Estudos da Torá
Parashá
nº 33 – Bechukotai (Nos meus estatutos)
Vayicrá/Levítico Lv 26:3-27:34,
Haftará (Separação) Jr 16:19-17:14; e
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 14:15-21; 15:10-12.
Tema: Dízimo um mandamento, mas não como você pensa.
No estudo dessa semana veremos o que a Torah fala a respeito do dízimo e como ele deve ser observado. Entenderemos como esse mandamento é mal interpretado pelo sistema religioso por clara falta de conhecimento, e também por interesses pessoais de falsos líderes. Veremos o assunto dentro de um contexto literal a fim de compreender melhor o assunto e quebrar certos dogmas que foram criados pelo sistema religioso.
RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA
No site Chabad, o resumo da parashá Bechukotai diz que, a última porção do Livro Vayicrá, começa relacionando brevemente algumas das bênçãos e recompensas que o povo judeu receberá por seguir diligentemente a Torá e por cumprir as mitsvot.
A porção então muda para o assunto que a tornou famosa - a tochachá, a severa admoestação de D'us. Passo a passo, a Torá descreve as tragédias que acontecerão ao povo judeu, muitas vezes em termos descritivos, por eles terem abandonado a observância da Torá e mitsvot fornecendo uma lúgubre descrição daquilo que foi nossa história até este dia.
A porção então continua para falar sobre a santificação dos presentes voluntários ao Templo Sagrado, e o processo pelo qual uma pessoa pode monetariamente redimir aqueles itens santificados para seu próprio uso.
O Livro de Vayicrá conclui com uma breve discussão sobre os dízimos, incluindo uma porção que o fazendeiro deve ele próprio consumir dentro da cidade de Jerusalém, chamada ma'asser sheni.
ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO
No final dessa parashá, conforme o resumo acima, a Torah introduz o ensino a respeito do dízimo, porém de uma forma genérica, vindo posteriormente em outras partes da Torah de forma mais específica. Vejamos o texto:
"Toda décima parte da terra, seja dos cereais, seja das frutas das árvores, pertencem ao Eterno; são consagrados ao Senhor. Se um homem desejar resgatar parte do seu dízimo, terá que acrescentar um quinto ao seu valor. O dízimo dos seus rebanhos, um de cada dez animais que passem debaixo da vara do pastor, será consagrado ao Senhor. O dono não poderá retirar os bons dentre os ruins, nem fazer qualquer troca. Se fizer alguma troca, tanto o animal quanto o substituto se tornarão consagrados e não poderão ser resgatados". São esses os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés no monte Sinai para os israelitas. Lv 27:30-34
Como disse antes, essa porção introduz o assunto do dízimo, apesar de no livro de Gênesis mencionar por duas vezes esse termo, com Avraham e Yaakov, No entanto, o contexto ali é diferente do que está descrito nessa porção e à partir daqui. Portanto, vamos ao contexto correto desse mandamento, comentando um estudo do Rav Yochanan Ben Yaakov que consta na página da Kahal Teshuvah Brasil no Facebook.
O mundo cristão se apropriou de uma Mitzvá (Mandamento) ordenada pelo Eterno em sua Torah, cuja aplicabilidade, função, usufruto, local e objetividade são específicos a um determinado contexto e período de tempo vigente pela Torah Sagrada, Adonay ordenou o sistema do “maaser” (dízimo, décima parte) para uma função específica e Ele mesmo chama de ladrão todo aquele que se utiliza desta Mitzvá (Mandamento) indevidamente, conforme foi revelado ao profeta MalaK'Yah (Malaquias)
Furtará o homem ao Eterno? Contudo vocês me furtam, e dizem: Em que te furtamos? Nos maaser (dízimos) e nas ofertas. Vocês são amaldiçoados com a maldição; porque a mim me furtam, sim, vocês, toda esta nação (Yisra'el). Ml 3:8,9
Também outro profeta diz:
Também soube que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam o serviço, tinham fugido cada um para o seu campo. Então contendi com os magistrados e disse: Por que se abandonou a casa do Criador? Eu, ajuntei os levitas e os cantores e os restaurei no seu posto. Então todo o povo de Yehudah trouxe para os celeiros os dízimos dos cereais, do vinho novo e do azeite. Ne 13:10-12
Observem que o maaser (dízimo) tinha uma função específica que veremos a seguir e quem se apropriasse da Mitzvá (mandamento) do dízimo desviando-o para outras finalidades particulares, estaria debaixo de maldição, palavras do Eterno.
Resumo histórico:
A palavra maaser (dízimo, décima parte) aparece pela primeira vez em Bereshit/Genesis 14: 18 a 20 no episódio da matança dos reis feita por Avram, após o patriarca ter recuperado seu sobrinho e todos os seus bens, e dos despojos que sobrou, Avram deu um maaser (dízimo) ao sacerdote Melk’tzedek, este preparou um Kidush com pão e vinho para celebrar a vitória de Avram, embora neste contexto o dízimo apareça como uma oferta de gratidão, porém, o direcionamento desta oferta estava correto, isto é, foi direcionada a um Sacerdote do Elohim Altíssimo, portanto não fugiu a regra da Torah, mesmo para aqueles que defendem o maaser como oferta, de acordo com o contexto, deveria ser entregue a um Sacerdote do Elohim Altíssimo, e não a uma instituição religiosa qualquer.
Porém, quando o Eterno estabelece o povo de Yisrael como a Nação Eleita e Sacerdotal, HaShem faz do dízimo uma Mitzvá (mandamento) da Torah transformando o princípio do maaser em lei, a partir daí, o dízimo não poderia mais ser usado para outros fins, tornando-se em grave violação da Torah o seu uso indevido e por pessoas desabilitadas pelo Eterno, e isto é um fato irrefutável.
O Maaser (Dízimo) era apenas um?
O mundo cristão se apropriou da Mitzvá do Dízimo porque viu nele um sistemo lucrativo de enriquecimento ilícito muito rápido e de construção e formação de grandes impérios denominacionais religiosos, mas vem a pergunta que não quer calar: O Dízimo era apenas Um?
É aqui que começa o problema para a religião cristã e suas afiliadas. A grande maioria das igrejas ditas evangélicas e a própria igreja católica apostólica romana não mencionam, mas, no contexto do Beyt HaMikdash (o Templo Sagrado), foi ordenado pelo Eterno como Mitzvá da Torah três (03) dízimos como legislação vigente mencionadas na Torah, que são estes:
1º
Maasser Rishon (primeiro
dízimo) =>
Para o sustento da obra do Templo e seus respectivos representantes
legais, ou
seja, Sacerdotes
e Levitas.
Dou aos levitas todos os dízimos em Israel como retribuição pelo trabalho que fazem ao servirem na Tenda do Encontro. Bamidbar 18:21
Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova", diz o Senhor dos Exércitos, "e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las. MalaK'Yah 3:10
2º
Maasser Sheni (segundo
dízimo) =>
Maaser para o próprio ofertante, para ser usado nas celebrações
perante o Eterno, preferencialmente com a família nas Festas
Sagradas do Eterno, as Santas Convocações conforme
lemos em Vayikra
23:1 e 2 / Devarim 14:22 e 23.
Disse o Senhor a Moisés: "Diga o seguinte aos israelitas: Estas são as minhas festas, as festas fixas do Senhor, que vocês proclamarão como reuniões sagradas: Vayikra 23:1 e 2
Separem o dízimo de tudo o que a terra produzir anualmente. Comam o dízimo do cereal, do vinho novo e do azeite, e a primeira cria de todos os seus rebanhos na presença do Senhor, o seu Deus, no local que ele escolher como habitação do seu Nome, para que aprendam a temer sempre o Senhor, o seu Deus. Devarim 14:22 e 23.
3º
Maasser Aniy (dízimo
dos pobres) =>
Para o sustento dos pobres, necessitados e menos favorecidos, órfãos,
viúvas e estrangeiros pobres, conforme
lemos em Devarim
26:12 e 13.
Quando tiverem separado o dízimo de tudo quanto produziram no terceiro ano, o ano do dízimo, entreguem-no ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que possam comer até saciar-se nas cidades de vocês. Depois digam ao Senhor, ao seu Deus: "Retirei da minha casa a porção sagrada e dei-a ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, de acordo com tudo o que ordenaste. Não me afastei dos teus mandamentos nem esqueci nenhum deles. Devarim 26:12 e 13
Agora façamos uma pergunta óbvia: Qual das igrejas evangélicas e católica e sinagogas judaico messiânicas que revindicam a cobrança de dízimos, praticam estas 3 formas de Dízimo que foi estabelecido pelo Eterno?
Estas religiões cobradoras de Dízimos pegam apenas o dízimo que lhes interessa, ou seja, o Maaser Rishon (primeiro dízimo) e iludem seus adeptos dizendo que, como não existe mais o Templo em Jerusalém, suas ditas igrejas foram transformadas em “santuários” para D’us, porém, o Eterno foi muito específico, os israelitas só deveria trazer os dízimos no local escolhido pelo Eterno onde ali habitaria o seu Nome, a saber, o Templo em Jerusalém, vejamos o que diz Devarim 12:5-6 e 11:
mas recorrereis ao lugar que o Eterno seu Criador escolher de todas as suas tribos para ali pôr o seu nome, para sua habitação, e ali vireis. A esse lugar trareis os seus holocaustos e sacrifícios, e os seus dízimos e a oferenda elevada da sua mão, e os seus votos e ofertas voluntárias, e os primogênitos das suas vacas e ovelhas; ...Então terá um lugar que Eterno seu Criador escolherá para ali fazer habitar o seu nome; a esse lugar trareis tudo o que eu vos ordeno: os seus holocaustos e sacrifícios, os seus dízimos, a oferenda elevada da sua mão, e tudo o que de melhor oferecerdes a Eterno em cumprimento dos votos que fizerdes.
O erro grave: Todas as instituições religiosas cobradores de dízimos, ignoram e desprezam uma ordem expressa do Eterno, que ordena a todo israelitas levar seus dízimos a um local específico onde o Eterno estabeleceria o seu Nome, a Beyt HaMikadash (Templo Sagrado), tais instituições pretendem aplicar aos dias de hoje, ignorando o restante. Isto é zombar do Eterno!
Assim diz a Torah a respeito da herança da tribo de Levi em Bamidbar 18:26:
Também falarás aos levitas, e lhes dirás: Quando dos Bney-Yisrael receberdes os dízimos, que deles vos tenho dado por herança, então desses dízimos fareis ao Eterno uma oferenda elevada, o maaser dos maaser (dízimo dos dízimos).
Nesta Mitzvá (Mandamento), até o dízimo sendo dado como ofertas deveriam ser direcionados aos levitas e não para outros fins. Somente os da linhagem de Aharon atuavam como sacerdotes no Templo. Cabia, porém, aos levitas os serviços em geral que eram relacionados com o Templo. Normalmente, o dízimo era repartido entre eles. A décima parte do dízimo (portanto 1%) era entregue pelos levitas aos Kohanim/sacerdotes, em oferta ao Eterno, conforme Bamidbar 18:26-27:
Também falarás aos levitas, e lhes dirás: Quando dos Bney-Yisrael receberdes os maaser, que deles vos tenho dado por herança, então desses maaser fareis ao Eterno uma oferenda elevada, o maaser dos maaser. E computar-se-á a sua oferenda elevada, como o grão da eira, e como a plenitude do lagar.
Portanto não tem disse me disse, certas religiões cobram dízimos sob o pretexto de que estão recebendo uma oferta, mas a Torá é clara, mesmo como princípio de Ofertas alçadas deveria ser entregue aos Levitas, que é de direito pois, lhes foi dado como herança, se não fazem isto, continuam roubando a herança dos Levitas e por sua vez roubando ao Eterno. Este era o conceito original da parte dos dízimos que cabia aos levitas e sacerdotes. Contudo, na ausência do Beyt HaMikdash (Templo Sagrado), e praticamente todo o seu sistema sacerdotal religioso, seria justo, legal e correta diante do Eterno a cobrança do Dízimo sob todas as suas formas? A resposta da Torah é um sonoro NÃO!
Dízimo também é doutrina de Roma:
Da mesma forma como a igreja romana fez com o Shabat, ela pegou o princípio da santificação do sétimo dia ao Eterno, da uma nova conotação e o transforma no santo domingo, dia santificado dos cristãos, assim, agindo da mesma forma, a ICAR agiu com o dízimo, que é uma Mitzvá da Torah, Roma tira o dízimo de seu próprio contexto da Torah, da uma nova conotação e cria o sistema de dízimos cristão, que é este seguido atualmente por todas as instituições religiosas cobradoras de dízimo, eis aqui a lei do dízimo instituída como Doutrina Católica, expressa no catecismo católico da doutrina cristã:
“Fé Católica » Nossa Igreja. Os Mandamentos da Igreja - Os 5 Preceitos Importantes Da Igreja.
5º
Mandamento: Pagar Dízimos, conforme o costume. O quinto mandamento
da Igreja prescreve e adverte que os fiéis cristãos batizados em
Cristo também são responsáveis e provedores da construção do
Reino de Deus aqui na terra, providenciando os meios materiais com as
ofertas ou dízimos, a fim de prover o sustento ou salário daqueles
que lhes anunciam o Evangelho do Reino, ou seja, dos "pastores
eclesiásticos" responsáveis pela salvação das almas e
edificação do Reino de Deus aqui na terra, "pois o operário
merece o seu sustento" Mateus
10:10;
- manter, construir ou conservar o Templo erguido em honra a Adonay; assim como, auxiliar a instituição religiosa católica através dos seminários, na formação dos sacerdotes para prestarem serviço a Adonay e ao seu Povo. "A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe"Mateus 9, 37-38” (Catecismo católico da doutrina cristã, disponível).
Assim, observamos que, este sistema de dízimo cobrado hoje no cristianismo é doutrina de Roma, nada tem a ver com a Mitzvá ordenada pelo Eterno em sua Torah, por vários motivos, por ser um embuste, uma mentira, uma farsa.
Maaser na Aliança Renovada.
No contexto da Aliança Renovada não vigora o sistema de dízimos como eram antes, ou seja, o maaser rishon o primeiro dízimo, até a segunda vinda do Messias, por dois motivos cruciais:
1º- O Templo de Yerushalayim (Jerusalém) não se encontra em atividade, portanto, qualquer Mandamento relacionado a ele está suspenso.
2º- No contexto da Aliança Renovada, não está em vigor o sistema sacerdotal levítico, pois o Templo de Yerushalayim (Jerusalém) foi destruído pelos romanos, e ficará assim até o Messias retornar para reconstruí-lo conforme lemos abaixo:
“E o meu Santuário estará com eles, e Eu serei o seu Elohim e eles serão o Meu povo. E todos os gentios saberão que Eu Sou o Eterno que santifico a Israel, quando estiver o meu Santuário no meio deles para sempre.” Yechezk'El 37:27-28
O sacerdócio celestial do Mashyach é segundo a ordem de Melktzedek de acordo com o que lemos em Hb 7:21 e 22:
mas ele se tornou sacerdote com juramento, quando D’us lhe disse: "O Eterno jurou e não se arrependerá: ‘Tu és sacerdote para sempre’ ". Yeshua tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior.
Portanto, não necessita ser administrado por homens, porque Yeshua não entrou em Santuário feito por mãos humanas, assim, qualquer tentativa de se desviar o contexto bíblico escriturístico para se cobrar dízimos na era da Nova Aliança, será uma fraude. Quando Yeshua cita a palavra “masser”, ele a mencionou simplesmente porque o Templo ainda estava de Pé em sua época, e os israelitas cumpriam perfeitamente a Mitzvá (Mandamento) do masser, mas após sua ascensão nenhum discípulo ordenou a alguma Congregação Nazarena que cobrasse dízimos dos fiéis, isso seria uma heresia, pois os discípulos estariam usurpando um direito dado por Adonay somente aos levitas e sacerdotes, de recolher dízimos. Observamos sim, os discípulos incentivando a doação de ofertas e contribuições à congregação, mas não os dízimos, conforme 2Coríntios 9:7.
“Cada pessoa deve contribuir com o que decidir no coração, não de má vontade nem sob compulsão (imposição, obrigação), porque o Eterno ama quem contribui com alegria...Ele deu com generosidade ao pobre; sua Tzedakah durará para sempre.”
No entanto, os dois outros dízimos, o segundo dízimo e o dízimo para o necessitado, ainda vigoram na atualidade. O segundo dízimo, que é para o próprio ofertante, para que tenha alimento e meios de celebrar as moedim, que são as festas ou encontros com o Eterno. E também o dízimo para pobres viúvas e necessitados, pois ainda há pessoas necessitadas e a Torah é atemporal. Além de ser os mandamentos referentes aos dízimos apontamentos proféticos.
O atual judaísmo tradicional cobra dízimos?
Todo judeu legítimo sabe que a Beit HaMikdash não está funcionando, e por conseguinte, todo o sistema sacerdotal vigente está suspenso, por qual motivo o judaísmo moderno cobraria dízimos de seus fiéis sabendo que isto resultaria em uma grave violação da Torah?
O judaísmo moderno não trabalha com o sistema de dízimos, e isto é um fato comprovado, nenhuma Sinagoga, seja de qual corrente for, Massort, Ortodoxa, Ultra Ortodoxa, Reformista ou Karaíta, cobra Dízimos de seus fiéis. Porém, observamos uma coisa curiosa em certas denominações pseudo judaicas, destas que se dizem crer em Yeshua como o Mashyach, algumas utilizam o mesmo sistema de dízimo instituído pela igreja romana, cobram dízimos de seus adeptos igual se faz no cristianismo, violando uma ordem expressa do Eterno, a de conduzir os dízimos a um determinado lugar, o Templo, e aos seus representantes legais, os Levitas e Sacerdotes. Na verdade esses são cristãos transvestidos de judeus que dizem ter saído de Roma, mas levaram algumas de suas doutrinas na bagagem.
A Guematria do Maaser
O tema sobre o dízimo, conforme vimos até aqui, sempre foi e continua sendo um ponto de fortes controvérsias, principalmente entre as mais variadas vertentes do cristianismo espalhadas pelo mundo. Infelizmente, a maioria do entendimento sobre o assunto sempre foram muito mal interpretadas e intencionadas, utilizadas na grande maioria das vezes para o enriquecimento dos sacerdotes e pastores, também conforme já mencionamos.
Também entre os teólogos, sempre foi uma briga acirrada, através de interpretações exegéticas extremamente complexas em cima dos antigos idiomas, o hebraico que constitui a escrita Sagrada e o grego para a qual foi traduzida. Segundo o idioma hebraico, a palavra “dízimo” vem da palavra “maaser”, e no grego “dékato”, que significa “um décimo”. A Cabalá Bíblica, método de interpretação profundo das Escrituras que analisa os códigos escondidos, interpreta essa questão de uma forma muito simples e direta. D'us corresponde ao Número 1, a letra Álef o impronunciado do Hebraico, o número sagrado, ou Alfa no grego, o indivisível, logo, tudo o que procede do 1, deve retornar a Ele. O número 10, na gematria nada mais é do que o 1, veja 10 = 1+0 = 1.
A interpretação aqui não é relacionada a quantia monetária ou de qualquer mercadoria, e muito menos que D'us precise levar participação em qualquer negócio, e sim, que o número 10 representa completitude, realização completa, fim de um ciclo, desde o 1 até o 9, assim funciona todo o ciclo de realização, então, “devolver” ou “retribuir” a D'us que é o 1 com o próprio 1 corresponde a afirmação de que ele é 1 como pronunciado na proclamação do Shemá Israel: “Ouve Israel, o Eterno nosso D'us, o Eterno é Um”, e assim, como todas as coisas vem Dele, também devemos estar conscientes de que tudo retornará a Ele.
O termo maaser - מעשׂר – tem raiz 7.
מ ע שׂ ר
200 + 300 + 70 + 40 = 610 = 6 + 1 + 0 = 7
A letra que tem guematria 7 é o ז – zain. O significado pictográfico dessa letra é arar, armar, cortar. Há uma palavra que tem a mesma raiz e é escrita com essa letra – זרע - zerá – que significa “semente”.
Outra palavra com a mesma raiz 7 é o nome de um personagem importante na história de David HaMelekh, o filho de Saul chamado Jonatas – יְהוֹנָתָן - Yonatan – que significa “dado por D’us”. Temos também o nome do profeta Eliahu – אֱלִיהוּ - que significa “meu Senhor é D’us”. E ainda temos outra palavra com raiz 7, netzer – נצר - que significa “raiz, broto”.
E depois de tudo isso, você pode se perguntar: Mas o que tudo isso tem a ver com o dízimo. Bem, vamos rever os significados das palavras citadas com a mesma raiz guemátrica.
- מעשׂר - maaser – 7 – dízimo, décima parte;
- ז – zain – 7 - arar, armar, cortar;
- זרע - zerá – 7 – semente;
- יְהוֹנָתָן - Yonatan – 7 - dado por D’us;
- אֱלִיהוּ - Eliahu – 7 - meu Senhor é D’us; e
- נצר - netzer – 7 - raiz, broto.
Se organizarmos esses códigos encontrados teremos uma mensagem codificada no sentido de maaser, que é: Meu Senhor é D’us que ara a terra para o dízimo da semente dada por D’us à raiz, o messias. Ou seja, o apontamento profético para o dízimo é que ele revela os remanescentes separados através da justiça do messias, o broto, para servir ao Eterno também com vidas justas. Eles são a porção ou décima parte dos homens para o sacerdote, o representante do Eterno.
Conclusão
Temos observado que o homem sempre tenta dar um jeitinho brasileiro de passar a perna em D’us, ignorando e desprezando suas ordens para fins de obtenção de lucro rápido e fácil, conforme disse o apóstolo Shaul:
Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de Lucro; Fujam destas pessoas...Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes” 1Tm 6:4-8
Assim, que possamos ouvir a voz do discípulo do Mashyach que diz para fugirmos destas pessoas interesseiras que olham para você como uma $ifra, como também destas denominações pseudo judaicas que se dizem pregar o Verdadeiro Caminho de Yeshua mas que na verdade não passam de messigelismo sincrético romano.
Que HaShem lhes abençoe!
Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)
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