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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Estudo da Parashá Mishpatim - Mandamentos que não geram recompensas.

 


Estudos da Torá

Parashá nº 18 – Mishpatim (Regras)

Shemot/Êxodo 21:1 – 24:18

Haftará (separação) Jr 34:8-22; 33:25,26 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 5:38-42; 15:1-20; Hb 9:15-22.


Tema: Mandamentos que não geram recompensas.


Quando pensamos nos mandamentos do Eterno, geralmente acreditamos que todos eles foram dados para trazer bênçãos e recompensas àquelas pessoas que os cumprem. Na verdade, há mandamentos na Torá que prometem prosperidade, proteção e uma conexão mais profunda com o Criador. No entanto, há um grupo específico de mandamentos que não existem para premiar quem os obedece, mas sim para impedir a destruição do próprio homem e da sociedade em que vive.

Esses são os Mishpatim, as leis de justiça e moralidade que regulam as relações humanas, garantindo a ordem, a dignidade e a equidade entre os povos. Diferente dos Chukim, que encaminham à submissão a vontade do Eterno mesmo sem explicação lógica aparente, e dos Edut, que servem como testemunhos espirituais da aliança entre o Criador e Yisrael, os Mishpatim são mandamentos racionais e universais, compreensíveis até por aqueles que não seguem a Torá.

Mas se essas disposições não trazem recompensas diretas para quem os cumpre, por que eles são tão essenciais? A resposta é simples: sem justiça, sem honestidade e sem integridade, a sociedade se derrota. O propósito dos Mishpatim não é elevar espiritualmente quem os pratica, mas evitar que a corrupção, a opressão e a ganância tomem conta do mundo.

Neste estudo, exploraremos o papel dos Mishpatim na Torá, sua importância para toda a humanidade e como os profetas e os emissários de Yeshua fortaleceram essa verdade ao longo da história. Veremos que, mais do que uma escolha, a justiça é uma necessidade para a sobrevivência da civilização.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá desta semana é chamada de Mishpatim. Nela, o Eterno revela ao povo de Yisrael diversas instruções sobre justiça, relações sociais, escravidão, compensações, danos, empréstimos, honestidade e a observância do Shabat e das festas anuais.

O Eterno estabelece regras sobre a servidão, determinando que um hebreu que sirva a um senhor deve ser libertado no sétimo ano, a menos que a escolha permaneça voluntariamente. São estabelecidos punições para o homicídio, agressão e danos físicos.

O Eterno determina que, se um boi ferir alguém e isso resultar em morte, o dono do animal pode ser responsabilizado, especialmente se houver negligência prévia.

Quem roubou deverá restituir com acréscimos. Existem diferentes regras para furto de animais e destruição de propriedade alheia.

O Eterno condena a opressão contra o estrangeiro, a viúva e a órfão. Também proíbe a prática de feitiçaria e idolatria. Ordena que a justiça seja aplicada de forma imparcial, sem aceitar suborno ou distorcer o direito dos necessitados.

São reafirmadas as instruções sobre o descanso no sétimo dia e a observância de três festas: Chag HaMatzot (Pães Ázimos), Chag Shavuot (Festa de início da Colheita/Shavuot) e Chag Sucot (Festa da Colheita Final/Sucot).

O Eterno envia um malach (mensageiro) para guiar Yisrael à terra prometida, anunciando sobre a importância de obedecer Suas instruções. E Moshê sobe ao Monte Sinai, onde permanece por 40 dias e 40 noites para receber as tábuas da aliança.

Mishpatim nos ensina que servir ao Eterno não se limita à fé, mas se manifesta nas nossas ações diárias, na justiça social e na honestidade com o próximo. Como está escrito: “E farás o que é reto e bom aos olhos do Eterno” (Devarim 6:18).


ESTUDO DO TEXTO DA PARASHÁ

Esses são os mishpatim que lhes deve apresentar. Ex 21:1


Conforme comecei a dizer na introdução acima os Mishpatim (regras)são instruções do Eterno que regem a justiça social, a moralidade e as relações humanas. Diferente dos Edut (testemunhos) e Chukim (decretos), que muitas vezes transcendem a lógica humana e visam conectar o homem ao Eterno de maneira mais profunda, os Mishpatim são leis racionais e universais. Eles não existem para trazer mérito ou recompensa, mas, na verdade, seu propósito é impedir a autodestruição do homem e da sociedade, já que eles são regras de bem conviver.

HaShem ao estabelecer essas leis, está ensinando à humanidade que sem justiça, sem honestidade e sem respeito mútuo, uma civilização cairá na corrupção e na destruição. Vejamos então, um pouco mais de perto o que a Torá quer nos ensinar com essas regras e qual seu propósito.


1. Proteção, não recompensa.

Os Mishpatim ou regras que o Eterno estabeleceu lidam com questões como justiça social, honestidade, responsabilidade e relações humanas. São leis que regulam o comércio, as deliberações por crimes, a proteção aos mais vulneráveis ​​e a importância da verdade nos julgamentos, como já disse antes. A grande diferença entre eles e outros mandamentos da Torá é que ninguém recebe um “prêmio” por cumpri-los. Você não ganha méritos espirituais por não roubar, por não mentir em tribunal ou por pagar um trabalhador em dia. Você simplesmente está impedindo que a sociedade entre em colapso pela injustiça.

Bruno Summa fala sobre isso, em seu comentário dessa parashá em Sha’arei Torah – Portões da Torah – Shemot 3. Ele diz que nos Mishpatim estão inclusos os mandamentos que são lógicos ao homem e que permitem ao ser humano viver em uma sociedade harmoniosa. Os mandamentos que compõem esse terceiro grupo não são mandamentos que visam recompensar o homem que os observa como visam os mandamentos inclusos nos dois primeiros grupos, os Edut e os Chukim, mas seus reais objetivos são para que o homem não seja condenado e destruído pela sua própria corrupção e ganância.

O autor ainda diz que, essa parashá apresenta inúmeros mandamentos lógicos e que devem ser observados para que todos os seres humanos possam conviver em sociedade, como por exemplo a proibição do assassinato, roubo, leis monetárias e financeiras, posses e propriedades, direitos cíveis e todo tipo de ordenança que possam ser julgadas e revistas por juízes terrenos. Ele também diz que diversas leis inclusas nessa porção da Torá formam a base cível da vasta maioria das sociedades modernas e são elas as leis básicas do direito. Pelo motivo de serem leis que visam o bem social e são baseadas no bom senso humano, observá-las não garante bênçãos e benesses do Eterno, no entanto, se não observá-las, por conta de seu caráter lógico, trará ao homem punições extremamente catastróficas, segundo o autor. As leis de Mishpatim estão diretamente associadas à continuidade da vida de um homem sobre a terra. Observe o que o profeta diz:


E Tsion será salva pelo mishpat, e os que se arrependem pela tsedakah. Is 1:27


Há um segredo aqui nesse verso, ele menciona salvação, associando dois pontos, mishpat e tsedakah, e isso nos revela que na verdade o profeta fala de salvação no plural, duas salvações. A primeira ligada a mishpat trata de salvação física e a segunda, ligada à tsedakah trata de vida eterna. Veja que o homem que se arrepende e faz teshuvah se engajando na tsedakah inevitavelmente irá se apegar aos mandamentos dos outros dois grupos. Estes mandamentos da Torah não visam apenas bons e longos dias na terra, no ponto de vista físico, mas também visam garantir o mundo vindouro. Já os ligados ao mishpat estão ligados à vida terrena, coisas ligadas à vida antes do mundo vindouro. Observe o que fala o profeta Yechezkel 18:5-9 e veja como está conectado com esse assunto, mostrando que a justiça não é uma virtude opcional, mas uma base para a sobrevivência de uma nação. Este trecho demonstra claramente que a verdadeira retidão se manifesta na aplicação prática da justiça e da bondade. Aquele que age de maneira correta segundo os Mishpatim não apenas evita a condenação, mas também contribui para um mundo mais harmonioso.

Rambam (Maimônides), no Mishneh Torá, escreve que os mandamentos racionais, os Mishpatim são necessários para que o mundo funcione com ordem e harmonia. Ele argumenta que mesmo sem uma revelação divina, qualquer sociedade bem estruturada naturalmente adotaria leis contra roubo, assassinato e suborno.

Mishneh Torá, Hilchot Melachim 9:1 "Se os povos do mundo não seguirem as leis básicas de justiça, suas sociedades se corrompem e se autodestruirão, pois um governo sem juízo e retidão não pode subsistir." Ou seja, os Mishpatim não são uma questão religiosa, mas sim de sobrevivência humana.


2. O Quebrar dos Mishpatim traz Destruição

Os profetas do Eterno sempre alertaram que ignorar os Mishpatim levaria à destruição da sociedade. Diferente dos princípios que conectam o homem ao Eterno por meio de práticas de obediência às classes de mandamentos anteriores aos Mishpatim, esses princípios mantêm a ordem moral e impedem que a corrupção e a injustiça destruam o povo, conforme já mencionamos.

O Eterno, por meio do profeta Yeshayahu/Isaías demonstra o entendimento de que fazer o bem é obedecer aos mandamentos da Torah e praticar o que é reto é uma especificação clara dos Mishpatim, pois ele dá exemplos ligados a essa classe de mandamentos, veja:


Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. Is 1:17


Quando Yisrael abandonou os Mishpatim permitindo suborno, opressão e exploração dos mais fracos, os profetas anunciaram que isso levaria ao exílio e à destruição. Não porque o Eterno fosse puní-los arbitrariamente, mas porque um povo que abandona a justiça derrota a si mesmo.


Assim diz o Eterno: Praticai o juízo e a justiça, livrai o espoliado das mãos do opressor; não oprimas o estrangeiro, nem o órfão, nem a viúva, nem derrameis sangue inocente neste lugar. Jr 22:3


Olhando para esse verso e os anteriores, vemos o Eterno através do profeta Yirmeyahu/Jeremias leva uma repreensão ao povo de Yehudah, pois estavam distantes dos mandamentos do Eterno, o profeta deixa claro que os Mishpatim são as bases para uma sociedade funcional e justa. Quando essas leis são quebradas, os mais fracos são explorados, ganância cresce e, fatalmente, surge o colapso social.


O profeta Amós também denuncia que quando os Mishpatim são ignorados, a sociedade se torna corrupta e os pobres são explorados pelos poderosos. Mas há um caminho de restauração, fazer teshuvah, ou seja, arrependimento, buscar o bem, praticar a justiça e garantir que o direito dos necessitados seja defendido.


Porque sei que são muitas as vossas transgressões, e enormes os vossos pecados; Odiai o mal, e amai o bem, e estabelecei o juízo na porta da cidade; talvez o Eterno tenha misericórdia do remanescente de Yisrael. Amós 5:12-15


O Ramban explica que os Mishpatim são mandamentos que até mesmo um homem sem conhecimento da Torá pode compreender e praticar. Diferentemente dos Chukim (estatutos que não têm uma lógica aparente, como as restrições alimentares ou as leis de pureza), os Mishpatim são compreensíveis e fundamentais para qualquer sociedade.

No seu comentário sobre Shemot 21:1, Rambam diz: Os Mishpatim são leis que a mente humana naturalmente reconhece como justas. Mesmo sem uma ordem divina explícita, a sociedade não pode existir sem elas. Diferente dos Chukim, que exigem a submissão à vontade do Eterno sem explicação racional, os Mishpatim são compreendidos até pelas sadias das nações. O citado rabino reforça que essas leis são universais, ou seja, não é apenas para Yisrael, mas para toda a humanidade.

O Talmud Bavli, no tratado Avodá Zará 4b, ensina que quando os governantes abandonam a justiça a destruição é inevitável. Observe:


Quando há corrupção na justiça, o castigo não vem apenas sobre os juízes, mas sobre toda a nação. Pois quando os justos se calam e não corrigem os caminhos, são considerados considerados considerados particularmente com os perversos.


Isso ecoa os ensinos dos profetas, como Yeshayahu e Amós, como vimos acima, que anunciam que a injustiça social leva ao colapso nacional.


3. A justiça como Base da Vida

Conforme estamos vendo, e pudemos perceber também pelas palavras dos profetas e de rabinos, os Mishpatim não foram dados para trazer méritos ou recompensas a quem os observar, mas para evitar que a humanidade se destrua pela sua própria ganância e corrupção. Eles garantem que uma sociedade permaneça justa, equilibrada e digna para todos. Conforme vimos, os profetas alertaram repetidamente que a injustiça leva à ruína, e Yeshua ao ensinar sobre justiça e retidão, reforçou o papel papel dos Mishpatim como parte essencial da Torá. Ele condenou fortemente aqueles que distorciam a justiça para benefício próprio.


Ai de vós, escribas e perushim, hipócritas! Porque dais o dízimo da mente, do endro e do cominho, mas tendes negligenciado os aspectos mais importantes da Torá: o juízo, a misericórdia e a confiança! Estas coisas devíeis fazer, sem omitir essas. Mt 23:33


Também os emissários de Yeshua reforçaram essa mensagem, vejamos o que eles disseram.


Se vocês de fato mantiverem o objetivo da Torá do Reino, em conformidade com a passagem que diz: “Ame o seu próximo como a si mesmo”, estarão agindo bem. Yaakov/Tiago 2:8


Porque os olhos do Eterno estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Eterno é contra os que fazem o mal. 1Pe 3:12


A justiça não é uma opção, mas uma necessidade. Conforme viemos repetindo, os Mishpatim são universais e aplicáveis a toda a humanidade, pois garantem que cada ser humano seja capaz de obedecer e permitir uma sociedade mais equilibrada. Shaul/Paulo em suas cartas também revelou que a justiça e a retidão são esperadas até mesmo daqueles que não receberam diretamente a Torá, pois os princípios morais dos Mishpatim estão gravados na consciência humana. Observe o que ele disse em sua carta aos Romanos.


Porque, quando os gentios, que não têm a Torá, fazem naturalmente as coisas que são da Torá, não tendo eles a Torá, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da Torá escrita em seus corações, testificando adicionalmente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os. Rm 2:14-15


Aqui, Rav Shaul ensina que os Mishpatim são universais e que mesmo os povos que não receberam a Torá de forma direta conseguem compreender a importância da justiça, da honestidade e da equidade. Isso reforça que esses mandamentos não são apenas instruções para Yisrael, mas fundamentos essenciais para toda a humanidade. E é por isso, que muitas sociedade atuais se utilizam de muitos desses mandamentos em suas bases de leis cíveis.

Assim, tanto os profetas quanto os emissários de Yeshua ensinaram que praticar os Mishpatim não é uma questão de escolha, mas uma necessidade para que a civilização continue a se desenvolver sem correr o risco de se destruir.

Concluindo nosso estudo, percebemos que os Mishpatim não são apenas um conjunto de leis para Yisrael, mas um modelo de justiça para toda a humanidade. Por isso, eles não prometem recompensas espirituais, ou advindas de sua obediência, como os Edut e Chukim, mas garantem que o homem não se destruirá pela sua própria corrupção e ganância. Quando um povo abandona os Mishpatim, ele acaba caindo na violência, na opressão e na desordem. Mas quando a justiça, a honestidade e o respeito ao próximo são aplicados, a sociedade prospera e o Eterno se agrada.

Que possamos aprender com a Torah, com os profetas e com os emissários de Yeshua a viver uma vida de retidão, justiça e misericórdia, pois como foi dito pelo profeta Mikhá/Miqueias:


Ele te declarou, ó homem, o que é bom e o que o Eterno pede de ti: que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Elohim. Mikhá 6:8


Andemos nos caminhos da justiça do Eterno, sem esperar recompensa, mas por amor.


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Marcelo Santos da Silva (Marcelo Peregrino Silva – Moshê Ben Yosef)

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Estudo da Parashá Mishpatim - 2023-2024 - Uma sociedade justa

 


Estudos da Torá

Parashá nº 18Mishpatim (Regras)

Shemot/Êxodo Ex 21:1 – 24:18

Haftará (separação) Jr 34:8 - 22; 33:25, 26 e

B’rit Hadashah (Nova Aliança) Mt 5:38-42; Hb 9:15-22 e 10:28-39


Tema: Uma sociedade justa


No estudo dessa parashá vemos algumas coisas impressionantes e até assustadoras se analisadas fora do contexto correto, como por exemplo a questão das leis sobre escravidão. Entretanto, quando observamos o contexto da época e os apontamentos proféticos temos condições de perceber a verdade acerca do que o Eterno está demonstrando com tais leis. E então perceberemos que HaShem está nos ensinando e nos preparando para viver em uma sociedade justa, no reinado do messias, que será expandido a toda a terra no sétimo milênio, antes de entregar tudo ao Eterno.


RESUMO DA PARASHÁ DA SEMANA

A parashá Mishpatim, seguindo logo após os Dez Mandamentos ou as Dez Palavras, trata principalmente da Lei Civil, ou seja, as leis de convivência entre os membros do povo de Yisrael. Podemos notar que a justaposição do ritual com os práticas comuns do cotidiano fornecem uma percepção esclarecedora de como deve ser a vida dos que vivem dentro do povo do Eterno. Vista pela perspectiva da Torá, não há distinção entre as atividades cerimoniais e as da vida diária - ambas devem estar permeadas de santidade e ambas devem ser cumpridas por completo e com diligência.

Incluídas entre as leis civis discutidas na porção da Torá estão as leis relativas ao servo israelita e sua liberdade; penalidades por causar ferimentos corporais em outra pessoa e por danificar sua propriedade; leis relativas a vigilantes e tomadores de empréstimo; a mitsvá de mostrar sensibilidade ao pobre e de oferecer-lhe empréstimos sem juros; e leis relativas à concessão honesta de justiça.

Após mencionar as mitsvot de Shabat e Shemitá, a porção continua com uma breve exposição das três festas de peregrinação: Pêssach, Sucot e Shavuot - e a renovada promessa de D'us de levar o povo à Terra de Yisrael. A Torá então retorna à revelação no Monte Sinai. O povo hebreu declara seu compromisso de fazer tudo aquilo que o Criador ordenar, e a porção conclui com Moshê subindo a montanha, onde permanecerá por quarenta dias e quarenta noites para receber o restante da Torá.


ESTUDO DO CONTEXTO LITERAL, PRÁTICO E PROFÉTICO

Sabemos que os mandamentos da Torah são divididos em três grupos, já ensinamos isso aqui outras vezes desde que começamos a ensinar as parashiot. O primeiro grupo de mandamentos se chama Edut, no qual estão inclusos os mandamentos que estão associados às coisas que devem ser lembradas, testemunhadas, como o Shabat, por exemplo, e as demais festas do Eterno. O segundo grupo é chamado de Chukim, e nesse grupo estão os mandamentos não racionais, os que não tem explicação lógica e que devem ser observados pela fé, como por exemplo o mandamento da vaca vermelha, a kashrut e outros. O próximo grupo é chamado de Mishpatim, que é justamente o nome da parashá que estamos estudando. Nele estão incluídos os mandamentos que são lógicos ao homem e que permitem o ser humano viver em uma sociedade justa. O autor Bruno Summa afirma que esses mandamentos não visam recompensar o homem que os observa, com é os mandamentos dos dois primeiros grupos, porém seus reais objetivos são para que o homem não seja condenado e destruído pela sua própria corrupção e ganância.

No site Emunah a fé dos santos encontramos uma divisão das porções dessa parashá da semana, chamadas de aliot, plural de aliáh, e há dois anos atrás as mencionamos e as utilizaremos novamente para nossa reflexão, porém olharemos pelo aspecto profético de cada um deles. Não deixe de assistir a live no shabat onde estaremos trazendo esses ensinos pelo seguinte que fica gravado link: https://www.youtube.com/live/0ncQOckpNt0?si=cxRIXh46DUmNOR_8


Primeira Leitura: 21:1-19

O Eterno instrui Mos com os estatutos, para que os apresente ao povo. Primeiro como deve ser o tratamento para com os escravos hebreus, homens e mulheres. Logo fala dos danos ao próximo, voluntário e involuntariamente. Depois fala da violência contra os pais, o sequestro, a maldição contra os pais e a restituição dos danos originados numa luta.


Segunda Leitura: 21:20 – 22:4

O Eterno aborda casos de violência contra um escravo, contra uma mulher grávida e contra um escravo não hebreu; danos provocados aos homens por animais violentos, por danos provocados aos animais de outros, e acerca da restituição por roubos.


Terceira Leitura: 22:5-27

Através da Torah o Eterno regulamenta várias coisas, como a restituição por danos provocados por animais a terceiros, a restituição pela perda de bens confiados ou emprestados a outros, passando pelas consequências da sedução de uma virgem não desposada, aborda a feitiçaria, a bestialidade e a idolatria. É proibido emprestar dinheiro aos pobres com interesse ou tomar como caução o seu manto pela noite.


Quarta Leitura: 22:28 – 23:5

É expressamente proibido falar mal do Eterno e dos líderes do povo. A oferta das primícias, da colheita e dos primeiros frutos devem ser feitas dentro dos tempos designados. O primogênito dos filhos e do gado devem ser consagrados ao Eterno ao oitavo dia. Não devem ser admitidos nem testemunhos falsos nem ser levado pela maioria a praticar o mal ou perverter o juízo, tampouco deve haver distinção para com o pobre no seu litígio.

Devemos observar um ponto importante que tem um sério apontamento profético. Veja o seguinte texto em Shemot/Êxodo 22:30.


E a primeira cria das vacas, das ovelhas e das cabras. Durante sete dias a cria ficará com a mãe, mas, no oitavo dia, entreguem-na a mim.


As crias são apontamentos para pessoas, ou seja, a kahal nazarena, os sete dias são sete milênios a mãe é a congregação, o oitavo dia é o apontamento para o oitavo milênio, que é o início do Olam Habah.

Através deste verso e dos apontamentos proféticos podemos concluir que a kahal nazarena fica como uma congregação juntos seguindo as orientações do messias Yeshua, inclusive durante o sétimo milênio com mashiach reinando. E durante 7 milênios ficam assim, mas depois, no oitavo a kahal é entregue pelo messias/rei ao Eterno como primogênitos, como primícias, devido à vida justa que viveram.

Tudo isso, claramente, já indica a submissão de Yeshua ao Eterno. As pessoas que estão no sistema religioso cristão pensam que são do mashiach, mas não. Os seguidores do messias apenas ficam debaixo da tutela dele até o sétimo milênio, pois no oitavo ele nos apresenta ao Eterno.


Quinta Leitura: 23:6-19

Não deve ser permitido que o inocente seja culpabilizado, bem como é proibido receber subornos e oprimir o estrangeiro. Seis anos se cultiva a terra mas no sétimo ano não, para que comam os pobres e os animais do campo. Seis dias se trabalhará mas no sétimo não, para que descansem os animais, os filhos das servas e os estrangeiros. É proibido mencionar o nome de outros deuses e fazer com que os outros os mencionem. Três vezes ao ano deve ser celebrada festa ao Eterno, a festa dos pães asmos, a festa da sega (festa das semanas) e a festa da colheita dos frutos (festa das cabanas/tabernáculos) no sétimo mês e ninguém deve vir ao Eterno de mãos vazias. O sacrifício de Pessach não pode ser sacrificado quando há fermento. As sobras do sacrifício não podem ficar até à manhã seguinte. Há que levar o melhor das primícias da terra à casa do Eterno.


Sexta Leitura: 23:20-25

Um anjo irá adiante do povo para guardá-lo até que cheguem ao lugar preparado. Há que respeitá-lo pois ele leva o Nome do Eterno. Se o povo for obediente, prevalecerá sobre os inimigos, e seis povos serão destruídos por completo. É proibido fazer as coisas que fazem esses povos, e as estátuas idólatras devem ser destruídas. Ao servir ao Eterno será abençoado todo o alimento e a bebida e será eliminada toda a enfermidade.


Sétima Leitura: 23:26 – 24:18

Não haverá abortos na terra nem esterilidade e nada morrerá antes do tempo. O terror irá diante de Yisrael e todos os inimigos serão confundidos. Os limites de Israel serão desde o mar de juncos até ao mar dos filisteus, e desde o deserto até ao rio porque os povos serão expulsos diante de Yisrael. Não pode ser feito pactos com eles nem com os seus deuses e eles não poderão habitar na terra para que não façam pecar Yisrael, por causa da sua idolatria.

Mos recebe instruções para subir ao Eterno juntamente com os 70 anciãos de Yisrael. Os demais devem prostrar-se afastados mas Mos poderá aproximar-se do Eterno. Mos vem ao povo e conta todas as palavras do Eterno e o povo diz que procederão segundo todas elas. Mos escreve todas as palavras, edifica um altar ao pé do monte e os jovens oferecem sacrifícios sobre ele ao Eterno.

A metade do sangue é posta em vasilhas e a outra metade é espargida sobre o altar. Mos lê o livro do pacto a todo o povo e o povo promete obedecer a tudo. Mos esparge o sangue sobre o povo e diz: “este é o sangue do pacto que o Eterno fez convosco relativamente a todas estas palavras”.

Mos recebe a ordem de subir até ao Eterno no monte e esperar ali até receber as tábuas de pedra, a Torah e o mandamento que Ele escreveu.

Yehoshua vai com ele até meio caminho, e Mos diz aos anciãos que os esperem até que voltem. Aharon e Hur poderão julgar se houver algum assunto passível disso. Mos sobe, a nuvem cobre o monte durante seis dias. No sétimo dia é chamado desde o interior da nuvem. A glória do Eterno é como um fogo consumidor em cima da montanha e Mos entra na nuvem e sobe ao monte. Ali fica durante 40 dias.


Temos a oportunidade de observar mais um motivo para saber e confirmar que Yeshua é o messias prometido pelo Eterno através da parashá Mishpatim. Essa é a parashá que geralmente é estudada uma semana antes do início do 12° mês no calendário bíblico.

Essa parashá é tida como muito importante, pois como vimos até agora, ela trata de alguns mandamentos de ordem geral a todos os homens. E os rabinos antigos dizem que essa porção da Torah é uma porção que aponta para o ensino do messias para as pessoas das nações. Os rabinos também ensinam que o mês de Aviv, o primeiro mês do calendário bíblico, conforme lemos em Ex 13:4, e o mês que celebramos pessach, é o mês da redenção pelo messias.

Agora perceba uma coisa. Se a redenção de mashiach vem logo depois do próximo mês que se estuda a parashá mishpatim, ela é uma preparação para receber o messias, mas veja que Yeshua já veio e viveu uma vida de justiça obedecendo e ensinando a obedecer a Torah, ele já trouxe a redenção depois que morreu em pessach e foi ressuscitado pelo Eterno em primícias, e por isso ele mesmo se tornou a primícia dos que serão ressuscitados.

Os judeus que ainda não acreditam que Yeshua seja o messias e os cristãos e ateus que não se apegam a Torah deixam de perceber essa íntima ligação acerca do que os rabinos falam sobre a parashá mishpatim e o messias.

O messias Bem Yossef já veio, viveu entre nós com justiça, sofreu, foi perseguido e martirizado como Yosef, mas retornará como Ben David e reinará como representante do Eterno Baruch HaShem, e trará uma sociedade justa.

Por isso, temos e sempre teremos mais motivos para saber que Yeshua é o messias, e dizemos sempre...

...Yeshua Hamashiach chay!


Que o Eterno os abençoe e até o próximo estudo!


Pr/Rav Marcelo Peregrino Silva (Marcelo Santos da Silva - Moshê Ben Yosef)