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quinta-feira, 17 de abril de 2025

Estudo da Parashá Especial de Pêssach - A Jornada da Alma na Contagem do Ômer

 


Estudos da Torá

Parashá EspecialPessach (Passagem)

Vayikra/Levítico 23:1-44

Haftará (separação) Is 10:32-12:6 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 26:1-28:20.


Tema: A Jornada da Alma na Contagem do Ômer


Nessa semana, com muita alegria e temor reverente diante do Eterno estudamos textos que tratam de Pessach e Hamatzot. Mais do que uma análise de mandamentos ou estudo sobre uma festa, este é um convite à introspecção, à purificação e ao preparo verdadeiro de nossas vidas diante daquele que nos tirou da escravidão para sermos Seus.

A contagem do Ômer, muitas vezes vista apenas como um dever técnico ou ritualístico, é, na verdade, uma poderosa jornada de transformação, marcada pela obediência e pela expectativa da revelação, além de ter apontamentos proféticos para o futuro no Reino de D’us. Durante esses 49 dias entre Pêssach e Shavuot, não apenas contamos o tempo, nós somos contados por Ele. Cada dia é uma oportunidade para sair do Egito interior, renovar nosso entendimento, e nos preparar para ouvir, mais uma vez, a voz do Eterno.

Neste estudo, mergulhamos nas Escrituras, desde a Torá até os escritos dos profetas e dos emissários de Yeshua, para revelar que a contagem do Ômer é um chamado vivo e urgente: abandonar as impurezas e nos apresentar como vasos limpos para receber Suas palavras.

Que este estudo sirvam como uma pequena luz para nossos pés nestes dias de contagem, e que despertem em cada um de nós o desejo de santidade, temor, e firme confiança no Eterno.


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Desde o dia seguinte ao shabat, isto é, desde o dia em que levarem o feixe para ser movido, contem sete semanas completas, até o dia seguinte à sétima semana, contem cinquenta dias, e então apresentem uma nova oferta de grãos a Adonai. Lv 23:15 e 16.


A libertação de Mitsrayim foi apenas o primeiro passo, tanto literalmente para os filhos de Yisrael, quanto profeticamente para todos que seguem aos mandamentos do Eterno. Não bastava deixar a terra da escravidão; era necessário deixar também os costumes, as crenças e os caminhos corrompidos que foram absorvidos em gerações de opressão. A contagem do Ômer, como está estabelecida em Vayicrá 23:15-16, que lemos acima, não é apenas um mandamento de contar dias, é uma convocação divina para que cada alma em Yisrael e no mundo, caminhe rumo ao propósito pelo qual foi liberta: ouvir a voz do Eterno no Sinai e viver por Seus mandamentos.

Ao sair de Mitsrayim, o povo não foi imediatamente conduzido à terra prometida. Pelo contrário, foram levados ao deserto, onde não havia segurança humana, alimento humano, nem apoio das nações. Foi ali, em meio à aridez, que o Eterno sustentou Seu povo com maná, água da rocha, e Sua presença constante. A cada dia, o povo era testado: confiariam no Eterno ou tentariam voltar para as cebolas do Egito? Assim também é conosco.

Alguém pode perguntar: Por que precisamos fazer a contagem do Ômer? A Morá Rivka do Perfil do Instagram “editora_oneg_tora” em um vídeo sobre a contagem do Ômer diz que há um vínculo que temos entre Pessach e Shavuot, que é a entrega da Torá. Ela diz que o nosso povo tinha que ser libertado do Egito, que era o extremo da escravidão. Depois, então, receber a Torá no Monte Sinai para se libertar da escravidão espiritual. A escravidão do Yetzer Hará, a escravidão das nossas más inclinações. A nossa má inclinação estava nas mãos do Yetzer Hará. A liberdade de Pessach, por si só, não é o suficiente. Segundo a citada professora, não adianta você se libertar da escravidão do Egito para cair na escravidão das nossas próprias más qualidades. Então, não adianta sair do Egito e levar o Egito junto consigo, não é um bom negócio.

Ainda segundo ela, o Corban do Ômer, era uma oferenda de cevada e era feito em Pessach. É a época da saída do nosso povo do Egito. Naquela época, a cevada era usada como ração animal. A Ração animal, nos lembra do que? Nos lembra de que a saída do Egito ainda não nos dá a garantia de deixarmos de nos comportar como animais. Em Shavuot era feito o Corban dos dois pães de trigo, que é o alimento humano básico e essencial para nossa vida. Nos ensinando o que? Que agora que recebemos a Torá, já temos as ferramentas necessárias para nos comportarmos como gente, como seres humanos.

Desde o momento que recebemos a Torá, só depende de nós próprios. As ferramentas já estão nas nossas mãos. A Torá já nos foi entregue. O significado simbólico dessas duas oferendas, primeiro a cevada e depois o trigo, vem nos mostrar a ligação entre o nível que nos encontrarmos na saída do Egito e o nível ao qual chegamos por meio da benevolência de HaKadosh Baruch Hu de ter nos dado a Torá. Então, quando saímos do Egito, éramos escravos em fuga. Estávamos fugindo com medo e todos estávamos em uma situação na qual os fins justificavam os meios. Achávamos que qualquer coisa que fizéssemos seria permitido, contando que conseguíssemos alcançar o que desejávamos alcançar. Quando recebemos a Torá no Monte Sinai, nos tornamos gente, nos tornamos seres humanos. Deixamos de ser os animais em fuga que tínhamos sido antes. Nos tornamos conscientes de que o fim não justifica os meios. Recebemos as ferramentas necessárias para podermos chegar aos mesmos objetivos que queríamos chegar antes, mas dessa vez sem latir, sem morder ou dar coices em tudo e em todos que aparentemente estão nos impedindo de chegarmos ao nosso objetivo final.

Finalizando este comentário, a Morá Rivka diz que os 49 dias da contagem do Ômer, são uma viagem pelo grande deserto. São o caminho das nossas buscas, dos nossos consertos internos, de matar o ego, matar o Yetzer Hará. Os caminhos que vivenciamos quando passamos do primeiro estágio de libertação até adquirir a liberdade verdadeira com a Torá. Esse caminho, então, essa jornada é necessária, pois seria impossível alcançar o Monte Sinai diretamente após sair do Egito. Sair do Egito e já receber a Torá, é impossível. Uma transformação espiritual desse tamanho não acontece da noite para o dia. Por isso, entre Pessach e Shavuot fazemos a contagem do Ômer. Apesar da interessante a visão, cabe sempre lembrar que a Palavra do Eterno está acima das interpretações dos homens, estas servem apenas para ilustrar o ensino.

Dessa forma, vamos prosseguir nosso estudo buscando nos aprofundar um pouco mais sobre essa jornada da nossa alma ou vida na contagem do Ômer, que é, na verdade, um chamado diário para a introspecção e transformação. Cada dia entre a libertação e a entrega da Torá representa uma escolha entre o velho homem e o novo caminho. Como disse o profeta Yehezkel:


Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e criai em vós um coração novo e um espírito novo; pois por que morreríeis, ó casa de Yisrael? Yehezkel 18:31


Neste tempo, somos convidados a limpar o coração, a abandonar os ídolos, a purificar nossas palavras, intenções e ações. A instrução do Eterno nunca foi apenas letra, ela é prática, ela é vida. A palavra do Eterno quebra a nossa dureza do erro e do legalismo e nos leva a viver a prática do que é ensinado. Por isso, está escrito:


Não é a minha palavra como fogo, diz o Eterno, e como um martelo que despedaça a rocha? Yirmeyahu 23:29


Quando nos aproximamos da Palavra com sinceridade, ela nos molda, nos quebra e nos refaz, como barro nas mãos do oleiro. E nesses dias de contagem do Ômer são dias que nos reunimos com a família diariamente e refletimos unidos nos mandamentos, e tenha certeza, todos os dias temos um aprendizado novo e uma prática para exercitar.

Yeshua, o mashiach enviado pelo Eterno, compreendia profundamente essa jornada. Ele ensinava justamente a não se viver de forma legalista ou hipócrita, uma vida de mentiras:


Fariseu cego! Purificai primeiro o interior do copo, para que também o exterior fique limpo. Mattityahu 23:26


A limpeza começa por dentro. Yeshua não chamou o povo a uma nova religião, mas à mesma verdade que os profetas sempre clamaram: teshuvá, isto é, o retorno ao Eterno, pela obediência e confiança firmada em Seus mandamentos.

Shaul, o shaliach, ao falar aos irmãos em Corinto, fez um paralelo com Pêssach e a contagem do Ômer ao dizer:


Purificai-vos do velho fermento, para que sejais nova massa... pois Mashiach, nosso cordeiro de Pêssach, foi entregue. Celebremos, portanto, não com o fermento da maldade e da malícia, mas com os pães ázimos da sinceridade e da verdade. 1 Coríntios 5:7-8


Aqui, vemos a mesma mensagem dos profetas: não basta sair do Egito exterior; é preciso remover o Egito interior.


1. Apontamento Profético na Contagem do Ômer

A contagem começa logo após a libertação de Mitsrayim e termina com o recebimento da Torá em Har Sinai. Isso nos ensina que libertação sem instrução é incompleta. Ser tirado da escravidão é o primeiro passo, mas o propósito final é sermos um povo separado, obediente e consagrado ao Eterno. Isso só é possível através dos mandamentos que o Eterno nos entrega através de seu ungido. Aos israelitas no Egito foi através de Moshê, que pelo verbo do Eterno disse que o Eterno mandaria outro como ele. E isso se cumpriu, pois hoje, através de Yeshua o ungido profetizado, recebemos os mandamentos da Torah e nos aproximamos do Eterno, que passa a ser nosso Elohim. Assim como está escrito:


Eu sou o Eterno, vosso Elohim, que vos tirei da terra do Egito para ser o vosso Elohim. Vayicrá 22:33


O propósito da libertação era tornar o povo um reino de sacerdotes e uma nação santa, como diz:


Agora, pois, se ouvirdes atentamente a Minha voz e guardardes o Meu pacto, sereis Minha propriedade peculiar dentre todos os povos... e vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. Shemot 19:5-6


A contagem do Ômer é o tempo entre a libertação e a consagração, um tempo de transição profética onde o povo aprende a deixar o Egito para trás não apenas fisicamente, mas espiritualmente, ou seja, obedecendo.


2. Como a Contagem do Ômer Pode Ser Vivida com Base no Tanakh

Durante esses 49 dias, podemos buscar o arrependimento e a purificação baseando-nos nas Escrituras. Relacionaremos abaixo como podemos fazer isso.

a) Purificação do coração

Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos Meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem... Yesha'yahu (Isaías) 1:16-17

A contagem nos convida a limpar o coração de tudo que nos prende ao velho homem, às práticas de Mitsrayim.

b) Busca pelo entendimento

Felizes os que guardam os Seus testemunhos, os que O buscam com todo o coração. Tehilim (Salmos) 119:2

Cada dia da contagem pode ser um tempo de meditação na Torá, no Tehilim, nos Neviim — buscando entender melhor os caminhos do Eterno.

c) Restauração da confiança firme no Eterno

Confia no Eterno de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Mishlei (Provérbios) 3:5

Assim como os filhos de Yisrael dependeram do Eterno para lhes dar o maná durante esses dias no deserto, nós também devemos depender do Eterno, renovando nossa confiança firme a cada manhã.

d) Expectativa pela Palavra

Preparai o caminho do Eterno, endireitai no deserto uma estrada para nosso Elohim. Yesha'yahu 40:3

Este é o espírito da contagem: preparar o caminho, alinhar nossos passos, limpar as impurezas, para que estejamos prontos para ouvir a voz do Eterno, como em Har Sinai. O Propósito é nos preparar para ser instrumento do Eterno para acordar outros remanescentes, preparando o caminho, assim como Yochanan o fez.

Estamos percebendo que a contagem do Ômer não é apenas matemática. É uma jornada de transformação, do Egito para o Monte Sinai, da opressão à obediência, da impureza à santidade. É tempo de olhar para dentro e remover o que não pertence ao Eterno, porque Ele está nos preparando para o encontro com Sua voz.


3. Os dias do Ômer e as Sefirot

Os sábios do povo de Yisrael fazem uma interpretação mais profunda da contagem do Ômer dentro da estrutura das sefirot, conforme ensina a tradição da Kabalá. Apesar de não ser algo claro na Torah, sete das dez sefirot da árvore da vida, estão ligadas à cada uma das semanas de contagem do Ômer. São elas Chesed (misericórdia), Guevurá (disciplina), Tiferet (beleza), Netzach (perseverança), Hod (reverência), Yesod (fundamento) e Malchut (reino). Em cada semana relaciona-se cada uma dessas sefirot com as demais, dia a dia, e tira-se aprendizado delas através das Escrituras.

Mas é preciso entender que O Eterno não nos ordenou contar o Ômer segundo atributos místicos. Ele nos ordenou contar os dias, sete semanas completas, até o dia da entrega da Torá, como expressão de obediência e preparação. As sefirot são apenas instrumentos de reflexão acerca da palavra do Eterno e sua ação em nossas vidas, quando realmente permitimos e vivemos em obediência.

A árvore da vida é a palavra do Eterno, a Torah, e as sefirot são o reflexo das emanações da vontade do Eterno manifestas em sua palavra para cada um de nós.


Ela é árvore de vida para os que a alcançam, e felizes são os que a retêm. Mishlei 3:18


A contagem do Ômer é um mandamento no qual a pessoa que obedece de coração verdadeiramente em teshuvah, demonstra aplicação e vontade de se aperfeiçoar e ter uma mudança de vida, tornando-a justa.


4. Gematria e a Contagem do Ômer

A gematria é uma forma de interpretação baseada nos valores numéricos das letras hebraicas, e através delas descobrimos revelação de códigos escondidos nas Escrituras.

1. O número 49 — sete semanas (7 x 7):

O número 7 nas Escrituras é símbolo de plenitude, santificação e ciclo completo. Vemos isso na criação (Bereshit 2:2-3), no Shabat, nos ciclos de sete anos (Shemitá), e no Yovel (Jubileu), que acontece após 7 x 7 anos + 1.

A contagem do Ômer, portanto, com 49 dias (7 semanas completas), aponta para um processo completo de purificação antes de estar apto a receber a instrução do Eterno em Shavuot. Não é uma numerologia mística, mas um padrão de preparação, crescimento e maturidade espiritual.


Contareis para vós desde o dia seguinte ao Shabat... sete semanas completas serão. Vayicrá 23:15


Nos pictogramas o 7, a letra Zayin, representa ferramenta de corte ou arma, indicando que esse período está cortando nossa ligação com o Egito, as coisas do mundo e a Ytzer Hará e nos municiando com armas espirituais, ou seja, os mandamentos entregue após 7 semanas, em shavuot.


2. A palavra "Omer" (עמר)

A gematria da palavra Omer (עמר) é:

  • ע = 70

  • מ = 40

  • ר = 200

    Total = 310

Esse número, 310, está relacionado, segundo alguns estudiosos, a Mishlei/Pv 8:21, onde diz:


Para fazer herdar bens permanentes aos que me amam, e encher os seus tesouros.


Concluindo nosso estudo, percebemos que, se o povo levou sete semanas para sair da mentalidade de escravos e receber a Torá como homens livres, nós também devemos usar esse tempo como uma escada de elevação com os seguintes degraus: arrependimento sincero, purificação do coração, abandono das transgressões e uma renovada expectativa pela voz do Eterno. Apesar de todos os ensinos interpretativos que trouxe com gematria e comentários de sábios, entendamos que a Torá é suficiente, e a prática da contagem do Ômer é uma caminhada de arrependimento, confiança firme e purificação, rumo à obediência plena ao Eterno. Ao final da contagem, o povo se viu diante do Monte Sinai, com relâmpagos, trovões e a voz do Eterno ecoando trazendo as instruções e orientações para uma vida santa. A pergunta é: nós também estamos nos preparando para esse encontro?


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Moshê Ben Yosef


sexta-feira, 7 de abril de 2023

Estudo Parashá Especial de Pêssach (Passagem)-2022*2023 - Pêssach e Hamatzot, o início da liberdade

 


Estudos da Torá

Parashá Especial de Pêssach (Passagem)

Shemot/Êxodo 12:1-51

Vayicrá/Levítico Lv 23:4-8,

Haftará (Separação) Ez 45:21-25, e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 26:19-30; Lc 22:7-20; Jo 2:13-22


Tema: Pêssach e Hamatzot, o início da liberdade


INTRODUÇÃO


Pêssach, como você já sabe, marca um ponto muito importante do plano de redenção de HaShem para as Casas de Yisrael e Yehudá, bem como com pessoas das nações que se acheguem ao povo, pois esta festa foi instituída como uma sombra da vida e morte de Yeshua como sacrifício, o Verdadeiro Cordeiro do Eterno, que tira o pecado do mundo.

DESENVOLVENDO O ESTUDO


Pêssach, que literalmente significa passagem, foi erroneamente traduzido para o português como "Páscoa", enquanto no inglês, a palavra foi traduzida para "Passover", que etimologicamente é uma palavra bem mais apropriada que "páscoa", como referência a essa festa específica. Isto porque a palavra "Passover" traduzida literalmente, significa "passar por cima" à semelhança do hebraico "Pêssach", que significa "passagem", pois de acordo com o site Emunah a fé dos santos, o Anjo da Morte passou por cima da terra do Egito, tirando a vida de todos os primogênitos que não estavam protegidos pelo sangue do cordeiro. Pessach portanto, mais do que uma solenidade, representa um sacrifício, e não somente um dia, pois aponta para o sacrifício de uma vida justa, que foi feito num período específico de um dia, a tarde do dia catorze de Aviv. Sendo assim, essa festa aponta para a liberdade, primeiro dos israelitas do Egito, e principalmente da vida de transgressão e afastamento do Eterno.

Quando estudamos sobre Pêssach e Hamatzot e seus significados literais e proféticos devemos distinguir também o significado do Dia das Primícias, que é outra moed (encontro/festa) do Eterno e está intimamente ligada às duas primeiras e com a próxima que é Shavuot, e ocorre quando se começa a contar o ômer nos 49 dias. Em primícias que é junto com hamatzot, o Sumo-Sacerdote movia o primeiro molho de cevada colhida que já estava em estado de aviv, ou seja, estava maduro, pronto para fazer farinha para pão, o qual sempre ocorre durante a semana de pêssach e hamatzot, no shabat semanal. Se perceberes bem o sentido profético de tudo isso, Yeshua é morto após viver e a Torá e é ressuscitado no intervalo entre essas três festividades. Ter sido ressuscitado no período de primícias, já que foi no final do shabat semanal, que é o período de primícias e início da contagem do ômer, nos mostra como ele se torna a primícia dos que hão de ser ressuscitados para a vida eterna.

Dentro do ponto de vista histórico literal, vemos o Eterno instituindo essas moedim, iniciando o ano festivo de testemunho aos mandamentos do Eterno e celebrando a liberdade dada ao povo da escravidão. No sentido literal, liberdade da escravidão no Egito e no sentido profético liberdade da escravidão do pecado, que é a transgressão aos mandamentos do Eterno, conforme lemos em 1 Jo 3:4. O que significa dizer que depois disso, a pessoa que deseja servir ao Eterno e fazer parte do seu Reino, basta cumprir os mandamentos e cumprir com a aliança do Eterno, pois agora nada a impede, já que está livre. O problema é que muitos não entendem isso e continuam presos ao pecado ou desobediência aos mandamentos, mesmo já sendo livres. As correntes da escravidão foram rompidas pelo Eterno através da obra justa do messias, mas as pessoas permanecem pecando como se ainda estivessem acorrentadas ao pecado.

Vimos antes que Pêssach significa passagem, a passagem do mensageiro (anjo) da morte por cima das casas dos hebreus e de todos que obedeceram, não ferindo os seus primogênitos, devido a estarem marcados pelo sangue do cordeiro, e sabemos que sangue é vida, a vida justa do cordeiro, que é um apontamento para o messias Yeshua. Assim, como você já conhece foram feridos os primogênitos egípcios e de todos que não obedeceram ao mandamento. Vejamos o texto:


Passem, então, um pouco do sangue nas laterais e nas vigas superiores das portas das casas nas quais vocês comerão o animal. Naquela mesma noite comerão a carne assada no fogo, juntamente com ervas amargas e pão sem fermento. Não comam a carne crua, nem cozida em água, mas assada no fogo: cabeça, pernas e vísceras. Não deixem sobrar nada até pela manhã; caso isso aconteça, queimem o que restar. Ao comerem, estejam prontos para sair: cinto no lugar, sandálias nos pés e cajado na mão. Comam apressadamente. Esta é a Pessach do Eterno. "Naquela mesma noite passarei pelo Egito e matarei todos os primogênitos, tanto dos homens como dos animais, e executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Eterno! O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito. "Este dia será um memorial que vocês e todos os seus descendentes o comemorarão como festa ao Eterno. Comemorem-no como decreto perpétuo. Ex 12:7-14


O que vemos através do texto da Torá, a instrução do Eterno para seu povo, é que o cordeiro ou cabrito sacrificado, não apenas em pêssach mas em outros momentos ou moedim (encontros/festas) eram apontamentos para o verdadeiro cordeiro de D’us, Yeshua o messias, conforme lemos em Jo 1:29:


No dia seguinte Yochanan viu Yeshua aproximando-se e disse: Vejam! É o cordeiro de D’us, que tira o pecado do mundo!


E também vemos outro apóstolo atestando isso, veja o texto:


Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue do Messias, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês. 1 Pedro 1:18-20


Repare que o texto fala “...conhecido antes da criação do mundo,…” e a teologia cristã com todos os seus dogmas e interpretações distantes do contexto original, afirmam que essa passagem é uma prova que Yeshua já existia desde antes da criação do mundo. No entanto, essa não é a ideia aplicada pelo apóstolo Pedro. Os sábios de Yisrael ensinam que antes da criação do mundo e da realidade vivida por nós o Eterno criou sete coisas. Veja o que diz o Midrash Mishlei 5:22


Disse rabi Chaninah: venham e vejam quantas coisas boas HaKadosh Baruch Hu criou em seu mundo antes que criasse o mundo. São elas a Torah, o Torno da Glória, o Templo, a Tshuvah, o jardim do Éden, o Gehinom e o nome de Mashiach.


Segundo Bruno Summa, autor do livro Pirkei Shimon, devemos ter em mente que apesar de os sábios de Yisrael chamarem a sétima criação de NOME DE MASHIACH, D’us não apenas definiu seu nome, mas criou toda a sua concepção, alma, espírito, ser, missão e reinado. Ou seja, de acordo com esse autor, o que o Eterno criou anteriormente foi a ideia de messias, seu caráter e como deveria agir.

Ainda segundo o referido autor, com base nesse entendimento é que Pedro afirma que Mashiach foi conhecido antes da criação do mundo, foi conhecido por D’us e então, no tempo em que essa carta foi escrita, tinha sido revelado ao mundo, por amor aos gentios (casa de Yisrael espalhada entre as nações), abrindo assim a possibilidade a todas as pessoas que desejarem serem enxertadas no povo de Yisrael. Vejamos o seguinte verso:


יְהִי שְׁמוֹ לְעוֹלָם לִפְנֵי־שֶׁמֶשׁ יָנִין שְׁמוֹ וְיִתְבָּרְכוּ בוֹ כָּל־גּוֹיִם יְאַשְּׁרוּהוּ ׃

Salmos 72:17

O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos, enquanto o sol durar; e os homens serão abençoados nele: todas as nações lhe chamarão bem-aventurado. Salmos 72:17


De acordo com o mencionado autor, este é um salmo que claramente fala sobre o mashiach (messias) e o poder que está em seu nome, ele também declara o desejo que D’us tem para que todos os homens (não apenas judeus de sangue) invoquem Seu nome. O Talmud faz um comentário bem interessante tomando esse salmo como base, veja:


A respeito de Mashiach, a Gemarah pergunta: Qual é o seu nome? A escola de Rabbi Hanina responde: Yinnom é seu nome, pois está escrito, que seu nome dure para sempre, que seu nome continue (Yinnon) tanto quanto o sol e que todos os homens sejam abençoados nele. Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 98b


Vemos nesse trecho do Talmud acima, que segundo o rabino Hanina, o nome de Mashiach é Yinnon (ינון), porém a gematria feita sobre essa palavra pode revelar algo bem interessante:

Yinnon = 8

Yeshua = 8

Assim, vemos que na verdade, Yinnon, segundo o autor, é um termo oculto para o nome de Yeshua, nome o qual foi criado e conhecido por D’us antes da criação do mundo. E é sobre isso que Kefa/Pedro estava falando. Por isso, vemos que o ensino da teologia cristã não combina com o que na verdade o apóstolo queria expressar. O Eterno já havia pensado na redenção ou libertação e isso bem além da mera libertação da escravidão física, mas uma libertação com amplitude de vida eterna.

Com isso, a mencionada proteção de D’us em relação aos seus filhos, no tempo do fim, será manifestada durante o tempo da grande tribulação que virá. Da mesma forma, neste tempo os filhos serão protegidos das pragas do Egito, ou seja, do mundo, que serão derramadas no tempo do fim.

Por esse motivo afirmamos que há diversos sentidos que a Pêssach do Eterno pode assumir, tanto no seu significado histórico e literal (a libertação do povo de Yisrael da escravidão no Egito) como vimos acima, também da nossa libertação do pecado (dos poderes deste mundo que vivemos, o Egito atual, que é a transgressão aos mandamentos do Eterno), através da morte e de Yeshua, feito filho do Eterno por causa de sua vida justa, e seu significado profético.

Segundo o estudo no site Emunah a fé dos santos, a Torá nos faz saber que Yeshua é a verdadeira Pêssach, pois:

• é através dele e do testemunho de sua vida justa que passamos da morte para a vida;

• é através dele e do Seu sacrifício que os nossos pecados são perdoados; e

• é nele que devemos iniciar um novo caminho, de santificação, sem o que, se não o percorrermos, não poderemos ver a D’us (Heb. 12:14).

Então mostramos que é através do messias Yeshua que recebemos a liberdade e começamos a ter meios de obedecer aos mandamentos do Eterno e assim, buscar santificação, e a partir daí adentramos ao povo deixando de sermos gentios distantes de D’us. O início da liberdade é quando nos libertamos da força da transgressão aos mandamentos de HaShem, o pecado, e passamos a viver em novidade de vida, obedecendo à Torá.

Veja o que Paulo fala sobre isso:


O orgulho de vocês não é bom. Vocês não sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermentada? Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como realmente são. Pois o Messias, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado. Por isso, celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da perversidade, mas com os pães sem fermento da sinceridade e da verdade. Já lhes disse por carta que vocês não devem se associar com pessoas imorais. 1 Coríntios 5:6-9


Devemos deixar de lado as práticas antigas e pecaminosas, que são os fermentos, e passarmos a viver de acordo com a vida justa que o Messias nos demonstrou.

Que HaShem lhes abençoe!


Pr. Marcelo Santos da Silva (Rav Marcelo Peregrino – Moshê Ben Yosef)