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sexta-feira, 2 de junho de 2023

Estudo da Parashá Nassô - 2022-2023 - A Birkat Kohanim e o messias.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 35Nassô (Fazei uma contagem)

Bamidbar/Números Nm 4:21-7:89,

Haftará (Separação) Jz 13:2-25; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 13:1-14:35; At 21:7-40


Tema: A Birkat Kohanim e o messias


RELEMBRANDO


Semana passada estudamos sobre o fato de a tribo de Levi ser considerada a menor tribo que saiu do Egito, no entanto, a importância dela por ter sido escolhida pelo Eterno para o serviço sacerdotal, a tornou maior. Por isso, o tema dessa semana, em que celebramos shavuot, é bem sugestivo e nos leva a refletir em nossa caminhada. Nesta semana, vamos adentrar em um assunto intrigante e de muita importância em nossa teshuvah, vamos estudar um pouco sobre a Bênção Sacerdotal, seus aspectos históricos e literais, alguns aspectos proféticos e sua ligação com o messias.


A PARASHÁ DA SEMANA


O resumo da dessa parashá nos mostra o termoNassô”, que indica o Eterno ainda mandando Moshê contar os levitas, conforme vimos no estudo passado, e prossegue delineando as tarefas e responsabilidades das três famílias levitas - Gershon e Merari na porção desta semana, Kehat na semana passada - e contando todos os levitas que estavam em idade de servir no Mishkan.

Depois que D'us ordenou a Moshê purificar o acampamento para que fosse um lar merecedor da Presença Divina, a Torá descreve o processo a ser cumprido com uma “sotá”, uma esposa que foi advertida pelo marido a não ficar sozinha com outro homem, e mais tarde foi surpreendida fazendo-o, dando ao marido um bom motivo para suspeitar de adultério. Ela é levada ao Kohen no Templo Sagrado e, caso não admita sua culpa, recebe água amarga sagrada para beber, o que levará a um destes dois resultados: ou as águas estabelecerão sua inocência, removendo a dúvida de seu relacionamento com o marido e abençoando-a com filhos, ou as águas provarão sua culpa por uma morte miraculosa e grotesca.

A Torá então descreve as leis do nazir, uma pessoa que aceitou voluntariamente adotar um estado especial de santidade, geralmente por trinta dias, abstendo-se de comer ou beber qualquer derivado de uva, cortar o cabelo, e de contaminar-se através do contato com o corpo de alguém que morreu. Após relatar as bênçãos pelas quais os Kohanim abençoarão o povo, a porção da Torá conclui com uma longa lista das oferendas trazidas pelos doze líderes das tribos durante a dedicação do Mishkan para uso regular. Cada príncipe faz uma oferenda comunal para ajudar a transportar o Mishkan, bem como doações idênticas de ouro, prata, animais e alimentos.

Para saber mais sobre as tarefas dos Kohanin veja o estudo da parashá Nassô do ano passado nos canais Sou Peregrino na Terra e Kahal Teshuvah Brasil no YouTube.

Vejamos nesse pequeno estudo o que podemos ainda aprender com essa parashá.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ


Vamos ao texto da parashá Nassô que traz o foco do nosso estudo. Seguiremos a transcrição do texto hebraico original, da sua transliteração e da tradução.


23 דַּבֵּ֤ר אֶֽל־אַהֲרֹן֙ וְאֶל־בָּנָ֣יו לֵאמֹ֔ר כֹּ֥ה תְבָרֲכ֖וּ אֶת־בְּנֵ֣י יִשְׂרָאֵ֑ל אָמֹ֖ור לָהֶֽם׃ ס

