Estudos da Torá
Parashá nº 39 e 40 – Chukát / Balák (Estatuto / Balák)
Bamidbar/Números Nm 19:1-22:1 e 22:2-25:9,
Haftará (Separação) Jz 11:1-33 e Mq 5:6-6:8; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 21:1-38 e Lc 22:1-71
Tema: Os aspectos proféticos da vaca vermelha
Essa semana vamos olhar para a vaca vermelha e encontrar alguns aspectos proféticos que apontam para Yeshua dentro de um contexto e para a congregação nazarena em outro contexto. E veremos como a Torá tem nos revelado coisas profundas acerca do messias e do povo do Eterno, envolvendo a todos que vivem segundo os Estatutos (chukát) de HaShem.
A PARASHÁ DA SEMANA
A parashá Chukát, de acordo com o resumo no site Chabad, começa com o puro decreto da Torá, Chukát Hatorá, uma mitsvá que somos conclamados a cumprir mesmo que não possamos entender seu propósito e sua razão - a vaca vermelha (Pará Adumá), cujas cinzas eram usadas, por exemplo, para purificar as pessoas que se contaminaram através de contato com o corpo de uma pessoa morta.
A narrativa então salta 38 anos, para iniciar a descrição do que aparece imediatamente antes do povo de Yisrael entrar na Terra de Kenaam. A profetisa Miriam morre, e o povo fica sem água, pois o miraculoso poço que os acompanhara durante sua jornada no deserto, segundo os sábios, existia apenas pelo seu mérito.
O Eterno ordena a Moshê e a Aharon que falem com uma rocha em especial, que produzirá água instantaneamente; em vez disso, Moshê golpeia a pedra com seu cajado, e HaShem diz aos dois líderes que eles não entrarão na Terra Prometida.
Depois, o rei de Edom recusa-se a deixar o povo judeu passar, fazendo-lhes tomar uma rota mais distante. Aharon morre e é sepultado no Monte Hor, e seu filho Elazar o sucede como Sumo Sacerdote.
Os Filhos de Israel cantam uma canção de louvor sobre o milagroso poço que D'us tinha feito surgir pelo mérito de Miriam, e a porção termina com as batalhas e vitórias sobre Sichon, o rei de Emori, e Og, o rei de Bashan.
A Parashá Balák muda das viagens do povo Yisrael no deserto para contar a história de Bilam, o profeta pagão que tentou amaldiçoar os Filhos de Yisrael.
Contratado por Balák, o rei de Moav, Bilam concorda em embarcar numa jornada até o acampamento israelita; entretanto, primeiro pede permissão a D'us, e vai com a condição de que falaria apenas aquilo que D'us colocasse em sua boca.
Durante a viagem, um anjo brandindo uma espada bloqueia o caminho de Bilam, fazendo que sua montaria se desvie repetidas vezes da estrada. Incapaz de ver o anjo, Bilam reage golpeando o jumento desobediente por três vezes. Milagrosamente, D'us faz com que o animal fale com Bilam, e D'us desvela os olhos do humilhado profeta, para que possa ver o anjo de pé em seu caminho. O anjo então lembra a Bilam uma vez mais que ele pode apenas falar as palavras que o Criador colocar em sua boca.
Chegando próximo do acampamento dos hebreus, Bilam tenta amaldiçoá-los repetidamente; todas as vezes D'us o impede, e em vez disso ele termina por pronunciar várias bênçãos e preces, para consternação de Balák.
A Porção da Torá termina com a licenciosidade dos homens judeus com as filhas promíscuas de Moav e Midian, e o indecente ato público de Zimri, um príncipe da Tribo de Shimon, com uma princesa midianita. Pinchás, neto de Aharon, reage zelosamente furando-os até a morte com uma lança, detendo uma peste que D'us havia feito irromper no acampamento.
ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ
É interessante quando começamos a estudar algum texto da Torá e temos a oportunidade de compreender mais acerca de nós, através dos textos e apontamentos proféticos que existem neles. Essa parashá possui fortes ensinos para nossas vidas como partes da Kahal Nazarena do Eterno. Vejamos alguns versos desta parashá:
E falou o Eterno a Moshê e a Aharon, dizendo: Este é o estatuto da lei que ordenou o Eterno, dizendo: fala aos filhos de Yisrael para que tomem em teu nome uma vaca vermelha, perfeita, na qual não haja defeito e que ainda não tenha levado jugo; e a dareis a Elazar, o sacerdote, e este a tirará fora do acampamento, e a degolarão diante dele. E tomará Elazar, o sacerdote, de seu sangue com seu dedo indicador e aspergirá para frente, na direção da entrada da tenda da reunião, do seu sangue, sete vezes; e a vaca será queimada perante os seus olhos; o seu couro, a sua carne e o seu sangue, com o seu excremento serão queimados. E tomará o sacerdote um pau de cedro, hissopo e lã carmesim e os jogará no meio do fogo em que arde a vaca. E lavará o sacerdote as suas roupas e banhará a sua carne na água, e depois entrará no acampamento, e impuro estará o sacerdote até a tarde. E aquele que a queimar, lavará suas roupas na água e impuro estará até a tarde. Nm 19:1-8
Estes versos inciais nesta parashá mostram que o mandamento da novilha vermelha é um chuk, ou chuká. No estudo desta parashá no ano passado, explicamos sobre os tipos de mandamentos e falamos sobre o chuk. Sugiro dar uma relembrada indo lá nos canais Sou Peregrino na Terra ou da Kahal Teshuvah Brasil no YouTube para complementar o entendimento.
Este mandamento, chuk ou chuká, é considerado muito importante, pois como falamos no estudo do ano passado, os chukim, plural de chuk, são mandamentos que não tem explicação lógica ou clara para a mente humana. Não comer carne de porco, peixe de couro, coelho estão encaixados neste estatuto também. Então, devemos compreender que este não é qualquer estatuto, é um “Chukat HaToráh” (estatuto da Toráh). Os sábios de Yisrael dizem que, se a Toráh pudesse ser resumida em uma única lei, seria esta.
Podemos Aprender nesta parashá, que este mandamento está nos ensinando a respeito de quem cumpre um chuk como este, apesar de não entender as razões do porquê devemos cumprir, é considerado como se tivesse cumprido toda a Torá, porque é uma demonstração da nossa vontade incondicional de obedecer à vontade do Eterno.
Os mandamentos que tem o nome de chuk ou chuká são conhecidos por sua ligação com o messias, ou seja, seus apontamentos proféticos. Especialmente este estatuto, por ser um chuká por excelência, pois liga intimamente em todo este ritual com o messias, mas não somente a ele, também à congregação nazarena. Há dois aspectos proféticos a serem observados neste estatuto da novilha vermelha. Permaneça conosco até o final e verá esses apontamentos.
A cronologia deste sacrifício em relação aos que já haviam sido dados
Desde o segundo ano depois que o povo de Yisrael saiu do Egito o Eterno passou as instruções, estatutos e mandamentos sobre o mishkan/tabernáculo e os corbanot/sacrifícios feitos em seu altar. Já sabemos que cada sacrifício tinha um apontamento para uma área da vida do messias e dos nazarenos, conforme falamos nos estudos das parashiot de Vayicrá/Levítico.
O sangue da oferta de gado ou do rebanho deveria cobrir o altar e seria também aspergido sobre o propiciatório. Também sabemos que o sangue é o apontamento para vida, a vida justa do animal, assim como para a vida justa do messias. Esse sangue ou vida justa cobria o pecado dos transgressores, assim como o sangue ou a vida justa do messias Yeshua apaga o pecado dos que se aproximam do Eterno e de sua Torá, reconhecendo esse enviado como resgatador.
Mas é importante mencionar que os sacerdotes para oferecerem esses sacrifícios deveriam se purificar primeiro. Para só então, eles oferecerem pelo povo. Então, estamos percebendo que os sacrifícios já haviam sido instituídos pela Torá oral e escrita do Eterno através de Moshê, no entanto, ainda não havia sido mencionado o sacrifício da vaca vermelha e todo o seu ritual.
Porquê o Eterno não deu esse estatuto junto com os de Veyicrá/Levitico?
Isso também é uma coisa que não sabemos, mas há comentários a respeito disso. Veja, o que um midrash menciona a respeito da Paráh Adumáh ou novilha vermelha.
