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quinta-feira, 31 de julho de 2025

Estudo da Parashá Devarim - A Teshuváh não é religião, mas arrependimento.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 44 – Devarim (Palavras)

Devarim/Deuteronômio 1:1-3:22

Haftará (separação) Is 1:1-27 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Jo 15:1-11, Hb 3:7-4:11


A Teshuváh não é religião, mas arrependimento.


Em tempos onde a “restauração” leva muitos a seguirem tradições religiosas, há um chamado antigo ecoando com força renovada: "Volta, ó Yisrael, ao Eterno teu Elohim!" (Hoshea 14:1). Este chamado não exige dogmas, estruturas humanas nem títulos religiosos. Ele clama por teshuváh, palavra hebraica que significa retorno, arrependimento, conversão, mudança de direção. Porém, na confusão de sistemas religiosos e ritos, a teshuváh tem sido reduzida a um conceito ritual, institucionalizado, como se fizesse parte de uma religião. A realidade, no entanto, é mais profunda e mais exigente: teshuváh não é religião. É transformação de vida, um retorno ao Eterno, aos Seus mandamentos, e ao caminho reto criado desde o princípio. É uma resposta ao chamado eterno: Retorna a mim, e Eu retornarei a ti… (Malachi 3:7)


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Nesta semana iniciamos o quinto e último livro da Torá: Devarim. Este livro contém as palavras que Moshe, servo do Eterno, falou a todo Yisrael, nas planícies de Moav, diante do Yarden, antes de o povo atravessar para a terra prometida. Essas palavras foram ditas nas últimas semanas de vida de Moshe.

Moshe relembra ao povo os eventos marcantes da jornada no deserto e repete muitas das instruções que o Eterno já havia dado. Ele não traz novas doutrinas, mas reforça o que já havia sido ordenado, com o objetivo de preparar a nova geração que agora entraria na terra que o Eterno jurou dar a Avraham, Yitzchak e Yaakov. Ele inicia com uma repreensão velada, mencionando locais como Paran, Tofel, Lavan, Chatzerot e Di Zahav, para lembrar os pecados cometidos no deserto — como a murmuração, a incredulidade, e especialmente a rejeição da terra prometida após o relato dos espiões. O homem do Eterno recorda o episódio em que dez dos doze homens enviados para espiar a terra voltaram com um relatório desanimador. O povo, em vez de confiar no Eterno, murmurou e rebelou-se. Por causa disso, o Eterno jurou que aquela geração não entraria na terra.

Moshe também narra a vitória sobre os reis Sichon e Og, e como o Eterno entregou essas terras a Reuven, Gad e metade da tribo de Menashé, como herança na margem leste do Yarden. Por fim, Moshe encoraja Yehoshua bin Nun, seu servo fiel, para continuar a missão e conduzir o povo na conquista da terra.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

A parashá Devarim marca o início do último discurso de Moshe a todo Yisrael. Suas palavras não são apenas memória ou despedida, são um apelo. Ele exorta uma nova geração a lembrar os erros dos pais no deserto e a não repetir sua rebeldia. Ao relembrar eventos como a recusa diante da terra prometida e a tragédia dos espias, Moshe evidencia o coração do problema: a dureza, a incredulidade e o afastamento da voz de HaShem. É o mesmo clamor que ecoa em Yeshayahu 1:1–27, que é a haftará dessa porção, onde o profeta denuncia a hipocrisia dos rituais sem justiça, sem arrependimento real. "De que me serve a multidão de vossos sacrifícios?", pergunta HaShem (Yeshayahu 1:11). E conclama: "Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de diante dos meus olhos... então, vinde, e arrazoemos" (Yeshayahu 1:16‑18).

Nos Escritos dos Emissários, Yochanan 15:1‑11 e Hebreus 3:7–4:11 reforçam este chamado. A videira verdadeira e o descanso prometido são acessíveis apenas aos que permanecem, confiam, e obedecem. Arrependimento, então, não é um rito de passagem religioso, mas um retorno completo ao Eterno com a mente, coração e ação ou prática. Esse é o verdadeiro espírito da teshuváh.


