orvalho.htm

- https://tanach.org/dvarim/hazprt.doc

-http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/54-_vezot_haberach_esta__a_beno.pdf

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822876/jewish/Mensagem-da-Parash.htm

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/822843/jewish/Resumo-da-Parash.htm



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