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sexta-feira, 21 de junho de 2024

Estudo da Parashá Behaalotechá - Seja insatisfeito

 



Estudos da Torá

Parashá nº 36 – Behaalotecha (Quando você acender)

B’midbar/Números Nm 8:1-12:16,

Haftará (Separação) Zc 2:14-4:7; e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Jo 19:31-37; Hb 3:1-6.


Tema: Seja insatisfeito.


Na parashá dessa semana vemos a comunidade israelita no deserto ser punida pelo Eterno devido a uma insatisfação. Isso levou várias pessoas à morte e podemos aprender com esse exemplo deixado por aquelas pessoas. Será que nós agiríamos de forma diferente? Você está satisfeito? Nesse estudo quero mostra para você que deve ser insatisfeito e como ser insatisfeito. Siga nesse estudo até o final.

RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA


Parashá Behaalotechá inicia-se com uma breve discussão sobre o acendimento diário da menorá de ouro (candelabro de sete braços) no Tabernáculo, seguida por uma descrição do ritual de consagração dos Levitas.

A Torá então descreve a celebração de Pêssach no segundo ano no deserto, completada com a oferenda do corban Pêssach. Aqueles que estão impuros na data regular de Pêssach e, portanto incapazes de participar na oferenda, são ordenados a celebrar Pêssach Sheni, uma celebração similar a Pêssach realizada um mês mais tarde, quando o cordeiro pascal é comido com matsá e ervas amargas.

Após mencionar a nuvem e o fogo que pairavam alternadamente sobre o Tabernáculo, a Torá descreve o procedimento padrão pelo qual os Filhos de Israel levantavam acampamento para continuar suas viagens pelo deserto. Logo após deixar o Monte Sinai e viajar até o deserto de Paran, o povo começa uma série de amargas reclamações. Espicaçados pelo erev rav (a múltipla mistura de povos que se juntou ao povo judeu na saída do Egito), os Filhos de Israel ficaram insatisfeitos com o maná, sua miraculosa porção diária de pão celestial.

Quando Moshê começa a se desesperar, D'us ordena-lhe que selecione setenta anciãos para compor o Sanhedrin, a corte que o ajudaria a liderar a nação. Quase imediatamente, dois dos membros recém-eleitos anunciam uma profecia no acampamento. D'us envia um enorme bando de codornas, que o povo junta para comer; aqueles que haviam reclamado da falta de alimentos comem demais e morrem durante este fato sobrenatural.

A porção conclui com Miriam falando lashon hará, maledicência, a Aharon sobre seu irmão Moshê. Ela é punida por D'us com lepra, e fica de quarentena fora do acampamento por sete dias.



ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO


Iniciemos nosso estudo com uma leitura de uma porção da parashá da semana registrada em Bamidbar/Números 11.

Agora que lemos esse texto que nos servirá de reflexão e base, observe que no site Chabad encontramos uma mensagem muito interessante sobre essa porção semanal da Torah, e a partir dela entraremos em nosso estudo, por isso segue abaixo a transcrição do referido texto:


A Porção da Torá desta semana, Behaalotechá conta como os Filhos de Israel ficaram desanimados com o maná que D'us lhes forneceu para comer durante a viagem pelo deserto. Após serem incitados pelos incessantes resmungos dos erev rav, outros povos que se uniram ao povo judeu na saída do Egito, os Filhos de Israel reclamaram: "... Quem nos alimentará com carne? Que saudade dos peixes grátis que tínhamos para comer no Egito; os pepinos, melões, alhos-porró, cebolas e alho. Mas agora, nossa vida é monótona; nada temos para esperar, exceto o maná!" (Bamidbar 11:4-6).

Uma lição que pode ser extraída deste incidente é que velhos hábitos são difíceis de quebrar. Não muito tempo após deixar para trás o sofrimento e a falência moral no Egito, o povo judeu vivenciou o mais significativo encontro Divino da história: a Outorga da Torá no Monte Sinai.


Haviam embarcado numa jornada distante das praias do Egito para o deserto. Ali, o povo aceitou o privilégio de viver segundo os preceitos de D'us. Infelizmente, após deixar o Sinai, a nação de certa forma regressou à mentalidade com a qual havia se acostumado no Egito.


D'us os tirara do Egito através das assombrosas pragas; dividiu o Mar vermelho, afogando seus perseguidores; abrigou-os durante a jornada no deserto estéril; e concedeu-lhes a sagrada Torá. O maná era um alimento especial que tomava o sabor daquilo que o consumidor desejasse. Era servido ao povo diretamente pelo Criador. Qual o motivo para reclamação? Por que esta preocupação com comida?


Rashi, citando o Midrash, explica que as pessoas que reclamaram não estavam realmente preocupadas com a comida. Ao invés disso, esta reclamação baseada nas iguarias do Egito era um pretexto para exprimirem a frustração pela disciplina exigida pelas mitsvot. Em vez de privilégio, consideravam as mitsvot como um fardo. Tinham reminiscências sobre os nostálgicos dias no Egito quando a comida era "grátis" - não estavam "restritos" pelas mitsvot no Egito, pois a Torá ainda não tinha sido outorgada.


Aqueles que reclamavam eram presa de sua mentalidade de escravos, vendo com desdém as obrigações e responsabilidades que tinham como povo livre. Eles pareciam preferir a escravidão à liberdade: "... Por que deixamos o Egito?" (ibid. 11:20).


No Egito, "vale tudo" era o credo; não havia restrições de comportamento. Após a Outorga da Torá, entretanto, esperava-se deles que se comportassem como o povo escolhido. Aqueles que reclamavam - da mesma forma que as crianças que choram quando chega a hora de ir para a cama, tomar um banho ou arrumar o quarto - ansiavam pelos dias em que seu comportamento não era regulamentado, quando não havia toque de recolher.


Hoje em dia, somos realmente livres ou somos escravos? Agimos como se tivéssemos deixado o Egito espiritualmente, ou ainda ansiamos por aqueles melões, alhos-porró e cebolas? Com certeza, a sociedade moderna é enormemente seduzida pela sua máxima do "vale tudo", mas e quanto ao maná? Tinha o sabor que a pessoa desejasse. Da mesma forma, podemos fazer de nossa vida aquilo que desejamos - podemos optar por perseguir o corrupto e o efêmero, ou o elevado e o infinito. O sabor, a maneira na qual conduzimos nossa vida, refletirá esta escolha.


Se alguém está doente, procurará o médico. Este diz ao paciente qual é o regime apropriado a seguir para que seja novamente saudável. Se um médico nos prescreve algo, nós o acatamos - mesmo que não seja agradável tomar o remédio e seguir a dieta recomendada para melhorarmos. Da mesma forma, precisamos seguir fielmente a receita dada ao nosso povo há mais de 3.300 anos, e tomar os "comprimidos" dados no Sinai. Certamente, pode ser difícil às vezes deixar certos comportamentos que se acha agradáveis, mas apenas porque alguém está habituado a certos tipos de conduta, isso quer dizer que esta conduta está correta?


Os reclamantes, imbuídos de uma relutância para moldar sua conduta segundo o modelo que a Torá exige, preferiram a sociedade sem restrições do Egito. Como estamos agora "deixando o Sinai" (Shavuot ocorreu há umas poucas semanas), devemos nos esforçar para aperfeiçoar nosso cumprimento das mitsvot da Torá.


Por que simplesmente não escutamos D'us, nosso "Doutor da Vida"? Afinal, Ele sabe o que é melhor para nós. (Mensagem da Parasha Bahaalotechá, site Cahabd)


Observando o texto da parashá e a mensagem que acabamos de ler, que nos mostra como o povo de Yisrael no deserto demonstrou insatisfação com seu estado na ocasião, com exceção dos remanescentes fiéis ao Eterno. Devemos fazer alguns questionamentos, a fim de nos ajudar na reflexão da nossa própria prática no caminho da Teshuvah.

Você está satisfeito na caminhada com o Eterno, ou insatisfeito? Você está satisfeito consigo? Qual tem sido sua conduta perante os mandamentos do Eterno? Qual tem sido seu nível de esforço em relação ao cumprimento dos mandamentos de HaShem? Você pode dizer que está satisfeito com sua teshuvah, ou entende que pode e deve melhorar ainda mais?

Assim, com tais perguntas em nossa mente, vamos buscar um entendimento na busca de elevação de nossa prática de justiça. Observemos o verso 1 do texto em estudo:


E aconteceu que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do Eterno; porque o Eterno o ouviu, e a sua ira se acendeu, e o fogo do Eterno ardeu entre eles, e consumiu os que estavam na última parte do arraial. Nm 11:1


É comum, embora não seja correto, que as pessoas fiquem julgando e apontando os erros do povo de Yisrael quando lêem sua trajetória pelo deserto. Entendemos que eles deram muitos motivos para isso, mas e se nós estivéssemos na mesma situação, qual seria a nossa reação? Será que nossas atitudes seriam mesmo melhores? Olhe para dentro de você mesmo e reflita em sua vida e coloque algumas das situações que você vive na atualidade em comparação com o que o povo passou e reflita em suas atitudes. Por isso, precisamos estudar essa situação com o coração voltado para o Eterno e reconhecendo que somos falhas, e em nada melhores que o povo de Yisrael no deserto. Principalmente, porque hoje nós temos todas as revelações, que para eles ainda era segredo, e para nós já não é mais, por causa dos textos que temos em mãos, ou seja, a Bíblia. Somos abençoados, mas seremos cobrados por isso!

Sendo assim, não podemos simplesmente apontar o dedo e falar como eles erraram, preciso refletir em minha vivência e experiência. Vemos no texto que por causa da língua dos israelitas, principalmente, pois a multidão de povos que saiu do Egito com eles, começaram a reclamar, por isso o Eterno iniciou um julgamento por meio de fogo nas bordas do acampamento. Já mencionamos em estudos anteriores como a língua pode ser prejudicial na vida do ser humano, nessa parashá percebemos como isso é verdadeiro. E vemos Yaakov/Tiago em sua epístola falar sobre essa mesma problemática, observe:


Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno. Tg 3:5-6


Reclamar já é ruim, mas reclamar sem motivos ou por motivos torpes é inaceitável pelo Eterno, esse foi o motivo do julgamento pelo fogo no acampamento, e sabendo disso Yaakov/Tiago compara o que a reclamação faz com o que o fogo faz. Ele sabia pelo TaNaK e pelos profetas esse entendimento.


Assim como o fogo consome a floresta e as chamas incendeiam os montes, persegue-os com o teu vendaval e aterroriza-os com a tua tempestade. Cobre-lhes de vergonha o rosto até que busquem o teu nome, Eterno. Sejam eles humilhados e aterrorizados para sempre; pereçam em completa desgraça. Saibam eles que tu, cujo nome é Eterno, somente tu, és o Altíssimo sobre toda a terra. Sl 83:14-18

O homem sem caráter maquina o mal, suas palavras são um fogo devorador. Pv 16:27


Duas filhas tem a sanguessuga. Dê! Dê!, gritam elas. Há três coisas que nunca estão satisfeitas, quatro que nunca dizem: É o bastante!: O Sheol, o ventre estéril, a terra, que nunca se dessedenta, e o fogo, que nunca diz: É o bastante! Pv 30:15-16


O grande problema está em não se desligar das coisas do passado. O povo que saiu do Egito ainda carregava o Egito consigo. Eles sentiam falta das coisas do Egito e além disso, algo mais os incomodava e falaremos sobre isso logo à frente. Vamos a outros versos desse capítulo em estudo.


E o erev rav, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos alhoporós, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos olhos. Nm 11:4-6


Encontramos no site Emunah a fé dos santos, um comentário dizendo que, normalmente as pessoas esquecem-se das emoções negativas e somente lembram-se das emoções positivas nas suas recordações. O povo de Yisrael já não se lembrava da escravidão. Se eles trabalhavam como escravos, como é que agora dizem que comiam de graça? Isso até poderia ser verdade nos 130 anos iniciais, mas não nos séculos que se seguiram. Também poderia ser verdade para aqueles que adotaram a cidadania egípcia, vivendo entre eles e como eles, mas não para os fiéis ao Eterno que se mantiveram íntegros, e para os que eram forçados a trabalhar, até a palha para fazer tijolos no final era difícil de conseguir, exigindo muito esforço. Por isso, Rashi interpreta isso dizendo que aqui se referem a que podiam comer gratuitamente no Egito, porque não tinham que cumprir nenhum mandamento. Ou seja, suas reclamações vinham da saudade da vida desimpedida do Egito, vinha da falta de vontade de obedecer aos mandamentos do Eterno, que para essas pessoas era pior que uma servidão.

Observe um fato! O homem precisa de variar a comida para não se fartar, ou seja, para não enjoar rápido. E isso acontece com várias áreas da vida do ser humano sem o Eterno. Agora, o povo de Yisrael estava em uma situação de trânsito pelo deserto e a providência divina proporcionava-lhes uma alimentação de emergência, para que sobrevivessem durante o tempo naquele lugar inóspito, que não deveria durar tanto tempo. Apesar de que o Midrash diga que o maná mudava de sabor de acordo com o desejo de cada um, a Toráh diz-nos também, como era o sabor do maná, veja os textos abaixo:

e o seu sabor como bolos de mel.” Êxodo 16:31b


e o seu sabor era como o sabor de tortas cozidas em azeite” Números 11:8


Quando uma pessoa não é grata ao Eterno por tudo que recebe, não apenas pela comida, mas por todas as coisas que o Eterno lhes concede, recaem maldições na sua vida. Através da gratidão que demonstramos ao Eterno, por exemplo, antes e depois de comer, estamos a prestar culto por meio das coisas materiais e somos libertados da ganância. Não é à toa que o povo de HaShem dá graças ou diz uma brachá (bênção) por quase tudo que faz.


A satisfação verdadeira

Ao estudarmos esse trecho da parashá behaalotechá e observar o que toda essa insatisfação fez com o povo devemos refletir sobre no que podemos aprender com tudo isso. Enquanto o povo estava insatisfeito e reclamou de quase tudo devido à má vontade de obedecer à Torah do Eterno, nós devemos agir exatamente de forma contrária. Devemos estar insatisfeitos com a nossa prática de Torah e buscar melhorar a cada dia, a fim de atingirmos um nível de justiça cada vez maior pelo cumprimento dos mandamentos. Agir conforme Yeshua ensinou, ou seja, cumprir a Torah sem os excessos de halachot criado pelo sistema religioso judaico e pelos dogmas criados pelo sistema religioso cristão.

Nossa insatisfação precisa nos levar a melhorar cada vez mais. Devemos estar a cada dia mais ansioso para melhorar o cumprimento dos mandamentos que já cumprimos e praticar o que ainda não conseguimos. Precisamos desejar a todo custo ter os mandamentos do Eterno em nossos corações e em nossas mentes, exatamente contrário ao que o povo do deserto. Esse anseio e insatisfação benéfica precisa estar em nós como diz o salmista.


Como anseio pelos teus preceitos!! Preserva a minha vida por tua justiça! Sl 119:40


Anseio pela tua salvação, Eterno, e a tua lei é o meu prazer. Sl 119:174


Vemos também o próprio Yeshua demonstrando o entendimento que aqui trago em concordância com as Escrituras Sagradas de que o nosso anseio ou insatisfação seja a respeito da palavra do Eterno.


...mas quando chegam as preocupações desta vida, o engano das riquezas e os anseios por outras coisas, sufocam a palavra, tornando-a infrutífera. Mc 4:19


Note que aqui Yeshua está explicando uma parábola que fala justamente da palavra no coração das pessoas, e que aqueles que dão mais valor as coisas dessa vida no lugar dos mandamentos do Eterno, sufocam a palavra fazendo com que ela não frutifique.

Tudo isso, nos mostra que a satisfação verdadeira só pode ser encontrada mediante o cumprimento da vontade do Eterno, que é a sua Torah. Quando obedecemos aos mandamentos, as bênçãos nos alcançam trazendo entendimento, sabedoria e cada vez mais ampliando nossa prática de justiça, fazendo-nos cada vez mais satisfeitos com o próprio Eterno e esperançosos em suas promessas para o futuro, que é o que importa verdadeiramente. Estarmos satisfeitos com o Eterno e sua palavra e vivendo segundo a justiça de HaShem, nos torna candidatos ao futuro reino na era messiânica, quando o messias retornar e cumprir as profecias que ainda faltam, conosco a seu lado em obediência ao Eterno.

Finalmente, precisamos realmente ser insatisfeitos com esse mundo e com os sistemas corruptos dele. Insatisfeitos com nossa prática de Torah. Para que venhamos buscar nos afastar desse mundo e de seus sistemas todos os dias, e também melhorar nossa prática dos mandamentos do Eterno. Veja o que dizem as Escrituras:


Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua palavra. Sl 119:9


Tenho prazer nos teus decretos; não me esqueço da tua palavra. Sl 119:16


Afasto os pés de todo caminho mau para obedecer à tua palavra. Sl 119:101


Que possamos ampliar nossa teshuvah a cada dia. Seja insatisfeito!

Que HaShem lhes abençoe!


Pr/Rav. Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


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