24 יְבָרֶכְךָ֥ יְהוָ֖ה וְיִשְׁמְרֶֽךָ׃ ס

25 יָאֵ֨ר יְהוָ֧ה׀ פָּנָ֛יו אֵלֶ֖יךָ וִֽיחֻנֶּֽךָּ׃ ס

26 יִשָּׂ֨א יְהוָ֤ה׀ פָּנָיו֙ אֵלֶ֔יךָ וְיָשֵׂ֥ם לְךָ֖ שָׁלֹֽום׃ ס

27 וְשָׂמ֥וּ אֶת־שְׁמִ֖י עַל־בְּנֵ֣י יִשְׂרָאֵ֑ל וַאֲנִ֖י אֲבָרֲכֵֽם׃ ס


Daber el-Aharon veel banayv lemor coh tevarachu et-beney Yisrael amor lachem

Yevarekhekha HaShem veyishmerkha

Yaer HaShem panaiv elekha vichuneka

Yisá HaShem panaiv elekha veyasem lekha shalom

Vesamu et-shemi al-beney Yisrael vaani avarakhem


"Fale a Aharon e aos seus filhos, e diga-lhes que vocês devem abençoar os filhos de Yisrael dizendo-lhes:

"HaShem te abençoe e te guarde;

HaShem faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti;

HaShem sobre ti levante o seu rosto e te dê paz.

"Assim eles invocarão o meu nome sobre os israelitas, e eu os abençoarei".

Números 6:23-27


Inicialmente, antes de trazer o contexto histórico e literal desses versos, ou seja, dessa benção. Quero chamar a sua atenção para algo que pode passar despercebido no texto hebraico, se a pessoa não tiver um entendimento do contexto original. Repare nas letras que aparecem ao final de cada verso em hebraico, vamos falar sobre elas logo mais à frente, fique conosco até o final do estudo. Se prepare para um entendimento mais profundo.


O contexto histórico e literal da Birkat Kohanim

A benção sacerdotal é famosa!

Historicamente, também é conhecida como benção Aarônica. Em hebraico é chamada de Birkat Kohanim, literalmente “benção sacerdotal”. Também é conhecida como Nesiat kapayim “estender as mãos”. É considerada como uma oração de bem-aventurança e felicidade especial para os filhos de Yisrael.

De acordo com os rabinos, a Birkat Kohanim possui três frases e por isso promove uma bênção tripla, e falaremos sobre isso adiante. Esta benção também é o texto bíblico mais antigo, pois foi encontrado em peças arqueológicas antigas, como pêndulos e camafeus ( jóias que se produzem esculpindo em relevo pedras duras estratificadas, como a ágata, o ónix, a ametista ou a cornalina.), contendo as três frases inscritas, encontrados em sepulturas no Vale de Hinom, do lado de fora da cidade velha de Yerushalayim.

Vejamos ainda, a Birkat Kohanim dentro do ponto de vista judaico, ou seja, com o olhar da tradição dos antigos, extraídos do Chabad. Em Yisrael ou numa sinagoga sefaradita fora de Yisrael, podemos ouvir a bênção dos kohanim todos os dias. Entretanto, numa sinagoga askenazita fora de Yisrael, a bênção dos kohanim é recitada apenas em Pêssach, Shavuot e Sucot, assim como em Rosh Hashaná e Yom Kipur. A bênção sacerdotal está reservada para estes dias de júbilo.

Segundo o mencionado site, na época do Templo Sagrado, os kohanim pronunciavam o nome do Eterno em cada versículo da bênção dos kohanim, da maneira como é escrito, o tetragrama por extenso. Isto era proibido fora do Templo Sagrado. E podemos nos lembrar, com isso, e fica bem claro, que os sacerdotes conheciam o nome do Eterno.

Ainda segundo o midrash, nesta parashá, D'us disse a Moshê que ordenasse aos kohanim: "Assim abençoarão os filhos de Israel…". Esse "Assim", de acordo com o site, significa que os kohanim deviam conceder a bênção da seguinte maneira:

  • De pé.

  • De mãos erguidas em direção ao céu.

Por que os kohanim também estendiam os dedos, como é costume até hoje?

Vejam o motivo, pois é no mínimo interessante!

Quando os filhos de Yisrael souberam que os kohanim os abençoariam, protestaram, segundo o midrash eles falaram: "Mestre do Universo", disseram, "por que Tu nos abençoas através de terceiros? Desejamos que Tu nos abençoe diretamente!" D'us replicou: "Apesar de ter ordenado aos kohanim que os abençoe, Eu também estarei presente." Por isso, ao recitar estas bênçãos, os kohanim deixam espaços entre os dedos como que para indicar: "O Próprio Todo-Poderoso está presente atrás de nós." Segundo os antigos, no Templo Sagrado, a Shechiná encontrava-se atrás dos ombros dos kohanim, e irradiava através das aberturas entre seus dedos. As pessoas estavam proibidas de olhar para a Shechiná, Presença Divina, durante a recitação da bênção sacerdotal. O costume atual é de não olhar para os kohanim durante a bênção.

Guardem bem essas informações que estou passando sobre o midrash, pois elas tem uma ligação incrível com o fato de Yeshua, o sumo sacerdote segundo a ordem de Malk-tzedek, ser o representante do Eterno, entre os homens, da mesma forma que os nazarenos o são atualmente. Quando ministramos a Birkat Kohanim, através de nós as bençãos do Eterno estão sendo ministradas às pessoas que obedecem ao Eterno. E Logo à frente falaremos algo sobre benção.

Conforme podemos ver no texto da parashá, os kohanim, descendentes de Aharon, receberam a honra de conceder a bênção da paz pelo mérito de Aharon, que amava a paz, e trazia paz onde quer que percebesse discórdia ou contenda. Porém, é importante destacar que que apesar de eu ter usado o termo paz, em hebraico a palavra está “shalom”, que aponta para plenitude, e isso é muito mais do que somente paz. Plenitude demonstra o poder do Eterno sobre a vida da pessoa em diversos aspectos e situações. E isso é exatamente o sentido dessa benção que HaShem manda os Kohanim ministrarem sobre os filhos de Yisrael.


Porque antes da Bênção Sacerdotal o Eterno usou a Expressão "Assim"?

Apesar de já ter mencionado algo acima, vamos complementar um pouco mais. Vamos recorrer ao midrash novamente, a fim de que possamos compreender o contexto histórico cultural, para depois entendermos a prática, conforme demonstrado acima.

Segundo o midrash, D'us introduziu a bênção dos kohanim com a expressão "Assim", aludindo ao patriarca Avraham, a quem Ele abençoou: "Assim será tua semente." (Bereshit 15:5) O midrash no site Chabad nos tráz um ensino importante através de uma alegoria. Preste atenção ao que transcrevo abaixo:

Que bênçãos estas palavras contêm?

Um viajante perdeu-se de sua rota. Caminhava exausto através do deserto quente e abrasador por dias sem fim. Nenhuma estrada, nenhuma casa, nem sinal de vivalma à vista. Já havia bebido a última gota d'água de seu cantil, sua língua grudara ao palato, de sede. De repente, percebeu uma árvore à distância. Se uma árvore pode sobreviver no solo, pensou, deve haver uma fonte de água por perto. Para sua alegria, descobriu uma fonte de água fresca perto da árvore. Os galhos estavam carregados de frutas. O viajante bebeu e bebeu da água cristalina, comeu dos frutos e mergulhou num profundo sono à sombra refrescante. Ao acordar, sentiu-se renovado, pois recuperara as forças. "Árvore, árvore, como posso lhe agradecer?" exclamou grato. "Gostaria de desejar-lhe que tenha belos galhos, porém já os tem. Abençoá-la-ia com deliciosos frutos? Seus frutos não poderiam ser mais suculentos. Com sombra refrescante? Já a tem. Com uma fonte de água? A nascente perto de você é pura e cristalina. Você é abençoada com todo tipo de perfeição. Portanto, posso dar-lhe somente uma bênção: que todas suas sementes nasçam e cresçam exatamente iguais a você."

Perceba que, segundo a alegoria contada, similarmente, D'us procurava uma bênção para conceder a Avraham, segundo o midrash. "Avraham", disse, "que bênção posso te dar? Que você seja um tsadic perfeito? Você o é. Você foi lançado à fornalha ardente para santificar Meu Nome; abriu uma pousada para acomodar viajantes e trazê-los para sob as asas da Shechiná; e disseminou Meu Nome pelo mundo inteiro. Que sua esposa seja uma tsadeket? Ela já o é. Que os membros de sua casa sejam tsadikim? Eles já são. Tenho apenas uma bênção para você: 'Assim será sua semente' - que sua semente seja exatamente como você!". Dessa forma, segundo o que o midrash nos conta, o Eterno introduziu a benção dos kohanim com a palavra "Assim", para indicar que a verdadeira bênção ao povo de Yisrael, seja que cada um de seus membros cresça para se tornar como seus patriarcas. E isso é muito interessante, pois faz muito sentido, já que encontramos no TaNaK textos que podem corroborar com a idéia. Vejam os textos a seguir:


Haja fartura de trigo por toda a terra, ondulando no alto dos montes. Floresçam os seus frutos como os do Líbano e cresçam as cidades como as plantas no campo. Sl 72:16


Vocês, céus elevados, façam chover justiça; derramem-na as nuvens. Abra-se a terra, brote a salvação, cresça a retidão com ela; eu, o Eterno, a criei. Is 45:8


Eu mesmo reunirei os remanescentes do meu rebanho de todas as terras para onde os expulsei e os trarei de volta à sua pastagem, a fim de que cresçam e se multipliquem. Jr 23:3


Notem que claramente os apontamentos proféticos nos textos mostram a mesma ideia do midrash. O trigo farto tremulando nos altos montes são apontamentos para os servos fiéis do Eterno que crescem. Da mesma maneira no segundo verso, os céus elevados que fazem chover justiça, também são apontamentos para os fiéis do Eterno que derramam sobre as pessoas o ensino e a prática da Torá. E o verso de Jeremias então, nem se fala, ele é muito claro quanto ao apontamento profético, pois o Eterno já deixa claro que ele levará os exilados devolta para a terra e os farão crescer. Dessa forma, o termo “assim”, que introduz a Birkat Kohanim, mostra como HaShem estava estabelecendo sua vontade, que havia prometido a Avraham, faria a seus descendentes e aos que forem fiéis.



Vamos falar de benção

A Birkat Kohanim, benção sacerdotal, conforme vimos até aqui é a benção que o Eterno mandou que fosse ministrada aos filhos de Yisrael. Vamos então reler o texto no hebraico para buscar mais entendimento.


24 יְבָרֶכְךָ֥ יְהוָ֖ה וְיִשְׁמְרֶֽךָ׃ ס

25 יָאֵ֨ר יְהוָ֧ה׀ פָּנָ֛יו אֵלֶ֖יךָ וִֽיחֻנֶּֽךָּ׃ ס

26 יִשָּׂ֨א יְהוָ֤ה׀ פָּנָיו֙ אֵלֶ֔יךָ וְיָשֵׂ֥ם לְךָ֖ שָׁלֹֽום׃ ס

Yevarekhekha HaShem veyishmerkha

Yaer HaShem panaiv elekha vichuneka

Yisá HaShem panaiv elekha veyasem lekha shalom


"HaShem te abençoe e te guarde;

HaShem faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti;

HaShem sobre ti levante o seu rosto e te dê paz.


A primeira palavra que aparece no texto hebraico é יְבָרֶכְךָ֥ - “yevarekhekha”, e esta palavra vem da raiz בָּרַךְ - “barakh”. No estudo da parashá Vayetse, eu falei exatamente sobre o conceito original de benção. Depois vá lá no canal e procure o estudo desse ano, o tema é Parashá Vayetse – O conceito original de benção. Lá naquele estudo eu disse que, o conceito da palavra “bênção” no Hebraico é בְּרָכָה – “brakhah”, que vem da raíz בָּרַך – “barakh”, que por sua vez significa ajoelhar-se ou joelho. Essa palavra é bem sugestiva não é? Perceba que sua raiz direciona para o sentido de respeitar, rendição, obediência e até de uma pessoa penitente. Ou seja, dentro desse contexto a palavra leva para o sentido de dar poder a alguém. Quando se abençoa uma pessoa, na verdade está sendo colocado nela o poder da plenitude do Eterno. Por isso, a bênção não pode ser ministrada a qualquer pessoa, pois só alcança a quem é obediente. Outra coisa interessante é que no estudo da parashá “Balak”, do ano passado, eu também disse algo a respeito da palavra “bênção”, que repetirei aqui novamente. A bênção e a maldição são opostas, antagônicas, mas elas tem a mesma origem. Estamos percebendo através do entendimento das palavras originais que bênção vem do termo hebraico “barakh”, que significa “dar poder a alguém para ser próspero, bem-sucedido e fecundo em tudo o que fizer.”, vemos isso em Dt 28. Opostamente, o termo “arar” em hebraico é amaldiçoar, e significa “prender por encantamento, cercar com obstáculos, deixar sem forças para resistir.” Mas “brakhah” também pode significar maldição, e para saber mais vá ao estudo da parashá Vayetse já mencionado acima. Com isso, vimos que na primeira palavra do texto já conseguimos compreender um pouco mais.

Porém, essa benção que dá poder a quem a recebe, serve para quê? Vejamos parte a parte dessa bênção para aprendermos o que ela trás.


1ª Parte - Yevarekhekha HaShem veyishmerkha - HaShem te abençoe e te guarde


- Yevarechechá: Já sabemos que esse termo fala de bênção, que significa poder de D’us sobre a pessoa que a recebe. Então ela pode querer dizer, que o Eterno abençoe teus pertences, tratando de bens materiais, ou seja, daquilo que a pessoa tem. Compreendemos que quando uma pessoa precisa de alimento e de outras necessidades indispensáveis, é difícil para ela estudar a Torá com tranquilidade. Por isso, a bênção possibilita que tenhamos suficiente sustento. Este versículo não é meramente uma promessa de riqueza material e sucesso. Ele é mais amplo, ele mostra plenitude, é uma promessa de prosperidade verdadeira, de cuidado do Eterno para com aquele que obedece e recebe esta bênção.

- Veyishmerêcha: O poder do Eterno sobre a vida de quem recebe a bênção tem certo direcionamento. O Eterno protege os pertences de serem roubados ou danificados, embora isso não signifique que nunca possa acontecer nada conosco. Coisas ruins podem ocorrer, e isso não significa que perdemos a bênção ou que fizemos algo errado. Muitas vezes o Eterno pode estar nos provando para ver como reagiremos à algumas situações adversas em nossas vidas. Sendo assim, precisamos compreender que, tudo o que acontece com nossas possessões é na verdade determinado por D'us.

Veja o seguinte relato, extraído do site Chabad.

Um corajoso soldado prestou inestimáveis serviços a seu país. Foi convocado a receber a condecoração das mãos do imperador. Este presenteou-o com um baú contendo cem moedas de ouro valiosíssimas. Muito contente por já ter feito fortuna, o soldado acomodou o baú sob a sela de seu cavalo e partiu para casa. Enquanto cavalgava por uma trilha deserta na montanha, salteadores de repente o atacaram. Subjugaram-no e tomaram seu baú. Desta maneira, sua fortuna se foi tão rápido quanto viera.

A ilustração acima nos mostra o estamos aprendendo com essa primeira parte da bênção, pois um rei que dá dinheiro ou posses a alguém, nunca pode assegurar-se completamente contra danos, roubo, perda, doenças ou morte, cuja ocorrência impediria o beneficiado de usufruir de seu presente. Somente o Rei dos Reis pode dar tal garantia. Portanto, após prometer bens materiais, D'us garante que Ele nos guardará de qualquer infortúnio que possa impedir nossa capacidade de nos beneficiarmos dela. Como disse acima, claro que o Criador pode nos provar e permitir que algo ocorra com nossos bens, a fim de verificar como reagiremos, principalmente com ele, em relação a infortúnios ocorridos. Um bom exemplo disso encontramos na vida do jovem Yossef, que tinha tudo na casa de seu Pai Yaakov, e de uma hora para outra perdeu tudo e virou escravo. Mas isso não o fez perder sua fidelidade ao Eterno e sua Torá.

Além disso, podemos compreender ainda, que segundo o mencionado site, a palavra "Veyishmerêcha” - Te guarde, também refere-se à proteção contra a yêtser hará, ou seja, a má inclinação. Uma vez que, riqueza material gera novos tipos de desejos. O dinheiro gasto com luxos torna-se uma maldição, ao invés de bênção. Por isso, a compreensão dessa primeira parte deve ser que, as palavras "Que Ele te abençoe com riqueza," são seguidas, portanto, de "e te guarde", do abuso, ao gastar com luxos que podem ser desnecessários. Em vez disso, que você utilize sabiamente o dinheiro, conforme a Torá e as mitsvot nos ensinam.