Uma pessoa que é impura está de alguma forma impedida de receber luz espiritual. Perceba que interessante o que dizem os antigos, pois demonstra a verdade de acordo com a Torá:
Pois eu sou o Eterno Elohim de vocês; consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo. São se tornem impuros com qualquer animal que se move rente ao chão. Lv 11:44
HaShem deixa bem claro que ele é santo e não podemos nos estar com ele estando impuros, pois ele é santo. Mas perceba que essa impureza e pecado é retirado da vida daquele que segue o messias que ensinou a viver segundo a Torá de HaShem. As pessoas que estão vivendo em teshuvah, obedecendo ao Eterno são purificadas dia a dia.
Entretanto, os judeus que não acreditam que Yeshua seja o messias rejeitando-o, ainda sentem-se necessitados da expiação. Vejam o que mais o midrash escrito por judeus antigos e sem o testemunho de Yeshua nos diz.
Nós, judeus, estamos em um estado conhecido como “Tumat Met” – literalmente, impureza morta ou de morte, a forma mais severa de impureza ritual. Estamos nesse estado de espírito desde a destruição do Segundo Templo. A pureza ritual era extremamente importante durante o período do Templo. Continua o midrash, dizendo que havia naquele período, várias maneiras de tornar ritualmente puro novamente, como tomar banho, ou melhor, mergulhar em um mikveh contendo a medida prescrita de água, que é até hoje observada de 40 seahs (aproximadamente 120 galões ou 575 litros), segundo o perfil Ensinamentos da Torá no instagram.
Ainda segundo o mencionado midrash, um ritual de purificação mais complexo envolve receber água misturada com as cinzas de uma vaca vermelha. Este processo, é especificado no Livro de Bamidbar 19:1-22. O midrash ainda diz que, primeiramente a novilha tinha que ser totalmente vermelha, sem manchas e não usada para o trabalho. Então a novilha era sacrificada conforme Nm 19:3, e queimada fora do acampamento como diz Nm 19:3-6. Madeira de cedro, hissopo e lã escarlate eram colocadas no fogo junto com a novilha, e suas cinzas colocadas em uma tigela com água pura. De acordo com a Torá, e conforme o midrash nos conta, essa água era usada para purificar uma pessoa que havia sido contaminada ritualmente pelo contato com um cadáver, a água de uma tigela é aspergida com ramos de hissopo no terceiro e sétimo dia do processo de purificação.
O midrash em concordância com a Torá, aqui nos mostra que o sacerdote que realizava o ritual da vaca vermelha ficava impuro e precisava se purificar com o banho no mikveh e lavar suas roupas. E ficava impuro até a tarde, quando iniciava um novo dia. Todo esse processo, segundo o midrash, e de acordo com o que já disse antes, é chamado de “chok” ou estatuto da Torá, para o qual não temos explicação.
Mesmo não conseguindo entender bem o que é impureza, não podemos nos deixar ser impedidos de aprender com a Torá a tentar compreender pelo menos alguns dos ensinamentos desse estatuto.
Você percebeu que no início o midrash demonstra o reconhecimento e a necessidade dos rabinos antigos e atuais, de receberem a purificação, e como eles sentem falta do templo de dos sacrifícios? Isso se dá, exatamente por não reconhecerem a messianidade de Yeshua, e de todos os apontamentos proféticos que os rituais de corbanot e da vaca vermelha levam a Yeshua e a seus talmidim e seguidores. Aprendemos aqui, como essas porções da Torá nos ensinam com muita didática divina a percebermos nossa necessidade do Eterno, e de seus ensinamentos, que são dados mesmo em instruções que não podemos compreender intelectualmente em sua plenitude, mas mesmo assim, entendemos que há algo a aprender e a viver. Esse reconhecimento nos eleva e nos purifica através da vida justa de mashiach, que nos ensinou a seguir os mandamentos de HaShem.
Outro fato importante a ser considerado aqui, nessa parte do estudo, é o fato de que nessa parashá, o Eterno fala a Moshê e a Aharon acerca da novilha vermelha, mas as instruções são para que Elazar, o sacerdote, filho de Aharon, que ainda não era o sacerdote, fizesse o sacrifício. No entanto, algum tempo depois Aharon morre Nm 20:28, e o dito do Eterno a respeito de Elazar sacrificar a novilha se cumpre. Há algo mais aqui sobre Elazar que mencionaremos no final.
A pessoa que está pura se torna impura para purificar a outros
Com as cinzas de uma vaca vermelha, preparava-se águas de purificação, que eram guardadas nas casas dos sacerdotes por todo o território de Yisrael, para serem usados em purificação de alguém que tivesse tido contato com mortos e outras coisas. Era necessário pouca quantidade de cinzas para uma grande quantidade de água. Por isso as cinzas de uma novilha vermelha duravam muitos anos. De acordo com a Mishna e com o Midrash, no total foram sacrificadas nove novilhas vermelhas em toda a história de Yisrael. As cinzas da primeira duraram até à época de Esdras. Nesse tempo prepararam uma segunda, no tempo de Shimón Hatsadik foram queimadas duas, e depois outras duas no tempo do sumo sacerdote Yochanan, e depois dele até a destruição do templo foram queimadas outras três novilhas, fazendo um total de nove. Em si, as nove apontam para o nono milênio, o Olam Habáh. E se houvesse a décima diria respeito a vinda do messias para tornar plena a Torá de HaShem.
Note porém, que todo o ensino até agora, nos mostra que para haver meio de purificação de alguém, outra pessoa precisava se tornar impura. Mesmo que esse último estivesse puro para realizar o sacrifício, ele se tornava impuro a fim de preparar a água que purificaria outros. E esse é o próprio apontamento em um primeiro aspecto, para a vida e ministério de Yeshua, e em um segundo para os nazarenos.
A impureza adquirida pelo que está oferecendo o sacrifício é uma impureza ritual, onde depois de fazer o serviço ao Eterno ele fica impuro por ter tocado no sangue e nas cinzas do animal morto. Assim, como aquele que vive segundo a vontade do Eterno obedecendo aos seus mandamentos está puro, mas ao se aproximar daqueles que cometem transgressão acaba se contaminando, mas essa contaminação é passageira, pois é para gerar meios de purificação de outros. Ainda uma maneira diferente de observar a situação é ver como Yeshua e os seguidores são vistos pelas pessoas que estão afastadas, eles os vêem como impuros, pois não seguem o caminho deles, não praticam as mesmas coisas que eles, e a diferença os torna, aos seus olhos, impuros. No entanto, é justamente o contrário, pois assim como o sacerdote depois de todo o serviço feito, voltava para casa impuro, mesmo depois de se banhar e lavar as vestes permanecia impuro até a tarde, mas isso não o condenava, pois havia obedecido um mandamento do Eterno, que levaria a purificação para quem precisasse. Da mesma forma o cordeiro Yeshua se tornou impuro por um momento, ao morrer no madeiro, mas era para levar vida a outros, bem como, os nazarenos que são a novilha vermelha, por serem um número maior, assim como a novilha é maior que o cordeiro, que vivem uma vida de obediência e por isso, não são bem aceitos, mas fazem isso por desejarem fazer a vontade de HaShem. Veja o seguinte texto:
"Por isso diga à nação de Yisrael: ‘Assim diz o Soberano Eterno: Não é por causa de vocês, ó nação de Yisrael, que vou fazer essas coisas, mas por causa do meu santo nome, o qual vocês profanaram entre as nações para onde foram. Mostrarei a santidade do meu santo nome, o qual foi profanado entre as nações, o nome que vocês profanaram no meio delas. Então as nações saberão que eu sou o Eterno, palavra do Soberano Eterno, quando eu me mostrar santo por meio de vocês diante dos olhos delas. "‘Pois eu os tirarei das nações, os ajuntarei do meio de todas as terras e os trarei de volta para a sua própria terra. Aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão puros; eu os purificarei de todas as suas impurezas e de todos os seus ídolos. Ezequiel 36:22-25
Vejam que o Eterno ao falar pela boca do profeta deixa bem claro que a aspersão da água pura faz as pessoas serem purificadas. Mas alguém ficou impuro para isso! Do mesmo jeito que uma lavadeira antigamente ia à beira de um rio e se sujava para lavar as roupas. No próximo ponto irei trazer os apontamentos proféticos e o texto da parashá ficará claro e esse do profeta Ezequiel também.