1. A geração que não entrou: o peso da incredulidade e da desobediência

Moshe, em Devarim, fala a filhos que cresceram caminhando no deserto, mas agora precisavam escolher entre repetir os pecados dos pais ou retornar com integridade ao Eterno. Ele relembra que a geração anterior foi impedida de entrar na terra por não confiar na promessa, mesmo após tantos sinais. O texto de Hebreus 3:18-19 ecoa este lamento: “E a quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão aos que foram desobedientes? Fazendo um midrash de Tehilim/Salmos 95:7 e 8. Vemos que a geração de pessoas que morreram no deserto não puderam entrar na terra prometida por causa da incredulidade.

Este é o coração da teshuváh: reconhecer onde erramos, lamentar sinceramente, e mudar o curso. Não há religião que substitua isso. Não há ritual que anule o peso de um coração endurecido. A geração que caiu no deserto era religiosa, isto é, celebrava festas e ofereciam sacrifícios mas não se arrependiam. Eles ouviram a voz do Eterno no Sinai, viram Suas maravilhas no Egito e ainda assim não confiaram em HaShem. Isso nos mostra que nem presença visível, nem milagres substituem um coração obediente.


2. O Eterno exige justiça, não apenas rituais

A haftará em Yeshayahu 1 denuncia com veemência os que praticam rituais e orações enquanto oprimem o pobre e desprezam o juízo. O Eterno rejeita as festas e sacrifícios feitos sem justiça. Como disse um dos antigos sábios:

Onde há justiça e misericórdia, ali está a Presença do Eterno; onde há sacrifícios sem arrependimento, há apenas vaidade. Midrash Tanchuma, Shoftim 9


Moshe, da mesma forma, destaca que não há substituto para o temor ao Eterno e à obediência:


Guardai, pois, e cumpri, porque esta é a vossa sabedoria. Devarim 4:6.


Yeshua reafirma este princípio em Yochanan 15:10: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor...” não bastava crer naquilo que Ele ensinava, era necessário obedecer o que ele ensinava.


3. Teshuváh é permanecer na videira: fruto, permanência e verdade

Yeshua, em Yochanan 15, ensina que o ramo que não permanece na videira é cortado. Permanecer é obedecer. Produzir fruto é andar segundo a vontade do Pai, que é a Torá. Teshuváh, então, é voltar à raiz, não a um sistema religioso, mas ao mandamento do Eterno.

Yeshua nunca criou uma religião. Ele andou nos caminhos da Torá, exortou como Yirmeyahu, lamentou como Moshe, julgou com justiça como Shmuel. Ele ensinou teshuváh, não formas religiosas, mas um retorno vivo à vontade do Pai. Ele chamou Yisrael ao retorno sincero à Torá, como todos os profetas. Ele mesmo disse: “Não penseis que vim abolir a Torá” (Matityahu 5:17). O arrependimento que ele exige é o mesmo de Yeshayahu, de Moshe, de todos os homens fiéis ao Eterno.

Concluindo nosso estudo, a parashá Devarim, unida à voz cortante de Yeshayahu e ao ensino reto de Yeshua, clama em uma só direção: retorna, ó Yisrael! Volta à obediência, ao temor, à justiça. Não há caminho de volta ao Eterno por meio de formas religiosas mortas. Teshuváh é mais do que sentimento: é decisão, é prática, é permanência.

A geração do deserto viu milagres, mas não obedeceu, e por isso caiu. Os habitantes de Yerushalayim encheram os átrios do Templo, mas foram rejeitados, porque não havia justiça neles. Yeshua advertiu: o ramo infrutífero é lançado fora. A carta aos Hebreus diz: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração.

A teshuváh não é religião. É o som do Eterno chamando: “Volta!” E quem ouve, volta. E quem volta, obedece. E quem obedece, vive. Hoje, como naquela geração, o Eterno ainda chama: Retorna. Se ouvirmos, vivamos como quem foi restaurado. Que não sejamos apenas ouvintes, mas praticantes da verdade. Pois quem volta, obedece. E quem obedece, viverá.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!

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Moshê Ben Yosef


quinta-feira, 24 de julho de 2025

Estudo da Parashá Matot-Massei - O Eterno Está na Frente da Nossa Teshuvah.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 42 – Matot (Tribos)

Bamidbar/Números 30:2-32:42

Haftará (separação) Jr 1:1-2:3 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Mt 5:33-37

Parashá nº 43 – Massei (Estágios)

Bamidbar/Números 33:1-36:13

Haftará (separação) Jr 2:4-28; 3:4 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Tg 4:1-12


O Eterno Está na Frente da Nossa Teshuvah.