De acordo com o mencionado site, o primeiro versículo da bênção sacerdotal contém três palavras, correspondendo aos três patriarcas, Avraham, Yitschac e Yaacov. Lembre-se que já mencionei acima a respeito da promessa feita a Avraham.


2ª Parte - Yaer HaShem panav elekha vichuneka - HaShem faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti


- Yaer: Nessa primeira palavra da segunda parte da bênção vemos nas traduções mais comuns, "Que a face de D'us brilhe sobre ti", podemos entender que, a bênção está dizendo: “Que o Eterno ouça tuas preces quando rezares a Ele e te dê entendimento ao estudar Torá.” A bênção nos mostra que o Eterno se revela a nós quando temos um coração voltado para Ele, ou seja, a nossa Kavanah deve estar voltada para buscar agradar ao Eterno. Quando isso ocorre ele revela ou dá entendimento da Torá.

- Panaiv: A segunda palavra vem da raiz פָּן – “pan” cujo feminino plural é פָּנִים – “panim”, que carregam os seguintes significados:  forma, modo; lado, face, cara. Sabemos que o Eterno é um poder, uma essência, uma energia, ele não tem corpo físico, portanto, não tem face, rosto. Então esse “panaiv” essa face do Eterno que resplandece sobre a pessoa é um apontamento para o messias que o Eterno revela para a pessoa. A revelação da face é, portanto, a revelação da verdade que o messias trás da Torá verdadeira.

- Elekha: Essa palavra dá o sentido de direção. Ela indica para onde a benção está sendo direcionada. No caso, “sobre ti” é a indicação da pessoa que a recebe a revelação do Eterno a respeito da face. Essa palavra também é uma variação de Elohim, que por si já é uma representação de autoridade, e um apontamento da autoridade que o messias recebeu, assim como os nazarenos.

- Vichunêca: A última palavra dessa segunda parte nos leva ao entendimento de que, a misericórdia do Eterno que muitos chamam de graça, e pensam que ela só passou a existir depois do chamado Novo Testamento, compreendemos que ela já estava sobre as pessoas também através dessa bênção. Então podemos entender essa parte assim: “Que Ele faça isso por ti, mesmo que apesar de algum deslize, não o mereças, mas ele faz porque vê sua kavanah/intenção.

Então, segundo o site Chabad poderíamos nos perguntar, qual o significado da palavra "vichunêca"?

De acordo com o site, a palavra חן - chen – graça, misericórdia, que também é relativa à chinam, que significa gratuito, denota uma ligação e apego que não se originam da lógica ou da razão.

Este conceito é assim esclarecido nas palavras dos sábios de Yisrael que dizem:

"Há três exemplos comuns de apego inexplicável:

  • Um marido acha sua esposa graciosa.

  • Uma pessoa acha sua cidade natal especialmente encantadora (apesar dos outros poderem considerá-la um local desagradável para se viver).

  • Um comprador sente um apego especial ao objeto que adquiriu."

Segundo o midrash, em todos os três casos, a relação está além da compreensão lógica. Baseando-se tão somente sobre um afeto especial com o qual a pessoa se refere à outra ou a objetos. Da mesma forma, pedimos a D'us que conceda-nos Sua bênção, mesmo se não somos merecedores. Queremos ser abençoados como um presente de graça, por causa do amor de D'us por Yisrael. E aqui, novamente nos lembramos da justiça dos patriarcas e das promessas que o Eterno lhes fez. Este versículo contém cinco palavras, que correspondem aos cinco Livros da Torá. A Torá foi dada em mérito dos três patriarcas, cuja alusão é feita através das três palavras do primeiro versículo.


3ª Parte - Yisá HaShem panaiv elekha veyasem lekha shalom - HaShem sobre ti levante o seu rosto e te dê paz.


Como essa última parte repete alguma palavras, veremos apenas as que ainda não estudamos os significados.

- Yisá: Essa palavra indica elevar, levantar, também leva para o entendimento de dar atenção. Dessa forma podemos ler: “Que D'us te dê total atenção, estejas onde estiveres.” Mesmo que você vá para longe, como Yisrael foi levado para os quatro cantos da terra, o Eterno continua olhando por eles. O entendimento do verso nos diz que Ele te guardará em todos os infortúnios. Esta é a bênção de Divina Providência; D'us está atento e observa cada uma de nossas atividades.

