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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Estudo da Parashá Vayerá - A gravidade da injustiça e o chamado à justiça.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 4 – Vayerá (E apareceu)

Bereshit/Gênesis 18:1-22:24

Haftará (separação) 2Rs 4:1-37 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Lc 17:26-37; Rm 9:6-9


Tema: A gravidade da injustiça e o chamado à justiça.


Essa semana estudamos a Parashá Vayerá, que nos traz uma narrativa impactante sobre a destruição de Sidom e Amoráh (Sodoma e Gomorra). O Eterno, em Sua justiça, decidiu punir essas cidades por causa de seus pecados extremos, que incluíam imoralidade sexual, idolatria, violência, opressão, arrogância e principalmente a falta de tsedakah (justiça e caridade). Essa falta de compaixão pelos necessitados é destacada também por Yechesk'el, que usa Sidom como símbolo de alerta para Yisrael, sobre os perigos de negligenciar a justiça e os pobres, dizendo que seus pecados estavam maiores que os de Sidom. Nos Escritos Nazarenos, Yeshua retoma essa mesma advertência, comparando a atitude das pessoas nos dias de Sidom ao comportamento das pessoas que ignoram os Caminhos do Eterno, ou seja, seus mandamentos. Com esse estudo pretendo ajudar você a entender os princípios atemporais de justiça que o Eterno espera de Seu povo e o impacto da negligência aos mandamentos dos Eterno.


A PARASHÁ DA SEMANA

A Parashá Vayerá inicia com o Eterno aparecendo a Avraham, enquanto ele estava assentado na entrada de sua tenda, em Mamre, no calor do dia. Avraham vê três homens (malachim/mensageiros) e, com grande hospitalidade, corre para recebê-los e serví-los, oferecendo água, alimento e descanso, como era de seu costume fazer a todos os transeuntes. Em resposta à sua espera, os mensageiros trazem uma mensagem divina, anunciando que apesar de sua idade avançada, Avraham e sua esposa, Sarah, terão um filho. Sarah, ouvindo isso, ri em seu íntimo, duvidando por conta de sua velhice, mas o Eterno reafirma Sua promessa.

Após essa visita, os Mensageiros seguem em direção a Sidom, e o Eterno revela a Avraham que pretende destruir essa cidade, junto com Amorá, devido à sua corrupção e maldade. Em um exemplo notável de intercessão, Avraham roga ao Eterno que poupe a cidade se houver nelas pessoas justas, demonstrando sua compaixão e sua confiança na justiça do Eterno. E com isso a Toráh nos apresenta o princípio de mediação e expiação.

Em Sidom, os dois mensageiros encontram Lót, sobrinho de Avraham, que também os acolhe em sua casa. Contudo, os habitantes de Sidom cercam a casa de Lot e exigem que ele entregue os homens. Lot, no entanto, tenta proteger os visitantes, mas os moradores daquela cidade forçam empurrando Lot na intenção de arrombar a porta. Em meio ao tumulto, os mensageiros colocam Lot dentro de casa e lhe revelam o propósito de destruir a cidade, por isso, o instruem e a sua família para saírem de lá. Lot e duas de suas filhas escapam, mas sua esposa, desobedecendo às instruções de não olhar para trás, é transformada em uma estátua de sal.

A Parashá continua e relata o cumprimento da promessa do Eterno a Avraham. Sarah concebe e dá à luz Yitzchak, trazendo grande alegria à família. Após o nascimento de Yitzchak, surge um conflito entre Sarah e Hagar, a serva egípcia de Sarah e mãe de Yishmael, filho de Avraham. Sarah pede a Avraham que expulse Hagar e Yishmael, e o Eterno instrui Avraham a seguir o pedido de Sarah, prometendo também fazer de Yishmael uma grande nação.

Essa porção culmina com o grande teste de Avraham, conhecido como Akeidat Yitzchak, em que o Eterno pede a Avraham a entrega de seu filho Yitzchak em sacrifício no monte Moriáh. Avraham, em obediência ao Eterno, prepara-se para realizar o ato, mas no último momento, o Eterno envia um mensageiro para impedir o sacrifício, providenciando um carneiro no lugar de Yitzchak. Esse ato reafirma a aliança entre Avraham e o Eterno, que renova Suas promessas de vitórias e descendência.

Assim, Vayerá mostrará a confiança e a obediência de Avraham, a compaixão do Eterno pelos justos, e o cumprimento de Suas promessas. Essa Parashá ensina sobre a hospitalidade, a intercessão pelos outros, e o poder da confiança no Eterno mesmo em meio a grandes testes.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

O tema do nosso estudo trata sobre a justiça e a falta dela. É comum falarmos em nossos estudos que justiça é o cumprimento de Toráh, ou seja, os mandamentos do Eterno. Observemos definições de justiça antes iniciar o estudo, com o objetivo de ter uma melhor compreensão. Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, no TaNaK há várias palavras hebraicas que estabelecem o conceito daquilo que é justiça ou direito. Temos por exemplo a palavra “yashar” que significa o caminho reto, direito, suave, aquilo que é agradável ou satisfatório ao Eterno por ser direito. A pessoa que segue esse caminho e pratica tais obras é chamado de reto ou justo. Espera-se que um juiz (shophet), ao decidir uma questão e exercer o julgamento (mishpat), deva ter o atributo do “mishpat”, isto é, da justiça, do direito e da retidão. O Eterno é um Elohim de justiça (Is 30:18), e é inconcebível que ele, como juiz de toda a terra, não agisse corretamente ou não praticasse a justiça. Outro exemplo é o termo “tsedek”, que designa o que é justo, direito ou normal como pesos e medidas plenos e justos (Dt 25:15). A pessoa que pratica o que é direito ou justo, isto é, a Torah, é uma pessoa justa. Há muito mais que se falar sobre o termo justiça, mas vejamos o que podemos compreender desse termo no estudo desse tema retirado da parashá Vayerá.

Vemos o TaNaK e os sábios judeus afirmando que, os que praticam a justiça são considerados justos, desde tempos antigos, portanto observem o texto a seguir:


Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros. Salmos 45:8


É interessante, pois nas lives de comentário sobre o Livro Pirkei Shimon, de Bruno Summa, já comentamos um pouco sobre Justiça. Veja o que esse autor no citado livro diz a respeito do verso acima transcrito:


O amor à justiça pode ser facilmente caracterizado como um termo autoexplicativo. A justiça é definida por muitos como algo que possui um equilíbrio entre aquilo que o homem quer para si com aquilo que o homem quer para o próximo. Porém, diferentemente das línguas ocidentais, esse termo possui um significado muito pontual na língua hebraica.

No hebraico, o termo justiça, também define que se algo é bom para o indivíduo, também deve ser bom ao próximo, porém, nesse idioma, esse “algo bom” é algo específico e não apenas alguma coisa que esse individuo considere como bom. A palavra justiça em hebraico, conforme nos é apresentado no Salmo acima, é TZEDEK (צדק), uma palavra que possui a mesma raiz da palavra TZADIK (צדיק), que é o adjetivo usado em referência à pessoa que guarda aos mandamentos de Deus.

A palavra TZEDEK, pobremente traduzida como justiça, trata de algo bem específico da Torah, ela trata de todos os mandamentos referentes ao homem e seu próximo; a “justiça” bíblica aborda todo o código de conduta ética da Torah que o homem deve entender e aplicar no seu dia a dia. Esses mandamentos são conhecidos como TZEDEK.

Dentro desses mandamentos existem muitos temas, como o dinheiro, empréstimo, fofoca, julgamento, acusação, calúnia, maus tratos, salário, direitos trabalhistas e etc. Conforme visto no Salmo acima, o oposto da palavra TZEDEK é impiedade, RASHA (רשע), termo o qual é usado em referência à pessoa que não tem amor ao próximo por não saber como agir quando o assunto envolve algum dos temas aqui citados. O homem que aplica esses ensinos conforme a Torah determina em sua vida, e sente prazer para tanto, é o homem sobre o qual Pedro fala nesse versículo, é aquele que é chamado de bendito. Nossos sábios usam uma história bíblica bem conhecida para poderem explicar esse Salmo e mostrar quais as atitudes que uma pessoa que “ama a TZEDEK deve ter”:

Rabbi Azariah, no nome de Rabbi Acha, abriu: "Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros (Sl 45:8)”. Rabbi Azariah resolveu esse versículo ao compará-lo a Abraham no momento em que ele argumenta com Deus sobre a destruição de Sodoma. Por amor aos supostos justos (tzadikim) que ali haveriam, ele clama a Deus para que poupasse a cidade. O versículo de Salmo foi a resposta que O Santo, Bendito Seja, lhe deu: "Quem são seus companheiros? Desde Noach até ti, houveram 10 gerações, e de todas essas pessoas, eu não falei com ninguém, apenas contigo". Bereshit Rabbah 39

Segundo Bereshit Rabbah, quando Abraham intercedeu pelas cidades de Sodoma e Gomorra, mais especificamente pelos tzadikim que poderiam estar vivendo nesses locais, ele é tido por Deus como alguém que “ama a justiça”. Quando o homem conhece aos mandamentos divinos referentes ao seu próximo e os põe em prática, essa pessoa se torna como Abraham no momento em que ele intercedia por tais cidades. A graça recebida por essa atitude, segundo nossos sábios é, mesmo que hajam inúmeras gerações e milhares de pessoas, Deus irá escolher e irá falar com quem age dessa forma; esse é o resultado da observâncias da Ética da Torah.

Segundo Pedro, quando uma pessoa socorre ao necessitado, dá mais valor à vida do que ao dinheiro, julga de forma imparcial, ajuda ao próximo a sair do erro, acolhe aos órfãos e às viúvas, sabe refrear sua língua, pratica tzedakah e ensina de forma correta a Torah, ele se torna bendito, pois alcança um dos maiores mandamentos, amar ao próximo como a si mesmo; e não da forma sentimental determinada pelos seres humanos, mas pela forma ética determinada por Deus.

A ética ensinada pela Torah é uma forma de padecer, pois tal exige muitas anulações de nosso ego, sonhos, desejos e objetivos em prol da ética, caráter, obediência, fé e amor. (Summa, Bruno. PIRKEI SHIMON I: A Primeira Carta de Pedro sob a Ótica Judaica (Locais do Kindle 4836-4866). Edição do Kindle.)


Ao ler este trecho do citado livro e entender basicamente o conceito de justiça, ou seja, obedecer aos mandamentos do Eterno, e neles, principalmente ajudar ao necessitado, cabe-nos uma pergunta: O que estava ocorrendo em Sidom (Sodoma)?


E disse o Eterno: O clamor de Sidom e Amorah aumentou, e seu pecado se agravou muito. Descerei pois, e verei que, se fizerem como o clamor da cidade que vem a mim, darei fim neles e senão, o saberei. Gn 18:20-21


O mesmo autor já citado, Bruno Summa, em seu livro Sha’arei Torah – Portões da Torah – Bereshit 2, ao comentar essa passagem da parashá Vayerá, diz que existiam grandes pecados em Sidom e nas quatro cidades sob sua jusrisprudência. Existia imoralidade sexual, idolatria, violência e, principalmente, a proibição de toda e qualquer forma de tsedakah, ou seja, ajuda aos necessitados. O maior pecado dentre todos esses, que foi a gota d’água para HaShem, foi justamente esse último. Uma sociedade que vive na base do “o que é meu é meu e o que é seu é seu”, não só não consegue evoluir, como acaba se degradando do ponto de vista da vontade divina.

Yeshua ensinou esse mandamento e seu cumprimento quando foi questionado por um dos parushim/fariseus e isso foi relatado em Mattityahu 22:33-40.

O mencionado autor ainda diz que Hashem fala no versículo 20 que o PECADO, no singular, era muito grave, o que nos leva a entender que o pecado que mais estava pesando dentre todos, e enchendo o cálice era um só, justamente o da falta de Tzedakah ou compaixão. Porém, talvez, o que levou a Hashem a destruir Sidom, não tenha sido necessariamente a falta de Tzedakah, mas sim algo que teve como resultado a falta de Tzedakah. O profeta Yechezk’el trata deste assunto, veremos mais à frente. No entanto, podemos perceber que estava faltando uma coisa, estava faltando justiça àquelas pessoas. Não foi à toa que Avraham intercedeu por eles ao perguntar sobre os justos, em Bereshit 18:20-33. Vamos avançar em nosso estudo para o primeiro tópico e acrescentar algumas informações importantes.


1. A Justiça do Eterno e o Julgamento de Sidom e Amoráh

A porção de Vayerá destaca como o Eterno age em relação ao pecado de uma sociedade que atinge níveis insustentáveis, especialmente quando envolve crueldade e ausência de compaixão, conforme já vimos nos parágrafos anteriores. Sidom e Amoráh representam a degeneração moral e o desprezo pelo princípio de tsedakah (justiça) e chessed (misericórdia) que o Eterno exige. Ao enviar mensageiros para resgatar Lot, o Eterno deixa claro que, mesmo em meio a um povo corrupto, Ele resgata e salva os que andam de acordo com Seus princípios. Isso porque sempre há um remanescente justo em meio aos corruptos. Avraham intercede por essas cidades, revelando que o Eterno valoriza a presença dos justos. Tanto que HaShem diz a Avraham que se houvesse ao menos 10 pessoas justas nas cidades, tais cidades não seriam destruídas. O problema é que não haviam nem 10 justos, os valores de justiça estavam escassos naquelas cidades, e quando tais valores são rejeitados por uma comunidade, a justiça exige julgamento. O propósito dessa destruição não é apenas punir, mas exemplificar o destino de uma sociedade que escolhe o egoísmo ao invés da compaixão.


Porquê Lot estava sentado à Porta da Cidade?

Interessante notar pelo texto, em Bereshit 19, que quando os dois mensageiros chegam a Sidom na tarde daquele dia, encontram Lot sentado junto ao portão da cidade. Isso se dá por dois principais motivos prováveis. O primeiro, Lot mesmo com sua pouca justiça tentava exercer alguma influência junto àquelas pessoas servindo como “juiz” e ensinando o que pode aprender com seu tio Avraham. Quem se assenta nos portões das cidades de antigamente eram os juízes e anciãos, pessoas que aplicavam a justiça. Comprovamos esse pensamento quando lemos o seguinte:


t saiu da casa, fechou a porta atrás de si e lhes disse: "Não, meus amigos! Não façam essa perversidade! Olhem, tenho duas filhas que ainda são virgens. Vou trazê-las para que vocês façam com elas o que bem entenderem. Mas não façam nada a estes homens, porque se acham debaixo da proteção do meu teto". "Saia da frente! ", gritaram. E disseram: "Este homem chegou aqui como estrangeiro, e agora quer ser o juiz! Faremos a você pior do que a eles". Então empurraram Ló com violência e avançaram para arrombar a porta. Bereshit/Gn 19:6-9


O segundo motivo provável para que Lot estivesse sentado junto ao portão era que tendo aprendido a hospitalidade e a justiça com seu tio Avraham, e conhecendo a índole das pessoas daquela cidade, se postava no portão aguardando a chegada de possíveis transeuntes e estrangeiros em viagem, para que pudesse oferecer ajuda e guarida o mais rápido que pudesse. Segundo a Torah oral e alguns midrashim, as pessoas daquelas cidades além de não serem hospitaleiras, não permitiam a ajuda a necessitados. Tanto que é relatado que uma das filhas de Lot foi morta pelos moradores de Sidom porque desobedeceu à ordem de não ajudar aos necessitados. Assim, podemos compreender que esse homem procurava agir com a pouca justiça que tinha.

Esse relato reforça o chamado do Eterno para que seu povo seja zeloso em buscar a justiça e o cuidado com os mais fracos. Em vez de ser uma nação opressora como Sidom, Yisrael é chamado para ser um povo que reflete o caráter de HaShem, praticando a tsedakah e defendendo os oprimidos, estabelecendo, assim, uma sociedade justa que testemunhe o caráter do Eterno no mundo. Profeticamente, após o sétimo milênio, os remanescentes cumprirão essa profecia, ao ajudar os necessitados das nações, que precisarão aprender sobre o Eterno e seus mandamentos.


2. A advertência de Yechesk’el: O Pecado da Indiferença.

A indiferença é uma transgressão gravíssima!

O que é indiferença? Encontramos no dicionário on line o seguinte: falta de interesse, de atenção, de cuidado, de consideração, descaso, desdém. É um estado de tranquilidade daquele que não se envolve com as situações, desprendimento.

Esses significados nos revelam a gravidade dessa transgressão, pois estar indiferente à necessidade ou dificuldade de alguém é uma transgressão. Com o passar dos tempos o povo de Yisrael ficou indiferente aos problemas de seus próprios compatriotas, quanto mais em relação às pessoas das nações, a quem eles deveriam instruir sobre os mandamentos do Eterno. E o profeta Yechesk'el usado pelo verbo do Eterno profetiza a esse respeito relacionando os erros de Yisrael aos de Sidom e Shomrom. Observe esse texto:


Além disso, sua irmã mais velha é Shomrom, que vive à sua esquerda, ela e suas filhas; e sua irmã mais nova, vivendo à sua direita, é Sidom, com suas filhas. Você não apenas viveu à maneira delas e agiu de acordo com suas práticas odiosas, mas em bem pouco tempo agiu de modo mais corrompido do que elas todas em seus caminhos. Assim como eu vivo, diz Adonai Elohim, sua irmã Sidom nunca agiu, nem ela nem suas filhas, (por mais maldade) como você tem agido, você e suas filhas. Os crimes de sua irmã Sidom foram o orgulho e a glutonaria; ela e suas filhas foram descuidadas e complacentes, de maneira que não faziam nada para ajudar o pobre e o necessitado. Tornaram-se arrogantes e cometeram ações desprezíveis diante de mim; assim, quando atentei para isso, as removi para diante. Yechesk'el 16:46-50


O profeta compara os pecados de Yisrael com os de Sidom, apontando que as transgressões de Yisrael, por vezes, excederam as de Sidom. Ela é descrita como arrogante, próspera e negligente no atendimento às necessidades dos pobres e necessitados. Yechesk'el utiliza Sidom como uma referência para mostrar que, embora Yisrael tenha sido escolhido para viver a justiça do Eterno, ele caiu na mesma armadilha da indiferença, negligenciando o chamado para serem agentes de humildade e justiça na terra. Yisrael deveria, em vez disso, ser um povo de tsedakah e chessed, defendendo os princípios da Toráh, que orientam o cuidado com o órfão, a viúva e o estrangeiro.

O profeta Yechesk'el deixa claro que a verdadeira nação do Eterno não é medida apenas por rituais, mas, sobretudo, pela prática da justiça. Ser povo do Eterno, ser Yisrael, ser Yehudim, não é apenas questão de ser descendente ou seguidor da religião judaica, é antes de tudo, viver segundo o caráter do Eterno, sua Torah. O profeta advertiu que a negligência para com os necessitados e a falta de compaixão não são apenas falhas morais, mas transgressões contra a própria aliança com o Eterno. Yisrael, ao seguir o exemplo negativo de Sidom, estava sujeito a graves consequências, pois a indiferença social é uma exclusão dos próprios fundamentos da Toráh.


3. O Ensino de Yeshua: Um Chamado à Vigilância e Justiça.

Nos Escritos Nazarenos, Yeshua retoma as advertências já feitas por Yechesk'el, reforçando o perigo da indiferença às necessidades das pessoas diante das instruções do Eterno. Em Lucas 17:26-37, Yeshua compara a era em que viveu com os dias de Sidom, estabelecendo que uma sociedade pode cair em ruína não apenas pela maldade explícita, mas pela negligência aos valores de compaixão e justiça. Esse paralelo entre os dias de Sidom e as atitudes contemporâneas aos dias de Yeshua revelam o quanto o coração humano pode se afastar dos princípios e, ao fazê-lo, trair a própria aliança com o Eterno. Assim como Yechesk'el alertou o povo de Yisrael sobre o pecado da indiferença, Yeshua chama seus ouvintes a vigiarem, permanecendo comprometidos com o chamado à tsedakah (justiça) e à chessed (misericórdia).

O profeta Yechesk'el expôs claramente os erros de Sidom, ao condená-la não só por sua arrogância e falta de compaixão, mas também por sua prosperidade ociosa, que alimentou a injustiça e o desprezo pelos necessitados. Para Yechesk'el, essa postura não era apenas uma falha social, mas uma quebra direta da aliança que Yisrael mantinha com o Eterno, que exige que Seu povo cuide dos vulneráveis. Yeshua, ao comparar os dias do fim com os de Sidom, amplia essa advertência ao chamar o povo a relembrar sua responsabilidade de viver a justiça. A mensagem de Yeshua, como a de Yechesk'el, alerta que aqueles que se omitem na prática da justiça também podem se tornar merecedores da justiça do Eterno.

Yeshua chama as pessoas a não viverem em conformidade com um mundo indiferente à miséria ao seu redor, mas a vigiarem constantemente, lembrando-se de que a prática da justiça é inseparável da confiança no Eterno. Sua advertência revela que o tempo pode ser limitado para aqueles que, enquanto se preocupam apenas com o próprio bem-estar, ignoram o chamado divino para cuidar dos necessitados e promover o bem. Assim, ele destaca que a vigilância espiritual é uma atitude ativa de tsedakah e chessed, o que significa ter um coração inclinado para a justiça e uma vida voltada ao próximo.

Dessa forma, vemos que tanto o profeta Yechesk'el quanto Yeshua apresentam o mesmo chamado urgente, a necessidade de anular a indiferença e de praticar a justiça conforme os mandamentos do Eterno. Agir de forma diferente das pessoas de Sidom e do povo de Yisrael da época de Yechesk’el. Ambos alertam que um coração duro e uma sociedade que abandona a tsedakah são como Sidom, negligentes e sujeitos ao juízo divino. Quem realmente deseja permanecer no caminho do Eterno deve buscar, continuamente, não apenas seguir os mandamentos de forma legalista, mas principalmente, viver uma vida de compaixão e integridade.

Concluindo nosso estudo, durante essa semana, tivemos a oportunidade de perceber que a Parashá Vayerá, junto aos escritos de Yechesk'el e o ensino de Yeshua, apresentam uma mensagem transformadora sobre a importância da justiça e da compaixão. O Eterno espera que Seu povo seja um exemplo de tsedakah e chessed, vivendo de acordo com os princípios da Toráh para que suas ações sejam um reflexo de Sua justiça. Negligenciar esses princípios levam uma sociedade a sofrer o julgamento do Eterno, mas aqueles que vivem esses princípios estão alinhados com a vontade do Eterno e ajudarão na construção de um mundo onde a justiça e a misericórdia prevalecerão. Este é o Reino do Eterno, que será estabelecido pelo messias Yeshua, quando ele retornar no sétimo milênio. Por isso, devemos não apenas aprender sobre a gravidade da injustiça e o chamado à justiça, mas precisamos colocar em prática todo ensino de Toráh que aprendemos e levar tudo adiante, levar para outras pessoas.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)


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