O povo de Yisrael não caminhou quarenta anos no deserto por acaso, apesar de terem sido punidos pela sua transgressão. Cada jornada, cada parada, cada passo, foi dirigido pelo Eterno com propósito, disciplina e misericórdia. A parashá Massei nos mostra que não existe estrada sem sentido na vida daqueles que são guiados pelas instruções do Altíssimo. A teshuvah é um caminho de retorno ao Eterno, e não é fácil, mas é possível. Mas há um segredo mais profundo: em cada retorno, em cada arrependimento, em cada teshuvah verdadeira, o Eterno já está à nossa frente, esperando, preparando e conduzindo o caminho de volta.

Esta verdade ecoa desde as palavras dos profetas até os ensinos de Yeshua e dos talmidim: a teshuvah não é apenas um ato nosso em direção ao Eterno, mas um caminho que o próprio Eterno abriu antes mesmo que decidíssemos retornar. Este é o chamado eterno para sair da idolatria, do erro, da impureza, e voltar para uma terra de promessa e santidade.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

Esta semana, estudamos a parashá Matot e a Massei, que encerram o livro de Bamidbar. Ambas trazem orientações fundamentais dadas pelo Eterno ao povo de Yisrael antes de entrarem na terra prometida, e revelam aspectos profundos da nossa jornada no deserto, tanto literal quanto espiritualmente, em nosso caminhar com o Eterno.

A porção Matot começa com um princípio essencial: o poder da palavra. Moshe transmite ao povo as instruções do Eterno sobre os votos e juramentos. A palavra falada tem força de aliança diante do Eterno. Isso mostra que quem ama o Eterno, cumpre aquilo que promete a Ele.

Em seguida, vemos o Eterno mandar Moshê vingar os filhos de Yisrael dos midyanitas, pelo engano que provocaram anteriormente. A guerra é vencida com ordem, pureza e justiça, e há uma separação clara entre o que é santo e o que é impuro. Ao final, as tribos de Reuven, Gad e metade de Menasheh pedem para ficar do lado leste do Yarden, pois aquela terra era boa para seus rebanhos. Moshe adverte sobre não desanimarem os outros, mas, com o compromisso de guerrearem ao lado de seus irmãos, recebem permissão. Isso mostra que a unidade e o compromisso com toda a comunidade de Yisrael é prioridade diante do Eterno.

Massei abre com uma lista detalhada de todas as jornadas dos filhos de Yisrael desde a saída de Mitsrayim até os campos de Moav, às margens do Yarden. Isso mostra que cada passo foi conduzido pelo Eterno, nenhuma caminhada foi em vão.

Depois, o Eterno ordena que, ao entrar em Kena'an, o povo expulse todos os habitantes e destrua seus ídolos e altares falsos. Se não o fizerem, tais povos seriam como "espinhos em seus olhos". A terra é santa, e exige pureza. São delineadas as fronteiras da terra e designados líderes para repartir a herança. E há também a instituição das cidades de refúgio, onde aquele que matasse alguém por acidente poderia escapar da vingança. Isso ensina que a justiça do Eterno é equilibrada, protegendo a vida e punindo o mal com discernimento.

Por fim, as filhas de Tzelofechad recebem a instrução de se casarem dentro da sua tribo, para preservar a herança de seus pais. Isso reforça a importância da responsabilidade familiar e tribal dentro da ordem do Eterno.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Em tempos de retorno e restauração, muitos acreditam que teshuvah, o voltar sincero para o Eterno, é algo que parte apenas do coração humano, como se o homem, por si só, pudesse decidir buscar a presença do Altíssimo. Mas as Escrituras revelam algo muito mais profundo: o Eterno não apenas espera nossa teshuvah, Ele a prepara, a precede, a conduz.

Nas jornadas do povo de Yisrael pelo deserto, vemos uma verdade poderosa: o Eterno guiava cada passo, mesmo quando o povo não compreendia. Não havia caminho desperdiçado. Cada parada, cada provação, cada livramento, era parte de um plano maior, o plano de transformar um povo que tinha sido escravizado em uma nação livre e santa. O mesmo ocorre com cada um de nós, pois nada é por acaso ou aleatório, HaShem tem o controle de tudo e quer nos tornar santos.