Os aspectos proféticos da vaca vermelha
Antes de finalizarmos nosso estudo, vamos ao foco principal do nosso tema. Já falamos alguns pontos de vistas literais e históricos, e fizemos algumas analogias com os textos, e vimos alguns midrashim. Porém, agora vejamos os aspectos proféticos desse estatuto da vaca vermelha. Vamos rever o texto da parashá.
E falou o Eterno a Moshê e a Aharon, dizendo: Este é o estatuto da lei que ordenou o Eterno, dizendo: fala aos filhos de Yisrael para que tomem em teu nome uma vaca vermelha, perfeita, na qual não haja defeito e que ainda não tenha levado jugo; e a dareis a Elazar, o sacerdote, e este a tirará fora do acampamento, e a degolarão diante dele. E tomará Elazar, o sacerdote, de seu sangue com seu dedo indicador e aspergirá para frente, na direção da entrada da tenda da reunião, do seu sangue, sete vezes; e a vaca será queimada perante os seus olhos; o seu couro, a sua carne e o seu sangue, com o seu excremento serão queimados. E tomará o sacerdote um pau de cedro, hissopo e lã carmesim e os jogará no meio do fogo em que arde a vaca. E lavará o sacerdote as suas roupas e banhará a sua carne na água, e depois entrará no acampamento, e impuro estará o sacerdote até a tarde. E aquele que a queimar, lavará suas roupas na água e impuro estará até a tarde. Nm 19:1-8
Nesses versos contidos na porção desta semana, conforme falei no início desse estudo, encontramos muitos apontamentos proféticos. Se observarmos as partes sublinhadas veremos alguns deles, não falaremos sobre todos pois não há tempo suficiente. Portanto, preste atenção ao que passamos a explicar agora e poderá compreender bem.
O Eterno fala a Moshê e a Aharon. No contexto histórico Moshê ainda era o líder e Aharon ainda era o Kohem Gadol/Sumo Sacerdote. Há aqui uma diferença de mais de 37 anos desde que receberam a Torá no Sinai e as instruções acerca dos sacrifícios. E agora o Eterno estava trazendo uma instrução que ainda não havia sido dada. Por isso ele diz: “Este é o estatuto da lei…” ou seja, “chukat hatorah”. Isto aponta para algo especial. Veja, 37 é igual a 3 + 7 = 10, este é um número que aponta para plenitude, pois dez é um número completo, a letra hebraica para esse número é o Yud, que faz parte do tetragrama e do nome de Yeshua. Ele é tão pleno que sua raiz é 1, veja, 10 = 1 + 0 = 1, e este número aponta para o Eterno, pois a Torá nos fala que HaShem é um. Então, retornando a Moshê e Aharon, nas primeiras palavras sublinhadas, percebemos o Eterno mostrando que na plenitude do tempo ele faria algo novo. E Moshê aponta para Yeshua e Aharon aponta para a congregação nazarena. Note que a vaca vermelha era um estatuto que não havia sido dado ainda, mas estava sendo apresentado naquele momento. Isso aponta para o que o messias faria, ou seja, como seria executada a tarefa do messias, de uma maneira que muitos não veriam, não entenderiam, mas a missão seria cumprida e o caminho seria limpo e a porta seria aberta. E o profeta fala sobre isso, observe o texto a seguir:
Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não o percebem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo. Is 43:19
Continuando, as próximas palavras sublinhadas são “em teu nome”. Elas Estão indicando que este sacrifício seria para o povo de Yisrael, que em si mesmo é um apontamento para os remanescentes espalhados pelos quatro cantos da terra, e que podem ser alcançados pelo testemunho de Yeshua e passarem a viver em obediência à Torá. Ou seja, o sacrifício é para purificar os remanescentes, a fim de que venham a retornar para o Eterno.
Um detalhe interessante que precisa ser mencionado, e que na verdade já venho dizendo desde o início, é que uma das perspectivas da vaca vermelha é o fato dela apontar para a congregação nazarena, mas veja o porquê. A vaca é um animal grande em relação ao cordeiro. O cordeiro é Yeshua e a vaca a congregação nazarena. A cor vermelha da vaca aponta para o sangue ou vida justa de Yeshua, e pelo fato de ser grande tem muito sangue, que aponta para as vidas da congregação de todas as épocas. Então, ao mesmo tempo a vaca aponta para Yeshua, e aponta também para a congregação nazarena, pois expia os pecados. Sabemos que só justos ou cumpridores de Torá expiam pecados. Mas e o cordeiro? Já, já você vai entender!
A próxima parte que sublinhei, é “...a Elazar, o sacerdote...”. Este filho de Aharon só assumiria como Sumo Sacerdote mais à frente. Porém nas instruções a respeito da vaca vermelha o Eterno manda que o animal fosse entregue a Elazar, que levaria a novilha para fora do acampamento e lá degolariam o animal diante dele. Isso é interessante! Você sabe o que significa o nome Elazar? Seu nome significa no hebraico, “o Eterno é minha ajuda”.
Então, quando ligamos os pontos, podemos perceber que Elazar – o Eterno é minha ajuda – recebe a novilha, que representa a Kahal Nazarena coberta com o sangue ou vida justa de Yeshua, e a sacrifica, ou seja, a prepara como expiação e purificação para outros. Ao fazer isso, está levando os santos ao fogo ou tribulação para, a fim de ajudar alguns a se purificarem. E confirmamos o que estou dizendo quando lemos a continuação do texto da parashá que sublinhei acima e o comparamos com as palavras ditas pelo Eterno através da boca do profeta Ezequiel 36:22-25, que mencionaremos daqui a pouco. Veja:
...aspergirá para frente, na direção da entrada da tenda da reunião, do seu sangue, sete vezes e a vaca será queimada perante os seus olhos; o seu couro, a sua carne e o seu sangue, com o seu excremento serão queimados. E tomará o sacerdote um pau de cedro, hissopo e lã carmesim e os jogará no meio do fogo em que arde a vaca. E lavará o sacerdote as suas roupas e banhará a sua carne na água, e depois entrará no acampamento, e impuro estará o sacerdote até a tarde.
Entenda que “aspergir” é jogar por cima, mas o texto está dizendo que aspergirá para frente, falando do sangue da novilha vermelha, mostrando para nós que a vida da congregação é atirada, elevada e colocada na frente dos impuros para então serem os instrumentos que o Eterno precisa que sejam durante sete milênios, pois o texto fala que o sangue é aspergido sete vezes. Por esse motivo o texto nos revela que a vaca é queimada, com tudo, inclusive com o que não presta dela.
Como já disse algumas vezes, a vaca vermelha tem dois apontamentos, esses apontamentos são tempos diferentes. Ou seja, ela aponta para Yeshua, durante o período de seu ministério, pois ele estava expiando as vidas nesse período. E segundo o Rav Yochanan Ben Yaacov, Yeshua cumpriu o papel de abrir a porta para os que desejam servir ao Eterno. E não é à toa que ele diz:
Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem. João 10:9
Yeshua abriu essa porta para a redenção e caminho de obediência ao Eterno, a quem ela estava fechada. Ou seja, durante sua vida de obediência, morte e depois que o Eterno o ressuscitou, ele cumpriu um papel, resgatar pessoas que passariam a cumprir o mesmo papel dele. Lembra que ele falou que os talmidim fariam obras maiores que as dele? Olha o tamanho do cordeiro e olha o tamanho da vaca. Olha para o tempo que ele teve para trabalhar e olha o tempo que a congregação nazarena está tendo.
Os dois apontamentos, são os dois tempos, o tempo de Yeshua e o tempo dos talmidim e da congregação nazarena, o nosso tempo. Por isso, ele serviu de expiação e os seus seguidores servem de expiação em continuação à obra de redenção. Você percebeu, quando mais cedo eu mencionei sobre a cronologia dos sacrifícios de Levítico e o da vaca vermelha? Perceba que os primeiros demonstram que já havia sangue no altar, o sangue do cordeiro, ou seja, a vida de Yeshua, e agora com a novilha vermelha, era a continuação da purificação pela vida dos nazarenos.
O que Yeshua e a congregação nazarena fazem? Eles levam a luz da Torá às pessoas que antes eram lâmpadas apagadas, e depois da aspersão, se tornam luzes. Por isso Yeshua disse: “Vós sois a luz do mundo.” Mt 5:14.
