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domingo, 14 de julho de 2019

Estudo da Parashá Chukát (Estatuto)

Estudos da Torá

Parashá nº 39 – Chukát (Estatuto)
Bamidbar/Números Nm 19:1-22:1,
Haftará (Separação) Jz 11:1-33; e 
B’rit Hadashah (Nova Aliança) Lc 21:1-38

1 - INTRODUÇÃO

No estudo dessa semana estaremos tratando sobre “Chukát” – Estatuto, ou seja aquele estatuto que o Eterno estabeleceu e que os judeus e nós como parte do povo, aceitamos como mandamento que transcende nossa habilidade de entender racionalmente o porquê dele. É o mandamento que quando somos perguntados qual a razão de obedecermos, respondemos que obedecemos simplesmente porque D’us disse para obedecermos, e que não precisamos de uma razão lógica para isso. Esse é um estatuto perpétuo, através das gerações.

Esta parashá “Chukát” (estatuto) fala novamente sobre a morte e a impureza, conforme já estudamos na porção “Emôr”(Fala), e sua consequente necessidade de purificação através da “Pará Adumá” (Vaca Vermelha).

2 - ESTUDO DAS PALAVRAS

“E falou a Moisés e a Aarão, dizendo: “Este é o estatuto da lei (chukát hatorá) que ordenou o Eterno, dizendo: Fala aos filhos de Israel para que tomem em teu nome uma vaca vermelha, perfeita, na qual não haja defeito e que ainda não tenha levado jugo;” (Nm 16:1-2 – Torá, Ed. Sefer)

Há estatutos e decretos divinos dados sem nenhuma razão aparente. Exemplo deles é o dessa parashá, o da “PARÁ ADUMÁ”(vaca vermelha), no qual segundo a tradição nem mesmo o Rei Salomão entendeu o porquê. 

Devemos entender, antes de prosseguir, que temos três tipos de “Mitzvot” (mandamentos), vejamos cada uma delas:

- Mishpatim – Leis Civis: Os “Mishpatim” são leis Divinas que promulgam a segurança e sobrevivência da sociedade humana. Incluem nelas, por exemplo, a proibição de roubar, matar e não cobiçar as coisas do próximo.

- Edut – Testemunhos: Quando uma “mitsvá” (mandamento) dá testemunho de um evento histórico ou algum aspecto da nossa “emunah” (fé, confiança), é chamada de “Edut” (testemunho). São exemplos a mitsvá de observar o Shabat, que atesta nossa crença de que o Todo Poderoso criou o mundo em seis dias; observar os dias de Festas (Yom Tov), pois comemoram o Êxodo do Egito; as mitsvot de usar o tsitsit e tefilin que demonstram nossa crença na soberania de D’us.

- Chukim – Decretos Divinos, Estatutos: Esse é o tipo de mandamento “Chok” (o plural é Chukim), classifica-se todas as mitsvot (mandamento) cujo propósito ou significado não são compreendidos pela inteligência humana. E este é o tipo de mandamento que é mais difícil de respeitar, principalmente por aqueles que não fazem parte do povo de Adonai, seja judeus ou não. O Talmud afirma que essas são as leis que o “yetser hará” (inclinação pra o mal) e as nações do mundo sempre tentam contestar. Quando não se compreende o motivo de alguma coisa é tentador achar pretextos para não cumpri-la. O fato de um mandamento não ter um motivo óbvio torna seu cumprimento um ato de “emunah” (fé, confiança) maior. Isso vai nos indicar que estamos prontos e desejosos de obedecer às ordens de D’us, até mesmo quando não podemos justificá-las de forma racional. Todas as leis de pureza ritual pertencem à esse tipo de mandamento conhecido como “chukim”. 

Podemos entender isso de forma mais clara observando a “mitsvá” dos animais impuros (Lv 11). Nós não deixamos de comer tais animais por causa da nossa saúde, porque se for isso, o centro do mandamento seríamos nós. Deixamos, porém, de comer tais animais porque o Eterno nos mandou não comer. Não devemos racionalizar esse mandamento, pois ele é um tipo de Chuk, ou seja, D’us mandou e nós obedecemos e pronto. Dessa forma, estaremos colocando D’us acima de nosso próprio intelecto e vontade. 

Existem muitos exemplos de “chukim”, porém o Midrash (ensino, interpretação) enumera alguns sobre os quais a Torá afirma explicitamente, a exemplo do verso 2, do texto em estudo: “Este é um chok”. Uma vez que elas contém elementos aparentemente contraditórios, são passíveis de serem ridicularizados pelos que se pautam pelo pensamento racional. 

Digo aparentemente contraditórios, porque não existem contradições nas Escrituras, o que acontece é que muitas vezes os que pretendem estudar a bíblia não compreendem os métodos judaicos de interpretá-la corretamente, utilizando a hermenêutica judaica, como o “PaRDeS”.

Explicando rapidamente o que é o “PaRDeS”, para que possamos entender o assunto, a respeito de não haver contradições nas Escrituras. Na hermenêutica judaica existem quatro níveis de interpretações utilizadas pelos sábios. Essa interpretação pode chegar ao nível mais profundo que é o que mencionamos acima. Na tradução literal, “PaRDeS” significa “jardim”, no entanto esse termo é um acróstico desse método de estudo das Escrituras Sagradas, e cada um dos quatro níveis atendem a capacidade da pessoa naquele momento, em outras palavras são quatro diferentes abordagens da exegese das Escrituras no judaísmo rabínico. Vejamos os níveis do “PaRDeS” de acordo com o Rab. Joseph Shulam:

- Pshat - o entendimento “simples” e literal ou superficial do texto. Assim é ensinado para as crianças e adultos que não tem muito conhecimento das Escrituras.

- Remez - é a “dica” para um significado mais profundo saindo do literal. É buscado o contexto da passagem, onde se discerne as pistas, que o autor deixou escondidas, e ela é a indicação da direção a seguir.

- Drash - significa “pesquisa”, quando se lê um texto compreende-se o que o autor quer que o leitor entenda, acrescentando o seu conteúdo pessoal e seu sentimento para descobrir o significado através da midrash (hermenêutica), por comparação de palavras, formas e também por ocorrências semelhantes em outras partes das Escrituras.

- Sod – “segredo” ou o significado místico de uma passagem, como determinado através de inspiração ou revelação. Ela é restrita aos que são do meio ou que foram ensinados a entender a linguagem própria específica do contexto em que foi escrita. Perceba o que o autor mencionado afirma.

“Um exemplo está no texto de II Tm 2:15. Na maioria dos textos em inglês diz: [...] que divide a palavra da verdade [...], diferente do texto em português: [...] que maneja a palavra da verdade [...]. A forma tradicional que os comentaristas cristãos dizem a respeito desse texto, é que o cristão deve dividir o Antigo Testamento do Novo Testamento, porque estamos na era do Novo Testamento e que não tem necessidade de aprender nada do Antigo Testamento.
Quando Paulo estava escrevendo esse texto, no contexto do seu tempo e lugar, parece sugerir a Timóteo que ele use o PaRDêS, para que ele entenda todos os níveis de entendimento dos textos bíblicos, não só aplicando a lógica, mas também a sua experiência própria e o que o Espírito Santo quer revelar com esse texto.” (Shulam. J, p.11)

Por isso, como realmente não há contradições nas Escrituras, a Torá aconselha o servo do Eterno a dizer a si mesmo: “É um chok, não tenho direito de questioná-lo.” 

Existem outros chukim na Torá para tomarmos como exemplo:

- Yibum: Uma pessoa que se case com a esposa de seu irmão estando ele ainda vivo, ou mesmo morto, incorre em pena de caret (morte espiritual), desde que seu irmão tenha tido filhos. Mas, se a esposa do irmão não tem filhos, é mitsvá casar-se com ela (levirato, yibum). Embora a razão ache difícil de aceitar um paradoxo como este, mas o texto bíblico diz: “E vocês guardarão Meus chukim.” (Vayicrá/Levítico 18:26).

- Shaatnez: A Torá proíbe nos vestirmos com roupas que contenham mistura de lã e linho. Porém, é permitido vestir uma roupa de linho que tenha tsitsit de lã atados. Mesmo que questionemos isso a Torá nos diz: “E vocês guardarão Meus chukim.” (Vayicrá/Levitico 19:19). 

- O bode para Azazel: Um bode era enviado à morte como parte do Serviço de Yom Kipur, expiando o povo de Israel de seus pecados. Mas também, tornava impuro a pessoa que o enviava. Assim, esta lei é chamada de “um chok eterno” (Vayicrá 16:29).

Uma vez tendo entendido os tipos de “mitsvot” (mandamentos), vamos então passar para o mandamento constante nesta parashá, o Chukát, que tem haver com a Pará Adumá – Vaca Vermelha.

A Vaca Vermelha e Yeshua

Os mandamentos que têm o nome de “chuk” ou “chukát”, estão ligados de uma forma especial ao Messias. A chukát desta parashá, pode ser considerada chukát por excelência, pois há uma ligação íntima em todo este ritual, com o messias Yeshua.