Essa realidade não terminou no deserto. Os profetas reforçaram o chamado do Eterno ao retorno. Yeshua, com as palavras vivas do Altíssimo em sua boca, reafirmou essa mensagem, e seus talmidim continuaram o chamado à purificação e obediência. Hoje, mais do que nunca, precisamos compreender que a teshuvah não é apenas um ato nosso, é um caminho que o Eterno traçou desde o princípio. Ele está à frente, chamando e preparando Seus filhos para herdarem a terra da promessa.


1. Nenhuma caminhada foi em vão

A parashá Massei começa com uma lista extensa de 42 estações ou paradas pelas quais os filhos de Yisrael passaram desde que saíram de Mitsrayim até chegarem às planícies de Moav.


Moshe escreveu os seus pontos de partida, segundo as suas jornadas por ordem do Eterno; eis os pontos de partida de cada estágio: Bamidbar 33:2


Podemos nos questionar: Por que o Eterno mandou registrar cada parada? Entender isso revela que cada jornada, cada lugar, mesmo os mais difíceis e aparentemente insignificantes, foi determinado pelo Eterno. Não há aleatoriedade na caminhada de Yisrael. Isso não foi para memória apenas, foi como um sinal profético. Cada ponto de partida e de chegada representa uma lição da caminhada de retorno à obediência. E tem profundo valor profético, pois mostra que a formação do povo não se deu apenas com milagres, mas com processos, ou seja, escolhas e resultados.


E te lembrarás de todo o caminho pelo qual o Eterno teu Elohim te guiou estes quarenta anos no deserto, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração... Devarim 8:2


Assim como nossos pais, o povo de Yisrael, foram guiados por nuvens e colunas de fogo, o arrependimento ou teshuvah, também é um caminho feito de paradas e recomeços. As jornadas do povo de Yisrael no deserto representam o processo de purificação que antecede a posse da herança. O Eterno molda o caráter do povo para que esteja pronto a habitar uma terra santa com instruções santas. Isso é profético, vai além do tempo, pois diz respeito também ao futuro, quando estaremos no reino do Eterno. Como está escrito:


Farei passar a terça parte pelo fogo, e os purificarei como se purifica a prata, e os testarei como se faz com o ouro. Eles chamarão meu nome, e eu lhes responderei. Zekharyah 13:9


Mesmo quando pecamos, como em Refidim ou em Qivrot-Hataavah, o Eterno não se afasta, apesar de julgar e punir. Porém, Ele está na frente, esperando que aprendamos e voltemos ao caminho certo. Observe que Yeshua ensinou essa mesma visão em forma de parábola:


O filho ainda estava longe, e seu pai o viu e, movido de compaixão, correu ao seu encontro… Lucas 15:20


O pai da parábola não representa um sentimento humano, mas a postura do Eterno, pois Ele já está adiante, esperando, olhando para o retorno de seus filhos. E vemos ainda esse entendimento dito pelo profeta Malakhi:


Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus mandamentos, e não os guardastes. Voltai a mim, e eu voltarei a vós, diz o Eterno Tsevaot. Malakhi 3:7


Portanto, as paradas ou dificuldades enfrentadas são lições vivas que revelam o cuidado e disciplina do Eterno. Elas nos ensinam que não há sofrimento ou atraso em vão quando se anda sob a direção do Eterno. Tudo visa a herança eterna.


2. O Eterno guia cada parte da nossa vida, mesmo quando não compreendemos

Muitas paradas no deserto foram difíceis, pois houve falta de água, fome, serpentes, confrontos. Porém, todas elas foram determinadas pelo Eterno:


Segundo a ordem do Eterno se acampavam, e segundo a ordem do Eterno partiam... Bamidbar 9:23


Quando olhamos para os relatos da Torá, vemos que a presença do Eterno se manifestava mesmo nos lugares de provação. Em Refidim (onde não havia água), o Eterno trouxe água da rocha (Shemot 17). Em Horev, onde o povo pecou, ainda assim a nuvem não os abandonou. A profecia de Yehezkel 20 mostra que mesmo no deserto o Eterno cuidava de Yisrael, embora corrigisse seus erros:


Então eu os retirei da terra do Egito e os trouxe para o deserto. Entreguei-lhes minhas leis e lhes mostrei meus estatutos; se alguém os obedecer, terá vida por meio deles. Entreguei-lhes meus shabatot como um sinal entre mim e eles, de maneira que eles soubessem que eu, Adonai, sou o único que os santifica. Yehezkel 20:10-12


Mesmo quando não entendemos o motivo do sofrimento, o Eterno está trabalhando para nos ensinar a confiar nEle completamente. Aprendemos com as dificuldades e crescemos, mesmo que não tenhamos ideia disso. Se não murmurarmos e não sairmos do caminho de obediência, seremos vitoriosos no final.