O pau de cedro, o hissopo e a lã carmesim que neste estatuto são queimados juntos com a vaca, estavam presentes no momento em que Yeshua estava sendo morto, ou seja, sendo queimado pelo fogo das provações de sua tarefa como ungido. O pau de cedro estava lá, pois o madeiro em que foi preso era de cedro, o hissopo foi usado para lhe dar de beber e a lã carmesim era a capa que os soldados tiraram sortes. Jo 19:23-24.
O sacerdote que levava o animal para o sacrifiício, o que efetuava o sacrifício e o que coletava a cinza ficavam impuros. Da mesma forma o que tocava depois na água misturada com cinza para purificar a outros, também ficava impuro de acordo com o texto da parashá. Tudo isso é um apontamento para Yeshua e a congregação que são vistos por muitos judeus e gentios como impuros, mas é a impureza que eles adquirem que leva vida e purificação para outros.
E finalmente, para terminar nosso estudo de hoje, vamos pegar novamente o texto de Ezequiel 36:22-25, e aplicar uma técnica judaica de interpretação que aprendi com o Rav Yochanan.
Resumidamente, essa técnica é aplicada encontrando palavras chaves, palavras fechaduras e analisando o texto e encontrando o contexto profético dele, e depois aplica-se outro nível de interpretação, que os judeus chamam de inversão de contexto. Não entrarei em detalhes aqui, mas mostrarei o texto literal e depois mostrarei o texto já com a técnica aplicada e você poderá perceber como ele se encaixa profeticamente com todo o aprendizado de hoje. E como as Escrituras são ricas em profecias.
Vamos ao texto literal primeiro.
"Por isso diga à nação de Yisrael: ‘Assim diz o Soberano Eterno: Não é por causa de vocês, ó nação de Yisrael, que vou fazer essas coisas, mas por causa do meu santo nome, o qual vocês profanaram entre as nações para onde foram. Mostrarei a santidade do meu santo nome, o qual foi profanado entre as nações, o nome que vocês profanaram no meio delas. Então as nações saberão que eu sou o Eterno, palavra do Soberano Eterno, quando eu me mostrar santo por meio de vocês diante dos olhos delas. "‘Pois eu os tirarei das nações, os ajuntarei do meio de todas as terras e os trarei de volta para a sua própria terra. Aspergirei água pura sobre vocês, e vocês ficarão puros; eu os purificarei de todas as suas impurezas e de todos os seus ídolos. Ezequiel 36:22-25
Agora veja o mesmo texto depois de aplicada as técnicas de interpretação que aprendi com o Rav Yochanan Ben Yaacov.
"Por isso diga à nação de Yisrael: ‘Assim diz o Soberano Eterno: É por causa de vocês, ó remanescentes, que não vou fazer essas coisas, mas por causa do meu caráter a Torá, a qual vocês não profanaram entre os pagãos para onde foram. Mostrarei a santidade do meu caráter a Torá, o qual não foi profanado entre pagãos, a Torá que vocês não profanaram no meio deles. Então os pecadores pagãos saberão que eu sou o Eterno, palavra do Soberano Eterno, quando eu me mostrar santo por meio de vocês diante dos olhos deles. "‘Pois eu não os tirarei dos pagãos, não os reunirei do meio de todas as pessoas que transgridem a Torá e não os trarei de volta para as pessoas. Não aspergirei água pura sobre vocês, e vocês não ficarão puros; eu não os purificarei de todas as suas impurezas e de todos os seus ídolos. Ezequiel 36:22-25
Veja que o Eterno deixa bem claro no texto interpretado que a congregação de remanescentes justos no meio das nações, são tratados como impuros, mas HaShem está permitindo para que a Torá seja revelada através das vidas dessas pessoas. O Eterno diz que não tirará os nazarenos do meio dos pagãos, não os purificarão tirando eles das nações, não os ajuntarão antes da hora, pois há propósito para estarem ali. Portanto, em todas as eras passadas e até hoje, há um propósito para os remanescentes que vivem em obediência à Torá do Eterno, a saber, testemunhar com suas práticas de vida a santidade e o nome, ou caráter, ou a Torá de HaShem.
Que possamos entender e absorver o sentimento profético de sermos essa novilha vermelha, que é queimada para purificar. Que entendamos que assim como Elazar, fomos chamados para levar a palavra verdadeira na prática cotidiana, e ainda assim, estarmos impuros para que outros venham ser purificados.
Que HaShem lhes abençoe!
Pr./Rav Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)
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