- Veyasem lechá shalom: A palavra וְיָשֵׂם - Veyasem é uma derivação de uma outra palavra de mesma raiz, a palavra Shem, que significa nome, fama. Daí podemos entender que a benção está prometendo que o Eterno com seu nome ou fama estará sobre a pessoa, isto é, os atributos do Eterno estarão sobre a vida da pessoa. A justiça, o amor, a fidelidade do Eterno serão com a pessoa que recebe a bênção. Veja que é o que ocorre quando se vive de acordo com a justiça do Eterno, a Torá. Por isso o resultado é: D'us te dará paz. Mas não é qualquer paz, é a shalom, que é plenitude. Com isso, entendemos que o povo não será atacado pelas más inclinações ou prejudicado por outros, de quaisquer outros modos. Claro, a não ser que seja plano do Eterno.

Este terceiro e último versículo da Birkat Kohanim é o ápice dos dois anteriores. Desejamos as bênçãos materiais (Yevarechechá) e espirituais (Yaer) apenas com o objetivo de adquirir a bênção final de proximidade com HaShem, traduzida em bondade e paz. Assim, quando o texto diz: "Que D'us erga Seu semblante para ti" aponta para o interesse pessoal do Eterno com cada um dos que o obedecem fielmente, sendo judeu, israelita ou ex-gentio enxertado, o relacionamento mais próximo possível, o qual foi prometido ao povo de Yisrael. Que tem estado em diáspora, mas esperando o cumprimento da promessa de redenção e resgate para a terra prometida.

Segundo o midrash, as bênçãos dos filhos de Yisrael são concluídas com "paz", pois não é possível desfrutar de qualquer outra bênção, a não ser que a pessoa esteja em shalom. Esta terceira parte contém sete palavras, segundo o midrash, sugerindo os sete céus, em alusão ao que os kohanim desejam ao povo de Yisrael: "Que Ele, que reside nos sete céus o abençoe."

Com isso, vemos como o Eterno deseja abençoar os filhos de Yisrael através daqueles que são obedientes, os kohanim, sejam os do passado, os de hoje ou mesmo os do futuro, durante o reino do Eterno através de Yeshua, o messias. Através dessa bênção estamos percebendo a ligação de Yeshua, como messias e Sumo Sacerdote da ordem de Malk-Tsedek com as promessas do Eterno que estão em pleno cumprimento, e que se tornarão plenas à partir do sétimo milênio. Opa! Percebeu que disse acima que a última parte da bênção tem sete palavras? Disse que apontava para os sete céus, mas olha que surpresa! Também aponta para o sétimo milênio, onde as promessas de plenitude iniciarão a ser cumpridas, e isso ocorrerá primeiro com Yeshua e com os seus seguidores, bem como, com todos os que foram fiéis a HaShem nos milênios anteriores, os remanescentes do Reino.

Agora, vamos para a última parte desse estudo. A parte de um “Sod”, um segredo que li no texto em hebraico e quero compartilhar com vocês.


Um Segredo na Birkat Kohanim em hebraico.

Vocês se lembram que no início desse estudo eu mostrei que existem letras no final de cada verso da benção? Vamos rever isso, notem nos versos abaixo as letras sublinhadas:


23 דַּבֵּ֤ר אֶֽל־אַהֲרֹן֙ וְאֶל־בָּנָ֣יו לֵאמֹ֔ר כֹּ֥ה תְבָרֲכ֖וּ אֶת־בְּנֵ֣י יִשְׂרָאֵ֑ל אָמֹ֖ור לָהֶֽם׃ ס

24 יְבָרֶכְךָ֥ יְהוָ֖ה וְיִשְׁמְרֶֽךָ׃ ס

25 יָאֵ֨ר יְהוָ֧ה׀ פָּנָ֛יו אֵלֶ֖יךָ וִֽיחֻנֶּֽךָּ׃ ס

26 יִשָּׂ֨א יְהוָ֤ה׀ פָּנָיו֙ אֵלֶ֔יךָ וְיָשֵׂ֥ם לְךָ֖ שָׁלֹֽום׃ ס

27 וְשָׂמ֥וּ אֶת־שְׁמִ֖י עַל־בְּנֵ֣י יִשְׂרָאֵ֑ל וַאֲנִ֖י אֲבָרֲכֵֽם׃ ס


Daber el-Aharon veel banayv lemor coh tevarachu et-beney Yisrael amor lachem

Yevarekhekha HaShem veyishmerkha

Yaer HaShem panaiv elekha vichuneka

Yisá HaShem panaiv elekha veyasem lekha shalom

Vesamu et-shemi al-beney Yisrael vaani avarakhem


"Fale a Aharon e aos seus filhos, e diga-lhes que vocês devem abençoar os filhos de Yisrael dizendo-lhes:

"HaShem te abençoe e te guarde;

HaShem faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti;

HaShem sobre ti levante o seu rosto e te dê paz.

"Assim eles invocarão o meu nome sobre os israelitas, e eu os abençoarei".

Números 6:23-27


Essa é a letra סSamech – ela corresponde ao “s” no nosso alfabeto, e dentro do hebraico ela tem um valor numérico de 60. Na guematria para se achar uma raiz somamos os valores das letras. Assim, 60 = 6+0 = 6 esse é um número que aponta profeticamente para o homem. Do verso 23 ao verso 27, que corresponde a 5 versos, no final de cada um aparece a mesma letra, que conforme vimos tem a raiz de 6. Então é 6+6+6+6+6 = 30 = 3+0 = 3. Este é um apontamento para o sétimo milênio que ocorre após os 3 milênios depois que Yeshua Hamashiach foi para o 3º céu ou paraíso, após ter sido ressuscitado no 4º milênio. Veja que Yeshua nasce e vive no 4º milênio e 3 milênios depois retornará para implantar o reino do Eterno. 4+3 = 7, apontamento para o 7º milênio.

Mas isso ainda não é tudo! Vimos que a Birkat Kohanim é uma bênção que Aharon e seus filhos devem dar aos filhos de Yisrael. Eles são homens (6), correto! A bênção está nos mostrando no texto hebraico que o Eterno usa o homem (6) para abençoar seu povo. Agora eu te pergunto, qual homem cumpridor da Torá o Eterno escolheu para ser Sumo Sacerdote, Messias e Rei? Yeshua!

Em uma versão digital da Bíblia hebraica que tenho instalada no meu computador chamada Davar4, o verso 27 do texto que lemos acima termina com a letra פ – “Pê” que corresponde as letras “p e f” no nosso alfabeto, tendo um valor numérito de 80.


וְשָׂמ֥וּ אֶת־שְׁמִ֖י עַל־בְּנֵ֣י יִשְׂרָאֵ֑ל וַאֲנִ֖י אֲבָרֲכֵֽם׃ פ

Vesamu et-shemi al-beney Yisrael vaani avarakhem


Observe que 80, conforme mencionamos acima, para encontramos a raiz é 8+0 = 8. E esse número equivale à raiz do nome de Yeshua, à raiz da palavra Torá e também da raiz do nome do Eterno, o Tetragrama. O que nos leva a entender com muita clareza que o Eterno na sua Torá, através do ensino da Birkat Kohanim, uma bênção que os Aharon e seus filhos deveriam ministrar ao povo, apresenta o homem Yeshua, que seria escolhido como messias, sacerdote e rei. E que começará a governar de pois de 3 milênios recebendo glorificação por ter sido um servo fiel no cumprimento dos mandamentos.

Finalmente, para concluir nosso estudo sobre a Birkat Kohanim, vemos através de tudo o que vimos, desde o literal e histórico passando pelo profético e pelo sod, que a bênção que recebemos é através do sangue, ou melhor, da vida justa de Yeshua, o messias escolhido pelo Eterno Baruch HaShem, como Sumo Sacerdote da ordem de Shem ou Malk-Tsedek.

Que possamos obedecer à Torá para termos condições de recebermos em nossas vidas as bênçãos da Birkat Kohanim, agora e no futuro com nosso irmão mais velho e Rei, Yeshua!


Que HaShem lhes abençoe!


Pr./Rav Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


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