Eu sei os pensamentos que tenho sobre vós, diz o Eterno; pensamentos de paz e não de mal... Yirmeyahu 29:11


Devemos compreender que nossas lutas têm direção quando seguimos as instruções do Eterno. As paradas do povo de Yisrael nos ensinam a esperar e confiar em HaShem, mesmo sem respostas imediatas. No sistema religioso as pessoas são ensinadas que Deus sempre vai responder, e quando isso não acontece, eles se perdem. É preciso entender que há momentos que o Eterno fica em silêncio e nos observa para ver nossas atitudes, assim como um professor na hora da prova, mas nossa confiança em tudo que aprendemos deve ser demonstradas com atitudes justas. Isso confirma o caminho que estamos trilhando.


3. Expulsar os habitantes e destruir os ídolos e altares falsos

O Eterno ordena:


Lançareis fora todos os habitantes da terra... destruireis todos os seus ídolos... e desfareis todos os seus altos… Bamidbar 33:52


Este mandamento tem peso profético e espiritual. A terra de Kena’an era contaminada por idolatria, imoralidade e violência, como está escrito:


Porque a terra está contaminada; e eu visitei a sua iniquidade sobre ela... Vayicrá 18:25


O mandamento de expulsar e destruir é para purificar a terra, pois o Eterno não habita onde há impureza e rebelião. O caminho de teshuvah exige a eliminação radical da idolatria, tanto visível quanto oculta. Yisrael não poderia herdar a terra mantendo os altares falsos, porque o Eterno não divide sua presença com abominações. E se o povo não obedecesse, os habitantes restantes seriam laço e tropeço:


Se não expulsardes os moradores da terra... acontecerá que os que deixardes serão por espinhos nos vossos olhos… Bamidbar 33:55


Esse mandamento não é para sobre a terra, ele aponta profeticamente para a purificação interior de cada membro do povo. Os ídolos externos são reflexos de idolatria interna, como a busca por poder, ganância e desobediência. E também aponta para um tempo futuro, conforme escrito:


E tirarei da terra os nomes dos ídolos, e deles não haverá mais memória… Zekharyah 13:2


Lavai-vos, purificai-vos; tirai a maldade dos vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal! Yeshayahu 1:16


A conquista da terra prometida não é apenas geográfica, é uma conquista moral e espiritual. Só podemos herdar quando expulsamos da nossa vida tudo que nos afasta de HaShem, toda forma de idolatria, colocando o Eterno como único Rei.

Yeshua reafirmou essa mensagem profética, dizendo:


Bem-aventurados os limpos de coração, pois eles verão o Eterno. Matityahu 5:8


E Shaul HaShaliach (Apóstolo Paulo) escreveu com clareza aos irmãos:


Pois que ligação há entre o santuário do Eterno e os ídolos? Porque vós sois santuário do Elohim vivente... 2 Coríntios 6:16


Teshuvah verdadeira exige quebrar os ídolos do orgulho, da avareza, da rebelião e da religiosidade. Só assim o povo pode entrar e permanecer na herança que o Eterno prometeu. Por isso, cada parte da jornada de nossa vida tem um propósito, pois os processos moldam o caráter, e o Eterno conduz até mesmo as partes difíceis da nossa caminhada. Mesmo sem entender, confie no Eterno e em sua palavra, pois ele guia cada parte da nossa vida com fidelidade, devemos nos lembrar que ele é Melech Neeman, Rei Fiel. No fim, devemos ter em mente que purificação é inegociável, pois a herança só vem com santidade e remoção da idolatria, tanto externa quanto interna. Como disse o profeta:


O povo que andar em justiça, herdará a terra e possuirá para sempre... Yeshayahu 60:21


Concluindo nosso estudo, podemos compreender que a teshuvah começa no coração do Eterno. Não somos nós que abrimos o caminho de volta. É o Eterno quem guia, conduz, prepara e espera. O deserto que atravessamos é a escola onde aprendemos a depender apenas de HaShem. A terra prometida só pode ser herdada por corações puros, livres de idolatria, e dispostos a obedecer todas as suas instruções. O profeta Hoshea diz:


Volta, ó Yisrael, ao Eterno teu Elohim, porque caíste pela tua transgressão. Os 14:1


O chamado do Eterno é claro. No entanto, mais claro é a certeza: Ele já está à frente, preparando nosso retorno. O Eterno está na frente da nossa teshuvah. Que caminhemos com firme confiança, expulsando os ídolos e confiando no caminho que ele mesmo traçou para a nossa restauração.

Quem ama o Eterno, anda nos Seus caminhos, destrói os ídolos e prepara-se para herdar a terra que Ele prometeu. O tempo da teshuvah é agora, pois Ele já está à nossa frente. Caminhemos com zelo e temor!

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!

Hazak, hazak, v’nit’chazek! Seja forte, seja forte, e sejamos fortalecidos!


Moshê Ben Yosef


quarta-feira, 9 de julho de 2025

Estudo da Parashá Balak - Bênção não é garantia de obediência.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 40 – Balak (Balak)

Bamidbar/Números 22:2-25:9

Haftará (separação) Mq 5:6-6:8 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) 2Pe 2:1-22, Jd 11


Bênção não é garantia de obediência.


Neste estudo, refletiremos sobre a profunda verdade revelada na parashá Balak, isto é, a bênção pode estar presente mesmo quando o coração se afasta do Eterno. Yisrael foi protegido de maldição por ordem direta do Eterno, que transformou palavras de destruição em palavras de elevação. No entanto, essa honra e proteção não impediram que o povo, logo em seguida, caísse em transgressão diante do Eterno, cedendo à idolatria e à imoralidade. Com isso, veremos que a bênção não é uma prova de retidão, e que servir ao Eterno corretamente exige zelo contínuo, vigilância e obediência aos mandamentos. Para isso veremos o que realmente é bênção e entenderemos pontos importantes desprezados por muitos.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A Parashá Balak nos apresenta um dos episódios mais singulares e reveladores sobre a relação do Eterno com Yisrael e com as nações ao redor. Nesta porção, aprendemos que mesmo quando os inimigos do povo tentam usar meios espirituais para causar dano, o Eterno transforma maldição em bênção, demonstrando Seu domínio absoluto.

Balak, rei de Moav, ao ver o que Yisrael havia feito aos Emorim, fica amedrontado. Ele envia mensageiros a Bilam Ben Beor, um adivinho, para que venha amaldiçoar o povo de Yisrael, esperando enfraquecê-los antes de uma possível guerra. Bilam consulta o Eterno, que claramente lhe diz: “Não irás com eles; não amaldiçoarás este povo, porque é bendito”. Entretanto, após insistência de Balak com mais presentes e honra, o Eterno permite que Bilam vá, mas com a condição firme: “Somente a palavra que Eu te disser, essa falarás”.

Durante a jornada, o Eterno envia um malach (mensageiro) com uma espada para obstruir o caminho. Apenas a jumenta vê o malach e tenta desviar, sendo espancada por Bilam três vezes. O Eterno então abre a boca da jumenta, que repreende Bilam. Seus olhos são abertos e ele finalmente vê o malach, que reafirma: “Falarás apenas o que Eu te disser”.

Quando Bilam chega, Balak o leva a diversos locais, esperando que dali ele amaldiçoe Yisrael. Mas ao invés disso, o Eterno coloca Suas palavras na boca de Bilam, e ele abençoa o povo por três vezes. Entre essas bênçãos está a famosa expressão: “Mah tovu ohalecha Yaakov, mishkenotecha Yisrael” — "Quão boas são tuas tendas, Yaakov, tuas moradas, Yisrael".

Bilam também profetiza a queda de Moav e outros povos, dizendo: “Um cetro se levantará de Yaakov e um governante surgirá de Yisrael”, prenunciando o domínio futuro do povo de Yisrael sobre as nações que o oprimiram.