A novilha citada deveria nascer com uma cor diferente das outras, e de acordo com o Midrash, se tivesse mais de um pelo que não fosse vermelho, seria desqualificada. O próprio YHWH era quem provinha o nascimento do animal, quando houvesse necessidade dele. Outras características desse animal era que a novilha deveria ter pelo menos três anos de idade e não podia ter estado sob jugo. Agora observem, os três anos apontam para os (cerca de ) 30 anos de idade que tinha o Messias Yeshua quando foi sacrificado para limpar o povo. Veja no verso 6 outros itens que apontam para a morte de Yeshua: a madeira de cedro, o hissopo e a lã carmesim, que deveriam ser queimados juntos com a novilha vermelha.

“E tomará o sacerdote um pau de cedro, hissopo e lã carmesim e os jogará no meio do fogo em que arde a vaca.” (Nm 19:6)

Esses elementos estavam presentes na morte de Yeshua, a madeira na cruz, o hissopo na hora que lhes deram vinagre a beber e a lã carmesim na túnica que o vestiram.

As cinzas da vaca vermelha eram recolhidas e reservadas, porque depois era misturada com águas vivas e serviriam para purificação daqueles que se encontravam impuros, enquanto tornavam impuro qualquer um que estivesse envolvido em sua preparação. Uma vez que isto também desafia a lógica, pois é um chukát, a Torá mais uma vez introduz o assunto com as palavras: “Este é o chukat da Torah” (19:2), por isso, devemos aceitar essa mitsvá como uma ordem Divina.

Um fato interessante a ser mencionado é que, as águas da purificação eram guardadas nas casas dos sacerdotes em todo o território de Israel, a fim de que aqueles que tivessem estado em contato com algum morto, pudessem se purificar durante sete dias, conforme prescreve a Torá. Não era necessário muita cinza para uma grande quantidade de água. Assim, as cinzas de uma novilha duravam muitos anos. De acordo com a Mishna e o Midrash, no total foram sacrificadas nove novilhas vermelhas na história de Israel. As cinzas da primeira vaca duraram até a época de Esdras. É possível que a décima novilha vermelha diga respeito à segunda vinda do Messias.

Mais paralelos entre a vaca vermelha e Yeshua

Analisemos o efeito da morte da novilha vermelha e das suas cinzas.
        Purificava:
- A pessoa que matava a novilha;
- O Sacerdote (Cohen) que salpicou o sangue;
- A pessoa que queimou a carcaça; e
- A pessoa que reuniu as cinzas.

Como já afirmamos acima as cinzas da novilha vermelha com águas vivas eram chamadas de “Águas da Separação” – Mei Nidá. Porque eram usadas na limpeza cerimonial de pessoas impuras que queriam separar-se da impureza.

Como a purificação feita pela Pará Adumá (novilha vermelha) aponta para a morte de Yeshua? Ela aponta para o seguinte:

A morte de Yeshua purificou:
- Aqueles que estiveram implicados na Sua morte;
- Aqueles que falsamente testemunharam contra Ele;
- Aqueles que o entregou aos Romanos;
- Aqueles que bateram Nele e zombaram Dele; 
- Aqueles que dirigiram os pregos em suas mãos e pés; e
- Todos os que pecaram.

O resultado deste sacrifício é o meio pelo qual cada um pode ser limpo ou purificado, esta era a razão da novilha vermelha, assim como foi a razão da morte e ressurreição de Cristo. O que as pessoas fizeram à novilha e à Yeshua, os fez impuros, mas ele produziu o poder para fazê-los puros novamente. 

A instrução da Torá para uso da novilha pode ser destinado para simbolizar o contato da nova vida daqueles que ficaram impuros pelo contato com a morte. O seu sangue que é salpicado diante do Tabernáculo sete vezes simbolizava a aceitação do sacrifício por D’us.

Tudo isso nos aponta para um paradoxo, os sacerdotes se consagravam para oferecer o sacrifício da Pará Adumá e por ter contato com a vaca vermelha se tornavam impuros, a fim de obter as cinzas para purificar os do povo de Israel que precisasse ser purificado. Da mesma forma Yeshua, como sacerdote também sendo puro se tornou impuro para purificar a todos os que tiveram contato com o momento de seu sacrifício e todos os que precisam dele para se purificar. E da mesma forma, como novilha seu sangue torna puro a todos quanto toca. Essa pureza é espiritual. E esse paradoxo tem um centro, que o move, que é o "amor" em hebraico "AHAVÁ", para entendermos isso vemos o que Yeshua diz em MT 22:34-40. O amor é o ingrediente misterioso e é o principio dessa parashá, por isso não podemos questionar. E tudo isso aponta para o tempo do Messias, quando ele voltará e estabelecerá seu Reino de pureza espiritual. 


Bibliografia:

- Torá - Lei de Moisés. Editora Sefer
- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.
- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/
- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/
- http://shemaysrael.com/parasha-chucat/
- http://www.yeshuachai.org/forums/topic/ חקת -chukat-estatutos-decretos/
- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/39-_chukat_estatuto_de.pdf