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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Estudo da Parashá Vayigash (E aproximou-se) - Você sabe falar?

 


Estudos da Torá

Parashá nº 11Vayigash (E aproximou-se)

Bereshit/Gênesis Gn. 44:18 – 47:27

Haftará (separação) Ez 37:15-28; e

B’rit Hadashah (nova aliança) Atos 7:9-16


Tema: Você sabe falar?


No estudo dessa semana aprenderemos com a atitude de Yehudah que usou o poder da fala com muita sabedoria expressando o que estava em seu coração, a fim de salvar seu irmão Binyamin de se tornar escravo. Veremos que uma palavra sábia pode mudar uma situação. E também compreenderemos o apontamento profético dessa situação vivida por Yehudah,Yosef e os demais irmãos naquele momento. Acompanhe o estudo até o final e tenha uma boa compreensão desse tema, e assim, descubra se você sabe falar.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Vamos iniciar com um resumo, após a nossa leitura de parte da porção semanal. A Parashá começa com a súplica ardorosa de Yehudah ao poderoso governante egípcio, que era Yosef ainda disfarçado, pela vida de Binyamin, alegando que Yaakov certamente morreria de dor se perdesse seu filho mais jovem.

Yehudá se oferece para permanecer no Egito como escravo no lugar do irmão mais novo.

Yosef então decide revelar sua identidade a seus irmãos, perdoando-os por vendê-lo como escravo anos antes, declarando que enviá-lo ao Egito era parte do plano Divino de preparar a sobrevivência na época de escassez.

Yosef então os envia de volta para a Terra de Kenaan carregados de presentes pedindo que tragam Yaakov e sua família para o Egito onde viveriam na província de Goshen. Antes que Yaakov partir, D'us aparece a ele reafirmando-lhe que Ele os acompanhará e que ao final retornarão à Kenaan como uma grande nação.

Após vinte e dois anos de separação, Yaakov finalmente se reúne com seu amado filho Yosef, e juntos vão ao encontro do Faraó.

A parashá termina descrevendo como Yosef usou seus vastos poderes para amealhar quase toda a riqueza do Egito para o tesouro do Faraó.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO

Ao iniciarmos o estudo dessa porção semanal da Torah, onde pretendo me focar na fala de Yehudah com o governador do Egito, que ele ainda não sabia ser Yosef, e refletirmos juntos na importância desse momento, tanto no aspecto histórico como no profético em relação à volta de Yeshua, mas também no nosso momento, é importante retornarmos para o últimos versos da porção passada a fim de conectarmos o contexto.


¹⁴ Quando Yehudah e seus irmãos chegaram à casa de Yosef, ele ainda estava lá. Então eles se lançaram ao chão perante ele. ¹⁵ E Yosef lhes perguntou: "Que foi que vocês fizeram? Vocês não sabem que um homem como eu tem poder para adivinhar? " ¹⁶ Respondeu Yehudah: "O que diremos a meu senhor? Que podemos falar? Como podemos provar nossa inocência? Deus trouxe à luz a culpa dos teus servos. Agora somos escravos do meu senhor, como também aquele que foi encontrado com a taça". ¹⁷ Disse, porém, Yosef: "Longe de mim fazer tal coisa! Somente aquele que foi encontrado com a taça será meu escravo. Os demais podem voltar em paz para a casa do seu pai". Gênesis 44:14-17


Agora observemos abaixo o início da parashá dessa semana.


Então Yehudah se chegou a ele, e disse: Ai senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.” Gn 44:18


Yehudah e os demais irmãos foram capturados no caminho de volta para Kenaan e e levados para a casa de Yosef, porque os homens de Yosef encontraram na sacola de grãos de Binyamin a taça de prata que Yosef usava. Nos versos 14 a 17, que é o final da parashá passada podemos observar justamente essa chegada na casa de Yosef. E aqui vemos o início da fala de Yeshudah em defesa de seus irmãos, apesar de não ser o primogênito, foi o mais corajoso dentre todos os demais.

É importante notar que eles estavam ali naquele momento, pensando que Yosef, o governador de todo o Egito, achava que eles eram ladrões, já que foi encontrado a taça com seu irmão mais novo. Quando ele começa a falar Yosef estava com sua comitiva de servos e soldados como qualquer alto governante, e como podemos ver no capítulo 43 verso 19, os filhos de Yaakov já haviam lidado com um dos administradores de Yosef.

Agora no entanto, era uma situação diferente, pois para todo caso eles eram considerados ladrões. Esse deveria ser o pensamento que estava na mente de Yehudah, e ele pretendia mostrar que isso não era verdade, e que havia algum erro. Mas principalmente, vemos na atitude desse homem um arrependimento em suas palavras. Leiamos novamente nos versos. Yehudah certamente carregava o peso de ter vendido seu irmão aos midianitas e ter mentido ao seu pai durante tanto tempo. E é aqui o início do nosso estudo sobre o fato de você saber falar ou não.

Na parashá vemos Yehudah usando a fala como uma ferramenta de convencimento muito forte, demonstrando humildade, arrependimento e sabedoria. Ele havia aprendido algumas lições na vida depois de 22 anos. Vamos desenvolver um pouco este aspecto da importância da se saber falar.


O Poder da Fala

A fala é um dom que o Eterno deu ao homem que tem vários aspectos importantes. E mesmo assim, muitas pessoas tem dificuldades em lidar com a fala. Alguns com o aspecto de não saber falar em público, outros tem dificuldade de usar a fala para ensinar, outros tem dificuldades com o falar em momentos inapropriados. Esse é um aspecto muito sério, pois a palavra falada na hora certa pode mudar uma situação ou evitar problemas maiores.

Eu confesso, que o Eterno está tratando comigo pessoalmente nessa parashá. Tenho certa dificuldade em controlar as palavras que falo por ser muito sincero, isso às vezes, dependendo da situação, não é tão bom, pois acabo falando o que penso e como me sinto logo, a fim de resolver o problema. E nem sempre as pessoas toleram a verdade nua e crua. Enfim, esse estudo está primeiramente servindo para mim. Procuro sempre me preservar e falar pouco para não falar nada fora da hora.

É de suma importância que saibamos ligar a sabedoria com o dom da fala, pois isso leva a um poder enorme. Sh’lomo HaMelech ou Rei Salomão no livro de provérbios nos dá uma instrução a esse respeito.


Uma resposta gentil diminui a ira; palavras duras provocam a raiva.” Pv 15:1


Sobre o verso que lemos acima, o sábio Rei, segundo o autor Bruno Summa em seu comentário dessa parashá no livro Shaarei Toráh - portões da Torah, ensina como uma pessoa sábia deve reagir perante a ira e a raiva alheia. Se em uma situação de estresse ou de injustiça, formos capazes de mantermos nossa cabeça no lugar e responder as provocações extremas em um tom calmo e conciliatório, conseguiremos tanto reduzir a ira da pessoa que nos provoca quanto não levá-la à raiva. Da mesma forma, segundo o autor, o Rei Salomão também diz que se nos encontrarmos perante palavras iradas de uma pessoa alheia e, da mesma maneira como ela age, também agirmos ao lhe responder em tom elevado, a pessoa irada será levada a um nível de ira ainda maior, e isso pode colocar ambos em risco.

As palavras possuem poder para trazer resultados positivos, mas também negativos. E segundo o mencionado autor, o dom da fala para um homem é como a fruta é para uma árvore. Se nós, seres humanos, não formos capazes de verbalizar nossos pensamentos e ideias, nos tornaremos tão infrutíferos quanto uma árvore que perde a capacidade de gerar frutos.

O autor do livro mencionado acima nos dá uma dica muito legal ao mostrar um texto da Torah que nos amplia o entendimento para esse poder da fala em nossa vida. Veja, em Bereshit-Gênesis 2:1, diz que “...o homem se tornou um ser vivente…” e perceba que a Torah usa a expressão em hebraico “nefesh chaiah” – “alma vivente’. O interessante nisso é que no Targum Onkelos, uma tradução da Torah traduzida do hebraico para o aramaico contendo comentários, o termo “nefesh chaiah” – “alma vivente” é traduzida como “espírito falante” ou pessoa que fala. E podemos ainda observar outros textos para compreender melhor o que estou falando aqui.


Quem nos dá mais sabedoria do que as bestas da terra, quem nos faz mais sábios que os pássaros dos céus? Jó 35:11


Morte e vida estão no poder da língua. Aqueles que a amam, comerão de seu fruto. Pv 18:21


Podemos perceber com os versos acima que a fala é algo tão poderoso que é o único atributo que nos torna mais sábio do que os animais do campo e do que as aves do céus. A fala é onde as bênçãos que o Eterno nos dá por cumprir seus mandamentos se condensam e se manifestam, por isso, segundo o autor Bruno Summa, o Rei Salomão ensina que o poder da vida e da morte se encontra na língua. A nossa fala ou a forma como falamos é o que nos torna mais sábios ou mais tolos, tudo depende de como manifestamos nosso interior, nossa visão e nosso pensamento em nossa realidade e meios, ou seja, ao nosso redor. Tudo isso só é possível pela palavra que dizemos, como vemos o profeta Yeshayahu-Isaías dizer, “pelo fruto produzido pelos nossos lábios”, observe:


¹⁸ Eu vi os seus caminhos, mas vou curá-lo; eu o guiarei e tornarei a dar-lhe consolo,

¹⁹ criando louvor nos lábios dos pranteadores de Israel. Paz, paz, aos de longe e aos de perto", diz o Senhor. "Quanto a ele, eu o curarei. " ²⁰ Mas os ímpios são como o mar agitado, incapaz de sossegar e cujas águas expelem lama e lodo.

²¹ "Para os ímpios não há paz", diz o meu D´us.” Isaías 57:18-21


Dessa forma, quando olhamos para Yehudah iniciando sua fala ao governador do Egito, vemos exatamente essa sabedoria nas palavras em comparação a 22 anos atrás quando deu a idéia de vender a seu irmão Yosef. A sabedoria ligada a palavras corretas e bem faladas podem trazer excelentes frutos.

Há um midrash entre o povo de Yisrael que mostra primeiramente Yehudah chegando com ira diante do governador do Egito, e puxando a espada para ele, mas de acordo com o midrash Yosef manda seu filho Manashe mostrar a Yehudah que ele também era forte, então Manashe começa a dar pontapés nas paredes da casa, que começa a tremer. Então, Yehudah teria se acalmado e começado a falar de forma branda. Nessa linha de pensamento, a coisa poderia ter ficado muito difícil para Yehudah caso ele se mantivesse irado. E temos confirmação pela Torah oral de que isso realmente tenha acontecido, por isso nosso aprendizado amplia ainda mais, pois é ligado ao que está dito no midrash, na Torah escrita e confirmada pela oral. O Rav Yochanan Ben Yaakov afirma que pela Torah oral, a idéia de Yehudah inicialmente era usar de violência para realmente ter um motivo para ser preso e se tornar escravo no lugar de seu irmão Binyamin, cumprindo o que prometera a seu pai, Yaakov. Mas as circunstâncias fizeram o experiente Yehudah mudar de idéia, e então ele usa outro poder. O poder das palavras ditas com humildade e sabedoria.

O Rav Yochanan também nos diz uma outra coisa interessante que eu ainda não tinha me atentado, ou seja, não tinha ligado. Ele diz que o talmid de Yeshua chamado Kefa ou Pedro, também agiu da mesma forma ao tomar da espada para atacar o soldado do sumo sacerdote, sua intenção era livrar a Yeshua tomando seu lugar. Porém o mestre da Galiléia não permitiu. Falaremos ainda sobre apontamentos proféticos neste estudo, permaneça até o final.

Por isso, é importante destacarmos que nós não devemos ceder ao uso banal de nossas palavras, mas sim, devemos ter o máximo cuidado com o que falamos, porque tudo que sai de nossa boca, conforme mencionamos anteriormente, possui poder de destruir nossas vidas e a de outras pessoas.

O autor Bruno Summa no mencionado livro faz uma pergunta interessante: Mas por que HaShem nos deu tal delicado poder? E ele responde afirmando que Rabbeinu Bahya ensina que o poder da fala serve para expandir o conhecimento da Torah. Ele continua dizendo, que assim como a Torah pode se tornar uma “faca de dois gumes”, por ser tanto benéfica quanto maléfica dependendo de como o homem utiliza seu conhecimento e ensino, a ferramenta que está associada a ela, ou seja, a fala, inevitavelmente tem essa mesma característica. Segundo o comentário, tudo o que o Eterno deu ao homem para expandir o conhecimento Dele, possui as mesmas características desse conhecimento. Assim, se o conhecimento da Torah é passível de ser usado para o bem ou para o mal, da mesma forma tudo o mais que o Eterno deu ao homem também o pode, como as mãos, e principalmente a fala. Por isso, quando compreendemos o poder da fala e a colocamos em bom uso, seremos como o que a Torah ensina: “...seu fruto será fonte de jubilo perante o Eterno.” Lv 19:24

Essa parashá tem uma característica muito forte, pois mostra que Yehuda se aproximou de Yosef para lhe falar, mesmo com toda a dificuldade que poderia haver, devido a grande comitiva que havia com o governador do Egito. Ele começa a falar nos versos 14 a 17 ainda de longe, Yosef deveria estar cercado por seus homens de confiança, mas Yehudah Vayigash – aproxima-se, ou seja, corre o risco e chega mais perto. Isso significa que ele rompe as barreiras tradicionais que havia sobre o contato de um hebreu com um egipcio, pois ainda não sabia que era Yosef. Ele se arriscou e deu alguns passos a frente para se aproximar, pois o que iria falar era importante e não queria falar alto.

Sabe, quando reparei neste trecho da parashá, isso me chamou a atenção! Não deve ter sido fácil para Yehudah. Assim como também não é fácil para mim, e nem para você, tomar certas atitudes e fazer escolhas corretas de atitudes e de palavras em determinados momentos de nossas vidas. Estar cara a cara com uma situação difícil e agir da forma correta e branda é a melhor decisão que tomamos, assim como estamos aprendendo com Yehudah.

A nossa fala ligada com a sabedoria conquistada pelo cumprimento de Torah é a melhor ferramenta que temos em nossas mãos para usar nos momentos críticos. E saibam que para mim isso não é fácil de dizer, pois estou falando comigo mesmo! Ou melhor o Ruach está falando comigo, enquanto escrevo este texto.

Devemos usar com sabedoria a fala para levar a Torah ao escravizados pelo sistema religioso, devemos usar a fala para apaziguar uma situação crítica, devemos usar a fala para ajudar um aflito, devemos usar o dom que o Eterno nos deu para o Reino.

Não podemos usar esse poder da fala aleatoriamente como Yeshua ensina em seu sermão profético em Mt 6:7: “...Eles pensam que por muito falaram serão ouvidos.” Também conforme Yeshua ensina em Mt 10:20: “...pois não serão mais vocês que estarão falando, mas o Ruach do Pai de vocês falará por intermédio de vocês.”

Saber falar é um ato de sabedoria e nós cumpridores de Torah devemos ter em diversos momentos em nossas vidas, mesmo nas redes sociais.


Apontamentos Proféticos

Nesse aspecto da parashá, quando olhamos para os textos devemos comprender algumas coisas, vejamos os textos inicialmente do final da parashá passada:


E veio Judá com seus irmãos à casa de José, pois ele ainda estava ali; e prostraramse em terra diante dele" Gn 44:14


Há dois anos atrás o Rav Yochanan na midrash profética deu alguns apontamentos dessa parashá, e você pode buscar lá no canal da Kahal Teshuvah Brasil. Quando olhanos nesse texto para Yehudah e seus irmãos chegando à casa de José devemos entender algumas coisas de maneira profética.

Primeiro, Yehudah e seus irmãos representam os judeus ou a casa de Yehudah. Yosef representa Yeshua o messias, e a congregação nazarena toraísta composta pela casa de Yisrael, também conhecida como Casa de Efraim ou Casa de Yosef.

Assim, devemos perceber que atualmente, existem esforços tanto dos judeus ortodoxos como dos judeus messiânicos em busca da “casa de José”, as dez tribos perdidas entre as nações. Segundo o site Emunah a fé dos santos, o Eterno leva-os a fazer isso porque aproxima-se o momento em que o Filho de José, ou seja, Yeshua Hamashiach, se dará a conhecer aos seus irmãos. Este texto induz-nos a pensar que os judeus reconhecerão a Yeshua na casa de Yosef. A casa de Yosef são as dez tribos perdidas que estão agora a voltar a casa, e há pessoas que ainda estão entre os cristãos e demais religiões.

Neste texto, também aprendemos que muitos judeus se inclinarão diante de um Messias que para eles é “gentilizado”, num contexto estranho, e não é à toa que há comentários rabínicos no Talmud dizendo que o messias está às portas de Roma. Mas isso não quer dizer que o messias seja romano, mas para os legalistas ele estar às portas de Roma é ser romano.

Segundo o citado site, desde o ano de 1967, cada vez mais judeus se tornaram seguidores da vida justa Yeshua e assim alguns adaptaram costumes “pagãos” que nada têm a ver com a fé hebraica. Reconheceram a Yeshua como o messias enviado mas num ambiente cristianizado, e por isso não o vêm como um judeu praticante da Torá. Eles terão uma grande surpresa quando ele se manifestar como ele realmente é.


Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.” Gn 44:18


Yehudah aproximou-se de Yosef pouco antes deste se dar a conhecer. Da mesma forma sucederá nos últimos tempos, pouco antes do Messias se dar a conhecer ao povo Judeu. Segundo o site Emunah a fé dos santos, estamos vivendo este tempo agora, quando o povo judeu se aproxima cada vez mais de Yeshua para conhecer mais sobre ele, não como o cristianismo o pintou, mas sim como um Judeu praticante da Torá.

Yehudah, o povo judeu – tanto nos tempos apostólicos como ao longo destes últimos dois mil anos, vêem a Yeshua sem reconhecer nele o Messias. E dizem “Tu és como Faraó”. Assim como Yosef não era o Faraó, mas recebeu dele autoridade, Yeshua não é o Eterno e recebe dele autoridade para ser o Messias, o Rei. E Yeshua mencionou isso em João 14:9: “Disse-lhe Yeshua: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” O fato aqui é que muitos pensam que Yeshua é o Eterno por causa dessas palavras, por não entenderem seu significado. Quem olha para Yeshua vê o Pai, porque ele faz tudo o que o Pai manda em sua instrução, ou seja, a Torah.

Assim como quando Yosef se revela a seus irmãos isso não muda o status deles, pois Yosef continuou sendo o governante do Egito e seus irmãos continuaram sendo hebreus e longe da casa de Yosef. Da mesma forma Yeshua continuará sendo o Rei enviado pelo Eterno e muitos judeus não estarão perto da casa de Yeshua, ou seja, na Jerusalém.

Não é uma substituição, pois haverá judeus na casa do Messias, assim como pessoas da casa de Yisrael, e gentios. O que une todos eles é o cumprimento de Torah a exemplo do próprio messias.

Que possamos estar firmes, sabendo como obedecer aos mandamentos, sabendo falar e usando a sabedoria que nos foi dada em prol do Reino do Eterno.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Pr/Rav Marcelo Peregrino Silva (Marcelo Santos da Silva - Moshê Ben Yosef)


sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Estudo da Parashá Vayeshev - 2023-2024 - Retire o véu, veja a verdade!

 


Estudos da Torá

Parashá nº 9 - Vayeshev (E habitou)

Bereshit/Gênesis Gn 37:1-40:23

Haftará (separação) Am 2:6-3:8 e

B’rit Hadashah (nova aliança) At 7:9-16; Rm 11:1-36


Tema: Retire o véu, veja a verdade!


No estudo dessa semana veremos que assim como Yehudah não reconheceu Tamar por causa do véu no rosto dela, há muitos que também deixam de ver a verdade que está nítida em sua frente por causa de um véu que é colocado como escama em seus olhos. Isso ocorre por vários motivos e analisaremos neste estudo alguns deles.


A PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Vayêshev tem início com a descrição do grande amor de Yaakov (Jacó) por seu filho Yosef (José), o que levou ao ódio de seus irmãos. O ciúme deles aumenta muito quando Yosef conta os dois sonhos demonstrando que seus irmãos serviriam a ele.

Yaakov envia Yosef para vigiar seus irmãos enquanto eles estavam tomando conta dos rebanhos longe de casa, mas ao vê-lo se aproximando intentam matá-lo. Reuven (Rubem) convence-os a não eliminarem Yosef, porém foi incapaz de salvá-lo e acabam vendendo como escravo aos ismaelitas que passavam por ali, que o levam ao Egito e o vendem a Potifar. Enquanto isso, os filhos de Yaakov sujam o casaco de Yosef de sangue e levam para o pai, que acredita que seu filho estava morto por ter sido atacado por um animal.

Passa-se à história de Yehudá e sua nora, Tamar. E aqui será no foco de estudo.

E a Torá nos conta como Yosef estava no Egito, onde vive muitos anos como escravo, obtendo sucesso na casa de Potifar, até que a esposa deste tenta seduzí-lo, e por não conseguir, acaba inventando um ardil contra ele, que acaba preso.

Na prisão, Yosef por ser um bom homem, alcança a posição de liderança ficando encarregado pelos presos. Dez anos depois, o mordomo chefe e o padeiro do faraó são jogados na prisão. Em uma noite cada um tem um sonho, que é interpretado por Yosef. A previsão ocorre conforme havia sido dita, o padeiro morre e o mordomo volta à sua posição, mas esquece de Yosef por muito tempo.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Nosso estudo estará focado no capítulo 38 de Bereshit, a passagem de Yehudah e Tamar. Essa passagem que interrompe a história da vida de Yosef não está nesta parashá por acaso, há uma ligação aqui, e um apontamento profético para a congregação nazarena.

Vejamos o verso inicial desse capítulo:


E foi naquele tempo e desceu Yehudah de seus irmãos, e associou-se a um homem adulamita, cujo nome era Chirá. E viu ali Yehudah a filha de um homem comerciante, o qual se chamava Shúa; e tomou-a e esteve com ela.


Judá ou Yehudah foi escolhido para ser o pai dos reis de Yisrael, incluindo e principalmente, o Rei Messias. Por isso, era importante que tivesse uma conduta familiar aprovada pelo Eterno, isto é, que fosse de acordo com os mandamentos de D’us. No entanto, aqui ele afasta-se e desce espiritualmente dos seus irmãos, e casa-se com uma mulher de origem duvidosa.

De acordo com o site Emunah a fé dos santos, Rashi cita o Targum, que diz que ela era filha de um comerciante, visto que a palavra comerciante, tem a mesma raiz que a palavra cananeu. Contudo, o texto diz-nos que Judá desceu de seus irmãos, o que alude a uma descida espiritual, a um cair em tentação. Lembremo-nos que o povo cananeu, foi amaldiçoado por Noé, e as suas práticas eram contrárias à instrução do Eterno.


Um pouco de contexto histórico e profético

Dentro do contexto histórico, Yehudah depois que juntamente com seus irmãos, mentiu a seu pai, separou-se deles e foi morar em um região ao sul de onde eles habitavam. Encontramos testemunhos desse entendimento nos sábios. O comentário de rodapé da Torah da Editora Sêfer diz o seguinte:

“O exegeta Rashi, citando o Midrash, explica porque a história de Yosef foi interrompida neste ponto: Para nos ensinar que Yehudah foi rebaixado de sua posição elevada por seus irmãos. Quando estes viram a aflição de seu pai, disseram: Tu nos disseste que o vendêssemos; se nos tivesse dito para devolvê-lo, teríamos obedecido. Já o exegeta Ibn Ezra explica que a descida foi geográfica, da região norte para o sul de Kenaan. E mesmo essas explicações são controversas entre os rabinos, pois muitos não aceitam que Yehudah teria se relacionado com cananitas. Sabemos com certeza que ele se afastou de seus irmãos e teve relações com pessoas daquela região, chamada Adulão. Com Shúa ele teve três filhos. Esse número é bem relevante no apontamento profético.

No entanto, profeticamente, esta passagem nos mostra algo mais sublime. A profecia mostra Yehudah representando Yeshua, que se afasta de seus irmãos seguidores do judaísmo, enquanto é recebido pelo Eterno nos céus, mais precisamente o terceiro céu. E nesse momento iniciando um relacionamento com uma congregação diferente, a congregação nazarena inicial, composta pelos apóstolos de Yeshua e de pessoas de outras nações e principalmente da Casa de Yisrael, que havia sido espalhada pelo mundo. Essa congregação é apontada pela mulher chamada Shúa. Vimos o Rav Yochanan explicar isso na midrash profética dessa parashá há dois anos atrás.

Retornando ao contexto histórico os filhos que Yehudah teve com Shúa não eram boas pessoas, pelo menos os dois mais velhos. Eles tiveram 3 filhos. Tamar a mulher que veio a ser esposa do primogênito também era daquela região.

No ponto de vista profético o número 3 apontam para a letra “guímel”, do alfabeto hebraico, e significa “camelo”, ela também pode significar “esplendor e plenitude”. Representa a função divina da vida, da provisão e sustento. Na guematria ela também pode ser interpretada como o que tem poder de doar, manter e expandir aquilo que oferece pelas mãos do Eterno, ou seja, ela aponta para o messias e sua característica de manter e expandir a misericórdia que HaShem manifesta. O número 3 também aponta para três milênios ou o terceiro milênio, quando Yeshua retorna e tráz a Torah pura do Eterno para ensinar as pessoas. Os dois filhos mais velhos são apontamentos para congregações desobedientes à Torah ensinada pelo messias antes de sua volta. São pessoas que estão com os olhos tapados para a verdade. E Tamar é o apontamento para a congregação que se formou no decorrer dos tempos, por pessoas que passaram a cumprir Torah, pessoas da Casa de Yisrael e gentios que se achegam ao Eterno.

Para algumas pessoas Yehudah está sendo cobrado pelo Eterno pelo que houve com Yosef, quando foi vendido por ele e seus irmãos aos midianitas e enganaram a Yaakov dizendo que estava morto.

Yehudah por sua yetser haráh negou seu filho mais jovem a Tamar, pois temia perdê-lo também. Estava com os olhos encobertos para os erros dos filhos e os próprios. Era um homem que tinha um propósito, mas acaba se deixando levar por emoções. Seus filhos tinham o rosto encoberto, por isso não deram filho a Tamar. Esse filho seria o que traria o cumprimento da promessa em suas vidas.

No entanto, Tamar a figura da congregação que segue os passos do messias insiste em receber a semente que lhe era devida. Profeticamente, essa é a insistência para receber o ensino correto da Torah e passá-lo adiante. Mas Yehudah não a reconheceu, assim como muitos não reconhecem os que são povo de D’us verdadeiramente, devido a forma como a multidão tem agido. Pensam que Tamar era prostituta, assim como pensam que a congregação nazarena o é também, e estão plenamente enganados, por causa do véu que lhes encobre os olhos.

Devemos compreender que muitas pessoas estão com o rosto encoberto em dogmas, mentiras ou meias verdades, e por isso não conseguem ver a verdade de forma alguma. É preciso tirar o véu que cobre a visão.

Há pessoas que por terem uma Bíblia que fala do Eterno e de Yeshua já se consideram povo de D’us.

Há pessoas que passaram pelo batismo nas águas no rio ou no tanque em nome da trindade e acham que são povo de D’us.

Há pessoas que estudam a Bíblia e pregam para outras pessoas e acham que são povo de D’us.

Há pessoas que acreditam de verdade em D’us e que ele criou todas as coisas e por isso se consideram povo de D’us.

Há pessoas sinceras nas igrejas que fazem tudo o que os pastores e líderes mandam acreditando agradarem a D’us, pois acham que são povo de D’us.

Há muitos outros exemplos de pessoas que acham que são povo de D’us, mas a verdade está muito longe disso. Povo de D’us, para ele e segundo a sua própria palavra é quem obedece aos seus preceitos. Vejam o seguinte texto:


Então agirão segundo os meus decretos e serão cuidadosos em obedecer às minhas leis. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. Ezequiel 11:20


E se aprenderem a comportar-se como meu povo, e jurarem pelo nome do Senhor, dizendo: ‘Juro pelo nome do Senhor’ — como antes ensinaram o meu povo a jurar por Baal — então eles serão estabelecidos no meio do meu povo. Jeremias 12:16


Pois assim diz o Senhor: "Aos eunucos que guardarem os meus sábados, que escolherem o que me agrada e se apegarem à minha aliança, a eles darei, dentro de meu templo e dos seus muros, um memorial e um nome melhor do que filhos e filhas, um nome eterno, que não será eliminado. E os estrangeiros que se unirem ao Senhor para servi-lo, para amarem o nome do Senhor e para prestar-lhe culto, todos os que guardarem o sábado sem profaná-lo, e que se apegarem à minha aliança, esses eu trarei ao meu santo monte e lhes darei alegria em minha casa de oração. Seus holocaustos e seus sacrifícios serão aceitos em meu altar; pois a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos". Palavra do Soberano Senhor, daquele que reúne os exilados de Israel: "Reunirei ainda outros àqueles que já foram reunidos". Isaías 56:4-8


"Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor: "Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Jeremias 31:33


Que acordo há entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo. Como disse Deus: "Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo". 2 Coríntios 6:16


Para verdadeiramente ser povo de D’us devemos seguir seus mandamentos. Os filhos de Yehudah e nem ele próprio, no contexto histórico estavam nessa condição, somente depois ele se arrepende. E essa oportunidade de arrependimento e retirada do véu ou das escamas dos olhos é que devemos pegar, pois assim poderemos ver a verdade, como ocorreu com Yehudah após perceber o que ocorreu com Tamar.


A ligação dessa passagem com o que o profeta Amós profetisa.

Vamos ler Am 2:6-3:8.

- Os crimes de Yisrael que foram visitados pelo Eterno (v. 6 a 8);

- Lembrança de como livrou Yisrael (v. 9 a 11);

- Yisrael continuou a fazer o que era mal e as consequências (v. 12 a 16); e

- O Eterno não faz nada sem comunicar ao profetas (v. 1 a 8);


O Apóstolo Shaul (Paulo) fala sobre isso na epístola aos Romanos

Vamos ler Rm 11.

- O Eterno não rejeitou Yisrael (v. 1 a 10);

- O resultado positivo do tropeço de Yisrael (v. 11 a 12);

- A reconciliação de Yisrael gera vida dentre os mortos (v. 12 a 15);

- A hallah, a raiz da árvore e os ramos (v. 16 a 24);

- Uma verdade oculta (v. 25 a 27); e

- Alguém é odiado por causa dos enxertados (v. 28 a 36).


Assim como Yehudah foi levado por causa do véu no rosto de Tamar, e quando isso veio à tona houve mudança e arrependimento, muitos ao ter o véu retirado e descoberta a verdade encontram arrependimento e teshuvah. Infelizmente há os que como os filhos de Yehudah acabam morrendo sem arrependimento e a verdade.

Que possamos permitir e ser instrumentos para a retirada de véus e descoberta da verdade que possam gerar arrependimento em muitas pessoas.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Pr/Rav Marcelo Peregrino Silva (Marcelo Santos da Silva - Moshê Ben Yosef)


sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Estudo da Parashá Vayetse - 2023-2024 - Partir permanecendo com o Eterno

 


Estudos da Torá

Parashá nº 7 - Vayêtse (E Partiu)

Bereshit/Gênesis Gn . 28:10-32:2

Haftará (separação) Os.11:7-14:9 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 12:1-50; Jo 1:43-51


Tema: Partir permanecendo com o Eterno.


No estudo dessa semana veremos como é importante permanecer com o Eterno, mesmo quando precisamos partir. A permanência com o Eterno é fundamental para que possamos seguir nossa jornada, nosso caminho previamente estabelecido por HaShem. Ele sempre está conosco, pois está em todo lugar, mas e nós, será que estamos sempre com ele?


A PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Vayêtse começa com Yaakov fugindo de Esav e deixando a casa dos pais para viajar a Charan, onde seu tio Lavan (Labão) habitava. Ao passar a noite no local onde no futuro seria construído o Templo Sagrado, D'us aparece a Yaakov no sonho de uma escada que descia do céu até a terra, na qual anjos sobiam e desciam. Do topo da escada, D'us promete a Yaakov que seus descendentes herdarão a Terra de Yisrael e seriam tão numerosos quanto os grãos de areia da terra.

Na sua chegada em Charan, após rolar uma imensa pedra da boca do poço da cidade para que os pastores do lugar pudessem dar água aos rebanhos, Yaakov encontra a filha de Lavan, Rachel, e concorda em trabalhar para seu pai por sete anos a fim de conseguir sua mão em casamento. Porém, quando finalmente chega a noite do casamento, Lavan engana Yaakov, substituindo Rachel pela sua filha mais velha, Lea. Após esperar uma semana, Yaakov casa-se também com Rachel, mas não antes de ser forçado a prometer cumprir mais sete anos de trabalho.

No tempo que se segue Rachel percebe que é estéril, enquanto os anos passam, Lea dá à luz a seis filhos e uma filha, e Bilá e Zilpá (as criadas de Rachel e Lea, respectivamente) cada uma tem dois filhos de Yaakov.

Até que, o Eterno a abençoa e finalmente Rachel tem um filho, Yossef. Yaakov torna-se muito rico durante sua estadia com Lavan, amealhando um grande rebanho, mesmo enquanto Lavan continuamente tenta enganá-lo por todos os vinte anos de sua permanência.

Depois de aconselhar-se com suas esposas, Yaakov e a família fogem de Lavan, que o persegue e o enfrenta, aborrecido por Yaakov ter ido embora sem se despedir, e arrogantemente afirma que Yaakov roubou seus ídolos. Após Lavan procurar os ídolos (que Rachel escondeu, sem que Yaakov soubesse, para impedir o pai de adorá-los), sem sucesso, discute com Yaakov. Finalmente assinam um acordo, prometendo permanecer em paz, e a porção se encerra quando eles se separam.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Vimos nessa semana de estudos da Torah completando com o que vimos na semana passada, que muitas vezes, ocorrem situações que nos fazem sair de onde estamos, da tranquilidade de nossa zona de conforto. A situação em que Yaakov se encontrava agora era semelhante a de seu avô Avraham, que também precisou sair de sua zona de conforto e seguir com o Eterno para outro lugar. No entanto, Yaakov estava fazendo o caminho inverso de seu antecessor, mas isso tinha um propósito. Às vezes devemos compreender que precisamos recuar para ganhar mais impulso no salto. E quando analisamos a partida de Yaakov para Charan com olhos proféticos podemos perceber muitas coisas importantes que servirão de aprendizado para cada um de nós e para nossa própria caminhada enquanto seguirmos na teshuvah.


Partir

E partiu Yaakov de Beer-Sheva e foi para Charan. Gn 28:10


Esta partida de Yaakov da casa de seus pais e do lugar a que estava acostumado, de acordo com alguns rabinos, é a representação profética das três diásporas que seus descendentes viveriam no futuro. E note que diáspora é ser expulso de sua terra natal, também conhecido em hebraico como Galut. E era exatamente o que estava acontecendo com o patriarca. Vejam o verso a seguir:


Assim, Yitschak mandou Yaakov embora...Gn 28:5a


Em uma versão da Torah da Editora Sefer esse mesmo verso diz:


E enviou Yitschak a Yaakov...Gn 28:5a


Historicamente, uma diáspora sofreria o reino do norte (Efraim ou casa de Yisrael) e duas diásporas o reino do sul (Judá ou casa de Judá). A primeira diáspora é a maior, e corresponde às dez tribos de Yisrael, que começou no ano 722 AEC (Antes da Era Comum) com a invasão da Assíria. Essa diáspora continua nos dias de hoje. No entanto, os profetas falam da reunificação, nos últimos tempos das duas casas de Yisrael, as duas varas voltarão a ser uma. Veja os seguintes textos Ezequiel 37:15- 28; Isaías 11:12; Jeremias 3:18; 16:14-16; 23:5-8; 30:3; 31:27-36; Oseias 1:11; 11:8- 11; Zacarias 8:13, 23; 10:8-12. A casa de Judá, isto é, o povo judeu, passou por dois desterros ou diáspora. O da Babilônia, que durou setenta anos, entre os anos 606-537 AEC. E o segundo que começou no ano 70 EC (Era Comum), e conta-se desde a destruição do segundo templo, no entanto, como o serviço no templo não foi retomado, porque ainda não existe templo, esse desterro também ainda não terminou, principalmente porque há muitos membros da Casa de Judá espalhados pela terra, mesmo depois da declaração do Estado de Israel e do retorno de muitos judeus para a terra, ainda há muitos vivendo em outros países.

No decorrer do estudo do texto da Torah podemos ver que o Eterno diz que ele o traria de volta, da mesma forma que foi profetizado através do TaNaK, que o povo seria tirado de sua terra, mas que HaShem os traria de volta no devido tempo.

Yaakov via a devoção e o amor de seu pai pelo Eterno, mas será que ele tinha essa experiência a vivência com o Eterno? A parashá mostra que ainda não tinha. Sabemos que ele era mais justo que seu irmão Esav, que ele estava mais ligado aos ensinamentos da Torah oral que seu irmão, mas ainda não tinha uma real ligação com HaShem. Essa partida para Charan seria o tempo para Yaakov ter esse encontro e experiência com o Eterno.

O Rabino Isaac Dichi, autor do livro “Nos Caminhos da Eternidade”, ao comentar essa parashá, afirma que continuamente, dentro de cada ser humano, atuam duas energias opostas: o bem e o mal, a luz e a escuridão, ou seja, a yetser hatov e a yetser hará. Por mais estranho que possa parecer, estas forças podem agir ao mesmo tempo. Por isso, foram-nos dados poderes espirituais, a cada um de nós, para vencer o mal. Cabe a nós encontrarmos em cada situação a atitude correta, deixando que a luz ilumine nosso caminho na busca da emet (verdade). Esses poderes espirituais são as bênçãos da obediência à Torah do Eterno, pois a cada mandamento obedecido recebemos força para cumprir mais.

Para isso, é indispensável a constância de nosso comportamento, não variando nossas atitudes dependendo do momento que estamos vivendo. Exemplo fiel de constância, encontramos em nosso patriarca Yaakov. Embora tenha passado por tantas dificuldades, sempre manteve sua conduta correta. Seu próprio nome o identifica como uma pessoa ikvi (constante).

Segundo o autor do mencionado livro, Yaakov passou por apuros com seu irmão Esav e posteriormente com Elifaz, filho de Esav, que o perseguiu, por ordem de seu pai, para matá-lo. E isso é confirmado pela Torah Oral. Ele só não o matou, conforme relato de nossos sábios, por ter crescido junto a Yitschak, tendo recebido uma formação que o impedia de tornar-se um assassino.

Yaakov também passou por situações críticas com Lavan seu tio, irmão de sua mãe e seu sogro. Depois ainda teve de enfrentar o anjo (mensageiro) antes de ir ao encontro de Esav. Teve problemas também com sua filha Diná e quando lhe parecia ter chegado o momento de um pouco de tranquilidade, ocorreu um conflito entre seus filhos, que provocou a venda de Yossef. Estamos vendo como a vida de Yaakov foi tumultuada, como ele foi provado em todo tempo e em várias situações. Contudo, em nenhum momento ele perdeu a paz de espírito, não mudou seu modo de agir e sua personalidade permaneceu incólume, ou seja, sua personalidade não sofreu alteração. Sua fidelidade à Torá e às mitsvot não sofreu nenhum abalo e soube superar todos os obstáculos que apareceram à sua frente.

No livro de Melachim I (1Rs 18:21), encontramos um trecho no qual o profeta Eliyáhu chama a atenção do Povo de Israel, dizendo-lhes: “Ad matay atem possechim al shetê hasseifim”, que quer dizer, “até quando vocês ficarão indecisos, pulando de um lado para o outro”. O profeta Eliyáhu conhecia o grande perigo que um indivíduo passa, quando lhe falta constância; pois sua personalidade fica dividida.

É mais fácil para um idólatra convencer-se de que está no caminho errado e fazer teshuvá (arrepender-se de seus erros, voltando para o caminho da Toráh), do que um não idólatra, que também comete erros. O idólatra poderá abrir seus olhos algum dia e arrepender-se de seus pecados, porque está consciente de que tudo o que fez foi contra os mandamentos de D’us.

Entretanto, aquele que está dividido, que tem em seu íntimo as duas forças atuando, às vezes cometendo transgressões graves e às vezes cumprindo alguns mandamentos, pode eventualmente confortar sua consciência enganando-se, ao imaginar que as atitudes positivas estão dando cobertura a seus erros.

De acordo com o mencionado autor, é por isso, que o profeta Eliyáhu dirigiu-se ao povo dizendo-lhes (Melachim I - 1Rs 18:21): “Im Hashem Haelokim, lechu acharav, veim habáal lechu acharav” – Se D’us é o verdadeiro, sigam-No e se (o verdadeiro) é o ídolo, sigam-no. Ele disse isso para que os B’nei Yisrael não se iludissem adorando ídolos, por um lado e por outro, cumprindo alguns mandamentos da Toráh.

Sobre essa constância ou permanência, também há um trecho no Pirkêi Avot que nos ensina, que não devemos achar que nossas boas ações encobrem nossos pecados. No Capítulo 4, mishná 21, está escrito: “Velô micach shôchad” – o Todo-Poderoso não aceita suborno. A explicação do comentarista Rabênu Ovadyá Mibartenura é que D’us não aceita as boas ações como desculpa pelas más, ou seja, recebemos recompensas pelas boas ações que fazemos, mas também recebemos castigos pelas más (mesmo que sejam poucas).


Andando com D’us

Na parashá passada vimos Rivka aceitando seguir El’azar em um caminho que a levaria ao encontro de seu futuro marido, e ela fez isso sem nem mesmo saber qual a sua aparência, nem seu caráter, nem que tipo de homem ele era. Ela aceitou seguir o caminho que El’azar havia dito que tinha sido guiado pelo Eterno. Sua decisão foi a de andar com o mesmo D’us de seu parente Avraham e do servo dele, e consequentemente, de seu filho que seria seu futuro marido. Creio que podemos entender que Rivka decidiu deixar sua terra e seus parentes para seguir o caminho com D’us.

Agora, Yaakov estava seguindo por um caminho também, andando com D’us, pois aquele era o propósito para a vida dele. Andar com o Eterno é uma decisão que deve ser feita por quem deseja servir a D’us. E Yaakov decidiu isso verdadeiramente quando chegou “no lugar” e teve o sonho da escada que da terra ia ao céu.


E chegou a um lugar onde passou a noite, porque já o sol era posto; e tomou uma das pedras daquele lugar, e a pôs por seu travesseiro, e deitou-se naquele lugar. E sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Elohim subiam e desciam por ela; Gn 28:11-12


Temos muitos apontamentos proféticos nessa porção, mas essa passagem aponta para os seguidores de mashiach que tendo entrado no caminho se transformam em uma escada, ou seja tornam-se mensageiros, que levam pessoas ao Reino de D’us através do ensino da Torah. Assim, como Rivka e Yaakov, decidem entrar no caminho e servir ao propósito estabelecido pelo Eterno, cada um de nós deve também seguir os mesmos passos.

É importante destacar que quando se toma a decisão de caminhar com D’us, buscando ser firme no propósito, o Eterno também se mantém firme conosco. Vemos isso bem claro nessa parashá, observe:


Seus descendentes serão como o pó da terra, e se espalharão para o Oeste e para o Leste, para o Norte e para o Sul. Todos os povos da terra serão abençoados por meio de você e da sua descendência. Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e eu o trarei de volta a esta terra. Não o deixarei enquanto não fizer o que lhe prometi". Gn 28:14,15


De acordo com o site Emunah a fé dos Santos, aqui há uma referência à descendência de Yaakov que seria uma bênção para todas as famílias da terra. Para algumas pessoas, esta profecia tem se cumprido gradualmente, através das invenções tecnológicas, e não só, desenvolvidas pelos israelitas e que os prêmios Nobel são apenas um reflexo.

A descendência de Yaakov é uma bênção para todo o mundo nesses momentos, além de ter entregado ao mundo a Toráh e o Messias para a salvação de todo aquele que se voltar para o Eterno. Por isso está escrito, na tua descendência/semente, como uma referência ao Messias.

Aqui aparece a mesma palavra que e no texto de Gênesis 12:3, “benditas” que no texto hebraico a palavra correspondente é “venivrechu”, e essa bênção que tornarão as pessoas benditas pode ser entendida como “o processo de enxerto no povo”, levando mais pessoas a andarem com D’us através da obediência à Toráh.

Concluindo nosso estudo, de acordo com o que vimos até aqui podemos entender que para permanecermos com o Eterno devemos partir de nossa zona de conforto e andar com D’us em todo o tempo e durante todo o caminho. O exemplo que encontramos na vida de Yaakov é muito claro para nós, e nos leva a refletir na nossa teshuvah, e em como estamos vivendo. Permanecer firme no caminho da Torah do Eterno é estar no centro da vontade do Eterno e ele estará ligado a você enquanto estiver firmado na sua vontade.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Pr/Rav Marcelo Peregrino Silva (Marcelo Santos da Silva - Moshê Ben Yosef)