Contudo, no final da parashá, Yisrael cai em transgressão. Os homens se envolvem com as filhas de Moav, sendo atraídos à idolatria de Baal Peor. A ira do Eterno se acende, e uma praga é enviada. Em meio à praga, Zimri, príncipe da casa de Shimon, traz uma mulher midianita e se une a ela diante de todo o povo. Pinchas, neto de Aharon, levanta-se com zelo pelo Eterno, entra na tenda e os fere com uma lança. A praga é cessada após esse ato, que demonstra zelo pelos mandamentos do Eterno.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Estamos acostumados a ver, atualmente, muitas pessoas que buscam bênçãos em todo lugar e a qualquer custo. São pessoas que usam qualquer passagem bíblica como um referencial de bênçãos e qualquer ritual neste sentido pode atrair muitas pessoas.

A noção errônea de que bênçãos materiais, proteção ou prosperidade indicam automaticamente aprovação divina é amplamente difundida, principalmente nos sistemas religiosos. No entanto, a Torá nos ensina o oposto: o Eterno é soberano, e pode abençoar por misericórdia, por causa de Sua promessa, ou por planos mais elevados, e isso não anula a necessidade da obediência constante. A parashá Balak mostra que mesmo abençoados, os filhos de Yisrael transgrediram, o que causou a ira do Eterno e a consequente punição. No meu canal no YouTube, há um estudo da parashá Toledot de 2022, que falamos sobre “O conceito original de bênção.”, que você poderá buscar para mais informações sobre o assunto.

Será que estar abençoado é certeza de que se está no caminho certo? O que é bênção?

A palavra בְּרָכָה - B’rakhah, uma forma substantiva que geralmente é traduzida como “bênção”, vem da raiz verbal da palavra hebraica בָּרַך - Barakh, cujo sentido mais literal é “ajoelhar-se” ou “curvar-se com reverência”. A ideia central é que “b’rakhah” é aquilo que flui do Eterno para capacitar, sustentar e fortalecer aquele que se curva diante dele em reverência e obediência.

No ato de ajoelhar-se, há:

- Reconhecimento de autoridade.

- Submissão à vontade superior.

- Pedido por graça ou favor.

Da mesma forma, receber uma bênção não é ter domínio ou poder, mas reconhecer nossa dependência total do Eterno, ajoelhando-nos diante dele para que Ele nos capacite.

Quando observamos nessa porção tudo que acontece, ou seja, Bilam por ordem de Balak, tentando amaldiçoar o povo mas no lugar abençoa, pois as palavras inspiradas pelo Eterno são para abençoar Yisrael. São palavras proféticas que ecoam até hoje. E mesmo tendo sido protegidos, abençoados pelo Eterno, alguns dentre o povo ainda assim, transgrediram caindo em idolatria e promiscuidade com mulheres moabitas, resultado de uma orientação de Bilam a Balak. O que desencadeou uma ordem de HaShem para que os transgressores fossem punidos, conforme lemos em Bamidbar 25.

Aqui encontramos de forma indubitável que não é como alguns pensam, se você está sendo abençoado é porque está tudo bem, o Eterno está se agradando de você. Isso é um alerta para que possamos estar atentos para nossa vida, se estamos obedecendo ao Eterno e vivendo no centro de sua vontade.


1. A benção e a fidelidade à Palavra

Na parashá Balak, Bilam é forçado a abençoar Yisrael, pois o Eterno o impede de amaldiçoar. Isso não acontece por causa do mérito moral do povo, mas porque o Eterno já havia determinado que Yisrael era um povo bendito. A bênção vem por fidelidade do Eterno à promessa feita aos patriarcas conforme lemos em Bereshit 17:7.

No livro de Devarim 9:4-6, Moshê adverte:


Não digas no teu coração: Por causa da minha justiça é que o Eterno me trouxe para possuir esta terra... Pois tu és um povo de dura cerviz.


Aqui, aprendemos que a herança e bênçãos recebidas não eram prova de justiça, mas resultado da promessa do Eterno e de Seu plano contra as nações perversas.

O Midrash Tanchuma sobre parashá Balak observa que o Eterno usou Bilam para abençoar Yisrael de forma que mesmo o ímpio reconhecesse a santidade do povo, mas isso não anulava a responsabilidade do povo em andar segundo os mandamentos.

Infelizmente muitos tendem a acreditar que por estarem de alguma forma vivendo em abundância e tudo correndo bem, que a boa mão do Eterno está com eles. Contudo, isso é um engano muito grande. Vejamos agora, como a presença da bênção não impede que alguém cometa um pecado.


2. A presença da bênção não impede a transgressão

A sequência imediata à bênção de Bilam é trágica. Em Bamidbar 25:1-3, os filhos de Yisrael se prostituem com as moabitas e adoram Baal Peor. Ou seja, mesmo protegidos, mesmo honrados caíram, porque se afastaram da obediência.

O profeta Hoshea escreve:


Quando tinham pasto, se fartavam, e o seu coração se exaltava; por isso, se esqueceram de mim. Hoshea 13:6.


Este padrão se repete ao longo da história: a fartura muitas vezes conduz ao esquecimento do Eterno. O orgulho e a ilusão de autossuficiência tomam o lugar do temor reverente. Nos Escritos Nazarenos, Yeshua também confronta este engano. Em Mattityahu 7:21-23, ele diz:


Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome?...’ E eu lhes direi: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a transgressão.

Ou seja, vida tranquila, grandes realizações, milagres e bênçãos não substituem a obediência. É importante manter o foco na Torá do Eterno, pois ela é a instrução para uma vida realmente abençoada. A bênção, conforme já disse antes, é a expressão da submissão ao Eterno. Essa reflexão toca no cerne da fidelidade ao Eterno. A Torá realmente afirma que bênção e maldição estão ligadas diretamente à obediência e à desobediência conforme lemos em Devarim 28, mas o entendimento sobre o que é bênção precisa ser corrigido e purificado à luz das Escrituras.

A maioria, de acordo com o que estamos apresentando, associa bênção a riquezas, honra, saúde ou estabilidade, coisas que, embora boas, não são necessariamente prova de aprovação do Eterno. O verdadeiro sentido da bênção, conforme a Torá, é a capacidade dada pelo Eterno para permanecer no caminho da obediência, mesmo em meio às dificuldades. Veja Devarim 28:1–2:


E será que, se ouvires atentamente a voz do Eterno teu Elohim, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos... virão sobre ti todas estas bênçãos e te alcançarão...


O que muitos ignoram é que essas “bênçãos” descritas nesse texto de Devarim não são o fim em si mesmas, mas meios para um propósito maior, a santidade, a vigilância, e constância na aliança. Todas as vezes que se obedece a um mandamento recebemos força para cumprir ainda mais, e a isso as Escrituras chama de bênção.

Quando Yisrael recebia colheitas abundantes, descanso da guerra, fertilidade e paz, isso criava condições para que o povo servisse ao Eterno com alegria. Mas se o coração se desviasse, como ocorreu após as bênçãos declaradas por Bilam, a bênção se tornava inútil, pois faltava firmeza no coração. Assim, o verdadeiro sinal de bênção não é o que se possui, mas a força para manter-se fiel ao Eterno mesmo quando tudo convida à infidelidade.

Em Tehilim 1:1 é dito como é abençoado o homem que tem prazer na Torá de HaShem. Os sábios interpretam isso dizendo que o bem-aventurado, em algumas versões, o abençoado, é aquele que encontra força na Torá para resistir ao mal. A bênção, portanto, é fortalecimento da alma, ou seja, da vida do homem contra o pecado. É preciso se manter firme em obedecer ao Eterno.

Concluindo nosso estudo, vimos que diferente do que muitos pregam e pensam por aí, a bênção não é sinônimo de fidelidade, e o sucesso externo não é prova de obediência interior. O Eterno pode abençoar por misericórdia, por aliança ou para manifestar Seu Nome, mas espera de nós obediência, reverência e zelo contínuos. A parashá Balak nos adverte, que mesmo quando o povo é exaltado diante das nações, pode cair no mesmo momento se não guardar os mandamentos. O maior perigo não são os inimigos externos, mas a inclinação interna ao mal, conhecida como yetzer harah, o impulso natural do homem ao egoísmo e à desobediência, conforme visto em Bereshit 4:7. Por isso o salmista diz:


Bem-aventurado é o homem que teme ao Eterno e anda nos seus caminhos. Tehilim 128:1.


A bênção, como ensinada pela Torá, é força interior dada pelo Eterno para continuar obedecendo com alegria, confiança e reverência, mesmo quando há tentações, perseguições ou dificuldades. Assim, prosperidade, honra ou segurança podem acompanhar a bênção, mas não a definem e não são garantia de que a vida esteja em obediência.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef