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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Estudo da Parashá Ekev - Não esqueça, mas abandone a escravidão.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 46 – Ekev (Continuem)

Devarim/Deuteronômio 7:12-11:25

Haftará (separação) Is 49:14-51:3 e

B’rit Hadashah (Aliança Renovada) Mt 4:1-11, Tg 5:7-11.


Não esqueça, mas abandone a escravidão.


A memória é uma dádiva que molda nosso caráter. Guardamos lembranças de momentos bons e ruins, e, muitas vezes, nossa mente tende a exaltar o prazer e suavizar a dor. Essa seletividade pode ser perigosa quando o passado foi marcado por opressão e desobediência. É possível abandonar as correntes físicas e ainda permanecer preso internamente. A Torá nessa porção nos mostra Moshê exortando aquela geração a ter cuidado com suas lembranças e atitudes. O Eterno nos chama não apenas para sair da escravidão, mas para arrancar suas raízes do coração.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Ekev continua as palavras de Moshê ao povo de Yisrael antes de entrarem na terra que o Eterno prometeu a Avraham, Yitzchak e Yaakov.

Moshê lembra que, se o povo ouvir e guardar os mandamentos do Eterno, Ele guardará a aliança e o amor que jurou a seus pais, multiplicando-os e abençoando o fruto do ventre, da terra, do gado, e afastando enfermidades.

O Eterno promete expulsar, pouco a pouco, as nações maiores e mais fortes que Yisrael. O povo não deve temer, pois o Eterno lutará por eles, como fez no Egito. Moshê ordena destruir imagens e ídolos, não cobiçar a prata ou ouro neles, e não trazer essas abominações para dentro de casa .

Moshê relembra os 40 anos de caminhada, onde o Eterno os humilhou, provou, sustentou com maná, e fez com que suas roupas e sandálias não envelhecessem. Ele ensina que “o homem não vive somente do pão, mas de tudo o que sai da boca do Eterno”.

Ao entrar e prosperar na terra, Yisrael não deveria se esquecer que é o Eterno quem dá forças para adquirir riquezas, e não o próprio mérito. Moshê relembra a rebelião do bezerro de fundição, a quebra das primeiras tábuas, e como intercedeu 40 dias e 40 noites para que o Eterno não destruísse o povo. O Eterno manda Moshê lavrar duas novas tábuas e fazer uma arca de madeira para guardá-las. Os levitas são separados para servir e carregar a arca.

O servo de D’us resume o que o Eterno requer: temer, andar em todos os Seus caminhos, amá-Lo e servir com todo o coração e alma, guardando os mandamentos. A terra de Yisrael depende da chuva que o Eterno dá em seu tempo. Se o povo obedecer, haverá chuvas e colheitas; se se desviar, haverá seca. Moshê ordena colocar as palavras do Eterno no coração, ensiná-las aos filhos, falar delas no caminho, prendê-las na mão e na testa, e escrevê-las nos umbrais das portas.

A parashá encerra reforçando que, se Yisrael guardar os mandamentos com firmeza, o Eterno colocará o temor deles sobre todas as nações por onde passarem.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Na porção anterior, Moshê relembra ao povo que a vida no Mitzrayim foi comparada pelo Eterno a uma "fornalha de fundição" (Devarim 4:20). Ali, Yisrael foi moldado e refinado pelo sofrimento, mas a geração que saiu de lá guardou na memória as panelas de carne (Shemot 16:3) e esqueceu as correntes da escravidão. A nova geração estava prestes a entrar na terra prometida, mas precisava compreender que o maior perigo não estava nas nações inimigas, e sim na inclinação interna de voltar à mentalidade de escravo. Moshê estava levando-os a refletirem nessa situação. O tema deste pequeno estudo é claro e muito importante: não esqueça o passado, mas abandone a escravidão. Vejamos o que a Torá no ensina a respeito desse importante tema.


1. Lembrar para obedecer

Na Torá, o Mitzrayim é chamado de "fornalha de ferro" conforme lemos em Devarim 4:20. Essa imagem aparece também em dois textos muito relevantes, observe:


Eles são teu povo, tua herança, a quem trouxeste do Egito, tirando-os da fornalha de fundição. Melachim Alef 8:51


...que ordenei a seus antepassados no momento em que os tirei da terra do Egito, daquela fornalha de ferro. Eu disse: Ouçam minha voz, e cumpram todas as minhas ordens; então vocês serão meu povo, e eu serei seu elohim. Yirmeyahu 11:4


Esses textos reforçam que HaShem tratava o Egito como uma fornalha de fundição e que o sofrimento passado pelo povo foi um instrumento de purificação. A libertação física não teria valor algum se o povo continuasse alimentando a nostalgia de um passado de desobediência. Isto é, ficar lembrando das coisas que viveram nos tempos da escravidão com saudades seria um erro que leva ao engano e à vontade de voltar àquela situação. Moshê adverte:


Rebeldes fostes contra HaShem desde o dia em que vos conheci Devarim 9:24.


A lição aqui é clara, pois o Eterno nos retira do ambiente de escravidão para que aprendamos a viver sob Seus mandamentos, lembrando do passado para manter a gratidão e não para desejar o que ficou para trás. Em Ekev, Moshê acrescenta: HaShem os guiou quarenta anos “para te humilhar e te provar” e para ensinar que “o homem não vive somente do pão, mas de tudo o que procede da boca de HaShem” (Devarim 8:2–3). A lembrança certa conduz à gratidão e à obediência, não à saudade do cativeiro. A seguir observemos o que os profetas falam sobre isso.


2. Refinamento contínuo

Os profetas mostram que o processo não termina ao sair do lugar da opressão: Yeshayahu 48:10 diz:


Provei-te na fornalha da aflição.


Filho do homem, a nação de Yisrael tornou-se escória para mim; cobre, estanho, ferro e chumbo deixados na fornalha. Não passa de escória de prata. Por isso, assim diz o Eterno: ‘Visto que vocês todos se tornaram escória, eu os ajuntarei em Yerushalaim. Assim como os homens ajuntam prata, cobre, ferro, chumbo e estanho numa fornalha a fim de fundi-los com um sopro, também na minha ira e na minha indignação ajuntarei vocês dentro da cidade e os fundirei. Yechezkel 22:18–20


Vemos o Eterno, pela boca do profeta, comparar Yisrael a metal misturado com escória, que precisa do fogo para separar o puro do impuro. Essa linguagem mostra que mesmo após a saída do Mitzrayim físico, Yisrael ainda precisava se libertar de impurezas internas tais como a idolatria, o orgulho e a falta de confiança firme no Eterno. Assim, a libertação verdadeira é fruto de um coração convertido, não apenas de uma mudança de geografia. Por isso, Ekev insiste: o que HaShem requer é:


...temer, andar em todos os Seus caminhos, amá-Lo e servi-Lo com todo o coração e com toda a alma, guardando os mandamentos Devarim 10:12–13.


3. A liberdade ensinada por Yeshua e os shaliachim

Yeshua ensinou que “todo aquele que pratica o pecado é escravo” (Yochanan 8:34), mostrando que a escravidão espiritual, isto é, a desobediência, é mais profunda que a escravidão física. Shaul, o emissário, escreveu que “para a liberdade fomos chamados” (Galatim 5:13), mas advertiu que essa liberdade não deveria ser usada como desculpa para a desobediência. Kefa, shaliach, lembrou que fomos resgatados “da vossa vã maneira de viver” (Kefa Alef 1:18). Todos esses ensinos convergem para a mesma verdade revelada na Torá e nos Profetas, ou seja, a escravidão deve ser abandonada não apenas nos pés, mas também no coração.

O Eterno nos chama a lembrar do Mitzrayim para que nunca mais voltemos a ele, nem com os pés, nem com o coração. A memória deve servir como muro de proteção contra a ingratidão e a rebeldia. Não podemos romantizar o passado de escravidão, como fez a geração que ansiava pelas panelas de carne e esqueceu os chicotes. O verdadeiro abandono da escravidão acontece quando a confiança firme no Eterno supera qualquer nostalgia de um tempo sem mandamentos. Assim, ao caminhar na terra que o Eterno nos dá, seja ela física ou a vida renovada que recebemos, devemos escolher diariamente viver como libertos, e não como cativos. Porque quem ama o Eterno guarda os Seus mandamentos, e só assim a liberdade é plena.

Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef